O Circuito Do Rio escrita por LuluuhTeen, Luisa Druzik


Capítulo 10
Capítulo IX - Vencedor


Notas iniciais do capítulo

Aqui está! Só falta agora o capítulo X, que pra matar a curiosidade se chama Treinamento e o Epílogo, chamado Rituais!



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Capítulo IX

Vencedor

Muitas vezes a vontade de olhar para trás e sair correndo atrás dele me atingiu, mas fui forte. Mesmo depois de declarações, juras de amor, beijos e carícias trocadas só um poderia vencer, e que fosse eu. Sim, que fosse eu. Nem que isso custasse a vida de Alex. “O que eu estou pensando? Eu o amo!”. Decidi que não iria pensar em nada, só em continuar andando. Mas então me lembrei do quase imperceptível óculos que estava no meu rosto e falei para o fone de ouvido.

- Consegue me ouvir? – Me surpreendi ao perceber que veio resposta!

- Claramente. – Pude ouvir uma risada rouca e embargada. – Continue falando, gosto do som da sua voz. – Sorri abertamente ao saber que ele estava ali, comigo, indiretamente, mas estava!

- Onde está? – Queria continuar a conversa até que algo acontecesse, e eu não ia pensar no que era aquele ‘algo’.

- Na parede ao lado da sua, acredito. Um corredor exatamente igual ao que nos despedimos. – Ele suspirou, claramente chateado.

- Aqui mudou um pouco... – Disse observando que na parede algumas pedras estavam faltando e no lugar apenas pedaços vazios com mais pedras atrás. – Como você vai aguentar? Pegou alguma comida da minha mochila? Qualquer coisa? – Comecei a ficar preocupada com ele, teria pego algo de mim sem que eu visse?

- Tenho aqui uma barra de chocolate que furtei de você. – Disse um pouco tímido e eu suspirei aliviada. – Não fica brava?

- Fico contente que não vai morrer de vontade! – Então me lembrei da faca. – Como conseguiu a adaga?

- Herança, gerações e gerações guardando várias armas. Vim de família militar, guerreira, toda essa baboseira. Bem, o arsenal familiar agora é somente meu, e não é como se eu honrasse o ‘Ramiro’ do meu nome servindo ao Governo, se é que me entende.

- Na verdade, não. Mas prometo fingir que sim. – Ele riu e começamos a conversar futilidades, às vezes ele demorava a responder, por conta das paredes grossas que diminuíam o sinal entre nós.

As paredes começaram a ficar cada vez mais imperfeitas, e agora, no lugar de buracos placas de vidro desenhadas tapavam a outra camada de pedra.

O vidro era branco e se parecia muito com um azulejo todo desenhado, cada um com um desenho mais lindo que o outro.

- Nossa, Alex, você deveria ver! – Exclamei uma vez e ele começou a me explicar passo a passo de como dividir as imagens que víamos, usando os próprios óculos. Logo eu podia ver exatamente onde ele estava caminhando pela pequena lente e ele igualmente, segundo o próprio.

- Isso é incrível! Por que você teve que ficar com esse corredor?- Ri e brinquei.

- Porque sou mais legal, claro! – Ele riu comigo e suspirou.

- Parece que já sabemos quem vai ganhar, do jeito que o seu corredor está é bem capaz que esteja dentro de alguma galeria privada da Legião. – Então engoliu em seco e parou abruptamente. – Parabéns Deena, você venceu o Circuito do Rio, não se esqueça de dar um pé na bunda do Richard por mim ok? Eu te amo, boa sorte.

- Alex o que voc... – E a conexão foi rompida, de repente, só ouvia um chiado tão forte e alto que tive que tirar o fone. Instantaneamente caí de joelhos no chão e comecei a chorar. Queria ter ele ali, para me abraçar e me consolar, passar suas mãos firmemente pelas minhas costas e murmurar palavras de consolo. Apoiei-me na parede e abracei os joelhos contra o peito e apoiei meus olhos nos joelhos, desabando em chorar. Ele tinha aceitado a derrota? Ia morrer? Ou era um truque pra me fazer ficar assim, e ele continuar andando em direção ao seu posto como vencedor?

Algo me tirou de meus devaneios, uma sensação de estar sendo observada, o calor que só um ser vivo conseguia sentir toda vez que outro ser vivo se aproximava, algo que nosso ser nos proporcionava cada vez que tinha outra criatura próximo de nós. Levantei meus olhos e me deparei com a única coisa que não achei que encontraria nem ali, nem em qualquer outro lugar do mundo na situação em que estávamos: um gato.

