O Circuito Do Rio escrita por LuluuhTeen, Luisa Druzik


Capítulo 5
Capítulo IV - Maratona


Notas iniciais do capítulo

Como o prometido, vou igualar as postagens aqui e no blog, então, cá está um novo capítulo. Isso quer dizer que teremos -1 semana de postagens, e a fic acabará mais rápido, rsrs...



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Capítulo IV

Maratona

O barulho aumentou e foi ficando cada vez mais alto e próximo de nós. Alex ficou em posição de defesa e sinalizou para que guardássemos tudo. Jimmy se levantou também e colocou a mão sobre uma faca que eu ainda não tinha reparado.Começamos a ouvir vozes e distinguir uma conversa entre um homem e uma mulher, depois risos de mais pessoas.

– Cuidado! Ele pode vir e jogar bolinhas em você! – Enquanto riam apareceram de dentro da mata, tive um vislumbre de ver Alex trincando os dentes e cerrando os punhos, quase pude ouvir sua respiração irregular em meio ao silêncio que sucedeu o encontro de nossos olhares.

– Finalmente, estão atrasados! – Beetee interrompeu o silêncio mais barulhento de todos com seu comentário estranho. Por um momento pensei que ela era uma espiã, mas então a vi pegar um pacote de doces coloridos, o mesmo que Jimmy havia pegado anteriormente e só então percebi se tratar de um chocolate aparentemente muito saboroso. Todos a ignoraram, talvez achando que ela era maluca.

– Olá, grupo 1. – Samantha disse, ouvindo sua voz atentamente percebi que era ela quem disse aquela observação sobre as armas de Alex.

– O que fazem aqui, Samantha? – Alex falava isso entre dentes, como se fizesse muita força para não a atacar com toda sua fúria.

– Oh, Alex, pode me chamar de Sam. Todos vocês, me chamem de Sam, tudo bem? – Ela sorriu falsamente, mas ninguém lhe deu uma resposta. – Na verdade, encontramos esse lugar por engano, procuramos uma clareira, como essa, para passar a noite. É muito difícil achar uma nesse breu, porque não dividirmos?

– Desculpe, acho melhor não… – Jimmy tomou a frente e todos concordamos, não queríamos nem um tipo de contato com esse grupo, que claramente faria de tudo para vencer. Tudo.

– Tudo bem. – Sam tentou reprimir a raiva da voz, mas ainda pude sentir seu ódio de nós por não querermos nos juntar à ela. – Vamos, parece que não somos bem vindos aqui. – Sua equipe a seguiu floresta adentro e ouvi um suspiro de alívio vindo de Giulia, que parecia estar muito nervosa todo esse tempo.

– Pensei que eles não iriam nunca! Aquela mulher me da medo, que temperamento que ela tem, não? – Giulia se deixou cair ao lado de Jimmy, em quem se encostou. Ele pareceu bastante surpreso com seu gesto, mas depois pareceu relaxar um pouco, sem tirar a expressão de desconfiança do rosto. Sentei-me ao lado de Beetee enquanto Alex estava terminando de arrumar o acampamento. Peguei a mochila e examinei o seu conteúdo, além da corda e da comida achei um carregador com pequenos painéis solares, e em minha opinião a ideia era incrível, mas depois percebi as diversas implicações do produto, grande parte envolvendo a falta do sol e a dificuldade para encontrar um lugar onde ele chegasse estando no meio da floresta.

– Acho melhor dormirmos, não sabemos quando eles vão iniciar o 2º portão, e quanto mais descansarmos melhor. – Todos concordamos com Beetee e depois de um banquete de pílulas e dois tabletes de chocolate para cada um, pegamos no sono.

****

Acordei com um cheiro agradável de chocolate derretido. Quando me sentei, ainda meio grogue de sono, vi que não era a única acordada, e nem a última a acordar. Beetee murmurava alguma coisa em seu sono deitada em um saco de dormir ao meu lado, Jimmy roncava alto enquanto Giulia mexia uma porção de chocolate em um prato no fogo. Alex estava pensativo sentado em uma pedra tentando resolver seu Cubo Mágico. Fui ajudar Giulia.

