Echoes escrita por xMilax


Capítulo 7
Capítulo 7 - Quinn




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/265049/chapter/7

Ela realmente não queria entreouvir conversas alheias. De fato, nem era para estar lá.

Quinn já estava atrasada para sua entrevista no portal de cinema online, e Santava estava positivamente puta com ela, como só a latina conseguia ficar. Mas o fato era: ela ouviu.

Ouviu Rachel conversar com Julian sobre conseguir uma entrevista para Kurt em algum seriado promissor de TV a cabo.

Ela conhecia aquela expressão no rosto do produtor. Ele tentaria, mas não tentaria de verdade. Quantas vezes vira aquele repuxar de lábios clássico dos figurões de Hollywood? Perdera a conta. Mas Rachel não conhecia. O mundo da Broadway, mesmo que tão duro quanto o de Los Angeles, era diferente.

Então a loira agiu por impulso. Puxou o IPhone, percorreu a lista de contatos até achar um que efetivamente faria alguma coisa por seu antigo companheiro de Glee, e discou. Marcou um café para depois da bendita entrevista e pronto. O destino de Kurt estava prestes a mudar, ela sabia.

– Quantos anos luz são necessários para você pegar o batom que esqueceu no banheiro, Fabray? Achei que o mundo ia acabar antes de você voltar. – Santana resmungou enquanto acelerava o carro, cortando com manobras definitivamente ilegais os veículos demasiado lerdos para seu gosto.

Quinn revirou os olhos, sacou novamente o celular e escaneou em busca de mais opções viáveis. Um SMS para um segundo contato e ela se deu por satisfeita.

– Você orientou o jornalista? – Perguntou com um tom de voz monótono. – Não vou responder nenhuma pergunta pessoal.

– Claro que orientei. – A latina respondeu. – Mas você sabe como eles são. Espere muitas especulações. Provavelmente vão questionar se você foi chifrada por aquele atorzinho ou algo assim... quer dizer, que mulher em sã consciência negaria um romance com o bonitão de Hollywood? – Santana perguntou com a voz irônica.

Quinn suspirou enfadonhamente como uma verdadeira estrela de cinema.

– Odeio a imprensa.

– Ela fez quem você é hoje, baby. – A morena cantarolou. – E você adora a imprensa. Faz pose antes mesmo de algum fotógrafo sacar a câmera. Sempre amou atenção, Q., quase mais que Berry.

A loira considerou suas opções. Infelizmente, qualquer ataque físico não seria muito inteligente. Ela estava no carro também, e uma investida contra a amiga poderia prejudicá-la no caso de algum acidente.

Então ela revirou os olhos novamente.

– Tanto faz.


E bom, muitas coisas poderiam ser ditas sobre Santana Lopez, mas a mulher realmente conhecia o mercado em que trabalhava. O jornalista perguntou mesmo se ela levou um chifre, ao passo que Quinn forçou um sorriso no rosto e revidou espiritualmente: “Não estávamos juntos para que eu fosse traída, mas, se estivéssemos e ele tivesse me traído, vocês saberiam. Não é todo dia que o ator-sensação-de-momento é castrado.”. Nesse ponto da entrevista, Santana interferiu e persuadiu o jornalista a não publicar a pergunta e muito menos a resposta.


Mais tarde, a loira ria do episódio, enquanto a outra soltava fumaça pelas orelhas: “Você já foi mais sensata nas entrevistas, Fabray!”


Durante o café com o produtor Reynalds Block, ela finalmente parou para pensar no que estava fazendo. Acabara de convencê-lo a chamar Kurt para uma entrevista em um seriado novo de corais que a Fox estava produzindo, e conseguira, de quebra, uma outra entrevista para um documentário sobre a história da música. Em alguma delas o homem deveria conseguir um papel.


Mas, seguindo, com certo desdém, a nova tática que sua terapeuta recomendou, ela se esforçou para ser honesta consigo mesma. Não estava fazendo tudo aquilo pelo rapaz. A última vez que o vira fora no casamento de Rachel. Rachel.

Era por ela.

E por aquele maldito sentimento de culpa que a envolvera no momento em que pusera os olhos na morena.

Não deveria se sentir culpada por ter cortado vínculos. Fora calculado. Fora necessário. Quinn Fabray não dava ponto sem nó e definitivamente não agia sem medir cuidadosamente os prós e os contras. Acontece que os contras de continuar mantendo um relacionamento com Rachel Berry após seu casamento falaram mais alto naquele momento de sua vida.

Mas, de qualquer forma, a culpa ainda estava lá. Então a loira se esforçava. Sempre colocava um sorriso gentil no rosto quando encontrava a pequena diva, distribuía elogios que, embora verdadeiros, saiam arranhando por sua garganta. Tudo para tentar aplacar, compensar a sensação de que devia alguma coisa para Rachel. E agora, depois de praticamente dar um novo rumo à carreira do melhor amigo da mulher, Quinn finalmente poderia respirar. Estava finalmente livre.