****

Desde o século XX muitos animais entraram em ameaça de extinção ou foram completamente extintos.

O gato, por mais incrível que pareça, foi um deles.

Não sei explicar como, simplesmente foi morrendo, um por um, até o dia em que perceberam que um dos bichos de estimação mais famosos do mundo estava inexistente. Tenho certeza que teriam descoberto bem antes se fosse o cachorro.

Quando vi o gato ele andava elegantemente pelo corredor como se conhecesse tudo ali, deu uma olhada rápida para mim e continuou caminhando lentamente na direção em que eu estava andando. Levantei hipnotizada pelo andar simétrico do animal e fui caminhando ao seu lado. Ele me olhou de soslaio algumas vezes, mas era como se eu fosse um estorvo do qual ele não tinha como se livrar.

Quanto mais andávamos mais sentia que aquele gato se achava superior a mim, ele me olhava de uma forma que... Eu só posso estar maluca! Tendo antipatia por um gato!

De repente chegamos a um ponto onde as paredes foram distanciando-se uma da outra e abrindo-se em uma galeria de vidros coloridos, com uma porta de vidro gigantesca com um desenho em sua frente: Um gato. O Gato.

Aquele gato desgraçado era o símbolo da Legião! A mascote! É claro que ele se achava mais que eu, ele é mais que eu!

Ele olhou para mim debochado, como se dissesse: “Eu te disse” e saiu andando em direção a porta, olhou para mim significativo como se falasse: “Não vai abrir para mim?” e eu abri. Sim, eu abri a porta para o gato, não tinha como meu dia piorar.

****

Sabe quando você diz que não dá pra piorar e daí alguém lá em cima vira para você e diz: “Eu estava só esperando para ver quem seria o primeiro idiota a dizer isso!” e então tudo desaba? Foi isso que eu senti, literalmente.

O teto da sala onde estava antes desabou, todo o vidro desenhado espatifou-se e eu agarrei o gato e me joguei para dentro da porta em questão de segundos, ele me arranhou com a surpresa e quando o soltei ele parecia rolar os olhos. Tudo bem, estou ficando maluca interpretando cada gesto do gato como se fosse um... Uau.

****

Se aquilo era a sede da Legião, nem quero saber a reação de Alex se estivesse aqui. Pensar nele me deixou abalada, mas eu segurei o choro e voltei a admirar o salão. Era realmente grande, enorme e com tecnologia de ponta. Quando pensava na Legião sempre imaginava vários velhos ao redor de livros e estantes, não aquele bando de... Que Alex me perdoe, mas aqueles garotos eram muito, muito bonitos.

- Você deve ser a Deena, sinta-se honrada em visitar-nos sem ainda fazer parte da Legião.

- Ahn... Claro. – Falei e fui a seguindo.

- Me chamo Thalita e essa é a sala de seleção, você já passou por essa fase, foi aceita automaticamente. – Ela olhou para mim com o canto do olho e disse indiferente algo que me fez ficar mais abalada do que achei possível.

Thalita tinha a pele alva como a neve e os cabelos longos, lisos e negros. Seus olhos também eram negros como a noite e era muito magra, magra de mais para uma sociedade que tem seu maior motivo de mortes a obesidade.

Bem, esse é o centro de treinamento para as pessoas que foram aceitas. – À nossa esquerda estava uma sala gigantesca com decoração medieval e uma coisa mais diferente da outra, tecnologia de ponta com espadas e armaduras medievais. – Aqui você tem tudo que precisa para treinar para... Bem, para um motivo maior. – Senti que ela escondia algo, e algo grande, mas resolvi ignorar.

- Quantas pessoas fazem parte da Legião? – Eu pensei que seriam pouquíssimas, 20, 30 no máximo, mas até aquele momento tinha visto mais de 100 em cada sala.

- Poucas, muito poucas. Isso são só fases de aceitação, grande parte das pessoas aqui estão só treinando. Na verdadeira Legião são somente 14 pessoas, 15 com você. – Ela olhou pra mim e empurrou meu ombro de leve.

- Quem são?

- Você já verá, mas posso te adiantar alguns nomes, eu, Mya... – Cortei-a de imediato.

- Mya? Tipo, Mya Carter? Do Survivors? – A coisa que eu mais precisava nesse momento era ar, Mya Carter fazia parte da Legião e não abriu a boca sobre tudo que acontecia lá? Ela tinha a fama de maior fofoqueira do mundo e simplesmente não contara a ninguém sobre a Legião?