– Oi, precisa de ajuda? – Sorri esfregando meu rosto enquanto andava em sua direção.

– Não… Mas se quiser acordar os outros e arrumar essas coisas, ajuda. Vamos comer e ir para a pista, não é seguro ficar aqui. – Assenti e fui dobrar os colchonetes. Quando dobrei o de quem já estava acordado fui acordar Beetee e Jimmy, comecei com Beetee.

– Beetee… – Sacudi seu ombro. – Acorda… – Ela se virou e abriu levemente os olhos.

– Oi. Já venci? – Ela se sentou lentamente.

– Vai ter que passar por mim primeiro, anda, acorda. – Depois de levantar Beetee praticamente voou em direção ao fogo improvisado. – Como eu acordo… ele?

As meninas viraram para mim e deram sorrisos estranhos, que só foram explicados quando o rosto de Jimmy estava molhado e ele estava sentado, assustado. Nós três começamos a rir, e até Alex se virou para ver o que tinha acontecido. Jimmy sorriu antes de soltar um “vai ter troco” e se espreguiçar.

- Como vai indo com o Cubo, Alex? – Ele se virou e encarou Beetee, que olhava com curiosidade o seu desafio.

- Mal. Eu acordei cedo e consegui montar uma face inteira, mas então baguncei tudo novamente pra montar as outras, e não consigo. – Ele olhou zangado para Giulia e Beetee, simultaneamente. – E sem ajuda, fica mais difícil.

- Eu já consegui o meu, mas não faço ideia do que significa. – Olhamos todos para Giu, que nos mostrava sua caixa, aberta. – O mecanismo é bem simples, na verdade. Só precisa de um pouco de criatividade, eu puxei pelos dois cantos opostos, se tivesse puxado pelo mesmo lado, não iria abrir. Inteligente, simples, mas inteligente.

Peguei a caixa de sua mão e observei dentro, estava vazia. Tinha o mesmo funcionamento de uma gaveta, já que era aberta pela lateral, mas era muito bem feita, se você olhasse com um olhar artístico e artesanal.

- O estranho é que ela não desgruda, quero dizer, ela só se abre até aí. – Tentei puxar, e realmente, ela não saía. Jim foi rápido e puxou ela da minha mão, jogando-a contra uma pedra. Giulia gritou e correu atrás do seu presente, agora despedaçado.

- Pronto. Agora ela saiu. – Olhamos com raiva para Jimmy, todos os quatro. – O quê? Vocês não queriam ver o que tinha dentro?

De repente, Giulia gritou, juntando um pedaço de papel, papel de verdade. Ela pegou aquilo como se fosse feito de ouro, e leu o que estava escrito com veneração.

- “O quadrado tem a resposta que você procura, e não se esqueça da perfeição.”

****

- Tudo bem, o plano agora é resolver o presente da Deenna, certo? – Estávamos tentando resolver o enigma da carta de Giulia, mas era claro: teríamos que resolver o Quadrado Perfeito. O problema é que não fazíamos ideia de qual era a “resposta que você procura”, só sabíamos que teríamos de descobri-la. E provavelmente era essa a resposta que procurávamos: o que descobriríamos ao fim do enigma.

Dessa vez, decidimos colaborar uns com os outros, não importando qual seria a punição, teríamos de resolver a charada. Então, Giulia começou a me ajudar. Pegamos um eletrônico e montamos uma tabela de 7×7 colocando possíveis combinações depois. Entramos em um arquivo que eu baixei onde explicava passo a passo como resolver um 5×5, mas não ajudou muito, então, Giulia teve um vestígio de memória enquanto resolvia um 9×9 e me explicou todas as 3 regras principais.

