Jogos Vorazes - Pesadelo E Sedução escrita por Kevin


Capítulo 29
Capitulo 29 – Resgate, A honra




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Capitulo 29 – Resgate, A honra

Amber havia feito uma promessa a Lirian e John. Para ela não havia escolha a não ser cumprir a promessa. John confiava nela. Lirian confiara nela. Onix confiara nela. E por mais que ela pudesse traí-los, como poderia condenar a Carlos se ela fizesse a mesma coisa?

Viver a sua vida toda sabendo que traiu pessoas que confiaram nela da mesma forma que foi traída era algo difícil para ela. Não era de chamar a atenção, apesar de não poder dizer que era uma pessoa tímida.

No entanto, ela tinha consciência do que era o pós jogo. Havia conversado com um vitorioso de seu distrito que fora comprar uma joia com sua família. Uma conversa informal, entre meias palavras, aonde a pessoa transparecia que ela estava cansada de representar.

Representar. Cada papel construído para ser representado nos jogos deveria ser mantido pelo vitorioso. Não havia possibilidade de abandoná-lo. Se ela quisesse ser ela mesma, ela não podia fazer nada que manchasse sua imagem. Se traísse aos companheiros que lhe estenderam a mão naquele momento, seria para sempre a traidora.

Amber não queria viver tendo sempre que ver as pessoas lembrando-a de que não manteve sua promessa para com os tributos aliados, nem mesmo para com os de seu distrito. Mesmo que muitos o fizessem, ela sempre seria questionada sobre aquilo, por diversas vezes.

Era simplesmente uma questão de honra tentar salvar a John, mesmo que não conseguisse, tinha que tentar. Mesmo que não tivesse a ajuda de ninguém. Felizmente Dalia e Alex haviam compartilhado de sua certeza.

Dalia havia aliançado-se a Carlos pela amizade que construíra com ele durante o treinamento. Sabia que o jovem jamais a deixaria para morrer e sabia que de certa forma, ele estaria muito bem servido aliançado aos carreiristas. Se Carlos havia escolhido Dalia e seus companheiros, em detrimento aos Carreiristas, ela precisava honrar essa escolha.

Alex era o mais duvidoso dos três. Ele viu John firmar uma parceria com Amber, ele viveu torturas físicas e psicológicas e descobriu que Amabile aliançou-se a John participando da tortura psicológica dele. Ele não tinha ninguém para salvar de Croconal, além dele mesmo. Mas, estava na mesma posição de Amber em se perguntar o que viria depois.

O que viria depois, para o jovem Alex Sander, se ele fugisse ou mesmo traísse ao grupo? Poderia ele vencer os sobreviventes do Massacre de Croconal? Ou será que ele daria a sorte de Croconal matar a todos os cinco, sagrando-se o vitorioso daquela edição?

Mas, ele resolvera honrar as palavras que pronunciava sempre. No final, ele gostaria de poder ajudar a Amabile a voltar, mesmo que isso lhe custasse a vida. Já tinha consciência do que aconteceria se ele voltasse vivo sem que tivesse ajudado sua companheira de distrito. Viveria sempre encarando os olhos de Clark. Viveria ajudando os tributos dos anos seguintes a resolver seus dilemas pessoais dentro e fora da arena e certamente, algo que poucos ainda tinham noção, teriam de viver em função da capital.

Talvez, para Alex, o problema não fosse viver em função da Capital de forma direta, mas sabia que Selena havia traçado a forma que eles viveriam. Estaria sempre a realizar favores amorosos para pessoas que sequer tinha ideia que existiam. Pessoas pelas quais não nutria nenhum sentimento. Sem nunca poder realmente estar com quem queria. A solução era ajudar o grupo e deixar o destino decidir quem viveria e se aquele seria o destino dele. Não iria fugir do destino. Mas, não iria desistir de sua vida. A melhor coisa era aproveitar a ajuda para destruir Croconal.

A corrida na direção que Alex indicava já durava uns cinco minutos. Elas ainda não tinham ideia de qual era o plano de Alex, no entanto, não duvidavam das intenções do rapaz.

– Dalia, quanto tempo até a ilha da Cornucópia? - Perguntou Alex já esbaforido. Ele ainda tinha dores das torturas sofridas na mão de John.

– Cornucópia? - Dalia saltou para uma arvore, mantendo a corrida na direção que Alex mostrava. - Dez minutos. - A menina voltou para o solo seguindo-o. - O que pretende conseguir lá? -

Alex fez apenas um gesto dizendo para não perguntar naquele momento. Dalia olhou Amber que concordou em não perguntar. Era nítido que se ele dissesse o plano, talvez os organizadores pudessem interferir.

