O Circuito Do Rio escrita por LuluuhTeen, Luisa Druzik


Capítulo 11
Capítulo X - Treinamento


Notas iniciais do capítulo

Nada adianta pedir desculpas por essa demora, mas nos falamos lá embaixo!



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Capítulo X

Treinamento

De manhã Thalita veio ao meu quarto e me obrigou a contar tudo que acontecera durante a noite para ela. Falei que jantamos e vimos um filme, ele se despediu e foi embora. Ela não se contentou com pouco e tive que dizer que nos beijamos, ela sorriu e parou de me fazer perguntas.

Thalita me disse para ficar calma com as indiretas de Joana, que ela iria dar em cima de Alex e que iria me odiar de cara, como faz com qualquer um. Pensei em como aquilo parecia um filme, tendo a malvada que quer roubar o namorado da principal. Não que Alex fosse meu namorado, não conversamos sobre isso.

Chegando à arena, como era chamado o lugar onde eu seria treinada por algumas semanas antes de dar início as minhas atividades como membro da Legião, avistei Alex sentado em uma sala com paredes de vidro escuro como as do meu dormitório. Ele sorriu para mim e cochichou algo com outro rapaz que bateu com o cotovelo nele rindo. Alex continuou a me olhar e então eu vi uma outra garota entrando por outro lado, ela aparentava 16 anos e tinha um aspecto bonito, saudável e feliz. Não parecia ser arrogante como Samantha, só um pouco metida a superior, mas nada que ela não tivesse direito, ocupando a posição que ocupava na Legião.

Joana, como supus, olhou para a sala e acenou para Alex e o outro homem, Alex acenou com a cabeça, entediado e o outro homem riu um pouco e devolveu o aceno. Ela virou para mim e sorriu.

- Oi! Você deve ser a Deena, certo? – Assenti e então vi seu sorriso mudar para algo mais desacreditado. – Prazer, chamo-me Joana e vou ser sua treinadora e avaliadora. – Seu aperto era firme e determinado, mas sem machucar. – E não é só porque você é namoradinha do chefe que vou facilitar para o seu lado, vai ter que dar duro! – Ela riu e eu engoli em seco.

- Não somos namorados... – Murmurei. Acho que gravaria aquela frase em um gravador, para que não tivesse que repetir todo minuto.

- Não é o que Alex anda espalhando por aí... – Sorri de canto e desviei o olhar. – Você é uma graça! – Então riu. Joana não me parecia em nada com o que Alex e Thalita me disseram.

- Podemos começar? – Alex disse em um microfone em cima de uma mesa e sua voz se fez ouvir em toda a arena, tremi ao escutar seu tom irritado tão alto.

- Claro, majestade! – Brincou Joana fazendo um reverência em direção à sala. Alex resmungou algo para o amigo e sentou-se ainda resmungando, o homem revirou os olhos e sentou-se ao seu lado colocando fones de ouvido enquanto Alex ainda resmungava. – Ele não me suporta. – Joana piscou para mim e eu ri.

- Como vai ser? – Perguntei esfregando as mãos de ansiedade.

- Calminha, garota! – Riu Joana. – Você pode começar se aquecendo, depois vamos testar suas habilidades. – Dei de ombros e comecei a me aquecer, o pescoço, os ombros e braços, o tronco, as pernas e os pés. Sentei e aqueci a coluna e as pernas mais um pouco. – Tudo bem, gosta de arco e flecha?

- Não sou boa nisso... – Resmunguei e ele me olhou como se achasse graça.

- Então comece a treinar, vai precisar de todo o tipo de habilidade possível para o que virá. – Alex pigarreou no microfone e Joana levantou as mãos em sinal de rendição. Era isso que Thalita estava me escondendo, e eu tiraria a limpo com Alex mais tarde.

Dei um tiro, e outro, e outro, e outro... Joana só me corrigia “Não é assim! Você tem que segurar com mais força” ou “Está tudo errado, puxe a corda com mais força, assim, veja!” Então chegou um ponto em que ela desistiu.