- Começamos colocando o número 1 na primeira linha, no quadrado central, logo em seguida subimos uma casa para cima e um para a direita, colocando o número seguinte. Se esse cair fora da tabela colocamos no quadrado correspondente. Sendo que se ele cair para a direita, corresponde à esquerda e se cair à cima corresponde a baixo.

1

7

6

5

4

3

2

- No caso de a casa já estar sendo usada, passamos para a casa abaixo do último número completado.

1

10

19

28

7

9

18

27

6

8

17

26

5

14

16

25

13

15

24

4

21

23

3

12

22

2

11

20

- Se um número cair em uma casa para fora do quadrado e a casa correspondente não existir ou já estar ocupada, seguimos colocando o número abaixo da última casa feita, como na regra anterior.

30

39

48

1

10

19

28

38

47

7

9

18

27

29

46

6

8

17

26

35

37

5

14

16

25

34

36

45

13

15

24

33

42

44

4

21

23

32

41

43

3

12

22

31

40

49

2

11

20

- Conseguimos! – Gritei e Giulia tossiu. Ri e me corrigi. – Tudo bem, você conseguiu! Agora é só organizar as letras?

- É o que eu espero. – Comparamos as duas tabelas e em outra fomos organizando as letras, uma por uma em ordem crescente.

D

E

C

I

F

R

A

R

N

A

O

E

T

A

O

F

A

C

I

L

Q

U

A

N

T

O

P

A

R

E

C

E

H

O

R

A

D

E

G

I

R

A

R

E

M

R

E

T

A

- “Decifrar não é tão fácil quanto parece, hora de girar em reta.” O que significa? – Olhei para Beetee que bateu em sua testa com um estalo.

- Mas é claro! Como sou burra! “O Quadrado Perfeito” não era o seu Quadrado Perfeito, mas um quadrado que necessita de perfeição! – Ela olhou para Alex – O seu Cubo de A Vingança de Rubik!

Então, um som muito alto, começou a soar e eu acompanhei o ritmo que era como o do instrumental de Bad Reputation, uma música muito antiga, mas bem popular até mesmo no século XXIII, mas um pouco mais rápido, como um remix. Então, de alto-falantes que nem sabíamos que existia soou a voz de Richard.

- Parabéns, Samantha, número 16, você venceu o 2º portão sendo a primeira a resolver a Caixa de Madeira, ganhando uma mochila de acampamento, prêmio para os três primeiro portões. E meus parabéns, novamente, à Deenna, número 27, por ter resolvido o Quadrado Perfeito em primeiro lugar, mesmo tendo a ajuda de Giulia, número 4, vencendo assim o 3º portão. Como punição seu grupo não receberá o premio dessa rodada. Compareçam a ponte para darmos início ao 4º portão. Obrigado. E aos prezados números 17, 19 e 24, minhas mais sinceras desculpas, mas estão eliminados da competição pelo 2º portão, juntamente com os 20, 23 e 25, pelo 3º portão.

Sorri para meus companheiros, pude ver a raiva de Giulia quando soube que Samantha havia ganhado dela na rapidez do pensamento lógico, mesmo eu achando que ela ficou com raiva e simplesmente quebrou a caixa. Mas foi superada quando soube que eu e ela ganhamos o 3º portão. Não nos decepcionamos pela punição, afinal, não teríamos nem mesmo onde guardar aquela mochila, sendo que Jimmy estava sobrecarregado com o primeiro prêmio e estávamos dividindo a sua carga, mesmo tendo deixado muita coisa para trás, todos cairíamos na primeira batida, por culpa do desequilíbrio. Quando chegamos vimos que éramos os últimos, e o grupo 3, como eram chamados, nos olhava triste por não ter vencido nem uma vez. Continuávamos como “Grupo 1” pelo nosso desempenho no primeiro e 3º portão.

