Sempre escrita por dearcarol


Capítulo 4
Capítulo 4




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Eu afasto meu rosto um pouco e olho pra ele e o seu cabelo louro balançando de novo na brisa quente, sorrio e passo uma das mãos sobre ele, arrumando-o e depois a descendo até seu pescoço. O nascer do sol está agora no seu auge, mas eu nem percebo até que Peeta se vira para ele.

“Katniss,  olha..”  Ele diz afrouxando os braços um pouco, para que eu pudesse me mexer. 

Quando me viro, percebo um dos mais belos nasceres do sol que eu já tinha presenciado. A luz pintava as nuvens com leves tons de rosa e laranja como em uma tela, eu me distraio por alguns segundos até que sinto algo tocar meu pescoço e subir até minha nuca. Eu arrepio. As das mãos dele me apertam mais, uma delas é levada ao meu rosto e dedilha meus lábios.

 “Devo lhe informar que a sua dívida de beijos está extremamente alta senhorita Everdeen.  E que meus juros são caríssimos, infelizmente. “ Peeta fala encostando sua testa na minha.

“Felizmente.” corrijo

“Seu prazo acaba agora.”

Ele desce a mãos dos lábios para o meu pescoço e me puxa forte, fazendo nossos lábios se tocarem.

 Toda aquela sensação que os beijos de Peeta traziam estava intensificada, talvez pela saudade que eu estava de senti-lo tão perto,  levo minha mãos ao seu cabelo e depois vou descendo- a pelo seu ombro, peito e barriga. Ele desce uma das mãos pelas minhas costas colocando-a dentro da minha blusa de pijama e o nascer do sol se torna insignificante. É possível parar o tempo. Todos os problemas que me cercavam naquela casa há poucos metros de distância foram temporariamente esquecidos. A Capital? A loucura? Não estavam ali presentes. Calafrios começam a me percorrer, em seguida passo a mão sobre as costas de Peeta notando que estão encharcadas.

Finalmente noto pequenas gotas d’água caindo sobre minha cabeça e molhando o meu cabelo. Apesar da manhã gélida, o céu estava sem sinal de nuvens carregadas, aquilo não podia ser chuva. Olho por cima do ombro dele e encontro.

Haymitch nos encarava com um leve sorriso irônico, estava apoiado pelas costas na parede lateral da casa de Peeta e segurava uma mangueira. Ao perceber que eu o encarava, direciona o jato para o meu rosto me fazendo engolir um pouco de água e tossir. Ele tem sorte, meu arco não está ao meu alcance naquele momento, mas o olho como se meus olhos atirassem flechas. Em seguida, só ouço a risada do bêbado diante da minha expressão.

“Como vai queridinha?” Ele grita com o tom de deboche de sempre. “ Por acaso estou interrompendo alguma coisa?” 

Peeta se vira para ele, mantendo ainda uma das mãos na minha cintura.

“E então Haymitch?” Ele usa seu tom sarcástico perfeito ”Acabou a bebida?” 

Haymitch fecha a cara instantaneamente.

“Ha-ha-ha”  A risada falsa e pausada faz Peeta rir.

 “Vem comigo.” Peeta sussura ao meu ouvido.

Seus passos são fáceis de acompanhar e se dirigem até Haymitch, ao chegarmos bem perto,  ele abre a boca para, provavelmente, fazer mais um comentário bêbado, mas em vez de parar, Peeta se vira bruscamente para a direita e seguimos andando só deixando dois tapas de leve que ele dá nas costas de Haymitch.

“Tchau Haymitch” Eu digo quando já estamos mais a frente.

“ Eu só queria reproduzir um clima romântico de beijo na chuva!” Ouço ele berrar ao fundo enquanto Peeta abre a porta sinalizando pra que eu entre. 

