Julho de 2018

“Hei, você pode chorar, sabia?” Quinn diz abraçando a esposa que parecia perdida em pensamentos sentada no sofá. A notícia dessa manhã não tinha sido nada agradável.

“Eu sei, mas não consigo.”

“Você vai conseguir, eu to aqui para o que você precisar.”

“Obrigada amor.” Rachel agradece dando um beijo no rosto da loira. O momento de apoio foi interrompido pelo choro da pequena Mack. Quando Quinn ia se levantar a morena segura sua mão a impedindo. “Eu vou.” A loira apenas concorda.

“Oi pequena, o que você precisa?” Rachel tira a filha do berço e a aconchega em seus braços. “Parece que não é um problema de fralda.” Ela dá um beijo na testa do bebe sentindo o cheirinho de bebe que faz tudo ficar melhor. A criança diminui o choro, mas não para de todo. “Aposto que você ta precisando da mamãe.” Elas voltam pra sala onde Quinn reconhecendo o choro de fome já começa a abrir blusa do pijama para amamentar o bebe que logo está em seus braços.

“Você tá melhor?”

“Alguns minutos com ela fazem tudo ficar melhor.” Rachel sorri fracamente.

“Como uma boa Berry, Mack faz tudo ficar melhor apenas com a presença dela.” Quinn fala sem nem tirar os olhos da criança em seus braços.

“Faz quase um ano que falei com ele pela ultima vez.” Rachel admite fazendo a loira olhar para ela.

“Achei que vocês conversassem com mais frequência.” Quinn diz confusa, depois que começaram a namorar Rachel voltará a falar com o ex. Não a ponto de voltar a ser um grande amigo, mas era bom saber que ele estava bem e ele saber que tinha alguém, além de sua mãe, que o apoiava.

“Ele me ligou uns dias depois da estreia da segunda temporada da série.” Rachel começa a contar após alguns minutos em silencio. “Ele havia visto que eu tinha ganho mais um Tony e que você estava fazendo uma série. Contei como era, que era um projeto promissor, que você estava feliz. Disse que eu estava gostando muito do meu espetáculo e já sentia uma saudade sabendo que acabaria em breve. Ele me pareceu muito feliz com essas noticias, admitiu ter muito orgulho de nós, de quem nos tornamos.”

“Isso é ótimo amor, mas porque ele parou de ligar?”

“Contei que nós teríamos um bebe.”

“Você contou pra ele antes de contarmos pra nossa família?” Quinn parecia magoada com a noticia. Mack acabara de mamar e estava com a cabeça apoiada no ombro da mãe para que pudesse arrotar.

“Ele parecia tão feliz pela gente Quinn, eu queria dar uma boa noticia, algo realmente incrível. Ela não tinha bons momentos onde ele estava, era muito difícil.” Rachel responde e Quinn percebe a sinceridade na atitude da esposa. Sabia que a morena não tinha feito por mal.

“Ele não gostou da noticia?”

“Na verdade não, ele ficou alguns segundos mudo e então me perguntou como seria quando ele voltasse. Disse que não tinha entendido o que o preocupava e então ele disse 'Como você vai conseguir deixar a Quinn e uma criança quando eu voltar? Não quero ser responsável pelo filho dos outros.'” Rachel começa a chorar. “Então eu disse que isso nunca aconteceria, eu nunca deixaria minha família. Ele levantou a voz e disse que pensava que isso, o que nos temos era passageiro e que eu voltaria a ficar com ele.”

“Ele não fez isso.” Quinn estava indignada, tentava manter o controle apenas por causa do bebe em seus braços, mas estava difícil.

“Infelizmente foi o que ele disse. Argumentei com ele e disse que isso não era passageiro, isso era o meu presente e meu futuro, que não importava o que ele pensava, você era meu futuro, era com você que eu passaria minha vida e que se ele não estivesse feliz por nós eu não podia fazer nada.”

“E o que ele fez?” A loira estava curiosa, o temperamento estourado do rapaz era famoso.

