Algo Errado escrita por Samyy


Capítulo 3
A Bela Adormecida acorda


Notas iniciais do capítulo

Não se acostumem com constantes atualizações, é que até o capítulo quatro já tinha tudo escrito há muito tempo, tipo, há alguns meses!



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- Hugo, não! - Rose corria desesperada atrás do irmão. - Por favor, não. Qualquer uma menos essa!

- Eu gostei dessa em especial! - o caçula falou rindo. - Ela vai se juntar as outras, não será tão ruim!

- Hugo, por favor, não faz isso, foi a mamãe quem me deu essa. - a ruiva estava a beira do choro.

- Como se isso me importasse. - deu de ombros e correu para seu quarto. - Já, já eu te devolvo ela.

- Hugo! - gritou Rose. - Por favor, não!

Ao chegar a seu quarto Hugo bateu a porta se trancando.

- Hugo, não!

Rose sentou no chão, ao lado da porta e chorou. Rose estar chorando era uma coisa bastante incomum, ela era muito forte, sabia manter a calma, chorava só em casos extremos.

A porta de entrada da casa fez um estrondo anunciando a chegada de alguém. Esse alguém só poderia ser o patriarca. Rose percebeu ai sua única esperança.

- Pai, papai! - a menina quase voou.

- Rose, minha linda. - Rony só percebeu o estado da filha quando ela se aproximou o suficientemente perto. - Você está chorando? - surpreendeu-se. - O que aconteceu?

- O Hugo pegou minha boneca. - falou soluçando.

- Mas você nunca chorou por isso antes.

- Ele pegou uma boneca que a minha mãe me deu e eu gosto muito dela. Pai, não deixa arrancar a cabeça dela, por favor.

Rony encarou a filha. Seus olhos estavam vermelhos. Ele via medo no seu olhar.

Rose foi muito apegada à mãe, então ter que enfrentar o fato dela estar em coma não foi nada fácil.

- Hugo, abra a porta. - Rony foi tentar abrir a porta, mas estava trancada.

- Não abro! - gritou.

- Hugo Weasley, se você tirar a cabeça desta boneca vai se arrepender muito! - o menino gargalhou.

- Pai. - Rose seguiu Rony soluçando.

- Hugo, faça o favor de devolver a boneca da sua irmã.

- É pra já. - ele abriu a porta e a entregou para a irmã.

Rose soltou um grito fino com a cena. Sua boneca preferida, a boneca que sua mãe havia lhe dado, estava decepada. Podia ter sido qualquer outra, não aquela. Tinha um significado muito grande para ela.

- Eu te odeio Hugo. - falou soluçando. - Era melhor você não existir.

- Rose... - advertiu Rony.

- Nunca mais quero olhar pra sua cara, a partir de agora não tenho irmão. Não fale mais comigo. Nunca mais. Te odeio! - a ruiva saiu chorando para seu quarto, bateu a porta e se trancou.

- Hugo, de castigo. Sem TV, sem videogame, sem doces, sem nada que te faça feliz. Isso não se faz. - disse Rony com a voz ríspida e grossa. Esse era o máximo que podia fazer, mesmo sabendo que isso não mudaria o comportamento do filho.

- Por que isso agora? Eu já fiz isso antes e não deu em nada!

- Você não tem noção do que fez! - alterou o tom da voz. - Você não conhece a irmã que tem. Ela é rancorosa. Aquele é a boneca preferida dela e você a decepou. E se fosse com alguma coisa que você gostasse muito? E se fosse você no lugar dela? - Rony estava quase gritando, só não gritava porque havia não necessidade, poderia conversar perfeitamente no mesmo tom. - Foi essa a educação que eu te dei? Temos que rever seus conceitos. Vai ficar no seu quarto até a hora do jantar e ai de você se eu escutar um pio, não queira testar minha paciência. Eu saio pra ir à padaria e olha o que acontece, francamente.

Hugo entrou no quarto bufando.

Rony vivia se perguntando como que esse menino poderia ser seu filho. Era algo tão estranho. Nem Rony nem Hermione eram ou foram assim. O menino só poderia ter sofrido alguma mutação no embrião. O casal sempre fora amoroso com o bebê na barriga da mãe, como ele se mostrou assim?