- Logo vai perceber que isso não é nada comparado ao o que você vai se tornar. Ser dona do Survivors é fichinha perto de ser a pessoa que venceu o Circuito do Rio e que será uma... Bem, não podemos falar disso aqui e agora, vamos para a sala de reunião daqui a duas horas, mas antes acho que você deve ir até os seus aposentos para entrar em contato com sua família. – Guiou-me até um lugar com diversos corredores e mostrou-me uma porta, entrei e me descobri em uma casa no meio daquele corredor, tinha cozinha, sala, banheiro, um quartos. Incrível!

- Isso é tudo para mim? Quero dizer, por quê? – Eu não acreditava que toda aquela casa gigantesca era para uma pessoa, não tinha como eu ocupar um décimo do que me era oferecido.

- Só se arrume, tudo bem? Tem roupas ali e comida na cozinha, tem alguns eletrônicos, se precisar de mais alguma coisa pode nos chamar. – Então ela me empurrou para dentro e fechou a porta. Suspirei e comecei a examinar o local. A entrada levava a um corredor com a parede com janelas de vidro escuro, um dos vidros, o da minha esquerda, mostrava a sala. Era escura, com a luz regulável, tinha uma televisão gigante e um sofá reclinável com apoio para os pés muito confortável, aparentemente. Duas poltronas diferentes, que depois eu descobriria serem de massagem, ficavam em um canto mais afastando com uma televisão cada.

Um tapete felpudo ocupava toda a sala e do lado direito da porta era o quarto. Entrei lá e me deparei com uma cama gigantesca e muito, muito confortável (comprovaria isso depois), o chão também tinha um tapete felpudo e armários nas paredes. Uma porta no quarto levava ao banheiro, muito espaçoso, com um chuveiro, uma banheira e todas as coisas necessárias para um banheiro no século XXI, o que eu não estranhei. No meio dos dois a cozinha e a sala de jantar, com um chão de madeira e móveis de mármore. A casa não tinha janelas por motivos óbvios, mas tinha vidro em algumas paredes que mostrava a água e de vez em quando um ou outro peixe, o que eu achei assustador. Era difícil acostumar-se a viver literalmente embaixo da água, então a tapei com uma toalha que achei.

A cozinha era no estilo americano, com uma bancada e banquetas separando-a da mesa de jantar de 6 cadeiras e mobilha refinada. A geladeira estava cheia de coisas deliciosas, e a primeira coisa que fiz foi guardar tudo que sobrara na minha mochila em seus devidos lugares na casa. Eletrônicos nos armários e comida nas prateleiras.

Preparei um lanche e comi com calma, tentando não pensar em nada, só no sabor do sanduíche. Então fui até o armário com roupas no quarto e peguei um conjunto de calça jeans e camiseta branca simples com os escritos “Pas de Limite”, Não Existe Limite em francês nas costas, que eu achei extremamente cativante. Na frente uma ave em pleno vôo.

Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, sentindo a água cair com força sobre meus ombros em forma de cascata. Lavei meus cabelos e deixei que minhas lágrimas se confundissem com as gotículas de água que pingavam do chuveiro em meu rosto. Sentei no chão e fiquei deixando que a água me lavasse por si só, ensaboei os cabelos e os enxaguei ouvindo a trilha sonora instrumental do filme de Amelie Poulain tocasse hora me animando, hora me deixando ainda mais triste.

Quando vi já estava balbuciando o nome de Alex sem controle enquanto chorava.

Peguei uma toalha e me sequei, colocando a roupa e um tênis qualquer logo em seguida. Amassei meus cabelos do jeito que minha avó havia me ensinado para que os cachos ficassem em perfeito estado. Então olhei no relógio da parede da cozinha e percebi que ainda tinha 1 hora antes que a reunião começasse e resolvi dormir um pouco, afinal, estava um caco.

****

Não tive sonhos, ou pelo menos não me lembrava deles. Sentei na cama e me espreguicei, havia dormido de roupa por culpa do cansaço. Tinha ainda 15 minutos antes que Thalita viesse me chamar e resolvi tirar esse tempo para entrar na internet, peguei o primeiro eletrônico com teclado que achei, um notebook do século passado. Liguei-o e tive que aguardar o que pareceu uma eternidade, mas não se passaram de 2 minutos. Abri a internet e entrei no site do Survivors. A própria Mya tinha feito uma postagem me parabenizando e dizendo que manteria a todos no site informados sobre a vida na Legião, sendo que eram meus patrocinadores oficiais.

Sorri diante da ideia de conhecê-la. Isso seria incrível!