O interior da casa dele é maior do que parece do lado de fora e me é estranho, apesar de já termos até concretizado um noivado, eu nunca havia entrado ali de verdade.  O ar sombrio da minha casa era ofuscado por diversas pinturas nas paredes, mas a casa tinha um ar de solidão, a família de Peeta não sobrevivera ao ataque ao Destrito 12 e desde então ele também ficou sozinho naquela imensa casa com chão de mármore brilhante. Há uma grande escadaria coberta por carpete azul marinho na frente da porta, e ao lado há uma grande sala onde fica um sofá de couro bege, uma lareira e diversos objetos de decoração vindos da Capital. Eu reconheceria o estilo extravagante em qualquer lugar, Effie teria decorado.Ao fundo, há um grande arco que leva à cozinha.

Uma corrente fria passa por toda a casa, com enormes janelas de vidro, dando a leve sensação de estarmos do lado de fora. Está frio, o arrepio cortante percorre todo o meu corpo e eriça os pêlos, acho que Peeta tem a mesma reação, pois sai fechando as janelas da casa até ouvirmos batidas fortes contra uma janela que parecia ser da cozinha.

“ Tem - bebida - aqui, apareça - anoite - vou - fazer - o – jantar.” Peeta grita pausadamente da cozinha. Eu me aproximo e reconheço Haymitch do lado de fora.

“Até – mais – tarde.”  Ele diz. Em seguida, fecha as persianas.

O que aconteceria agora? Será que Peeta bancaria o apaixonado incondicional o tempo todo? O visual de casalzinho grudento me lembra quando da época do Quarter Quell, das entrevistas; não era o que eu tinha em mente. É a primeira vez, desde que me lembro, que não tenho nada em mente, só sei que eu não sei o que é fazer parte de um casal. Não na vida real.Sento no sofá de couro e fito a lareira que Peeta ascende antes de sentar-se ao meu lado, observo os detalhes rústicos da lareira e da mesa de centro de madeira com tampo de vidro entre a lareira e o sofá. Em cima dela repousa um vaso de flores recentemente colhidas, eu as reconheço quase que inconscientemente. 

São katniss. Peeta  também as encara.

“Eu colho algumas todo dia no jardim de trás, no Distrito 13, eles usaram elas no meu tratamento quando eu...você sabe...queria te matar. “ Ele respira fundo, como se as palavras ferissem,  toca meu pescoço onde ele teria tentado me enforcar e sua face se comprime em uma expressão de dor. “Naquela época estava tudo confuso, eu não sabia em quem ou em que acreditar, até que Haymitch trouxe pra mim um punhado de katniss e deixou no meu quarto depois da nossa última briga, sobre o Gale.”A lembrança da discussão me desnorteia e eu fecho os punhos por um instante, ele nota e os aperta entre suas mãos.“Eu reconheci as flores no mesmo instante.” Ele continua. “A primeira coisa que eu tive realmente certeza era que eu sentia sua falta e eu não sabia o porque, quando as memórias começavam a voltar, Coin me propôs que eu fosse ajudar você e a equipe na Capital, mas eu sabia que ela queria a sua morte gerada por uma briga entre nós, ela queria um mártir para a revolução. Eu não me opus, eu queria descobrir a verdade.” 

Como sempre, Peeta  descobre todos os planos antes mesmo que sejam finalizados. 

“E eu descobri. Colho as flores desde então, elas me dão a impressão que te tenho perto de mim.”

 Esse tipo de discurso em que ele demonstra que seu amor por mim é a verdade, sempre foi repelido, era como se eu fosse forçada a corresponder, era uma estratégia de jogo e eu odiava. Agora, nada me prendia a ele, nada além da minha própria vontade.Volto meu olhar para ele.

“Quero te levar em um lugar.” Digo.

“Pra onde você quiser.”

 Ele troca de roupa e me acompanha até a porta da minha casa, onde me espera até que eu vista uma camiseta e um short velho. As ruas dos Distrito 12 são silenciosas e nos levam até a floresta. A velha cerca elétrica bamba desativada como sempre, meu arco e flechas escondidos em troncos ocos.

“ Pra onde est-

“Shhhhhh.”  Eu resmungo.


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Notas finais do capítulo

Já trabalhando no próximo! Obrigado por estarem acompanhando.
O que vocês acharam? Comentem!



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