Uma música familiar começou a tocar, aquela música só poderia anunciar uma pessoa ligando...

- Oi Harry.

- Hey, cenoura! – falou animado. – Tá fazendo o que?

- Há alguns minutos estava pondo meu filho de castigo, e você?

- Eu, nada. O que o pestinha fez agora?

Rony contou ao amigo as peripécias do filho.

- Cara, desculpe o termo, mas seu filho é uma peste!

- E você acha que eu não sei. Tenho que falar com Rose, então adianta o assunto ai.

- Gina e eu estávamos pensando em fazer uma festinha pra nossa afilhada, sabe, pra distrai-la.

- Também estava pensando nisso, mas não sei se ela está com animo, principalmente depois de hoje.

- Bom, se você quiser estamos dispostos a arcar com os custos.

- Valeu Harry, qualquer coisa eu ligo.

- Tá bem. Boa sorte ai.

- Obrigado.

Desligaram os telefones no mesmo instante.

Rony conhecia muito bem a filha que tinha. Rose era um doce de pessoa, mas se pisassem no seu calo a coisa mudava de figura. Quando ela disse que não falaria com o irmão não estava brincando. Ela era teimosa, apenas um milagre a faria mudar suas palavras.

- Rose, abra a porta para mim, por favor. – silêncio. – Por favor, Rô.

Ouviu-se um clique de chave girando.

- Posso entrar?

- Pode. – respondeu tristemente. Rose caminhou até a cama, sentou-se no chão, abraçou os joelhos e colocou a testa neles.

- Tá tudo bem? – “Que pergunta idiota Rony” uma voz falou em sua cabeça.

Rose apenas balançou a cabeça negativamente. Rony foi até onde ela estava, sentou no chão e a abraçou de lado.

- Eu quero minha mãe, pai. – disse com a voz abafada.

- Eu também quero sua mãe. – Rony afagou os cabelos da filha. – Eu sinto falta dela.

- Por que ela não volta? – perguntou voltando a chorar.

- Não é culpa dela, aposto que se ela quisesse já teria acordado.

- É mesmo?

- Claro, a mamãe ama a gente. – Rose sorriu de lado. – Agora vá tomar um banho que vou preparar o jantar.

- Tá bem... - Rose desvencilhou-se do pai.

- Hey pequena. Eu te amo, tá? - ela balançou a cabeça afirmando. – Ah, Rose, você tem que pedir desculpas ao seu irmão, não foi nada legal dizer aquilo.

- Irmão? Que irmão? Não tenho irmão.

- Rose, não faça isso. Ele fez algo errado, mas merece outra chance. Pelo menos prometa que vai pensar no que disse.

- Tá bem...

Enquanto Rose tomava banho, Rony providenciou uma conversa com Hugo.

- Posso entrar? - perguntou Rony já entrando no quarto do filho mais novo.

- Já entrou.

Hugo estava deitado na cama de barriga para cima encarando o teto. Rony sentou ao lado dele.

- Você precisa pedir desculpas à Rose. - foi sua sentença.

- Eu sei.

- Mas ela não vai aceitar tão facilmente. Você precisa conquistar seu perdão.

- “Plá” que? Ela não gosta de mim!

- E você, gosta dela?

- Não sei, ela é uma boa irmã.

- Pelo menos tente falar com ela. Meus filhos não podem ficar brigados. Vá se arrumar para jantar, tá bem?

- Tá bem. - respondeu sem tirar os olhos do teto.

Rony saiu do quarto suspirando. Hugo era um garoto difícil. Sempre foi. Desde pequeno era teimoso e vivia aprontando. Evitava levá-lo à casa de Harry, porque era sempre uma confusa. O menino beliscava, batia e puxava o cabelo de Lílian, filha mais nova do casal, e depois negava tudo descaradamente. Rony não queria ter problemas com o amigo e irmã, então achou melhor suspender, por tempo indeterminado, as idas do filho lá. Costumava deixa-lo na casa da mãe.

