Julie!

Anelyse.

Lie e eu nos jogamos uma nos braços da outras formando um abraço apertado e muito reconfortante.

Que surpresa! -Eu disse enxugando as lágrimas que começavam novamente a rolar pelo meu rosto.

Eu não quis avisar, queria pegar você de surpresa... Mas você está bem?

Acho que sim, entre.

Ane, você estava chorando, É?

Eu afirmei com a cabeça.

Ahh Ane... Sinto muito.

Lie novamente me deu um abraço e enxugou as lágrimas do meu rosto.

Está muito difícil, Julie! E-eu... Não consigo me acostumar com essa nova situação. Estou me sentindo desamparada.

Não fique assim... Olha, agora eu estou aqui. Você precisa colocar um ponto e seguir em frente.

Eu abaixei a cabeça quase trombando.

Obrigado, Julie. -Eu disse me recuperando da crise de choro.

Olha, será que posso ficar uns tempos aqui com você?

Tá brincando? Eu adoraria!

Imediatamente formou-se um lindo sorriso na boca de Lie, deixando á mostra os seus dentes incrivelmente brancos.

Ela mudara muito fisicamente, desde a última vez que a vi.

Seu cabelo agora mais vermelho do que nunca caía sobre os ombros e sua maquiagem perfeitamente alienada. Ela estava vestida com um vestido preto de seda e um casaquinho jeans, sorri concluindo minha avaliação.

O que foi?

Você mudou muito, está mais bonita!

Ela joga a cabeça para trás e dá uma gargalhada.

Você também não está nada mal, só precisa de um pouco de diversão.

Nós duas sorrimos e subimos para o meu quarto.

Contei-lhe que tinha ido me matricular na nova escola e que tinha conhecido um garoto lindo chamado Daniel.

Enquanto conversamos ouvi um carro se aproximar.

É seu pai. -Diz Lie sem se levantar.

Papai saiu do carro e quando abriu a porta eu e Julie já estávamos descendo a escada.

Olá pai. -Eu disse o abraçando.

Oi filha.

Olá Julie. Como está?

Estou bem senhor Stwart, obrigada.

Enquanto papai tomava banho, eu e Julie preparávamos a mesa do jantar.

Julie... Eu estou um pouco com medo. Eu sei que isso é muito infantil, mas eu não tenho ideia do que vai acontecer.

Ane, não apresse as coisas. Se você não sabe o que irá acontecer, por que não esperar que elas aconteçam?

Eu sorrio e aceno com a cabeça.

Assim que sentamos-nos à mesa, papai perguntou-me se tinha feito a matrícula na nova escola e perguntou se eu tinha gostado de lá, mas apenas balancei a cabeça, afirmando que sim.

Depois que guardamos as louças Lie e eu subimos para o meu quarto afim de colocarmos as fofocas em dia.

Não demorou muito e eu já tinha pegado no sono.

Quando o despertador tocou, Lie já estava bailando de um lado para o outro entre meu banheiro e meu quarto.

Vamos acordar, Anelyse!

Sentei na cama, esfregando os olhos.

Assim que tive certeza de que estava acordada, fui para o banheiro para tomar um banho morno.

Quando voltei para o quarto minha roupa, a que eu dificilmente usava, estava estendida na minha cama.

Pra que essa roupa aqui?

Para quem mais seria Ane? -Respondeu Julie revirando os olhos.

Ahh... De jeito nenhum vou com essa roupa. -Eu disse pegando meu moletom e minha calça cáqui do guarda-roupa.

Quando me virei me assustei com o olhar fulminante que Julie lançava para mim.

Olha aqui Anelyse, você vai vestir essa roupa agora mesmo, ou senão...

Eu joguei a cabeça para trás e cai na gargalhada e em seguida Julie fez o mesmo.

Lie você precisava ver a careta que você fez! -Eu não conseguia parar de rir.

Ela me deu língua e se virou pegando a minha mini saia e minha blusa xadrez.

Por favor! -Disse ela agora, com aqueles olhos suplicantes.

Eu suspirei e disse sim com a cabeça.

Ela deu um pulo e me abraçou.

Quando terminei de me arrumar, Julie e eu descemos para a cozinha onde papai já estava tomando café.

Bom dia pai.

Eu plantei um beijo em sua bochecha.

Ele assentiu com a cabeça.

Engoli o cafédamanhã ao ver que estava atrasada.

Peguei minha bolsa e minhas chaves, me despedi de papai e puxei Julie para dentro do meu Volvo.

Eu a deixei no centro e segui para o colégio.

Quando cheguei ao colégio todos estavam entrando.

O dia estava lindo, o sol a pino e o céu azulzinho.

Segui para a última vaga do estacionamento, não me importando para os olhares que se voltavam para meu carro.

Respirei uma, duas, três vezes e sai do carro, atravessando o estacionamento quase vazio.

Assim que passei pela porta de vidro, me misturei a multidão de alunos que se seguia pelo corredor.

Olhei para o meu horário e vi que a primeira aula era Artes.

Andei de um lado para o outro, até que esbarrei numa garota alta, loira e linda.

Me desculpe. -Eu disse constrangida.

Não, tudo bem! Novata?

É, sou sim.

Qual é a aula?

Mostrei-lhe o horário e ela assentiu me puxando pelo braço.

Quando cheguei a sala 215, fiquei nervosa e Natasha percebeu isso.

Fique tranqüila, vai dar tudo certo! Eu pensei.

Entrei na sala de cabeça baixa, entreguei o papel para o professor e ele me indicou o meu lugar.

Caminhei até o lugar, sentindo todos os olhares sobre mim, e isso me fez corar.

Olá! Seja bem vinda. -Disse um garoto com uma franja igual a um cantor americano cujo só lembro das iniciais J.B.

Obrigada. -Eu sorri.

Meu nome é Michael Steves.

Anelyse Stwart, prazer.

O professor pediu para que lessemos as páginas do livro.

Michael não parava de me elogiar e de me fazer perguntas e eu, pacientemente, as respondi.

Algo nele me fazia duvidar de sua opção sexual, mas não me concentrei nisso.

Avaliei a sala por inteiro, não deixando escapar nenhum detalhe.

Antes que eu Pudesse concluí-la o sinal tocou e eu fui para minha próxima aula.

O corredor estava abarrotado de gente.

Michael tinha ido para sua aula no andar de cima.

Caminhei com muita dificuldade até meu armário e quando cheguei até ele, enfrentei um dilema horrível.

Será que a senha é 456123 ou 123456?

Mordi o lábio confusa.

Precisa de ajuda?

Sua voz fez com que meu coração disparasse como se fosse saltar do meu peito.