- Finalmente! Pois bem, o terceiro portão depende unicamente de raciocínio. Estão prontos? – Assentimos, sabendo que ele não daria importância se não estivéssemos. – Sentem-se nas cadeiras numeradas e vamos começar. Na tela vocês podem ver um desafio, e na frente de vocês essa decida. – Sentei na cadeira que estava presa à uma esteira, que descia na terra, passando para um estreito corredor onde os jogadores não tinham contato entre si. Grudado na cadeira tinha um eletrônico sensível ao toque, muito parecido com o usado na Sala de Reuniões, só que este sem fones de ouvido ou botões para menu e internet, somente uma tela aberta em uma aplicativo que tinha a frase chave do Circuito “Não exercite somente o corpo”– Resolvam essa charada, se conseguirem, a esteira deslizará e um sensor mudará a charada automaticamente, os três últimos que chegarem ao fim da esteira serão eliminados, boa sorte.

A tela se acendeu e a primeira charada apareceu:

Você está devendo um favor a um vendedor de pérolas, e ele te cobra. O que você precisa fazer é descobrir qual das pérolas é mais leve, mas são 12 pérolas e você só pode usar a balança três vezes, pois depois disso ele irá necessitar. Se descobrir a mais leve, passa para a 2ª fase do portão. Boa sorte.

Comecei a pensar, eu realmente não tinha uma balança e as pérolas, mas as imaginei na minha frente e o vendedor me apressando. Hoje não conhecíamos o que eram as pérolas, e talvez muitos nem soubessem sua aparência, mas minha avó tinha uma, minúscula, mas ela me contou que existiam algumas até mesmo do tamanho de um punho fechado, e a maior já achada pesava seis toneladas. “Se nós duas esticássemos os braços, ao redor da pérola, mal tocaríamos nossos dedos, se é que os tocaríamos!” Pensar nela me lembrou de que estava sendo vista ao vivo, com certeza ela estaria olhando para mim pela televisão e torcendo para que eu ganhasse. Encarei o desafio novamente e vi o como era fácil, era o mesmo desafio que tantas vezes meu irmão me fez com os saquinhos de sal, só ligeiramente mais difícil! O método que sempre usei para resolver é colocar um peso de cada lado, sendo que ele sempre fazia com três pesos, se um dos lados ficasse mais leve esse era o errado, se eles ficassem equilibrados o que ficou de fora seria mais leve. Com 12 peças e três tentativas, pensei bastante antes de começar a agir. Uma balança com doze pérolas virtuais estava na tela, deslizei três delas para cada lado da balança, os dois lados ficaram equilibrados, retirei as pedras e coloquei as outras seis, três de cada lado. O lado esquerdo ficou ligeiramente mais leve que o direito, tirei as pedras do lado direito e deslizei uma do lado esquerdo para o direito, tirando outra e deixando fora da balança. Cliquei em pesar e o valor ficou igual, a pedra mais leve era a que estava em minha bancada, coloquei ela sobre o espaço em branco escrito “Resultado” e a palavra, antes cinza, ficou verde. A minha cadeira deslizou mais umhall para baixo e a tela mudou de imagem a primeira frase, logo acima da tela era me parabenizando, e falando que mais quatro pessoas tinham resolvido a charada antes de mim. Logo abaixo a segunda charada se encontrava, e eu li com atenção antes de começar a digitar letras sem sentido, para tentar descobrir a resposta.

A primeira é o que ‘felino’, ‘força’ e ‘fogo’ têm em comum. A segunda está ‘lá’, ‘ali’, e ‘acolá’. A terceira como é redonda está em ‘roda’, ‘roliça’ e ‘rolar’. A última também está. Quem sou eu?

