O Príncipe Edward escrita por Débora Falcão


Capítulo 5
A Carona




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Nem percebi quando a conversa entre Mary Poppins e a Sra. Stanley terminou. Quando vi, ela já estava ao meu lado, observando a chuva, pronta para sair de novo.

"A Sra. Stanley é uma mulher maravihosa! Acho que vou fazer amizade com ela." Disse Mary Poppins. "Bem, ela até já nos fez um favor. Indicou duas casas que estão desocupadas. Poderemos alugar uma delas por um mês."

Caminhamos pelas ruas chuvosas, esperando que passasse um táxi. E foi em vão.

"Um mês?" Perguntei. Passar um mês seria melhor que três dias.

"Sim. Faremos um contrato e pagaremos adiantado. Assim, se quisermos, poderemos voltar depois. O que não faria diferença, se nós ficarmos aqui por quanto tempo quiséssemos, e depois voltarmos no tempo em que saímos de nosso mundo."

Eu senti que aquele momento era propício.

"Sra. Poppins, e se de repente eu quisesse viver aqui? Digo, morar, trabalhar, estudar, sempre? E aí, quando sentisse saudades eu voltaria para casa, do ponto de tempo de onde saí... isso seria possível?"

Mary Poppins ponderou. "De certa forma, criança. Mas há um porém. A história segue seu curso, com idas e vindas. E estamos ligadas ao curso dela. Nós temos um limite de distância a qual podemos ir, nos distanciando dos personagens principais desta história."

"Um limite? Como assim?"

Mary Poppins pensou. Estava querendo encontrar as melhores palavras para explicar aquilo para mim. "É como se houvesse um limite... como um campo, algo assim, um muro invisível, que nos impedisse de ir além dele. E este limite tem seu centro no curso da história. Então, se a história está sendo narrada na Itália, nós acabaremos indo a Itália. Se for narrada em Phoenix, acabaremos em Phoenix. Se for na Flórida, teremos que ir à Florida, por bem ou por mal. E, eu te digo: é melhor ir por bem."

"Por quê?"

"Meu bem, aqui é um mundo como o nosso mundo. Tudo o que acontece aqui acontece de verdade. Se pegarmos uma doença, ou se fraturarmos uma perna, enfim. Isso acontecerá de verdade, e levaremos isto para o nosso mundo." Ela deu uma pequena pausa. "Se morrermos aqui, Lisa, morreremos de verdade. Não é simplesmente uma história. Aqui é um mundo real. Cada livro é um mundo real. Paralelo ao nosso mundo, mas inteiramente real."

Estremeci. Comecei a pensar se havia escolhido o livro certo para me aventurar numa viagem como aquela. Um livro cheio de vampiros sedentos de sangue. Eu deveria ter escolhido uma história mais leve... "Cinderela" talvez... Mary Poppins continuou.

"Se não prestarmos a devida atenção no curso da história, e nos perdermos dele, por exemplo, e chegar o momento em que Bella viaja à Itália ou ao Brasil, e nós não tomarmos nossas devidas providências, como tomar o mesmo avião, etc., poderemos ser arrastadas pelo muro invisível do limite, e, dependendo de para onde eles estão indo, poderíamos morrer no mar, ou no ar..."

Nossa! Eram tantas coisas com o que se pensar! Passaríamos um tempo em Forks, não poderíamos nos aproximar demais da família Cullen e de Bella para não interferirmos na história, não poderíamos pensar em nada comprometedor perto de Edward e ainda teríamos que acompanhar o curso da história para tomar todas estas providências!

"São coisas demais!"

"É verdade, querida. Mas temos que fazer, ou teremos sérios problemas."

Neste momento, ouvimos uma buzina. Uma camioneta vermelha parou ao nosso lado, com um barulho ensurdecedor. Olhamos uma para outra, eu e Mary Poppins, assustadas. A moça, dentro do carro, desceu o vidro do passageiro.

"Querem uma carona? Está chovendo bastante!" disse Bella Swan em pessoa, olhando para nós com aqueles enormes olhos cor de chocolate.

Ficamos atônitas, sem saber o que responder. Uma carona seria ótimo, naquela chuva. Mas a motorista era Bella Swan, e não queríamos interferir. E se ela estivesse indo para algum lugar que, se se atrasasse, pudesse atrapalhar o curso da história?

"Para onde está indo?" perguntou Mary Poppins, avaliando.

"Estou indo à escola. Estou adiantada, posso deixá-las aonde quiserem."

Olhei para Sra. Poppins. Ela buscou mentalmente o que aconteceria. Segundo meus cálculos, Bella chegaria cedo à aula. E não aconteceria nada importante. Edward já estava apaixonado por ela, mas os dois estavam sem se falar. Talvez se falassem aquele dia.

"Tudo bem, mocinha. Muito obrigada!"

Subimos na camionete. "A propósito" disse Bella. "Eu sou Bella Swan. E vocês?"

"Eu sou Mary Poppins, e esta é minha filha, Lisa. Acabamos de nos mudar."

"Ah, que bom. Eu também acabo de me mudar. Fazem apenas alguns meses que estou morando aqui. Na verdade, sou de Phoenix."

"Interessante."

Mas Bella não era muito de conversa, então, a viagem transcorreu silenciosa, para nosso alívio (não queríamos comentar nada que estragasse o curso da história), até que chegamos ao nosso destino: a primeira das duas casas que iríamos ver.

"Obrigada, Bella, você foi muito gentil. Espero que isso não atrapalhe sua aula." Disse Mary Poppins.

Bella acenou e partiu, com um ronco do motor. Olhei para Mary Poppins e suspiramos juntas.

"Ufa!"


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