Cinco Acordes Para O Amor escrita por anaaq


Capítulo 1
Capítulo Único




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Nostalgia, é tudo que sinto ao caminhar por esse corredor, afinal já faz algum tempo que deixei este lugar. Na verdade, não queria voltar, mas como foi um pedido do Yuruka não pude negar. Continuo a caminhar lentamente, a cada passo, posso distinguir um instrumento diferente em meio ao barulho. As coisas não mudaram muito por aqui, apesar de o pessoal ter melhorado bastante... Talvez seja a pressão dos exames finais, se bem que, isso já era de se esperar, afinal, esse reformatório musical é um dos melhores do Japão... Mas apesar de todos estarem bem melhores, ninguém me chamou muito a atençã... Espere...

Parei de andar em frente à porta de uma sala de pratica e não pude conter um sorriso.

– Moonlight... Beethoven. – Sussurrei para mim mesmo, reconheceria essa musica até em sonhos, quando era pequeno, minha mãe a cantarolava para me fazer dormir... Eu adoro-a.

Dentro dessa sala, alguém está tocando-a, mas de forma totalmente desordenada, na verdade, está horrível. Sorri, mas por algum motivo, me chamou a atenção.

Temari pov’s on.

Moonlight de Beethoven... Ou Sonata ao Luar. Aquela que serviu de tema para inúmeros filmes e romances só recebeu o apelido famoso muitos anos depois da morte de Beethoven. Uma melodia melancólica acompanhada por um ostinato que dura o movimento inteiro. Fechei meus olhos.

Haa, eu adoro essa música, a intensidade dela, é realmente incrível... Eu realmente viajo quando a toco, é como se eu pudesse participar de sua composição e sua trama, como se fosse parte de mim, fazendo me elevar cada vez mais, até qu...

– Você errou! – NANII? Parei de tocar brutamente, e investi meus dedos com força contra as teclas mais graves, fazendo um som estrondoso. – A música está completamente desordenada, o tempo está muito lento e as notas muito fortes, tente suavizar, essa melodia tem de ser leve.

NANDE? Quem é o baka dando uma de professor? Olhei para o lado. Em frente à porta um garoto com um rabo de cavalo espetado estava parado, com as mãos nos bolsos da calça em uma posição indiferente.

– Você é professor aqui por acaso? – perguntei com uma inocência irônica.

– hm? – ele parecia confuso – não.

– ENTÃO PORQUE DIABOS TA TENTANDO ME ENSINAR? – Ufa, gastei todo o ar de meus pumões nesse berro, e o cara ainda ri. Baka.

Shikamaru pov’s on.

A loira com as maria chiquinhas esquisitas me fuzilou com o olhar ao ouvir minha risada, mas o que eu posso fazer? A cara dela foi hilária!

Sorri de canto, já vi que essa era encrenca.

Temari pov’s on.

Suspirei.

– Você pelo menos é aluno aqui? – perguntei sem muito interesse.

– Haa, eu era. Mas saí a algum tempo porque me cansei. – fala sério. Que preguiçoso, se eu fosse desistir toda vez que me esgotar de tanto cansaço eu nunca teria chegado aqui... Sem falar que sair de uma das melhores escolas de música do país só por cansar, é insanidade... – Mas agora vou voltar por um tempo, a pedido de um amigo. – ele disse em meio a um bocejo.

Nande? Que tipo de amigos esse cara tem?

– Então não passa de um preguiçoso! Eu sabia. – provoquei.

Ele sorriu.

– Você devia seguir minhas dicas, afinal... Você é péssima! – NANIIIIII? Agora eu mato esse patife!

– Eu não preciso de dicas de um preguiçoso como você!– eu disse orgulhosa.

Ele abriu um sorriso torto e saiu da sala. Me sentei e voltei a tocar. Esse cara conseguiu me tirar do sério.

Shikamaru pov’s on.

Sai da sala mas continuei parado em frente a porta, ela logo voltou a tocar, mas dessa vez ela acelerou o tempo e suavizou a melodia. A música continuou um pouco desordenada, mas tenho que admitir... Estava linda. Parece que ela usou minhas dicas afinal. Ri ao pensar nisso.

– Droga! O preguiçoso estava certo. –pude a ouvir resmungar.

Abaixei a cabeça e sorri de canto. Só uma palavra me vinha à cabeça.

– Problemática... – sussurrei lentamente.

♦♦♦

Temari pov’s on.

Continuei tocando e nem vi o tempo passar, droga! É melhor correr ou vou me atrasar para a aula...

Corri o mais rápido que pude, e por sorte consegui chegar antes do Yuruka-sensei. Me sentei na última carteira como de habitual. Tenho a leve impressão de que a aula de hoje vai ser boa.

Yuruka-sensei entrou na sala acompanhado do... NANI?

– Pessoal esse é o Shikamaru – então esse é o tipo de amigo que ele tem - Ele vai ser meu pupilo e me ajudará com os alunos com notas ruins...

Ferro!

– Cara o Shikamaru voltou! – Falou o Naruto empolgado, ele é um loiro imperativo e meio baka, então eu posso desconsiderar esse comentário.

– É baka, agora vamos ser humilhados... – Ta! O Sasuke eu não posso desconsiderar - Mas vai ser legal ter ele por perto como nos velhos tempos.

Ah, fala sério! Só eu sou nova nesse lugar? Quero dizer, se até o Sasuke, que é um moreno muito sério e antissocial e meio emo, conhece o preguiçoso, então a situação é precária...

O jeito vai ser ficar quieta no meu canto, assim ninguém vai me incomodar.

A aula percorreu tranquila e graças a Kami-sama o preguiçoso sentou bem longe, mas agora já tinha acabado e eu era a última, tirando o tal de Shikamaru, a sair da sala, quando...

– Temari, pode vir aqui um minuto? – falou o Yuruka-sensei. Droga.

