A leve brisa fazia-me sorrir, enquanto o vento acariciava meu rosto. Fechei meus olhos e deixei que minha cabeça caísse sobre a grama recém- cortada. O cheiro era confortavelmente agradável, respirei algumas vezes, tentando absorver cada segundo daquela incrível sensação.

Coloquei meus fones de ouvido,o Iphone estava em um volume considerável, no entanto, em poucos minutos adormeci.

– Ei, vai passar a noite no parque dorminhoca?! - A voz que me arrancava da inconsciência , era familiar. - Marie, acorde, o sol já se pôs. - Levantei lentamente e relutante.

– Vamos. - Disse. O brilho do dia se esvaeceu, a lua sombria e extraordinária, que reluzia a fria noite. O carro de Alice nos esperava na entrada do grande ''World Green''.

Permaneci calada, engolindo em seco, prevendo o que viria.

– Tudo bem? - Disse ela indecisa, mordendo seu lábio inferior. A realidade havia me sugado.

– Pode por favor, me deixar em paz!? Creio que já sou grande o suficiente para cuidar de mim mesma. - Por alguns segundos me arrependi de ter sido tão dura.

– Eu só, quero protegê-la. Sou sua irmã mais velha, é o meu papel. - Seus olhos se encheram de lágrimas. - Já fizeram três meses e...

– Estou bem. - O silêncio permaneceu até chegarmos em casa.

Subi as escadas do segundo andar correndo, em direção ao meu quarto no fim do corredor. Prometi que nunca mais choraria desde a morte de meu pai, era quase inevitável, por mais que sua ausência fosse terrível, ainda assim a cumpriria, por ele.

Faziam duas semanas que me mudei para Los Angeles. Detestava mudar 25 vezes no ano, era bem provável que conhecesse o mundo inteiro sem saber. Teria que me acostumar, iria começar a trabalhar como garçonete em um restaurante muito frequentado para pagar a faculdade de medicina, meu estômago revirava quando sequer ousasse a pensar nisto.

A água quente fazia-me relaxar, afundei-me por completo. A banheira parecia um bom lugar para permanecer, estava submersa, enquanto minha respiração se dissolvia como pó. Levantei ofegante, deixando que o vento frio chicoteasse meu corpo, fazendo-me tremer.

Ingeri alguns comprimidos que me fariam dormir, era preciso, já que sabia que o sono não viria tão facilmente. Dormir, já se tornara uma necessidade. Pois a última coisa que gostaria no momento, seria pensar.