Os demais minutos demoraram a passar, mas realmente haviam chegado ao local no tempo informado por Dalia. Estavam os três cansados e exaustos.

– Amber, descanse. Você vai ter que correr mais rápido para voltarmos em menos tempo. - Alex esticou a mão. - Me empreste sua faca ou uma de suas adagas. -

Amber parou por alguns instantes olhando para Alex.

– Se preferir mergulhar e retirar a bomba no meu lugar, pode ficar a vontade. - Disse Alex.

Dalia engoliu um seco e olhou para o lago. A palavra bomba a fez lembrar do começo dos jogos. Os 24 tributos parados, esperando pelo sinal. Sem poder se mover em suas plataformas. O menor movimento antes do sinal ser dado e ele poderia voar pelos ares perdendo a vida, antes mesmo de começar os jogos.

Dalia lembrava-se como ela teve medo de perder o equilíbrio enquanto estava sobre a plataforma e como ela temeu ter de saltar para as arvores, escapando de Croconal e do banho de sangue.

– Dalia... Arrume algumas folhas grandes e cipós para enrolar a bomba para que Amber possa correr com ela em segurança. - Dizia Alex com uma faca na mão mergulhando. - E descanse. Talvez você seja necessária para poder entrar naquele muro de arvores que o Croconal criou. -

A ideia estava clara para as meninas. Alex iria retirar uma das bombas que estavam nas plataformas. Mergulhando ele desativaria a bomba e a removeria. Se ele sabia o que estava fazendo era a pergunta que as meninas não faziam. Era evidente que ele não arriscaria mexer na bomba se não soubesse realmente o que faria.

Para Alex a ideia estava clara. Mergulhar e remover alguns fios, desativando completamente as chances de explodir devido a movimentos bruscos. Remover a bomba seria mais difícil, já que ela estaria bem presa. Mas, a faca de Amber era útil para realizar a remoção. O que dificultava seu trabalho era a água turva do local, fazendo-o ter uma visibilidade bem precária. Demoraria 10 minutos para tudo aquilo.

Eram os 10 minutos mais longos de Amber e Dalia que sabiam, a cada minuto que se passava, aqueles que estavam enfrentando Croconal poderiam ser atacados fatalmente. Temiam escutar um tiro de canhão que anuncia-se que um deles havia morrido.

– Espero que Alex realmente saiba o que está fazendo. - Diz Dalia. - Não vou querer ouvir um estrondo e não saber se foi um tiro de canhão ou uma explosão. - Dalia deu um meio sorriso. - Espero que isso não exploda com você no caminho, ou escutaremos dois tiros. -

Aquilo era um desejo de que tudo acontecesse bem, ou era um desejo que a menina explodisse no caminho? Os telespectadores certamente estavam agitados ponderando o teor da fala, no entanto Amber parecia não ter ligado.

Amber parou por alguns instantes com a menção dos tiros, de forma que sequer percebeu a ideia dela explodir pelo caminho. A menção dos tiros fez ela se lembrar das emboscadas. Havia escutado o tiro de canhão de Fênix, de Flora e de Druw. Mas, não havia escuto o tiro de canhão de Lirian. Todos achavam que a menina já estava morta e pensavam apenas em John, Amabile e Carlos enfrentando Croconal, mas a menina deveria estar agonizando ainda.

Por sinal, ela sabia que Lirian deveria estar viva pois antes de começarem todo o plano receberam três coletes de proteção. Verdadeiras armaduras. John agradecera a Fred olhando para o alto naquele momento, enquanto preparava-se para começar a encenação, mas mal ele sabia que na verdade aquela seria a última dadiva deles e fora mandada por Ellen que agora também já estava fugindo.

– Dalia... Depois que Croconal apareceu na emboscada, você escutou quantos tiros de canhão? - Perguntou Amber tentando se lembrar se ela não havia ficado distraída.

– Bom... Lembro de dois. Mas estávamos com tanta pressa para nos afastar de Croconal e daquela parede de chamas... - Dalia deu um sorriso amarelado. - Como ele rugia o tempo todo, não nos demos conta de contar realmente os tiros. -

– Parede de fogo? - Amber piscou algumas vezes.

Amber percebeu logo que Dalia estava confundindo as emboscadas. Enquanto Amber falava da última, Dalia falava da primeira. Amber arregalou os olhos naquele momento, mas foi interrompida por Alex que saia da água.