– Hai. – respondi desanimada e caminhei até sua mesa.

– Temari, suas notas são péssimas... – avá? – Você vai ter que praticar MUITO em casa, sexta que vem fará um exame extra para se recuperar, e vai ter que passar! – ele falou com uma convicção que dava até medo – Por isso vai receber orientação em casa... Orientação de meu pupilo!

NANIII?

– Não! Sensei, por favor! Tudo menos o preguiçoso... – Eu implorei.

Yuruka pov’s on.

Preguiçoso? Porque ela o chamou assim? Será que já se conhecem?

– Yuruka, é melhor esquecer, ela é problemática demais! – disse Shikamaru naquela posição indiferente de sempre.

É. Eles definitivamente já se conhecem...

– Problemática? Eu vou te mostrar a problemática! – Ela estava furiosa, por um minuto achei que fosse pular no pescoço dele.

– Haa, vocês já tem até apelidos carinhosos! Sabia que iam se dar bem! Bom trabalho juntos, crianças! - falei sorridente e sai da sala antes que eles me atacassem.

Temari pov’s on.

C-carinhosos? Ele simplesmente ignorou o que aconteceu?

– Ótimo – disse irônica – Agora vou ter que trabalhar com um preguiçoso!

– Tudo isso é medo de tocar pra mim? – disse ele com um sorriso provocador.

Maldito! Mentalmente estou te amaldiçoando mil vezes seu preguiçoso, nem que eu tenha que virara mãe de santo minha praga vai pegar!

– Medo? Até parece. Não tenho nada a temer seu baka! Esteja na minha casa amanhã à tarde! O teste extra é sexta, só tenho uma semana e não quero perder tempo! – ele não disse nada – Apartamento 114 do prédio na frente do conservatório... Esteja lá! – Eu falei apontando para ele e fervendo disposição.

Shikamaru pov’s on.

Eu apenas sorri e respondi.

– Isso vai ser problemático...

Ela sorriu, me deu as costas e saiu andando, porém quando chegou a porta, parou.

– É, vai ser... – ela disse e continuou o percurso.

♦♦♦

Acordei e me sentei na cama, olhei pela janela, o dia estava lindo... Como hoje é sábado não me importei em colocar despertador, abri meu celular e olhei o horário. Exatamente 13h15min, caramba, eu até acordei cedo hoje... PERAI! 13h15min?

Ótimo! Mais um motivo para a problemática me matar!

Temari pov’s on.

Clair de lune – Debussy, também adoro essa música, ela é bem calma e delicada, na verdade me faz lembrar um pouco de mim mesma, eu acho... Eu a tocava lenta e delicadamente.

– Você errou! – Nande? O que é isso? Dejavú?

– O que? Claro que não errei – retruquei.

– O tempo está lento demais – mas que droga, o que ele está fazendo aqui? Eu achei que à uma hora dessas, minha praga já tivesse se concretizado e ele teria sido sei lá... Atropelado por um caminhão talvez...

– Eu não errei! Toco assim porque gosto... – me levantei e fui até meu notebook.

– Aonde você vai?

– Vou pesquisar algum curso pra mãe de santo!

– Nande?

– Esquece. Escuta, você não bate antes de entrar na casa dos outros, não?

– A porta estava aberta... – Droga, só porque eu queria um motivo pra denunciá-lo, quero dizer, invasão de domicílio é crime! – Eu trouxe uma peça para você praticar, ela pode cair no exame... – agora ele está começando a ser útil.

– E qual peça é? – Seja uma fácil, por favor, por favor! Cruzei os dedos.

– Bolero, de Mozart... – Droga.

– Eu nunca toquei ela antes - falei desanimada- e agora só tenho uma semana... – Eu estou desesperada.

– N a verdade você vai ter mais umas duas peças para treinar – NANI? - E amanhã eu tenho um compromisso então serão só 5 dias... – NANIII? – Por isso é melhor começarmos logo – Ah, você acha? Ele se sentou no piano ao lado do qual eu me encontrava, e sim! Eu tenho dois pianos.

– Porque tem dois pianos se vive sozinha? – Haa, simples, porque às vezes eu gosto de tocar com as mãos e os pés ao mesmo tempo. Essa é a resposta que eu queria dar, mas sou educada demais pra isso.

– Eu não moro sozinha, moro com meu irmão, por isso dois pianos, ele também estuda no conservatório, mas como é um ótimo violinista está sempre viajando para se apresentar... Seu nome é Gara. – Ele me olhava com atenção, eu comecei a tocar...

Shikamaru pov’s on.

– Então você é a irmã do Gara? – Fala sério, ela é a “irmãzinha” de quem o Gara tanto falava? Do jeito que ele fala eu achei que ela tivesse uns 12 anos.

– Vocês se conhecem?

– Claro! Ele era meu melhor amigo... Ainda é eu acho! – Ela me olhou surpresa. – Ele falava muito de você... – Ela sorriu.

– Esse é meu irmão coruja... – Ela já estava bem mais alegre agora – Ele está na Espanha, mas volta quinta.

– Ótimo! Então eu ainda vou ver ele... – Ela sorriu mais ainda – Há! E Temari...

– O que? – disse ela animada.

– Você já errou umas três vezes... – Ela me fuzilou com os olhos, eu ri. Mas na verdade, eu estava começando a gostar daquilo...

Temari pov’s on.

Eu vou matá-lo! É questão de tempo até eu me formar na F.P.M.S.E ( Faculdade Para Mães de Santo Especializadas).

Por um momento eu até achei que eu poderia me divertir, mas ele estragou tudo.

– Cala a boca preguiçoso! – Ele riu.

– É melhor se acostumar problemática...

O resto da tarde passou irritantemente devagar... Mas finalmente acabou e ele foi embora, e graças a Kami-sama amanhã ele não vem! Haa, aquele preguiçoso vai ver só... Vou passar o domingo inteiro praticando e até a noite inteira se for preciso! Segunda-feira meu Bolero vai estar perfeito!