- Eu disse que não sabia... – Resmunguei novamente e ela apenas assentiu, Alex tapava os olhos a cada tiro que eu dava e eu quis muito ser boa nisso, mas não dependia de mim, simplesmente não conseguia controlar o arco!

- Tudo bem, que tal algo mais moderno? Uma arma? – Sorri tranquilamente e assenti. Meu irmão me ensinara a atirar, por questões de... De loucura. Ele queria desafiar meu pai, mostrar que era útil para me ensinar algo depois de uma briga que tiveram e com seis anos eu já segurava uma pistola com maestria. Joana me trouxe uma pistola e pediu para que eu tentasse acertar o mesmo alvo que havia usado para as flechas.

Girei a arma entre os dedos e Alex me olhou com interesse estiquei o braço e dei cinco tiros, dois deles acertaram o círculo menor e os outros foram na linha da divisa entre o menor e o penúltimo.

- Nossa, achamos sua vocação! – Espantou-se Joana. Alex me olhava com uma expressão de susto.

- Isso é muito treino... – Disse tentando minimizar meus resultados que foram muito bons. Passamos para os alvos móveis e múltiplos alvos, depois os múltiplos alvos móveis até que Joana se deu por satisfeita e disse que eu deveria descansar já que já passava da hora do almoço.

Andei em direção a saída e caminhei até o refeitório onde havia tomado café, Thalita já me esperava em uma mesa navegando na internet e sorriu quando me viu.

- E então, como foi? – Perguntou e eu contei tudo, todos os detalhes. Ela me disse que o garoto que vi com Alex era Victor, “o fiel escudeiro”, falou me fazendo rir. – Ele não falou com você depois do treino?

- Thalita, isso não faz nem dez minutos! – Ela levantou as mãos em sinal de rendimento.

- Desculpe, não está mais aqui quem falou! – Então ela recolheu suas coisas e começou a se levantar. – Alex já nos viu e está vindo para cá, não olhe agora. – Obedeci e acenei para ela como se ela tivesse dado um motivo aceitável para ir embora. Dei minha atenção à comida, que naquele momento estava um pouco fria pelo meu atraso e minhas conversar. Um purê de legumes e carne de frango desfiada, estava muito saboroso, se bem que ficaria melhor quente, mas não podia fazer nada por isso...

- Oi. – Alex chegou por trás e me deu um beijo na bochecha. Sorri e dei espaço para que se sentasse a minha esquerda. – Não me contou que sabia atirar... – Disse me olhando curioso.

- Tem muitas coisas que não te disse, não havia motivo para te contar. – Dei de ombros e enchi minha boca com o purê para evitar ter que falar.

- Tudo bem, mas mesmo assim, você atira muito bem. – Dei de ombros.

- Estou sem treino há alguns meses... – Não treinava desde o fim do ano, quando viajamos e estamos agora em... Setembro!

- Mesmo assim, não acredito que eu conseguiria acertar aquele alvo na distância que você estava, muito menos dar cinco tiros com aquela rapidez. – Dei de ombros novamente, não queria todo aquele reconhecimento desnecessário.

- É uma automática, qualquer um conseguiria. – Ele bufou e se sentou de frente para a mesa.

- Pare de se desmerecer! Você foi ótima com a arma, bem melhor que com o arco! – Um ponto que eu gostava, críticas.

- Fui horrível, não é? – Sorri e o olhei. Ele chegou perto e me beijou, no meio do refeitório.

- Foi. – Disse simplesmente entre um beijo e outro. Não acho que o gosto de frango com vegetais fosse o mais agradável para um beijo, mas ele pareceu não se importar. – Vamos, você tem outra fase de treinamento ainda.

- Mas eu mal saí de lá! – Falei indignada.

- Ninguém mandou vencer, agora venha. – Disse me puxando pela mão e me levando até outra sala. Enquanto passávamos pelo refeitório podia sentir todos os olhares sobre nós, até mesmo as conversas pararam bruscamente e recomeçaram com vários “Alex” e “namorando”.