Tudo ficava tão diferente sem ela... Rony tinha absoluta certeza de que Hermione conseguiria colocar rédeas em Hugo. O que ele poderia fazer? Era apenas o pai, e o dever do pai é mimar (pensamento machista). Não conseguia ser rude com os filhos, principalmente com Rose. Que tipo de pai ele seria?

Na altura em que todos os três estavam sentados para jantar, Rony lançava olhares para o filho tentando incentivá-lo a pedir desculpas a irmã.

- Ahn... Rose? – ele chamou e ela nada fez, apenas continuou sua refeição. – Me desculpa pela sua boneca. – mesmo que não fosse sinceramente ele tentou.

- Pai, tem alguém falando comigo? Que estranho, só estamos nós dois aqui em casa. – falou ignorando o menor.

- Rose, por favor, não faz isso! – pediu Rony.

- Não estou fazendo nada. – disse inocentemente.

- Pare de ignorar seu irmão Rose, aceite suas desculpas.

- Eu não tenho irmão, sou filha única. Está ficando maluco papai? - Rose falou tão seriamente que teria feito qualquer um acreditar. 

Rony encarou-a derrotado. Rose, sempre decidida e teimosa, não mudaria suas palavras tão cedo. O que ele faria?

...

Sua visão estava turva, só via alguns borrões, um borrão branco e uma luz, mas de onde vinha toda esta luz? Qual é seu nome mesmo? Alguma coisa com E? Não, não, é He. R de rato, m de mamão, i de igreja, o de ovo, n de navio e, e de escola! Se juntar tudo dá Hermione. Ah, sim, seu nome é Hermione. O que te aconteceu? Não sabe? Tem algo haver com hospital... É você estava internada, internada e grávida. Grávida? Grávida de quem? Ora, daquele ruivo gostosão (ops) é claro, do...

- Roonny - sua voz saiu rouca e abalada pela falta de uso.

- Disse alguma coisa? - a enfermeira que chegava o funcionamento dos aparelhos perguntou surpreendida.

Não ligue para ela, agora diga. Qual o nome da coisa fofa do seu filho. Ele é tão lindo, ruivo igual ao pai. Seu nome é...

- Hugo. - falou fracamente.

Isso mesmo! Você tem uma filha linda. Tão fofinha, quando ela fala dá vontade de rir do jeito inocente. Ruiva como uma rosa vermelha, aliás, o nome combina muito, é...

- Rose.

- Vou chamar o doutor. - uma porta ao longe bateu.

Hermione abriu os olhos calmamente, apenas via branco, muito branco vindo do teto e uma fonte de luz vinda da iluminaria.

- Onde estou? - sua cabeça estava girando, sentia-se muito tonta. Estava deitada em algo muito desconfortável e duro. Tentou se levantar, mas a sala girou mais forte.

- Entre doutor, ela estava falando alguns nomes que não entendi. - a tal enfermeira estava acompanhada.

- Bem vinda Hermione. - sorriu-lhe o médico. - Deve estar confusa.

- Quem é você? - perguntou Hermione vacilante.

- Ora, não sabe? Pierre, seu médico.

- Pierre? Pierre Fletcher?

- Eu mesmo.

- O senhor está diferente. - falou o encarando bem. Isto estava lhe parecendo estranho.

- Realmente estou. Mas vamos falar sobre você. Está sentindo algum mal-estar?

- Estou zonza, só isso. – respondeu colocando a mão na cabeça. – O que aconteceu?

- Digamos que você esteve dormindo...

- Ah... – o doutor tentou retardar a data. – Melody, ligue para o senhor Weasley e peça que ele venha imediatamente, não diga que ela despertou. – acrescentou baixinho.

- O que? Rony não está aqui? – perguntou desapontada.

- Não, ele... Ele teve que sair, por causa da Rose. - falou o doutor sem perceber, achou que não era a melhor hora para dizer que muitos anos tinham passado. - Ah... Precisamos fazer alguns exames em você, então se me permite. 

- Doutor, meu filho, Hugo está bem? É que eu queria vê-lo. - os olhos de Hermione brilhavam em expectativa. 

- Desculpe seu filho já está em casa com Rony e Rose. - informou. 