– Vou te mostrar o verdadeiro significado da palavra “problemática”, seu, seu... PREGUIÇOSO! – gritei.

Sinto cheiro de vitória. Me aguarde... Shikamaru.

♦♦♦

Os dias passam rápido demais, já é segunda feira e meu tempo diminui a cada segundo... Passei o domingo inteiro treinando Bolero de Mozart, pelo menos isso já é alguma coisa.

Suspirei, estou tão cansada... Acabei de sair do conservatório e estou subindo as escadas para chegar ao meu apartamento, mas encontro uma surpresa.

– O que está fazendo aqui? Não é nem uma hora da tarde ainda – Shikamaru estava encostado na porta do meu apartamento com aquela posição indiferente de sempre.

– Você vai me agradecer depois que ver a próxima peça que teremos que estudar... – Nande? Ferrou. Abri a porta.

– Entra logo, você está destraindo minhas vizinhas - Ele riu, e entrou, pude ouvir as vizinhas suspirarem, bando de bakas – Então, está preparado para meu Bolero? – falei super confiante em minha pose nice gay.

– Esquece isso! Já chega de Bolero, temos que começar a próxima peça o quanto antes! – NANDE? Então eu pratiquei todo esse tempo pra nada? É, eu vou me suicidar... – Acorda problemática, vamos começar.

– Hai, hai – falei desanimada e me sentei no piano.

– A peça é sonata para dois pianos de Mozart, em D maior – qual é? O Yuruka-sensei é viciado em Mozart ou o que? - Nós vamos trabalhar primeiro sua parte – ele colocou a partitura na minha frente – e depois tocaremos juntos.

– H-hai! – Falei disposta dessa vez, não posso enrolar mais, eu vou passar nesse exame custe o que custar!

Shikamaru pov’s on.

Passamos a tarde toda tentando, já eram quase 17h30min e ela sempre errava... Eu já estava ficando cansado cara.

– Pare problemática, você errou de novo! – Ela não me questionava mais quando eu a corrigia, acho que ela está muito empenhada e só por isso eu ainda não desisti - Olha eu vou tocar uma vez, preste atenção ta? – Ela balançou a cabeça afirmativamente.

Comecei a tocar, fazia tempo desde que toquei piano pela última vez, mas mesmo assim não era difícil para mim, toquei a musica facilmente, errando apenas uma ou duas notas, mas é claro que ficou meio incompleto, afinal, é a sonata para DOIS pianos. Olhei para a Temari, seus olhos brilhavam.

– É tão injusto... – Ela sussurrou.

– hm? – eu realmente não entendi o que ela quis dizer.

– Você! É tão injusto! Droga, porque você é tão bom? Você tocou a música tão facilmente, enquanto eu não consigo tocar nem o começo, a musica fica incrível com você! Eu não consigo... Nunca serei tão boa quanto você! – nande? Dá onde ela tirou tudo isso, eu podia ver em seus olhos que ela realmente achava isso... Problemático!

– Temari! Porque escolheu música? Entre tantas coisas? Por quê?

– hm? – ela ficou surpresa – Eu... er...

– Se você não sabe nem isso, então não perderei tempo tentando te ajudar... – Sim, eu fui frio. E ela parecia chocada, mas foi preciso!

M e virei e caminhei até a porta, mas antes de sair ela começou a tocar... Tocar Bolero! Me virei e parei.

– Sinceramente, eu não gosto do silêncio... – hm? Do que ela está falando? – Quero dizer, eu até o aceitaria se fosse real, mas não é, afinal, o silêncio nunca é absoluto!

Eu estava de boca aberta, quando ela aprendeu a tocar tão bem?

– É como um quarto escuro, você não pode ver nada, mas sabe que há coisas costumeiras lá, assim é o silêncio para mim, as luzes se apagam e todos vão dormir, as vozez se calam e a musica para...

...Nenhum erro até agora! ...

– Então ai está o silêncio, um silêncio tão profundo que posso até ouvir meus pensamentos? – ela sorriu – Não! Os pensamentos fogem, pois na verdade nenhum silêncio é absoluto, seja pelo tic-tac de um relógio, um estralo, ou até mesmo o som de meu respirar a romper o silêncio.

... A musica ficava cada vez mais intensa...

– É como um simples vazio, de vez em quando um ruído aparece para enchê-lo, porém ruídos são breves e instáveis, e assim o vazio volta a permanecer...

... Droga, acho que fui duro demais com ela, ela deve ter se esforçado e praticado muito, afinal....

– O silêncio não passa de uma ilusão, e sinceramente, eu não gosto de ilusões.

... Ela está tocando de olhos fechados e...

– Por isso a musica me atrai, ela nunca é completamente vazia, em um segundo temos bordas recheadas e um meio vazio, mas ao simples apertar de uma tecla de piano o vazio se enche, criando uma nova harmonia, e é isso que me encanta na musica, a simplicidade da mudança, por isso a escolhi! O vazio se torna cheio, o cheio, harmônico, o harmônico vira uma sinfonia, e quando se da por si, crianças dançam ao redor do piano.

... E também está sorrindo, um sorriso lindo...

– E naquele momento você sabe que tudo é possível! E é isso que torna a música...

... O Bolero dela é...

– Incrível!

Incrível!

Essa garota é...

– Incrível. – sussurrei para mim mesmo.

– Você disse “incrível” preguiçoso? – perguntou ela com um sorriso provocador.

– Não! Eu disse incrivelmente problemática! – menti. Ela riu. Suspirei e me sentei ao lado dela ao piano. – Chega de moleza! Nós temos um exame para passar! – sorri e afaguei seus cabelos.

– Arigato... Shikamaru! – Ela sorriu ternamente, é a primeira vez que me chama pelo meu nome, sinceramente, eu não gostei...