Livre das últimas amarras que a prendiam à Berry.

Nada mais de cumprimentos forçados. Nada mais de tentar agradar e inflar o ego da morena.

Agiria naturalmente. Uma cordialidade fria era ideal para a situação. Em breve tudo estaria acabado, e as únicas ocasiões que teria que ver Rachel novamente seria no momento de tirar as fotos promocionais e em alguns eventos de divulgação do filme. Depois nunca mais. A morena provavelmente voltaria para a Broadway, ganhando o dobro do que ganhava antes, e conseguindo qualquer papel que ela desejasse.

E não gastaria nem um segundo do seu dia pensando em Quinn Fabray.


A loira suspirou, entrando em seu apartamento vazio. Era quase noite e sua empregada já tinha ido embora. Quinn orientou-se facilmente no escuro até alcançar o interruptor da sala, ligando apenas algumas luzes de parede, deixando uma iluminação suave tomar conta do ambiente.


Lembrava-se de quando comprou o imóvel com seu primeiro cachê relativamente grande. Ele viera mobiliado, e a decoração era muito ultrapassada para o seu gosto. Embora considerada por todos que a conheciam como uma mulher clássica, ela se irritava cada vez que entrava na copa e dava de cara uma escultura renascentista.

Então ela apenas colocou tudo a venda no eBay e redecorou.

Comprou móveis de estilo moderno, em tons de preto, branco e vermelho. Os quadros de paisagens e de madonas deram lugar a quadros abstratos e expressionistas. Um grande e confortável sofá e duas poltronas reclináveis foram colocados onde antes estava um conjunto de sofás bege-sem-graça-com-babados-demais. A lareira elétrica foi pintada de preto, substituindo aquele verde-musgo terrível.

No final, o espaço inteiro transpirava simetria e sofisticação.Transpirava dinheiro e bom gosto. E exalava, exalava impessoalidade. Chegou a colocar alguns porta-retratos, mas por vezes ficava se perguntando se a maldita escultura renascentista não era melhor que toda aquela... frieza. Por mais que gostasse do seu apartamento, Quinn por vezes achava que faltava uma alma para ele. Algum toque, quase imperceptível, que o transformasse num lar.

Mas então ela se lembrava do velho ditado: Seu lar é onde seu coração está. E esse era o momento em que a loira apenas empurrava seu desconforto para uma gavetinha bem escondida na sua cabeça. Porque quando se falava dos problemas do seu coração, o apartamento de Quinn parecia o melhor lugar do mundo. O único lugar que ela estava a salvo de tudo e todos. E totalmente envolvida pela impessoalidade e frieza.

Ela guardou cuidadosamente sua bolsa no closet depois de esvaziá-la e colocar seu conteúdo em outra bolsa. Escolheu um vestido e uma sandália antes de tomar um banho. Ela ainda teria que ir, àquela noite, à inauguração de uma galeria de arte de um fotógrafo amigo do namorado do diretor de seu último filme. O único lugar que ela gostaria de estar, depois de um dia tão exaustivo, era na sua casa, mas o tal diretor acabara de ser contratado para filmar a adaptação do best-seller do momento. Provavelmente a produção do filme estaria lá também, assim como os responsáveis pelo elenco. E depois de Wicked, esse era um trabalho de Quinn gostaria muito de fazer.

Então ela daria o ar da graça, conversaria um pouco como quem não quer nada, compraria uma bendita fotografia e, se fosse bonita o suficiente, penduraria em alguma parede vazia do apartamento.



– Quinn, acho que você pode melhorar seu alcance. Claro, ficou bom, mas podemos fazer ficar muito bom. Julian, por que não vamos outra vez?




Quinn revirou os olhos enquanto St.James criticava, pela milésima fez, seu trabalho. Sabia que um dueto com ele não seria fácil de gravar, mas aquilo estava ficando ridículo. Estava começando a ficar seriamente com raiva.


– Hm... Jesse, eu tenho certeza que essa versão ficou ótima. Podemos chamar a Rachel agora para gravar com a Quinn... Estamos começando a atrasar no horário. – Julian respondeu.

– Mas...

Quando Jesse começou a protestar, Santana perdeu a paciência.

– St.James, minha cliente tem lugares para ir, pessoas para ver e coisas para fazer, ela cantou muito bem. Por que você não faz a todos um favor e não tira a sua bunda daí para que ela e Berry terminem logo com a programação do dia?

– Como você consegue viver como assessora está além do meu entendimento, Lopez. Você não tem o mínimo jeito com pessoas. – Jesse silvou, mas saiu do lado do microfone.