- Ah... - falou visivelmente decepcionada. - Eu estou meio perdida doutor, poderia me situar?

- Bom... - ele ponderou. - Primeiro os exames, depois as perguntas.

E assim seguiram sem mais outras "interrupções".

...

Rony estava em casa, trancado em seu escritório trabalhando em plantas de projetos, quando recebeu uma ligação apressada de Melody, a enfermeira. A moça falara tão rapidamente que Rony quase não entendeu, mas saiu voando para o hospital pensando que algo tinha acontecido com Hermione. Antes de ir pediu que nem Rose, nem Hugo levassem a casa abaixo, não tinha com quem deixá-lo... 

Ao chegar ao hospital, soltou um bombardeio de perguntas confusas para o doutor Lee, que tentava acalmá-lo com muito custo. 

- Se acalme senhor Weasley, assim não podemos conversar. 

Depois de inquietantes minutos Rony finalmente se acalmou, ou pareceu mais calmo. 

Bob explicou a ele que nesta manhã a enfermeira presenciou Hermione balbuciar algumas palavras e quando retornaram ela havia acordado. Rony quase caiu da cadeira quando o escutou dizer isso. 

Depois de cinco anos a "Bela adormecida" finalmente tinha acordado. Melhor que no conto, pois ela fica cem anos adormecida até que seu príncipe encantado chegue.

- Eu posso vê-la, né? Tipo, agora mesmo? - os olhos de Rony brilharam em expectativa. 

- Claro, ia sugerir isto agora. Antes de irmos mais uma coisa. Ela sabe que ficou em coma, mas não sabe por quanto tempo, então seria bom se o senhor não dissesse nada, pelo menos nada ainda. - pediu. - Pode ser um choque para ela. Imagine deixar um filha de dois anos em casa e quando retornar descobrir que ela tem sete?

Ron concordou silenciosamente.

Seguiram por aquele corredor tão conhecido. Seu coração acelerava-se mais a cada passo que davam. Se o questionassem sobre o porquê não saberia responder.

Cinco anos esperando por esse momento. Cinco longos anos sem poder ver seus olhos castanhos, sem beijá-la, sem tocá-la, sem sentir o calor de seu corpo em noites frias, ou em noites de amor e sem ouvir sua voz. Estava prestes a poder presenciar tudo isso, e outras coisas, novamente e não estava emocionalmente preparado.

O doutor pediu que Rony abrisse a porta. Seria melhor assim, caso ele caísse para trás teria alguém para se apoiar.

-... Eu não gosto de comida sem sal, é sem sal! - falou Hermione rindo. Ela percebeu que a porta tinha sido a porta e olhou para quem havia chegado. - Ah, Rony! - exclamou animada.

Rony sentiu-se ser empurrado. Suas pernas pareciam ter sido feitas de chumbo, não conseguia se mover.

- O gato comeu sua língua por acaso? - ela indagou.

- Ah... Não, é que... - ele tentou dizer. Do jeito que estava agir era melhor que falar. Ele apressou-se a abraçá-la muito apertado. - Mione. Hermione, Hermione.

- Tá me machucando Ron. - ela tentou desviar o abraço.

- Senti sua falta. - ele lhe beijou todo o rosto. - Não faça isso novamente. Quer me enlouquecer? Nunca mais faça isso! - ao invés de aliviar o abraço, Ron apertou-a mais. Foi o jeito que encontrou de matar a saudade ali.

- Me solta Rony, o que deu em você?

- Isso se chama saudade. - falou a enfermeira que a pouco tinha trago comida.

Ron não a soltaria tão cedo.

Conversaram por um bom tempo. Hermione estava curiosa para saber como o filho era, Rony sempre trazia consigo uma foto dos filhos, por sorte era uma antiga de quando Hugo era recém-nascido. Hugo estava no colo de Gina e Rose tentava ver o irmãozinho dentro do cobertor azul. Não era muito, mas era tudo que ela precisava.

Hermione receberia alta em alguns dias, precisava ficar em observação por 48 horas, pois poderia sofrer uma recaída.

Mesmo com isso Rony estava mais feliz que o normal. Teria sua amada novamente em seus braços. Nada podia acabar com sua felicidade...


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