– M e chame de preguiçoso, não quero intimidade – Ela riu.

– Preguiçoso, seu baka! – Nós dois rimos e voltamos ao trabalho.

A tarde passou voando, e foi bem diferente de sábado, dessa vez nós rimos bastante e a Temari está melhorando cada vez mais, mas ainda tem muito que treinar, amanhã tocaremos juntos, acho que estou um pouco... Ansioso.

♦♦♦

Terça-feira 15:00 hrs.

Temari pov’s on.

– Pronta? – me perguntou o preguiçoso, ele já estava na posição para começar a tocar.

– Pronta! – Estou mais que pronta, passei a noite toda treinando!

Começamos a tocar...

A sonata para dois pianos – Mozart, essa música é mesmo incrível, o modo como os dois pianos tem que estar em sincronia. Era maravilhoso tocar com o preguiçoso, ele como sempre, tocando perfeitamente, era quase como se nossos pianos estivessem conectados, como se fosse um só, a sintonia era incrível... Acho que nunca gostei tanto de tocar uma peça! Realmente sugoi!

– Conseguimos! – Falei, quando acabamos de tocar.

O preguiçoso sorriu e piscou para mim, eu ri do gesto. Essa tarde também passou voando, tocamos a sonata mais umas três vezes e quando vimos já eram oito horas da noite e nossos estômagos roncavam, então pedimos uma pizza, ele queira de calabresa e eu vegetariana. Mas como estávamos muito cansados para brigar, pegamos uma meio a meio mesmo.

A pizza chegou e o Shikamaru foi atender a porta, me deitei no sofá e fechei os olhos, eu estou morta de cansaço, passei umas 6 horas tocando piano direto e ainda por cima não dormi a noite.

Shikamaru pov’s on.

Peguei a pizza e voltei para a sala, a problemática parecia estar dormindo... Sorri, ela deve ter passado à noite praticando de novo, melhor não acorda-la. A peguei no colo, não era difícil já que ela era menor que eu, comecei a caminhar rumo ao quarto.

Temari pov’s on.

Senti o Shikamaru me pegar no colo e me levar ao quarto... Eu sei que devia pará-lo, mas estava tão bom ser carregada por ele.

Shikamaru pov’s on.

Deitei-a na cama delicadamente me sentei ao lado. Sorri, ela parecia tão indefesa dormindo. Olhei para ela.

– Passou a noite inteira treinando de novo não foi? – soltei um sorriso de canto de lábio – Baka. – Suspirei - Aquilo que você falou ontem, de não conseguir tocar igual a mim, foi uma completa idiotice! Meu pai é um maestro, e minha mãe uma pianista famosa, eu toco desde pequeno; aos 5 anos já era obrigado a tocar Four Elise sem um único erro, por isso sou assim... Se você se esforçar, pode ser melhor que eu sua problemática – sorri e acariciei seus cabelos – Então, nunca mais fale essas idiotices! – Eu sei que posso estar parecendo um baka, afinal, ela não está ouvindo nada, mas eu nunca ia ter coragem de falar se ela estivesse acordada mesmo, então, essa foi uma ótima oportunidade...

Olhei para ela, ela abriu os olhos vagarosamente e sorriu.

– Você estava acordada? - Agora sim eu sou o baka do ano!

– Hai... – ela disse sorrindo.

Ela deitada daquele jeito, com aquele sorriso, era quase irresistível... Perai, o que eu to falando? É a problemática!

– Perai! Então porque fez eu te carregar? - Sacanagem, poxa!

– Ninguém me carrega desde que eu era criança, então aproveitei a oportunidade – Ela me tira do sério. Baka.

Me levantei e virei de costas para ela.

– Suba. – falei.

– Nande?

– Você não gosta de ser carregada? Então, suba! – Os olhos dela brilharam.

E não é que ela subiu mesmo?

– Há, eu esqueci de dizer... – a olhei com meu olhar diabólico. – Eu não me responsabilizo se você cair ou bater a cabeça!

– Pensando bem, eu vou andando mesmo, obrigada! ^^

– Agora é tarde! – comecei a correr até a sala.

Ela segurou meu pescoço tão forte que já estava me sufocando, parei de correr.

– Te-mari v-você ta m-me sufoc-ando! – falei esganiçado.

– Foi mal! - ela me soltou.

Ela pegou a pizza e voltou para o quarto.

– Vem preguiçoso! Aqui tem TV. – ela gritou de lá.

Fui até lá, a TV estava ligada e ela sentada na cama comendo, me sentei e peguei um pedaço de pizza.

Temari pov’s on.

Nós comemos e ficamos vendo o filme, era o filme “o som do coração”, muito bom. Olhei para o lado, o preguiçoso tinha dormido, Sorri, acho que eu não sou a única cansada, algum tempo depois adormeci também.

♦♦♦

Acorde em uma manhã linda e a primeira coisa que eu vejo é... NANI? O que o preguiçoso está fazendo na minha cama? Aos poucos o choque passou e a memória voltou... Então foi só isso, ufa!

M e levantei e tomei um banho, sai do banheiro de roupão mesmo, o preguiçoso tinha acabado de levantar.

Shikamaru pov’s on.

Ela saiu do banheiro de roupão e com o cabelo solto. Ficou linda de cabelo solto.

– Você devia usar o cabelo assim, fica linda. – ela corou e eu sorri – Arigato por “emprestar” sua cama – ela riu – mas agora tenho que ir.

– Hai.

Ela me acompanhou até a porta, e me disse tchau, eu sai enquanto ela tentava explicar para as vizinhas o porquê de eu ter saído hoje de manhã com a mesma roupa que eu entrei ontem, sem falar que ela está só de roupão pra piorar a situação...

– Até amanhã problemática. – eu disse e sai andando, mas ainda pude ouvir a gritaria das vizinhas, falando coisas como ”kawai” ou “moe” ao saber que eu voltaria amanhã, boa sorte para explicar problemática!