Digitei as letras que as palavras tinham em comum, só poderia ser isso, o que mais? Primeiramente o ‘F’. Segundo o ‘L’, terceiro o ‘R’, quarto o ‘A’. Mas não fechou palavra alguma, ao ler as letras que selecionei lembrei-me de FLORA, mas a palavra tinha 5 letras, e a charada só pedia 4. Agora, FLORA me lembrou FLOR, que tem quatro letras e poderia ser a palavra pedida, sendo que ‘F’ e ‘L’ eu teria acertado, e ‘O’ é uma letra redonda e está nas palavras ‘roda’ ‘roliça’ e ‘rolar’ e ‘R’ também pertence a essas palavras, sendo assim, a palavra poderia ser FLOR. Digitei rapidamente em cima do botão ‘RESULTADO’ e este ficou verde. A cadeira deslizou e eu suspirei em quanto não chegava até o próximo estágio. Chegando a mensagem de parabéns brilhou novamente acima do desafio, seguida pelo número de pessoas que haviam me passado, que agora tinha diminuído para três.

O que caí quando rompe e rompe quando caí? – Three

Por pouco não dei um grito de felicidade quando li a charada, era de um de meus livros favoritos! Digitei a resposta acima do botão do resultado.

NOITE & DIA.
A NOITE cai quando o dia rompe, o DIA rompe quando a noite cai

A cadeira deslizou pela esteira e a mesma frase de sempre apareceu, mas desta vez eu fui a segunda a responder corretamente. O próximo desafio apareceu e eu reagi positivamente a esse também, tinha certeza de que, lá em casa, meu irmão estaria lendo-o e respondendo na mesma velocidade em que eu digitava

Uvas, uvas e mais uvas + Terras, terras e mais terras = Águas, águas e mais águas.

No espaço indicado respondi com agilidade a charada.

Cacho + Eiras = Cachoeiras

A cadeira se moveu e eu suspirei ao ver que ainda estava na frente, no segundo lugar, ultrapassando até mesmo os melhores competidores. O próximo desafio apareceu com um aviso a mais, e até mesmo dicas.

Pergunta Final!

5- Resolva a charada, sabendo que:

- Sempre esteja uma casa a frente;

- Esqueça o que seus olhos vêem;

- Pense em todas as opções, mesmo só existindo uma correta.

18-22-02-13 06 02 17-02-13-02-23-19-02, 04-22-11-0217-19-16-15-22-15-04-10-02 02 05-06-20-21-19-16-10?

OBS:. Além de resolver o código, a charada têm que ser decifrada, só assim se passará para o 5º portão.

Uma casa a frente. Esqueça o que seus olhos vêem. Pense em todas as opções.

O que isso significava? Eu tinha apenas uma sequência de números, ora! Tudo o que sabia é que os números eram, na verdade, uma charada. E charadas são feitas de frases, palavras, letras. Ordem numérica, é claro! Comecei a rabiscar no canto da tela o alfabeto, introduzindo após cada letra um número, em sequência numérica.

A B C D E F G H I J K L M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 N O P Q R S T U V W X Y Z 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

Então, depois de feita a tabela, comecei a formular a frase, mesmo percebendo que ela não fazia sentido algum continuei, isso tinha que dar em alguma coisa!

RVBM F B QBMBWSB, DVKB QSPOVODJB B EFTUSPJ?

Nada. Nem sequer uma pista! Na verdade, eu tinha pistas, três, mas elas não pareciam fazer sentido a primeira vista… Se bem que uma delas falava exatamente isso: “esqueça o que seus olhos vêem”. Meus olhos viam uma tabela com números e letras, uma frase sem nexo e três dicas que por si só já eram um quebra-cuca!

Mas então eu percebi uma coisa. Uma coisa que foi a minha salvação.

Eu esqueci o que meus olhos viam e observei a primeira dica “sempre esteja uma casa a frente”. E se… Eu não tinha tempo para dúvidas, era tentar e ganhar, ou perder. Montei outra tabela e comecei a preencher com os números, dessa vez colocando sempre um número a mais, onde era 1, passava a ser 2, e assim respectivamente.

A B C D E F G H I J K L M 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 N O P Q R S T U V W X Y Z 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27

E dessa vez, a frase fez sentido absoluto, só faltaria responder a charada!

QUAL E A PALAVRA, CUJA PRONUNCIA A DESTROI?