Alex me guiou até um corredor mais afastado e silencioso onde entramos por uma porta e saímos em um lugar completamente estranho: um jardim.

****

- Eu vou ter que fazer o quê...? – Não acreditava no que estava ouvindo.

- Nadar. – Arregalei os olhos pela milésima vez. – Não faça essa cara, não tem nada de mais! – Nadar não era o problema, o problema era vestir o que me deram para nadar.

- Tudo bem, mas não posso nadar com as minhas roupas? – Um biquíni minúsculo lilás não era exatamente o meu estilo...

- Olha, tem um vestiário inteiro de roupas de banho para você escolher, só seja rápida, tudo bem? – Assenti e entrei na porta que ele me apontava e foi se sentar com Victor e outros avaliadores. O treinador dessa parte aquática era um homem com seus 29 anos, cabelos negros e olhos verdes. Era alto e tinha a pele bronzeada e usava uma regata e uma bermuda até os joelhos. Uma corrente com um pingente com um botão estava em seu pescoço e ele olhava freneticamente para o relógio como se eu estivesse demorando demais. Procurei, procurei, até que encontrei um maiô com as alças cruzadas nas costas e nenhum tipo de decote verde claro, no tom dos meus olhos. Não foi difícil, sendo que o provador parecia um arco-íris. Vesti-me depressa e saí de lá evitando olhar para todos, já que sabia que iria corar.

- Muito bem, primeiro veremos o seu fôlego. Atravesse a piscina. – Me alonguei superficialmente e pulei na piscina com a maior graça possível, atravessando a com facilidade e rapidez. Não tinha uma piscina em casa, mas nas férias viajávamos até a cidade vizinha onde meu tio morava e passávamos o verão só nadando. Algumas vezes fomos ao litoral, um lugar realmente lindo, mas não muito bom para o banho. A água não era mais azul ou verde, mas se você fazia um pouco de força conseguia quase enxergá-la assim.

Chegando à outra ponta puxei o fôlego, fiquei alguns segundos respirando e nadei até a ponta de partida. O treinador anotou alguma coisa e então ouvi uma voz rouca e risonha nos megafones.

- Peça para que nade de novo, Alex está quase desmaiando! – Olhei para a salinha e Alex dava socos no braço de Victor que ria abertamente.

- Desculpe-nos, treinador. Pode continuar. – Falou no microfone dando um olhar repressivo.

- Sem problemas, Alex, essa seria minha próxima ordem. – Então acenou com a cabeça para mim e eu nadei novamente. – Tudo bem, Fraga. – Parei de nadar. – Agora pode ir se trocar, foi ótima, em tempo, fôlego, tudo. – E saiu andando a passos largos para outra porta no terraço. Alex sorriu para mim e acenou, retribuí e ele saiu por uma porta na salinha dos avaliadores.

Entrei no provador e me troquei, não sabia onde ir. Minhas perguntas foram respondidas quando Thalita bateu na porta e eu disse que entrasse e ela me puxou até o corredor.

- Onde vamos?

- Seu teste ainda não acabou, Deena. – Falou com um sorriso travesso. Fomos andando até chegarmos em uma sala mais afastada, ela me empurrando e guiando atrás e eu tropeçando na frente.

- Thalita! – Esbravejei. – Eu sei andar!

- Tudo bem, chegamos. – Então abriu a porta e me empurrou para dentro, entrando também e trancando-a. A luz estava apagada e eu estava completamente cega.

- Thalita...? – Perguntei ao nada e ouvi risos de todos os lados. – Onde eu estou? – Então comecei a sentir baques na minha cabeça e corpo e me senti ficar molhada, risadas explodiram na sala e mais bombas de água foram jogadas, eu tentava me defender inutilmente com as mãos, já que não via de onde elas vinham. De repente tentaram abrir a porta e começaram a bater nela.