♦♦♦

– Hoje vamos tocar Bartók – Eu tinha acabado de chegar à casa dela.

– Eu gosto de Bartók, finalmente nada de Mozart! – Ela sorriu – Qual peça é?

– A sonata para violino, mas você vai fazer o acompanhamento de piano.

– Há, eu já toquei essa, já fiz acompanhamento para meu irmão uma vez! – disse empolgada - Acho que lembro a maior parte...

Ela se sentou no piano e começou a tocar. A melodia estava boa, e os erros foram muito poucos, essa não vai ser difícil, nós continuamos a treinar uma boa parte da tarde...

– Chega! Eu estou morta!

– Tem certeza? Você ainda cometeu uns erros. – falei.

– Por favor preguiçoso, só cindo minutos! - ela fez cara de cachorro pidão, droga...

– Cinco minutos. – cedi.

– Arigato! - ela gritou.

A problemática pulou de empolgação, tropeçou e na hora de cair me segurou e acabou me levando junto! Muito obrigado Temari.

Nós dois caímos no sofá, eu cai por cima dela... Nossos rostos estavam tão próximos que eu podia sentir sua respiração. Ela estava corada, era tão estranho vê-la assim, quero dizer, ela é sempre tão forte, reservada e problemática, mas agora parecia vulnerável e indefesa, como se a muralha que ela constrói ao seu redor tivesse se partido em milhares de pedaços quando caímos...

A problemática estava ali, corada e indefesa, e linda... Eu não consegui resistir, me aproximei e a beijei, um beijo calmo e terno, mas ao mesmo tempo intenso...

– Shikamaru! Eu te mato! – Ouvi uma voz masculina gritar do fundo da sala, agora eu estou ferrado.

Me levantei e olhei para trás, Gara estava parado em frente a porta e suas malas jogadas no chão, ele parecia queimar de raiva.

Ele veio até mim, me pegou pela camisa e me arrastou até o quarto antes mesmo que a Temari pudesse falar algo. Ele trancou a porta, droga!

Gara pov’s on.

Joguei o babaca no chão, foi para esse tipo de situação que fiz musculação. FUCK YEAH!

– Shikamaru seu... Seu pervertido! O que acha que está fazendo com minha irmãzinha?

– Gara eu...

– Pensou que só porque eu não estava em casa você podia acabar com a inocência, a pureza e a divindade dela?

– Cara, ela já tem 19, não deve ser tão inocente assim...

– Cala a boca! Você não tem como saber! –cruzei os braços e olhei para o outro lado - Ah não ser que... – voltei o olhar fuzilante para ele - Shikamaru, EU TE MATO!

– Não! Eu juro que não fiz nada demais Gara! – era até engraçado ver o desespero dele tentando se explicar... Não! Foco Gara! Você está bravo! Muito, MUITO BRAVO! – Foi tudo uma confusão...

– Sério? Qual parte? A que você saiu daqui de manhã com a mesma roupa que entrou no dia anterios? Ou a parte que ela se despediu de você só de roupão? Ou então aquela outra parte em que eu entrei aqui e peguei você em cima da minha irmã?– Eu estava quase pulando no pescoço do idiota! E sim! As notícias voam por aqui.

Mas fala sério, como ele pode fazer isso? Meu melhor amigo, fazendo esse tipo de coisas impróprias com minha irmãzinha, minha irmãzinha cara, ela é a pessoa mais pura do universo! Não! É demais para o meu pobre e velho coração aguentar!

– Já chega Gara! – Kankuro entrou no quarto - Deixe o garoto se explicar, e mesmo se for o que está pensando, a Temari já é bem grandinha...

– NANI? Como pode falar isso? Ela não é grandinha coisa nenhuma! É o meu bebê - meus olhos brilhavam – Como pode estar tão calmo Kankuro?– falei derramando um mar de lágrimas.

– Chaga Gara! Não aguento mais esse seu drama de pai amoroso! - Falou Kankuro.

– Olha, será que dá pra me deixar falar? - Shikamaru perdeu a paciência. Baka.

– Ora, seu... – tentei ataca-lo, mais o Kankuro me segurou e tampou minha boca.

– Pode falar Shikamaru - Espero que morda a língua e engasgue com seu veneno seu pedófilo! Ta, eu sei que ele é só um ou dois anos mais velho, mas mesmo assim, é minha irmãzinha cara.

– Olha Gara, tudo isso é uma confusão ta legal? – ele suspirou – Eu virei pupilo do Yuruka e ele me pediu pra ajudar ela a estudar pra um exame, ou ela repetia, é por isso que eu estou aqui todo dia... – NANI? Ele está aqui todo dia? Sei muito bem que tipo de matéria anda ensinando seu pupilozinho de uma figa.

– Aquela história de eu ter saído de manhã com a mesma roupa que eu entrei ontem – Perai, isso foi ontem? – foi uma coincidência ta? Nós ficamos tocando piano até tarde, então pedimos uma pizza e eu acabei dormindo... Quando acordei já era de manhã e a Temari tinha acabado de tomar banho, por isso o roupão... – Graças a Kami-sama ele não deixou meu bebê impuro! Arigato Kami-sama!

– E o que você viu hoje foi um acidente, nós dois caímos, por isso eu estava... Você sabe... Em cima dela. – ele disse meio envergonhado.

Mordi a mão de Kankuro e consegui minha liberdade! Independência ou morte meu caro irmão!

– E o que me diz sobre o beijo? – Ele suspirou a abriu a boca pra falar, mas Kankuro atrapalhou.

– Cara você mordeu a minha mão! Que nojo!

– O sentimento é mutuo meu caro irmão...

– Fala sério o que você tem na cabeça? - Kankuro insistiu...