Qual é a palavra, cuja pronúncia a destrói?” Um desafio simples, não podia ser tão difícil! A resposta era somente uma, milhões de possibilidades, somente uma chance… Se eu pronunciar esta palavra, ela será destruída. A pronúncia de uma palavra acaba com… O silêncio! É claro! Estava tão obvio! Digitei na maior velocidade possível, com cuidado para não cometer erros ortográficos e a luz se acendeu em verde com a mesma frase de parabéns de sempre, mas eu não estava em 4º, muito menos em 2º, fui a 5ª a responder corretamente. Isso me desanimou um pouco, mas ainda havia chances de ser Beetee, ou até mesmo Giulia a vencedora, afinal, as duas eram muito inteligentes quando esse era o assunto. Raciocínio. Um adeus aos números 10, 12 e 21 estava no canto inferior, e uma imagem com fogos comemorativos brilhava no centro da tela, formando as palavras “Gabriela Rezende, 28”. Suspirei de alívio por não ter sido Samantha ou seu grupo o vencedor, isso seria prejudicial à nossa posição no Circuito.

A cadeira deslizou mais para frente e uma porta de ferro se abriu para um corredor de metal, em uma rua de metal, em uma cidade de metal, carregava pessoas em cadeiras de metal. Lembrei-me do filme Wall-E, que havia assistido com a minha avó. Ela dissera: “Até mesmo naquela época eles sabiam que iríamos ficar desse jeito se continuássemos nos alimentando mal e tendo aquele estilo de vida, mas não procuraram evitar. E olhe onde fomos parar agora!”, mas a cidade não se parecia em nada com os edifícios futuristas do filme, a não ser o fato de os participantes do concurso estarem sendo transportados em esteiras por meio de cadeiras ligadas a estas, não havia semelhança alguma.

Os edifícios eram construções grotescas, sem acabamento, como se alguém tivesse simplesmente parafusado as placas ali, de forma que se assemelhasse a um lar. As pessoas andavam com um destino fixo, sem olhar para os lados, sempre trajadas com jalecos brancos ou roupas usadas para a manipulação de produtos químicos.

Ninguém parecia sorrir ali havia tempos, também pudera, sendo que no lugar, as únicas cores visíveis eram o prata e o preto, eventualmente o vermelho, para sinalizar algo. Nesse momento eu pensei em como seria melhor se tivéssemos vivido como no filme. Lá, pelo menos tudo tinha cor. E vida… Também harmonia, movimento. Não era tão monótono e tedioso.

Richard estava nos aguardando em um ponto comum entre todas as esteiras, e ajudou Gabriela a se levantar de sua cadeira para depois dar um beijo estalado em sua bochecha, parabenizando-a. Sorri e acenei a cabeça para ela, para mostrar que estava contente com sua posição final. Era óbvio que ela iria ganhar, conseguiu todos os desafios em primeiro lugar, provavelmente, até mesmo a charada das uvas, terras e águas. Ela tinha aproximadamente a idade da minha avó, e essa deveria ser alguma brincadeira da época. A última ela sem dúvida resolveu com maestria, ligando rapidamente a primeira diga a ordem dos algarismos.

- Pois bem, o prêmio desse portão será a cobertura. Sendo que vocês poderão dormir em uma casa de verdade esta noite, se conseguirem resolver o último enigma, para passar pelo 5º portão. Entrem cada um em uma das cabines, os últimos três que saírem, saem também da competição. – Todos assentimos e nos dirigimos às cabines enumeradas, nela um quadro branco brilhava com a charada:

14-01-1505-24-09-19-20-0514-01-04-0103-15-13-16-12-05-20-01-13-05-14-20-0505-18-18-01-04-1514-1513-21-14-04-15,13-05-19-13-1521-1318-05-12-15-07-09-1516-01-18-01-04-1503-15-14-19-05-07-21-0505-19-20-01-1803-05-18-20-1504-21-01-1922-05-26-05-1916-15-1804-09-01

Método anterior. Boa sorte.