- Quem está aí? – Ouvi a voz de Alex abafada pela parede e mais batidas. As pessoas que estavam na sala começaram a sussurrar entre si “Alex” “vamos embora” e uma porta foi aberta em outra extremidade da sala, vi algumas sombras saindo por ela e corri para abrir a porta para Alex. Tudo não passou de uma brincadeira, mas eu precisava ir para meu dormitório, estava encharcada!

- Alex? – Apalpei a parede tentando achar o interruptor, quando finalmente o encontrei acendi a luz e abri a porta. Vi que estava em uma sala vazia com uma bancada e alguns balões de água no chão.

- Deena, mas o que...? – Olhei para mim mesma e sorri torto.

- Acho que fui vítima de uma pegadinha. – Ri de mim mesma.

****

Alex não gostou da brincadeira, disse que era criancice, que as pessoas que fizeram isso deveriam ter mais vergonha e coisas muito piores, simplesmente ignorei. Foi assim o caminho todo com ele me escoltando até meu quarto, fuzilando com o olhar qualquer um que olhasse para o meu estado. Quando cheguei o meu quarto ele fez questão de entrar no dormitório comigo, continuar falando mal de quem pregou a peça em mim e me ajudar a encontrar uma toalha limpa.

- Chega! – Disse já não aguentando seus resmungos. – Você só fala, fala, fala e fala! Foi uma brincadeira, só isso. Eu que fui a enganada estou rindo de tudo e você só reclama!

- Tudo bem então... Mas eu não gostei do que fizeram. – Revirei os olhos e o enxotei do banheiro para que me deixasse tomar banho em paz, tomei banho e me vesti antes de sair, pois sabia que do jeito que era, estaria me esperando.

- O que está fazendo com o meu computador? – Perguntei vendo que ele olhava a tela com o cenho franzido.

- A única coisa acessada aqui é meu blog e o survivors, esteve me vigiando? – Olhou para mim com uma sobrancelha erguida e um sorriso debochado.

- Pelo que eu saiba, o único que está olhando o histórico da minha internet é você, e o seu blog é aberto para todos, sabia? Eu só entrei nele porque pensei que você tivesse morrido.

- Sei... – Disse e se aproximou de mim dando-me um beijo caloroso.

- Hora de dormir, amanhã re-começam meus testes e eu não quero me atrasar. – Dei-lhe um último selinho e o empurrei porta afora.

****

Testes atrás de testes, treinos atrás de treinos. Nenhum dos treinadores ou professores me dava descanso, só me forçavam cada vez mais. Alex e Victor com suas discussões constantes e Thalita sempre rindo de mim quando lembrava da brincadeira que fizeram, que foi como uma boas vindas, segundo ela.

Quando pedi para Alex me apresentar a Victor ele disse que não achava uma boa ideia, mas eu insisti tanto... Mesmo assim não adiantou nada e fui eu mesma me apresentar. Victor era engraçado e brincalhão, não perdia uma oportunidade de tirar Alex do sério, mas ele encarava na brincadeira e fazia o mesmo, a sintonia dos dois era admirável, mesmo que fosse para se xingarem.

Depois de algum tempo eu consegui passar de todos os testes, desde lutas corpo a corpo à estratégias de batalha, o que achei um pouco estranho, mas resolvi ignorar e dar o melhor de mim.

Algum tempo depois estava apta a entrar para a Legião. Segundo Alex só faltava alguns rituais de iniciação, coisa que não liguei muito... Até realmente descobrir como eram esses rituais.


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Notas finais do capítulo

Mil desculpas, foram duas semanas! Nossa, sério, desculpem-me! Mas na retrasada eu não entrei e na semana passada eu viajei para o Paraná para as Bodas de Prata da minha madrinha, ou seja, só conseguiria postar esse fim de semana, mas hoje meu irmão não foi para a aula e estou sozinha em casa, então, consegui postar. Mil desculpas, mas vou postar o Epílogo - Rituais e o Glossário - Jogadores e Portões daqui a alguns minutos, e então, finalizar a fic com os Agradecimentos!



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