A day before tomorrow escrita por Gabrielle Reis


Capítulo 10
O Jantar


Notas iniciais do capítulo

Trilha sonora do capítulo 10: Come and Go - Beeshop
http://www.youtube.com/watch?v=J0g8iNhFeXY



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Não estava nervosa. De maneira nenhuma. Estava? Creio que não. É óbvio que não. Por que ficaria? Além do fato de não encontrar nada considerável para vestir em uma espécie de encontro ridículo, com um guitarrista ridículo. Era totalmente irracional, não fazia sentido.

No entanto, eu estava. Repleta e completamente nervosa, meu estômago revirava e a náusea era quase insuportável, já havia perdido as contas de quantas vezes pensei em não ir, inventar alguma mentira esfarrapada – na qual eu era péssima – que pudesse dizer. Fechei meus olhos e respirei lentamente até meu coração se estabilizar, o que poderia acontecer de pior afinal? Instantaneamente minha mente fez uma lista de ''Coisas que podem acontecer e acabar com seu encontro'', balancei a cabeça para afugentar pensamentos negativos.

Estava sendo tola, vesti-me um vestido preto básico, realçando minhas madeixas que ondulavam até o final de minha cintura, Mallory me ajudara em tudo, tagarelando para que conseguisse o telefone de Bill - vocalista da banda e irmão gêmeo diferentemente de Tom – enquanto aplicava diversas cores em meu rosto com seus pós. Em parte, achava que estava parecendo o Bozzo, contudo, estava enganada, até gostei.

O relógio marcava oito horas. Depois que saí as pressas do trabalho – que aliás, Ben estava deslumbrante e me encontraria onze horas para vermos um filme – e vir para casa, creio que este seja o momento de que tudo valera a pena.

Um Cadillac 2012 estava estacionado em frente à minha casa. Ele estava magnífico, com sua blusa bege colada em seu peitoral que obtinha um decote pequeno e charmoso, sua calça não muito larga, seu perfume inebriante de erva doce. Estava tudo perfeito.

Fiz uma careta quando ele abriu a porta do carona para que eu entrasse, Tom estava mudado, não era mais o mesmo garoto irresponsável e inconsequente que se orgulhava em dizer que havia dormido com cerca de vinte e cinco garotas antes dos quinze. Aquele mesmo garoto que não se deixava apaixonar- se por ninguém, aquele garoto que hoje é somente uma sombra em seu passado.

Pude refletir sobre o que acontecia. Um artista, não importa a área em que atuasse nunca ficaria com um fã. Talvez porque não houvesse a emoção da conquista, quando a pessoa já se está conquistada. Eu era uma fã, certo? Não agora, mas já fora. Tom fizera grande participação em minha vida, mesmo sem saber de minha mera existência, me permitir esquecê-lo não significaria deixar de me apaixonar por ele, apenas me conformara que nunca daria certo.

Não é uma normalidade. E neste momento, com ele ao meu lado, desafiando as leis da física, infelizmente tendo a me aproximar o bastante de uma pessoa à ponto de não admitir sua ausência, não por possessividade, porém, por necessidade. Estava consciente do risco que corria e por mais que tentasse me afastar, não conseguiria, era tarde demais. Eu queria estar com ele e não poderia culpar a ninguém além de mim mesma, o adeus seria muito mais fácil se não existisse proximidade.

A mente de uma mulher é complexa. Os homens não entendem quando fazem um elogio por mais banal que seja a respeito de sua aparência, subentendemos um caminho de esperanças. É como se cada palavra dita da parte deles, houvesse uma tradução para nós.

Esperanças que são esmagadas sem clemência pela realidade, tendo o desprazer de viver em um mundo frio e impiedoso, onde na verdade o único desejo é ter um final feliz.

- Olá Marie. - Sua voz era doce. - Se me permite dizer, está linda. - Santo Deus, o que devo fazer?!




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Notas finais do capítulo

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