No blog de Alex nenhuma postagem tinha sido feita e eu não poderia fazê-la, não tinha provas e não queria ser morta!

Eu vingaria sua morte, como ele me pediu que fizesse, mas não do modo como ele falou “pedra sobre pedra”. Isso seria horrível, sangrento, iria pensar em algo, mais tarde.

- Deena? – Ouvi a voz de Thalita batendo em minha porta.

- Estou indo! – Enxuguei as poucas lágrimas que saíram sem a minha permissão e fui abrir a porta. – Já vamos? – Ela assentiu e eu saí atrás dela novamente, seguindo-a por corredores intermináveis e pessoas desconhecidas.

****

Por mais de 20 vezes tivemos que nos identificar e os encarregados disso sempre me parabenizavam, mas tentei ignorar, limitando-me a um aceno de cabeça. Logo na primeira vez que fomos barradas ganhei um crachá eletrônico muito parecido com o de Greg, o segurança que me acompanhou no início do Circuito.

Chegamos a sala de reuniões, quer era grande e tinha uma mesa redonda com 15 cadeiras, quase todas ocupadas. Thalita me acompanhou até uma delas e me mostrou como inserir o cartão em seu encosto, fazendo com que um “Srta. Fraga” brilhasse na parte de trás e em uma plaquinha na mesa em minha frente. Então ela foi até uma cadeira em quatro assentos depois do meu e fez o mesmo, mas com muito mais graça e prática que eu, sem fazer barulho algum. Duas cadeiras estavam desocupadas, mas uma estava virada para o lado de fora, como se não fosse ser usada.

A última pessoa chegou e sentou-se em uma cadeira que obviamente estava reservada a ele, sendo que tinha o encosto mais alto e era mais escura que as outras.

A pessoa era para estar morta.

A pessoa era Alex.

****

A reunião passou e eu só prestava atenção quando alguém falava meu nome, evitava olhar para Alex a todo custo. Todos percebiam o desconforto e a tensão que praticamente deixava o ar irrespirável.

Quando Alex nos permitiu sair por 30 minutos para beber água, ir ao banheiro e esticar as pernas. Thalita veio ao meu lado, mas Alex a impediu com um olhar, fazendo com que nos deixassem a sós.

- Deena... – Olhei para ele sem reação, sem sentimentos, com um olhar frio e seco.

- Sim? – Perguntei simplesmente quase não movendo os lábios.

- Me escute antes de falar, tudo bem? – Assenti, não teria jeito mesmo. – Eu tive que fazer aquilo, tinha que garantir que o vencedor seria digno dessa vaga. Mas o que eu disse para você, o que passamos juntos nesse último portão eu juro pela minha vida que é real. – Ele segurou meu queixo me dando um selinho rápido e carinhoso. – Sempre foi e sempre será.

- Minha vez. – Disse passando por cima de todos os meus sentimentos, alguns que diziam que era para eu beijá-lo de verdade, dizer que o amava e gritar para o mundo tudo que sinto por Alex e outros que simplesmente me diziam para sair dali, alguns até me falavam que eu deveria acabar com o trabalho que a água deveria ter feito. – Você pode achar o que quiser, mas pense pelo meu lado. Sabe o quanto eu sofri? Tem noção do quanto chorei? Tem noção de todas as lágrimas que derrubei em tão poucas horas? Pensei que você tivesse morrido, sabe a gravidade disso? Sabe o que isso faz com uma pessoa? Droga! – Gemi, pois comecei a sentir meus olhos arderem e as lágrimas começarem a cair, Alex esticou a mão para limpá-las, mas o impedi. – Eu não consigo nem mesmo olhar para você sem chorar, tudo isso que passei ainda está muito novo para mim... Não sei se é o momento certo.

- Pois eu te digo. – Falou com um pouco de raiva. – Eu te amo e quero te ajudar. Eu posso te ajudar! É só você me deixar! – Abaixei a cabeça, mas ele levantou-a com a ponta dos dedos em meu queixo. – Me deixa te ajudar, me deixa secar suas lágrimas... – Ele esticou o dedão e me livrou de algumas que ainda estavam presas em minha bochecha. – Apenas dei um sorriso triste e ele sorriu abertamente me dando um beijo rápido. – Daqui a pouco eles vão chegar, o que acha de jantarmos juntos hoje? – Começamos a ouvir risos se aproximando da porta. – Tudo bem, eu vou ao seu dormitório às sete, então decidimos. – Ele se levantou e sentou em sua cadeira no exato momento em que a porta se abriu, sequei as últimas lágrimas sem que ninguém percebesse, já que sentava de costas para a porta.

