Epílogo

Rituais

- Não, sem chances, eu não vou fazer isso! – Sussurrei o mais baixo possível para Thalita que continuava a me empurrar para que eu continuasse girando.

- Você chegou até aqui, não é por uma tintinha que vai amarelar! – Falou no mesmo tom que eu, mas ainda mais autoritária e decidida.

- Não é uma tintinha, é uma tatuagem! – Disse a última palavra com uma voz mais fina e esganiçada contra a minha vontade. Ainda assim não era alto de mais.

- Eu já fiz isso, não dói nada. É um símbolo honrável, poucas pessoas têm essa oportunidade! – Ela falou e finalmente me empurrou com mais força, até que eu saí da sala onde estávamos.

Era uma sala escura onde Thalita enrolava um tecido fino em volta do meu corpo, várias e várias vezes para que eu não ficasse nua. O tecido era branco com tiras em preto e era leve e macio. Todos do outro lado da porta estavam vestidos com tecidos negros com tiras brancas, Alex estava especialmente bonito. Estávamos namorando a quase 1 mês, e eu podia usar esse termo, já que tivemos uma conversa e ele me pediu oficialmente em namoro.

O ritual que eu estava passando era o primeiro de muitos, e sem dúvida era o que mais me daria receio. O símbolo oficial da Legião era um círculo com um pentágono e uma estrela de cinco pontas no interior. O gato era uma mascote que os membros usavam como pingente, colar, chaveiro ou outra coisa, mas a tatuagem era algo necessário e inevitável. Eu tentei falar para Alex que preferia não fazê-la, mas ele disse que eu não podia voltar atrás com uma expressão séria e que me assustou, nunca o tinha visto assim.

A tatuagem seria feita onde você preferisse, a de Alex estava na parte interior do seu braço, Joana a fez na nuca, Thalita tinha uma no ombro, Victor a tinha no bíceps e eu resolvi fazê-la no interior do pulso.

Achei que ficaria bonitinha ali, então já que não tinha como fugir, que fosse num lugar original.

Todos estavam sentados e eu também me sentei, Alex veio até mim com uma expressão séria e profissional e falou algumas palavras me parabenizando por chegar tão longe e finalmente me tatuando com uma caneta especial para isso. Não doeu, mas eu realmente não queria estar ali, fazendo aquilo. Ficaria para sempre e talvez um dia me arrependesse, mas era algo que me garantia honra, então, superei e agradeci a tatuagem depois que ele terminou.

É, aquele seria o primeiro de muitos rituais, só esperava que não me fizessem sacrificar tanto quanto esse, que valeu a minha pele.