The King Of Pain escrita por AHB


Capítulo 1
The King of His Own Pain




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Draco Malfoy.

Acende um cigarro. A garoa fininha não impede que a chama pegue naquele monte de veneno. Ele sopra a fumaça prateada pra cima. Fica estranho, uma coisa mística, misturada daquele jeito com a luz magenta do poste e o sereno. Ele vaga por uma ruela qualquer. Ele é um qualquer vagando pelas docas do Tâmisa. Não era o lugar dele. Mas pouco importa – é o que ele pensa e suspira – agora que não é mais ninguém. Seu nome fora nobre um dia, mas agora era vergonha e decadência. Ainda conseguiam manter um padrão de vida alto, graças ao que sobrara no cofre depois das indenizações e dividas. Graças a uma bela mansão que não demorou a ser vendida – para sangues-ruins! Ó vergonha!

E ele agora era um rapaz em idade de trabalhar, mas quem em sã consciência contrataria um deles? Ah, não... Ele estava eternamente marcado. Um verme, vestido com elegância, mas um verme.

- Droga de vida! – Malfoy resmunga, tacando num bueiro a bituca do cigarro.

Está chovendo e ele não tem pra onde ir. Não queria ver o retrato de seu falecido pai olhando-o como se fizesse tudo errado. Não queria ver sua mãe assistindo novelas trouxas e tragando a dignidade junto com o que restara da adega. Odiava muito aquele belo apartamento. Uma casa de trouxas! – Vergonha, desgraça.

Odiava tudo e não tinha para onde ir...

- Ei, Sr. Malfoy! – Droga! Eles o haviam encontrado!


oOo


- Então é verdade, Malfoy?

- Cale-se, Longbottom.

O rapaz mais alto apenas riu. Tinha um certo triunfo naquela risadinha estúpida.

- É assim que vai me agradecer por ter te deixado entrar? Ok, volte lá pra fora e encare seu amigos credores.

- Eu já disse, muito obrigada por ter-me ajudado.

- Ah, agora estamos nos entendendo! – Neville Longbottom. Costumava ser o debilóide da escola. Mas agora era professor, tinha uma casinha no subúrbio e um senso de humor detestável. Draco puxou o maço de cigarros e o outro acenou que poderia fumar ali, não sem antes entregar-lhe um enorme cinzeiro em forma de concha.

- Belo cinzeiro.

- Presente de uma amiga. Não sei se conheceu Luna Lovegood?

- Não – Malfoy deu de ombros, fazendo pouco caso. Nem queria imaginar o tipo de gente que fazia amizade com Longbottom.

- Que coincidência enorme você aparecer justo na minha porta, Malfoy! Mas você não me respondeu...

- Não quero falar sobre isso. – Era só o que faltava, agora o Neville estava tentando fazer um inquérito sobre sua vida pessoal.

Neville abanou a cabeça novamente, rindo. Disse que iria confiar em Draco, mas que mesmo assim estaria de olho, então era pra ele se contentar com o sofá e ir embora logo que amanhecesse. A luz escapando do vão do quarto do rapaz logo se apagou e Malfoy soube estar sozinho numa sala desconhecida. Sentiu-se meio incomodado com aquelas plantas estranhas perto da saída pra varanda, mas logo o único incomodo eram os próprios pensamentos. Acendeu um novo cigarro. Dane-se que iria empestear a sala de Longbottom. Por que raios ele tinha sido legal com um antigo inimigo? O que ele ganhava com isso? – Nem a chance de ver Draco afundado na própria desgraça parecia um motivo suficiente. Boas ações não fazem sentido. Não eram todos egoístas por natureza?

Absorto em pensamentos, lá se foi todo o maço. Draco resmungou um palavrão quando percebeu que junto com a madrugada, ia embora seu último cigarro. Teve um acesso de tosse, mas isso não era importante. Nada era importante.

Só o motivo de ser das coisas. Achou melhor usar a rede de Flú para ir embora antes que Longbottom despertasse. A cara gorda do outro realmente o irritava. Nada de agradecimentos, só umas cinzas e o cobertor perfeitamente dobrado.


oOo


Ele beija a testa da mãe adormecida na poltrona. Tira da mão dela a garrafa. Desliga a televisão estalando os dedos. Ele tem olheiras, ele acha tudo um saco. Um brasão na parede lembra a nobreza que fluí em seu sangue. Só que é um brasão enferrujado. Ele ri disso, e ri de outras coisas mais. Entende o senso de humor do antigo colega. Se joga na própria cama e pensa em um fim – ainda tinha o que fazer, tinha o nome ainda, afinal. E sabia que podia inspirar certo respeito. Nem que fosse por pena. Gargalhou dessa vez. Droga, precisava de mais cigarros.

Nunca era nada do que queria ser.

Seria tudo o que podia ser. Olhe que bela figura se formava no espelho – Que tragédia não aprender uma lição! A boa vontade de Longbottom somente atiçara um velho extinto maligno e orgulhoso.

Mas a verdade é que tudo era ridículo e ele só conseguia ver-se como Rei da própria dor.

FIM


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