– Muitas coisas estão além do seu entendimento, não é mesmo?! – A latina revirou os olhos.

Quinn soltou uma risadinha, sem poder deixar de concordar. O idiota não sabia com nada. Santana tinha jeito com pessoas. Mas apenas quando ela queria. Era simples assim.

Rachel entrou no estúdio e pegou um fone, posicionando ao lado dela. Enquanto ela se arrumava, o produtor foi conferir como todos do coro estavam no estúdio de vidro ao lado. Para a próxima música, precisariam deles.

– Como você está hoje, Quinn? – Rachel perguntou com um sorriso educado.

– Estou bem. E você? – Respondeu com sua ensaiada cordialidade fria.

– Muito bem, obrigada por perguntar. – Rachel retribuiu o favor.

Ela mexeu os pés desconfortavelmente. Será que para o resto da gravação seria esse clima tão... forçado? Suspirou com resignação. Provavelmente sim, seria assim.

Logo tudo estará acabado. Logo tudo estará acabado. Repetiu em sua cabeça como um mantra.

– Estamos prontas? – Julian perguntou.

As mulheres acenaram positivamente.

Come with me. To the Emerald City. – Rachel introduziu a música com os olhos brilhando.

O coro começou a cantar e Quinn fechou os olhos, sentindo a música.

Oh, I've always wanted to see the Emerald City. – Disse com a voz excitada, entrando no personagem.

O coro entrou novamente até que Rachel respirou fundo ao seu lado.

There are buildings as tall as Quoxwood trees.

Dress salons… – Quinn cantou.

And libraries…

Palaces!

Museums!

Hundred strong: There are wonders like I've never see…– Cantaram juntas e Quinn não pode evitar o sorriso.

Ela e Rachel se encaravam enquanto uma completava a fala da outra na música. O ritmo vinha naturalmente. Fluido. Sem qualquer dificuldade. Uma parecia entender muito bem a sintonia da outra.

It’s all grand! – Quinn disse, colocando o máximo de empolgação na voz.

And it's all green! – A forma como Rachel parecia contemplar com admiração os arredores do estúdio, como se realmente estivesse na Emerald City, fez algo dentro da loira palpitar.

A música continuou e elas cantaram como se estivessem ensaiado um milhão de vezes. Mas a verdade era que não cantavam juntas há muito tempo. Muito tempo mesmo. Tanto tempo que Quinn se esquecera daquela harmonia que elas estabeleciam sempre que faziam um dueto. Não que elas tivessem cantado muitos duetos. A maior parte deles aconteceu quando Rachel foi pra NY, e ela foi pra Yale. Passavam inúmeros fins de semana juntas, cantando pela cidade, ou até mesmo no apartamento que a morena dividia com Kurt... até que ela se casou.

Two good friends... – Rachel cantou.

Two best friends… – Quinn completou com o coração quase apertado com todas aquelas lembranças.

Mais algumas frases do coro e a música acabou. Mas a loira não estava prestando mais tanta atenção assim.

– Muito bem, garotas! - Julian exclamou aprovadoramente. - Acho que nem vamos precisar gravar de novo. Vocês foram excelentes!

Rachel ainda olhava pra ela, os olhos tão intensos. Como se pudessem vê-la por inteiro. Como se entendessem o que aquele dueto fez com a loira.

Então a morena sorriu.

E Quinn finalmente percebeu que aquele era o primeiro sorriso verdadeiro que Rachel dirigia a ela em anos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nossa, parece que eu não via vocês por aqui desde o ano passado e... AI MEU DEUS, NÃO ME MATEM. HAHAHAHA
Nem pela piada ESCROTÍSSIMA, nem pela demora.
Eu sei, demorei, demorei, demorei e demorei mais um pouco.
Não vou mais deixar vocês na mão assim, ok?!
A verdade é que eu andei lendo umas fanfics faberry em inglês, e minha autoestima foi pro fundo do poço. Comecei a achar minha fic ruim, personagens mal caracterizados e imimimi. Mas aí vi "Naked", "Diva" e por último, mas definitivamente não menos importante "I Do", e deixei a frescura de lado, engoli meus mimimis e voltei pra essa fic :)
EEENFIM, sei que não mereço tanto assim, mas ainda mereço um review, né? ;)
Me escrevam falando o que acharam do ponto de vista da Quinn!
E ah, antes que eu me esqueça, comecei a postar uma das minhas fics de Harry Potter aqui no Nyah. Ela é UA, meio bizarrinha, mas, pra quem curte fic de HP... vale a pena conferir: http://fanfiction.com.br/historia/327748/Line_Up
Enfim, beijos e até o próximo - não tão demorado - capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Echoes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.