“Não se convenceu, foi o que ele fez. Ele continuou dizendo que eu estava errada e isso tudo era porque eu sentia falta dele, mas ele voltaria e nós poderíamos viver felizes como sonhávamos na época da escola.” Rachel finalmente olha para a esposa e vê o ódio que saia dos olhos da loira, se fosse um desenho animado estaria saindo fumaça das orelhas de Quinn. Vendo que a atriz precisava extravasar o ódio a morena pegou o bebe em seus braços e agora que a criança dormia tranquilamente, Rachel a levou para seu quarto e voltou para sala. Quando entrou no cômodo viu Quinn andar de um lado ao outro na sala.

“O que você falou pra ele?”

“Fui o mais clara possível, disse que se infelizmente ele não conseguia continuar com a própria vida, a minha vida já não tinha mais nenhuma ligação com ele. A minha vida é com você e nossa família. Ele não gostou e voltou a gritar, eu avisei que enquanto ele pensasse assim eu não queria mais falar com ele.”

“E ele não ligou mais?”

“Não.

“Eu sinto muito Rachie, mas se esse idiota não estivesse morto eu o mataria.” Quinn, agora mais calma, caminha até a esposa e a abraça.

“Não diga isso Quinn, nem por brincadeira.”

“Não é brincadeira amor, sempre respeitei ele porque era seu amigo e alguém importante pra você, mas falar como ele falou do nosso relacionamento, do seu comprometimento com a nossa família, eu não admito.”

“Ele era um bom homem, ninguém merece sofrer como ele sofreu.”

“Talvez você tenha razão, ele não precisava ter sofrido tanto, talvez os dois meses na prisão sendo torturado tenham sido demais, eu teria acabado com ele em menos tempo.”

“Quinn!” Rachel se afasta da loira.

“O que foi, eu disse que ele não merecia sofrer tanto.”

“Não fale assim Quinn, por favor.”

“Tudo bem, desculpe. Mas eu realmente odeio Finn Hudson e não posso deixar de ficar grata por  saber que o mundo esta livre dele.”

“Quinn! Agora chega.” Rachel fala com lagrimas nos olhos.

“Tá bom, desculpa amor, vou parar com isso.”

“Obrigada.” Quinn abraça a morena que apoia a cabeça em seu peito.

“Quando vamos para Lima?”

“No final da tarde, o enterro é amanhã.” A loira da um beijo na cabeça da esposa e juntas vão para o quarto preparar as malas.

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Na manhã seguinte todos estavam reunidos no cemitério, Carole estava desconsolada, Burt a abraçava sempre que a mulher se perdia no choro. Kurt não acreditava no que tinha acontecido com o irmão, Finn podia ser um idiota muitas vezes, mas era seu irmão e tinha um bom coração. O enterro tinha terminado e aos poucos todos deixavam o local, Quinn tinha se afastado um pouco do grupo formado pelo Novas Direções e a família de Finn para ligar para sua mãe e perguntar sobre como a filha estava. Carole, Burt e Kurt estavam parados próximo ao carro do designer acompanhados de Mercedes, Tina, Rachel, Brittany, Will, Emma, Sue, Puck, Sam, Artie e Mike.

“Nunca pensei que você viria prestar seus sentimentos ao Finnútil Q.” Santana diz ao se aproximar da loira que desligara a ligação com a mãe.

“Não são sentimentos, vim pra ter certeza que ele está morto, só não conta pra Rach.” A loira diz rindo.

“Só você Q. Mas estou aqui pelo mesmo motivo, então...” Santana ri junto da amiga.

“Sabia que você era minha melhor amiga por alguma razão.” Quinn comenta e abraça a amiga. “Ele realmente fez muita besteira na vida, mas por alguma razão era importante pra Rach.”

“Ele foi o primeiro, sabe como é, né Fabray.” Santana comenta fazendo cara de nojo.

“Não me lembre disso.” Quinn fecha os olhos tentando apagar da memória essa época na vida da esposa. “E pelo que me lembro você também dormiu com ele.”

“Eu realmente não preciso lembrar disso. Foi a pior noite da minha vida, não sei como a Rachel aguentou isso por quase um ano.”

“Sete meses, depois disso eles ficaram juntos por sete meses.”

“Bom que ninguém aqui ta contando, né?”

“O que eu posso fazer, naquela época eu queria acabar com ele.” Santana ri e da um tapinha nas costas da amiga.

“Quinn?” Rachel chama a esposa enquanto caminha em sua direção. Santana e a amiga olham para a diva. “Carole e Burt estão indo para casa, Kurt nos convidou para irmos pra lá.”

