Me perdi em pensamentos. Aquilo que Niall disse no telefone ficava ecoando em minha cabeça. “Não sei o que está acontecendo, mas eu preciso de você. Preciso do seu abraço, do seu beijo, do seu cheiro” Eu chorava mais. Me sentia do mesmo jeito, e eu não tinha conseguido dizer pra ele. Eu só disse um “Acho que amo você”. Eu deveria ter dito mais, ou talvez não deveria ter dito nada. Eu não deveria nem ter atendido o celular. Começaram a vir pensamentos de culpa, e eu fiquei pior. Eu já estava desidratada de tanto chorar, quando Lis entrou no quarto. Ela sorria, mas assim que me viu, me lançou um olhar de preocupação.

– Ro, sei que você tá sofrendo, mas não dá pra ficar assim! – Ela sentou do meu lado, e colocou minha cabeça na sua perna. – Deita aqui. Agora, chora. Desabafa, coloca tudo que você precisa pra fora. Estou aqui pra você, amiga.

Senti que eu podia falar tudo pra Lis. Ela era minha melhor amiga, ia me entender. Desabafei no seu colo, contei tudo, e chorei muito. Ela acariciava meu rosto e mexia no meu cabelo. Ficamos assim por quase uma hora, ou talvez mais. Eu já não tinha mais nada pra contar, então ela levantou.

– Eu te admiro tanto por ter coragem de fazer isso. De se afastar dele pra não querer que ele sofra. Mas amiga, a gente só tem hoje e amanhã pra aproveitar aqui, lembra? O último dia nem vai dar pra gente aproveitar, já que a gente vai viajar cedo. Levanta, toma um banho, passa uma maquiagem diva, e coloca um sorriso no rosto. A gente tem que sair e aproveitar, Ro. E esse é o melhor jeito de se distrair.

Hesitei. Eu não queria ir, mas não ia deixar Lis sozinha por aí. E ela estava certa, eu precisava aproveitar Londres e me distrair. Passei quase uma hora no banheiro. Era tão relaxante sentir aquela água quentinha escorrendo pelo corpo. Enquanto eu me arrumava, Lis foi tomar banho. Demorei, mas escolhi um vestido lindo, preto com rendinhas, um pouco acima do joelho. Lis estava com um baloné azul. Eu entrei no banheiro pra me maquiar, e ela ficou se maquiando no quarto mesmo. Enrolei mais um pouco, mas no final, acabei saindo com ela.

Fomos pro shopping, porque éramos de menor, e não podíamos entrar nas festas legais. Se eu não controlasse, Lis comprava tudo que via pela frente, porque tudo era lindo e barato pra ela, e eu me divertia com suas crises de “Por que não podemos levar esse, Ro?”. Passamos por uma loja de música, e estava tocando What Makes You Beautiful. De repente, tudo que eu passei com os meninos veio na minha cabeça, desde o “quase atropelamento” até o “por que você não fica?”, e lágrimas voltaram a surgir em meus olhos. Era difícil. Lis me abraçou forte, e ela também estava chorando um pouco.

– Por que está chorando, Lis? – Eu ri, porque à algumas horas atrás, ela que estava me consolando.

– Você sabe... Nós vamos embora. Não vamos mais fazer nada com aqueles idiotas. Pode não parecer, mas vai ser difícil deixar os meninos pra mim.

– Deixar os meninos? Ou deixar um certo Styles? – Me divertir ao ver ela revirar os olhos.

– Você entendeu, Ro. Vai ser difícil deixar ele também. Assim como está sendo difícil pra você deixar o Niall. Só que eu não vou admitir isso pra ninguém, além de você. E não se atreva a dizer nada pro Harry.

– Não vou. – Dei um sorriso que se desfez rapidamente, por ela ter tocado no assunto “Niall”. – Eu queria ficar. Queria ele aqui comigo, Lis.

– Eu sei, eu sei. – Ela me abraçou, e me puxou pra longe da loja.

Andamos por todo o Shopping, e já estávamos mortas. Sentamos em uma mesa, na praça de alimentação, pra comer alguma Pizza ou coisa do tipo. Eu reclamava que meus pés doíam, e Lis reclamava que estava cansada de segurar tantas sacolas.

– Acho que vamos pagar uma taxa alta por excesso de bagagem. – Ela riu. – Ro, vou no banheiro, já volto. Me espera pra pedir a Pizza, tá?

– Tudo bem. – Respondi.

Eu fiquei sozinha na mesa, o que me fez pensar em um certo garoto de olhos azuis que costuma fazer meu coração disparar, mas dessa vez as lembranças não me fizeram chorar. Eu lembrava do seu jeito de falar meu nome, e de como ele estava com medo de me beijar pela primeira vez, que até ficou sem falar comigo. Lembrei de como ele me abraçava, e de como sua risada contagiava. Isso me fez sorrir. Pessoas olhavam pra mim, como se sorrir fosse a coisa mais estranha do mundo. Ou talvez eu estivesse sorrindo mais do que o normal, e acabasse sendo estranho, mas eu não me importava, não queria perder aquelas lembranças. Queria colocá-las em uma caixinha, e abrir todos os dias. Lembrei também do jeito que eu me sentia quando estava perto dele. Era como se tivessem borboletas em meu estômago, e eu sempre tremia de nervosismo. Eu sempre olhava pra ele e me dava uma enorme vontade de sorrir. E quando ele não estava tão perto de mim, dava vontade de correr até ele e beijá-lo. Acordei de meus pensamentos quando alguém me abraçou. Eu reconhecia aquele abraço e aquele cheiro. Meu coração acelerou, e só uma pessoa conseguia fazer isso acontecer.

– Eu preciso falar com você. Rezei pra que te achasse aqui, Harry falou que Lis viria pra cá, então achei que você viria também. – Niall sentou na cadeira ao meu lado, olhando diretamente em meus olhos, e eu simplesmente não conseguia desviar o olhar. – Lembra quando você disse “eu acho que amo você” no celular? Pois é, você desligou, e não me deixou falar. Porque eu também acho que amo você. Na verdade, eu tenho quase certeza disso. Não sei como, não sei por quê, e nem por
que aconteceu tão rápido. Mas eu não quero fugir do que eu sinto. Eu quero você, e sei que você me quer também. Não foge de mim, nem de nós dois. A gente pode ter um “Felizes Para Sempre”, você só precisa perder o medo.

Niall falou aquilo com tanta intensidade e honestidade, que eu poderia chorar a qualquer momento. A saudade estava me matando, e matando ele também. Então eu o beijei, sem me importar com as consequências.