– Kankuro fica quieto! Eu finalmente estou disposto a deixar o Shikamaru se expl... – NANDE? Olhei onde ele devia estar, mais ele não estava.

– Shikamaru! – Peguei ele tentando sair de fininho. SAFADO!

– Ta legal, eu falo - ele se rendeu – Nem eu sei por que fiz aquilo ta legal? Eu só não consigo resistir a ela ok? Tem alguma coisa nela... – ele suspirou.

– Que coisa cara? – O incentivei a falar.

– Pode parece loucura, mas eu acho ela parecida com uma manhã de natal... – nande? Ele sorria e eu podia ver o brilho em seus olhos enquanto falava dela – Uma manhã de natal onde um garotinho acorda e pensa “será que tem presentes?” Entende? Toda aquela duvida e esperança juntas... Então ele veste o roupão porque acredita que vai estar frio por causa da neve, mas a ansiedade é tanta que ele desce descalço, porém quando chega lá em baixo não há presentes na árvore, muito menos neve... Então o garoto debruça na janela triste e fecha os olhos, até que sente algo molhado em seu rosto... O garoto abre os olhos e vê os primeiros flocos de neve caindo e ao mesmo tempo vê seu pai descarregando os presentes do porta-malas do carro e em um segundo tudo vira festa e aquela se torna... – sua empolgação era enorme até aqui, e então e prosseguiu falando calmamente - a mais incrível e linda manhã de natal... – Ele abaixou a cabeça – Eu sei que é totalmente confuso, mas, ela é confusa, é a problemática. – O sorriso bobo nos seus lábios me surpreendeu.

Eu sei que isso pode ser a coisa mais confusa que eu já ouvi, mas... Faz todo o sentido, sorri. Afinal, só uma história confusa como essa poderia descrever alguém confusa como a Temari. Agora eu entendo...

– Shikamaru, Você a ama? – Perguntei sério.

– NANI? Não! E-eu, não exagera Gara, n-nós nos conhecemos agora, eu não posso amá-la... Posso? NÃO! Definitivamente não.

É, ele a ama, tsc. tsc. Pobrezinho, é patético tentar esconder os seus sentimentos de si próprio assim, se tem algo que poderia descrevê-lo agora é “Pathétic”, como diz o nome da musica de Beethoven sorri.

– Se é esse seu sentimento, não posso fazer nada a não ser que cuide bem dela... – Sorri.

– Valeu cara. – disse ele sorrindo meio sem jeito, parece que ganhei um irmão.

Shikamaru saiu do quarto...

– Sabe Kankuro eu sabia que isso ia acontecer um dia, mas fico feliz que tenha sido o Shikamaru. – Passei meu braço pelos ombros de Kankuro.

– Qual é seu problema? Você tentou mata-lo agora mesmo! - ele me olhava como se não acreditasse.

– Águas passadas meu caro irmão!

– Para de falar “meu caro irmão” e me larga!– Ele saiu correndo e eu fui atrás dele.

– Porque meu caro irmão? Você não gosta, meu caro irmão? – Falei com uma voz grossa e irônica.

– Seu esquisito me deixa em paz, sai de perto de mim seu psicopata! – Ele continuava correndo de mim...

– Pare meu caro irmão! Vamos dialogar, meu caro irmão! O diálogo é a base de todo relacionamento, meu caro irmão!

Cara, eu amo irritar o... Meu caro irmão!

♦♦♦

Sexta-feira, dia do exame.

Shikamaru pov’s on.

A problemática já estava posicionada para tocar, na sala estávamos eu, ela, o Yuruka-sensei, a diretora e um outro cara. Espero que ela não tenha dificuldades com Bartók, nós estudamos muito pouco essa, afinal ontem Gara fez aquela “reunião”.

Flash Back on.

Entrei no apartamento da problemática e ouvi uma música vindo da sala, quando cheguei até lá pude ver Temari no piano e Gara no violino, eles estavam tocando a sonata para violinos – Bartók... Só então percebi que várias pessoas assistiam, entre elas, Sasuke, Naruto e Neji, eles são amigos meus e do Gara, a Ino também estava lá. Ela e o Gara namoravam há algum tempo, também encontrei a Tenten que tem um rolo com o Neji, Hinata que namora Naruto há uns dois anos – tenho pena dela, sério, tem que ter muita paciência pra aguentar o Naruto – também tinha uma outra garota de cabelo rosa, que eu nunca tinha visto antes, mas pelo jeito que o Sasuke está olhando pra ela... Bem, melhor manter distância.

A música acabou. Os dois são ótimos juntos, foi impressionante o jeito que Temari soube parar na entrada do violino.

– Shikamaru! – Disse o Gara sorrindo e vindo em minha direção, droga, ele me viu. Devo correr ou só acenar?

– E ai cara? Olha a Temari não vai poder estudar hoje, porque o pessoal veio pra cá, mas aproveita e fica na festa, afinal, seus amigos estão com saudades! – Ele passou o braço por meus ombros e sorria freneticamente. Como sempre suspeitei o Gara é bipolar. Certeza.

O resto da festa foi meio estranho, toda vez que eu me aproximava da problemática ela corava e arranjava algo pra fazer, acho que estava me evitando, o que me chateou um pouco, mas pelo menos eu pude reencontrar o pessoal.

– Gara, o que sua “irmãzinha” tem? – perguntei curioso.

– Sei lá cara, ela ficou assim depois que te viu – ah, muito obrigado pelas palavras animadoras Gara – Vai ver, ela está sem jeito depois que você beijou ela.

Então é isso, como eu sou burro! É tão obvio, droga! Se é pra deixar ela assim, prefiro ir embora. Me virei e sai.

Flash Back off.

Temari pov’s on.

Comecei a tocar, Bolero – Mozart foi fácil, agora vou tocar a sonata para dois pianos – Mozart com o preguiçoso. Começamos, mais uma vez foi incrível e inesquecível, e sobretudo mais intenso ainda que na vez anterior, como se aquele fosse um momento nosso, como se fosse o NOSSO som, e de mais ninguém. Os professores sorriam ao ouvir a música, mais uma vez, ela foi perfeita.