Pus a minha cabeça para trabalhar, refiz a tabela e comecei a posicionar as letras de maneira certa e rápida. O resultado foi satisfatório.

Não existe nada completamente errado no mundo, mesmo um relógio parado consegue estar certo duas vezes por dia.”

Saí da cabine, não em primeiro, nem em segundo, mas em 7º lugar. Provavelmente, muitas pessoas não refizeram a tabela, ou iniciaram a frase e deduziram seu final. Richard entrou em cada cabine e, no fim, três pessoas foram eliminadas. Os números 2, 3 e 8 saíram cabisbaixos e se culpando, entre eles a garotinha que eu havia visto sentada na Sala de Reuniões, com pouco mais de 8 anos. Imaginei se ela conseguiria alcançar o quadro, ou até escrever corretamente com aquela idade.

- Parabéns! Principalmente à você, número 15. Você também poderá ficar com a cobertura, sendo dois apartamentos. Agora, estão livres, poderão ir para uma casa de verdade e dormir em camas de verdade. Boa sorte com o próximo portão, e lembrem-se… – Não foi possível ele terminar, já estávamos acostumados com o que ele chamava de “frase de efeito”.

- Não exercite somente o corpo! – Falamos em coro. Mas na verdade, o único exercício que pretendíamos fazer era a caminhada até o apartamento, depois, no máximo um banho e dormir. Caminhamos todos em direção ao prédio mostrado e entramos, na recepção os quartos foram distribuídos entre os participantes e, é claro, Gabriela e Luka ficaram com a cobertura.

Meu apartamento, se é que poderíamos chamá-lo assim, sendo uma suíte com uma sala e escritório, ficava no mesmo andar do de Beetee. Fiquei sabendo que as coberturas tinham 2 andares, mas não imaginei como uma pessoa pudesse usar de um apartamento tão grande. O meu apartamento era bem mobilhado, não com luxo, nem simplicidade, um meio termo. A cama era grande, mas não tinha nem um enfeite grandioso, a não ser talvez as flores que eventualmente estavam em algum vaso pela casa e talvez alguma miniatura, nada que eu via era algo não-útil. As paredes estavam completamente tomadas por prateleiras e estantes, lotadas de livros, filmes, arquivos e tudo que eu poderia imaginar. Mas também tinha prateleiras com comidas, digo, de verdade. Chocolates, doces e possivelmente um ou outro salgado lotavam pelo menos três estantes em um canto afastado do cômodo. A sala era grande, mas com as prateleiras cercando o lugar tinha uma aparência menor. Quatro poltronas reclináveis ficavam de frente para uma televisão com 65 polegadas e sobre um tapete felpudo. Em outro cômodo se encontrava a cama e uma sacada com uma vista horrível para a rua, e em uma porta mais afastada estava o banheiro, com uma cabine de limpeza a vapor e um espelho de corpo inteiro. As cabines a vapor substituíram todos os meios de limpeza a partir de 2056, quando uma mulher lá da Europa as inventou. Era simples: você entrava, selecionava o tipo de limpeza (leve, rápida, profunda, minuciosa…), dependendo da cabina as opções mudavam, e um ou mais jatos de vapor saíam e limpavam o corpo.

Decidi explorar melhor o apartamento mais tarde, estava com muito sono e fome. Primeiramente fiz uma bela refeição com queijo e outros industrializados e depois tomei um banho a vapor, coloquei uma roupa confortável, que estava disponível em um dos guarda-roupas que cercavam as paredes do quarto, e me deitei para uma noite tranquila.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi divertidíssimo de se escrever e melhor ainda foi desafiar meus colegas e professores a resolver os enigmas. Aqui a Deena resolveu rapidinho, mas quando eu for deixar ela prontinha, no formato perfeito para mandar pra editora ela vai demorar muuuuuuito mais tempo pensando.



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