****

- O que você conversou com Alex? – A reunião mal acabou e Thalita já veio praticamente pulando em cima de mim para perguntar. Alex tinha sido o primeiro a sair, logo depois de encerrar a reunião, ele me dirigiu alguns olhares enquanto outra pessoa falava, mas fiquei a maior parte do tempo tentando prestar atenção, mesmo não funcionando, já que não consegui ouvir nem metade dela inteira.

- Nada de mais... – Tentei desconversar, mas Thalita era persistente. – Nós só... Conversamos. – Ela me olhou com um olhar ainda mais descrente que o anterior. – Só falamos sobre o que aconteceu no último portão...

- Deena, não minta para mim! – Olhei para o relógio e constatei que teria 45 minutos para tomar um banho e colocar uma roupa mais aceitável que calça jeans.

- Desculpe, tenho que ir. – Dei dois beijinhos em suas bochechas e sorri. – Amanhã você me chama para o café? Para tomarmos café juntas? – Falei já me levantando e caminhando pela porta. Ela me seguiu e fomos andando pelo corredor.

- O que acha de jantarmos? Eu posso te mostrar o refeitório... – Cortei logo seu assunto, antes que começasse a fantasiar coisas para a noite.

- Pior que hoje não vai dar, mas amanhã nos vemos. – Ela abriu a boca em um círculo perfeito.

- Não acredito nisso, Alex te convidou para jantar? – Sorri boba e apressei o passo. – Se Joana souber disso, dê adeus à sua vida! – Encarei-a com um ponto de interrogação e uma sobrancelha arqueada.

- Quem é... Joana? – Falei o nome com desgosto aparente.

- Só se cuide com ela, ela jura que Alex ainda será seu namorado, então, amarre-o, tudo bem? – Ela saiu pelo lado oposto e fui para o meu dormitório ainda pensando nessa tal “Joana”.

Tomei um banho e coloquei uma saia de cintura alta com meia-calça fina e uma camisa social branca por dentro da saia. Prendi o cabelo e só passei um rímel e gloss. Não acredito que estava realmente me arrumando por Alex... Tudo bem, concentre-se Deena, concentre-se.

Ouvi a porta se abrindo e se fechando rapidamente e dei um pulo. “Nem bater?”

- Deena? – Joguei tudo em cima da cama e fechei a porta do quarto, encostando-me a ela.

- Estou aqui! – Falei e o vi sair do corredor e com um sorriso andar na minha direção. Beijou-me e eu retribuí, enlaçando os braços em seu pescoço enquanto ele segurava minha cintura.

- Desculpe por não ter batido, mas Joana poderia ver-me entrar aqui... – Joana de novo? Será que ela era tão importante assim que não teria como eu simplesmente evitar tocar no assunto?

- Quem é Joana? – Me fiz de desentendida, o que não foi difícil sendo que não sabia nada mais que seu nome.

- Uma garota, você logo vai conhecê-la. – Olhou para o lado como se não gostasse dela, fazendo um careta. – Ela não estava na reunião, pois tinha que arrumar tudo para seu treinamento.

- Ela é o que aqui dentro? – Perguntei estranhando.

- Ocupa um cargo de igual autoria ao meu e ao seu agora. Se bem que você ainda tem que passar por alguns testes, mas logo sentará ao meu lado e de Joana.

- Joana... – Provei a palavra agora com mais respeito, ela tinha autoridade o suficiente para mandar em Thalita, que até aquele momento me parecia ser muito respeitada lá dentro, por todos os “abaixar” de cabeça que aconteciam quando ela passava.

- Só tenha paciência com ela, tudo bem? – Ele suspirou e me deu mais um selinho. – Digamos que não ela não é uma pessoa fácil, muito menos quando se trata de mim.

- Ela gosta de você? – Eu já sabia a resposta, mas tinha que me fingir de desentendida até conseguir tirar todas as respostas da boca dele.

- Digamos que é isso. – Então segurei seu rosto e sorri, o beijando mais uma vez. Todo o meu medo, minha mágoa, tudo tinha ido embora. Não era aquele tipo de pessoa que fica com um pé atrás, ele pediu desculpas e isso era suficiente.

- Vamos comer? – Ele assentiu, levei-o até a cozinha e aquele foi um dia muito divertido, com narizes sujos de molho para macarrão e muitos, muitos beijos.


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Notas finais do capítulo

Estou tão empolgada! Vou postar também o Glossário, junto com o Epílogo e logo depois os agradecimentos. Essa é minha primeira Long-Fic finalizada aqui, obrigada à todos!



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