Agora é a vez para a sonata para violino de Bartók, sei que vou acertar, toquei-a ontem mesmo com Gara. Comecei, primeiramente fui tocando suave e perfeitamente, agora era a hora que eu paro para a entrada do viol... Droga! Parei de tocar.

E- eu não sei, não sei essa parte no piano, só a toquei com acompanhamento de violino, o que eu faço?

– D – desculpa, eu não sei. – O silêncio reinou por alguns segundos até o Yuruka – sensei levantar.

– Temari você... Não passou – Nani? Eu não acredito, tanto esforço para nada? – Sinto muito, mas não pode passar só com duas músicas, mesmo elas tendo sido perfeitas... – ele disse desapontado.

– M-mas Yuruka – sensei...

– Sinto muito. – ele disse se preparando para sair.

– Esperem! – Gritou o Gara entrando na sala – Minha irmã é brilhante ta legal? Ela só precisa de um acompanhamento.

Gara pegou um violino, e posicionou-o, piscou para mim.

– Vai dar tudo certo mana! – Ele sussurrou. Eu sorri e comecei a tocar.

Shikamaru pov’s on.

Eles tocaram em plena harmonia, sem nem ao menos um erro. Os professores ficaram tão impressionados que assistiram de pé, e eu pude ouvir comentários como:

– O Gara não tinha passado em 1º lugar em um concurso internacional e ido estudar na Espanha? - perguntou a diretora – O que ele faz aqui?

– Amor fraternal... Só isso. – Disse Yuruka sorrindo.

A música acabou e todos estavam de boca aberta.

– Temari, venha conosco, por favor.

A problemática entrou em uma sala com os três adultos, enquanto eu e Gara esperávamos ansiosos do lado de fora.

– Mas que droga, porque estão demorando tanto? – Perguntei impaciente.

– Cara, eles só entraram lá faz 3 minutos – falou o Gara – Eu vou pegar um café.

Ele saiu, alguns segundos depois a Temari sai da sala, seus olhos brilhavam...

– Eu vou estrear preguiçoso... Estrear! – Ela gritou com um sorriso encantador nos lábios.

A problemática correu e pulou em mim, eu a segurei em um abraço, ela estava linda feliz desse jeito... Ela sorriu e me beijou, não consegui me conter e a abracei mais forte, girando-a no ar, e beijando-a docemente.

– Shikamaru! Eu te mato! – Pude ouvir a voz de Gara, porque isso sempre acontece comigo?

A Temari me soltou e correu até o Gara o abraçando, o que fez a raiva dele desaparecer. Arigato Kami – sama!

– Eu vou estrear onee – chan, estrear! Essa segunda!

– Preguiçoso, você vai tocar a sonata para dois pianos comigo não vai? – ela me olhou com aqueles olhos brilhantes e cara de cachorro pidão, droga.

– Claro problemática! – sorri.

– Arigato! – ela disse empolgada e me beijou de novo, isso é tão bom cara, poder abraçá-la, beija-la, sentir seu cheiro – Agora eu tenho que ir e contar para todos!

Novamente ficamos eu e Gara.

– Então... Vai contar pra ela? – ele disse sério.

– Como você sabe? – Que droga, como ele descobriu?

– Sou um homem informado meu caro amigo... – suspirei.

– Eu não posso Gara... Não depois disso. – Falei desanimado.

– Entendo... Ela vai te matar sabe?

– Eu sei.

– De qualquer jeito, eu vou te substituir, te vejo no aeroporto.

Ele me deu as costas e saiu... É, eu estou muito ferrado.

♦♦♦

Dia da estréia.

Temari pov’s on.

Finalmente chegou o dia, acho que vou explodir, principalmente porque o preguiçoso não chega, baka.

Aposto que está dormindo m casa. Suspirei, as coisas mudaram muito ultimamente, nós estão meio que “juntos”. Corei ao pensar.

Agora me encontro sentada em um quarto me arrumando, e esperando o horário para a estréia. Quando o preguiçoso sentar, vai ser tudo perfeito, eu vou ter que tocar as músicas que treinamos durante aquela semana... Ouvi o barulho da porta se abrindo, finalmente ele cheg...

– Ah, é só você Gara... – falei meio desapontada.

– Ele não vem Temari.

– N – nande?

– Ele está indo pra Berlin hoje, ele ganhou uma bolsa lá. – Eu não acredito que escutei isso, droga, não, não pode ser verdade.

Me senti enjoada.

– Porque ele não me contou? – perguntei trêmula.

– Temari, tente entender... – Gara suspirou – Ele só achou...

– Achou o que? – o interrompi gritando – Achou que eu sou tão estúpida que não sou capaz de entender que essa oportunidade é única?

– Claro que não! Ele só não teve coragem Tema, disse que não ia suportar te ver triste. – Gara se aproximou e afagou o topo de minha cabeça.

Tirei sua mão de meus cabelos abruptamente e me levantei.

– Eu só... Só queria que ele tivesse me contado... – eu estava quase chorando, mas estava de costas para meu irmão, de forma que ele não pode ver meu estado. Maldito seja, Shikamaru.

Gara se aproximou e colocou a mão no meu ombro.

– Ele me pediu para te entregar isso... – Era uma folha de caderno dobrada ao meio e meio amassada – Boa sorte mana. – ele me entregou, beijou minha testa e saiu.