“Pensei que fossemos pra casa da minha mãe buscar a Mack.”

“Foi o que eu disse, por isso vamos nos reunir no Breadsticks.” A morena segura a mão da esposa para que caminhem até o carro da mãe de Quinn. Santana as acompanha e logo Brittany está ao seu lado.

“Nos encontramos lá?” Quinn pergunta às amigas.

“Claro, não perco um breadstick por nada, alem de que vou poder paparicar minha afilhada.” Santana sorri ao falar da menina.

“Até logo meninas.” Rachel se despede das amigas e entra no carro. Quinn entra no lado do motorista e poucos segundos depois liga o carro.

“Como você esta?” Quinn pergunta quando já estão na metade do caminho ate a casa de Judy.

“Acho que to bem, não sei ao certo.”

“Você continua sem chorar Rach.”

“No fundo eu acho que ele não merece, sabe? Finn foi muito importante em determinado ponto da minha vida, mas ele desistiu de tudo, entendo os motivos dele, eu pude seguir em frente e lutar pelo que sonhava, porem enquanto eu realmente segui em frente ele ficou estagnado numa esperança falsa.” Rachel explica.

“Não tem nada de errado em chorar pela morte dele amor.”

“Eu sinto como se não fosse justo com você, depois de tudo que ele falou.”

“Comigo? Rachel ele foi ridículo com você, o que ele disse sobre nós foi absurdo, mas durante todo nosso colegial ele foi a pessoa mais importante pra você.”

“Mas chorar por ele é como se eu estivesse te traindo, entende?”

“Não e a menos que você tenha pensado em estar com ele em algum momento nesses últimos cinco anos não tem porque você pensar assim.”

“Claro que nunca pensei nele Quinn, e mais que isso, durante o colegial você já era a pessoa mais importante, era você quem eu queria impressionar e chamar atenção, mas na época achava que queria isso apenas para chegar ao Finn.”

“Então não se preocupe Rachel, eu entendo que você precisa aceitar ainda a morte dele, foi algo muito forte e impressionante, a forma como ele morreu, como ele foi encontrado. Eu entendo amor.”

“Você tem razão.”

“Eu sempre tenho.” Quinn brinca conseguindo um pequeno sorriso.

“Não força a barra Quinn.” Elas permanecem em silencio alguns minutos, porem o silencio é interrompido com os soluços de Rachel. Quinn para o carro no momento que percebe o choro da esposa.

“Rach.” Ela solta ambos os cintos e puxa a morena para um abraço.

“Ele era tão novo, por... por que alguém... alguém poderia fazer isso? Ele... ele... ele foi torturado amor, mu...muti...mutilado. O médico disse que... que ele so...sofreu muito.” Rachel diz entre soluços.

“Realmente não é justo Rach e longe de ser compreensível.”

“Finn era um bom homem.”

“Claro que era, ele estava no exército buscando coisas boas, ele queria um mundo melhor.” Quinn tenta tranquilizar a esposa, ainda que soubesse que o garoto apenas estava no exercito pra tentar melhorar a imagem do próprio pai e pouco se importava com o resto do mundo. Rachel permanecia nos braços da esposa ate que parasse de chorar. Alguns minutos depois ela se acalma.

“Eu realmente preciso da Mack agora.” Ela diz sorrindo. Quinn sabendo que a simples presença do bebe fará com que o humor da morena melhore, logo volta a travar o cinto e seguir para a casa da mãe.

Ao entrarem na mansão Fabray elas encontrar Alberto ninando a criança enquanto dançava uma musica lenta com ela nos braços. Judy os observava do sofá com um imenso sorriso no rosto. Quando entram na sala Judy e Alberto percebem a cara de choro da morena, o espanhol vai até ela e entrega o bebe. Com a filha nos braços o dia de Rachel parece melhorar na hora.

“Oi meu amor, você é a coisa mais perfeita do mundo.” Ela diz e beija a testa da menina. Quinn se aproxima pro trás passando seus braços na cintura da esposa. Rachel dança com movimentos leves para que a filha durma.

“Muito obrigada por tudo.” Rachel agradece.

“Não tem o que agradecer amor, eu te amo e vou sempre estar ao seu lado.” Quinn da um beijo no rosto de Rachel enquanto permanecem dançando calmamente com a criança nos braços da morena.