Abri a folha, minhas mãos estavam trêmulas. Comecei a ler:

“Hey problemática, eu sei que você deve estar querendo me matar, mas eu tenho que tentar... Olha, me desculpa, ta? Eu sei que devia ter te contado, eu sei que entenderia mas... Eu não ia aguentar ver seu rosto triste, então por favor, não me odeie, porque eu te amo Temari, eu te amo. Mas eu sou fraco, não tive coragem de fazer o que era justo e te contar a verdade, mas é que, você estava tão animada com a estréia que seus olhos brilhavam ao falar dela, e sinceramente, eu prefiro me matar a tirar esse brilho de você... Então por favor, me perdoe. Espero que tenha uma ótima estréia. Sinto muito. Eu te amo. “

Quando acabei de ler eu estava tremendo, nem uma sequer palavra saia de minha boca, senti o fino líquido quente escorrer por meu rosto e cair na folha de caderno borrando sua caligrafia horrível.

– Shikamaru seu... Baka. – Sussurrei. Sorri, eu não posso odiá-lo, nunca poderei.

O amo demais para consegui-lo. Apertei a carta junto ao peito.

– Tema-chan, você está pronta? – Gara entrou na sala.

Coloquei a carta amassada, e um pouco molhada em minha bolsa. Enxuguei a única lágrima que se atreveu a escorrer, me levantei e sorri.

– Hai!

Comecei a apresentação. Muitas pessoas assistiam, posso dizer até centenas... Toquei bolero perfeitamente, cada tecla apertada me fazia lembrar daquele baka, sorri, eu gosto disso...

A segunda música foi a sonata para violino e eu a toquei com Gara, foi ótimo, acho que me fez lembrar um pouco minha infância.

Agora era a hora da sonata para dois pianos de Mozart, acho que Gara iria tocá-la comigo, mas não quis saber, apenas fechei meus olhos e comecei a tocar, não preciso ver como tocar essa, só sentir... Foi incrível, exatamente como na primeira vez, como se nossos pianos estivessem naturalmente conectados, eu sorria ao tocar, não podia deixar de fazê-lo, pois sentia imensa satisfação. A música me envolvia, e eu viajava por um mar de lembranças enquanto tocava. Desde minha infância, até... Até Shikamaru. A música acabou, me levantei e fui a frente do palco, as pessoas aplaudiram de pé.

Senti alguém segurar minha mão, olhei para o lado e... Nande? C-como ele está aqui? O olhei desconcertada. Ele sorriu.

– É feio sair sem agradecer problemática. – ele piscou, e soltou aquele sorriso provocador idiota. E eu amei. Sorri como nunca havia feito antes.

Nós nos curvamos em sinal de agradecimento e ele me puxou para a sala em que eu me encontrava antes da apresentação, quando li o bilhete.

O preguiçoso me envolveu em um abraço e me beijou calorosamente até que a necessidade de oxigênio nos separou.

– O que você está fazendo aqui seu baka? – perguntei sorrindo.

Shikamaru pov’s on.

– É uma longa história. – ela sorriu e me abraçou.

Era incrível ver como aquele sorriso me reconfortava. E aquele abraço... Ah, eu não tenho palavras para explicar, é só que, tudo isso, é tão bom, eu nunca tive algo assim.

Flash Back on.

– Vai mesmo fazer isso? – Perguntou Gara no aeroporto.

– Eu tenho – falei desanimado – Entregue isso para ela ta? – entreguei-lhe uma filha de caderno dobrada.

– Hai. Se cuida cara.

– Você também. – tentei sorrir, mas não pude. Apenas o observei ir embora.

Droga, eu odeio ter que fazer isso, mas não tenho escolha, é uma ótima bolsa e eu não posso rejeitá-la por que... Por que... Perai, porque não posso recusar? Não achei nenhum motivo.

Sai correndo, e peguei o 1º táxi que vi pela frente. Droga, eu preciso chegar a tempo! Finalmente cheguei, mas eu estava de calça jeans camiseta, não podia me apresentar assim. Foi quando vi Gara passando.

– Gara! – gritei. Ele quase se engasgou com a bebida que tomava.

– Shikamaru? O que você ta fazendo aqui?

– Isso não importa. Me arranja um terno!

– Mas como eu vou arranj... – ele parou de falar e abriu um sorriso malicioso. Segui seu olhar e encontrei Kankuro com um terno em perfeito estado.

– Meu caro irmão. – Gara cantarolou com uma voz macabra.

Fomos pra cima dele com um olhar diabólico e o empurramos dentro de um armário de despejo. As roupas dele ficaram um pouco largas, mas serviram.

Flash Back off.

– Você é tão... – Legal? Meigo? Fofo? Atraente? Sexy? – Baka! – NANI?

– Nande? – falei.

– Você perdeu uma oportunidade única! – ela mantinha aquele sorriso inocente no rosto.

Cara, eu a amo.

– Ta tudo bem. – sorri, brincando com uma mexa de seus cabelos loiros – Haverá outras bolsas. E eu não podia correr o risco de fazê-la me odiar.

– Odiar? – ela perguntou com uma expressão zangada - Você é mesmo baka. Eu não poderia te odiar, eu te amo idiota. – ele nunca havia me falado isso antes.

– O que? – perguntei sério, mas com um sorrido bobo nos lábios.

– É isso... – a expressão zangada se transformou em um sorriso meigo, ela corou – Eu te amo.

Não resisti e a beijei, intensa e calorosamente. Mas ao mesmo tempo, de forma suave e delicada.

– Problemática... – sussurrei, ainda de olhos fechados.

Ela sorriu de canto e me beijou novamente.

Então é isso, estamos oficialmente juntos. Nós três – Sim, três. Porque para minha extrema felicidade Gara não me deixou ficar sozinho com ela – saímos e fomos comemorar.

– Porque eu estou com a sensação de que esqueci de alguma coisa? – perguntou Gara sério, quando já estávamos no restaurante.

Shikamaru pov’s off.

♦♦♦

Trancado em um armário em algum lugar...

Kankuro pov’s on.

– Gara? Shikamaru? Alguém? – eu gritava mais era inútil. – Gara seu... BAKAAAAAAAAAAAA!


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