– Rápido. - Alex colocava a bomba cilíndrica sobre as folhas enrolando-a e a amarrando-a com cipós. - Amber... Vou deixar esse fio aqui solto. - Alex arfava. - Prenda a bomba no Bestante e puxe o fio. O certo era voltar com o fio para o lugar, então a bomba explodiria na mesma hora, mas isso não vai dar tempo de vocês se afastarem. Então mexi em outros dois fios, assim que esse for removido, se tudo correr bem, em cinco segundos a bomba explode. - Alex sentou-se. - Se não explodir deem uma pancada que vai explodir certamente. -

Amber pegou rapidamente a bomba e partiu correndo pela mata.

– Vamos atrás de você assim que ele recuperar o folego. - Gritou Dalia já não podendo mais ver Amber que havia sumido entre as folhagens.

Um tiro de canhão foi escutado.

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Um tiro de canhão foi escutado.

Amber corria como podia, abraçada a bomba e tomando cuidado para não trombar com nada. No entanto, ela parou bruscamente ao escutar um tiro de canhão. Ela olhou para frente e escutou o rugido de Croconal e logo olhou para trás.

Ou Croconal havia feito uma vitima ou Dalia e Alex haviam se enfrentado e apenas um deles havia ficado vivo. No entanto, era apenas um tiro escutado. Se fosse entre Dalia e Alex, era melhor ela continuar a se afastar deles, se fosse com Croconal e os demais, ainda haviam outros a serem salvos, mesmo que esse outros não fossem John e nem Lirian.

– Mas... - Amber voltou a correr. - Imagino que um dos meus amigos carreiristas sobreviveram. Só não sei quem. -

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Amber chegou até o local onde a luta continuava. Olhou em volta e as arvores continuavam no mesmo lugar. Ela teria de escalar para poder entrar. Respirou fundo e deu um passo para frente. Um rugido forte foi escutado e logo ela sentiu seu corpo ser arremessado para trás, com violência, junto com uma grande quantidade de pedaços de madeira.

Amber sentiu a visão embaçada e percebeu que Croconal havia destroçado uma das arvores caídas. Ela então olhou para o lado, achando a bomba a um pouco mais de 10 metros dela.

– Faça alguma coisa Jack! - Gritou Carlos cercado segurando uma espada. - Ele já está cego de um olho! -

Amber não acreditava na cena que via. Amabile estava em cima de Croconal segurando em uma lança que havia sido fincada no olho da criatura. Haviam diversos cipós espalhados pelo local. John estava tentando levantar-se e estava visivelmente cansado. Arfava e parecia que não conseguiria continuar. Sangrava por varias partes do corpo, mas não parecia ter nenhum ferimento grave.

O hino da capital foi escutado. Mas nenhum daqueles quatro tributos atreveu-se a desviar o olhar da criatura. Havia escurecido rapidamente e a pouca iluminação vinha da projeção dos céus que logo teria fim. Agora, com todos os tributos correndo risco de vida, os organizadores começavam a mostrar os tributos que morreram naquele dia.

Amber suspirou. Ela tentou erguer-se, mas sentiu que havia sido trespassada por um dos pedaços da arvore, justamente em sua perna esquerda.

Carlos agitava sua espada para afastar a Croconal que continuava a mover-se tentando retirar Amabile de suas costas. John já conseguia ficar de pé e preparava-se para atacar usando uma outra lança. Ele mirava o olho bom do bestante.

Amber olhou para cima. Havia acabado de desaparecer a Imagem do rapaz do distrito 9, Oliver. Ela o reconheceu do banho de Sangue. Apareceu a Imagem de Druw e logo depois de Dalia, deixando Amber surpresa e acreditando que Alex havia dado fim a menina. Então apareceu a imagem de Fenix e depois de Flora. A projeção foi encerrada e tudo virou escuridão.

Sem nenhuma luz, sem nenhuma visibilidade os tributos agora não tinham ideia de como continuar a lutar.

– Merda! - Gritou Carlos. - JACK! - A voz de Carlos saia desesperada.

– Jack! - Gritava Amabile sendo sacudida em cima do Bestante, sem forças para continuar segurando. Certamente quando caísse seria pisoteada ou ataca no mesmo instante.

John Jack tentava manter-se de pé, mas parecia que mesmo a adrenalina não era o suficiente para combater o cansaço, certamente estava além da exaustão. E se pensa-se que ele não havia descansado desde que tudo começou, realmente ele estava para cair.

– Jack! Não apareceu a imagem de Lirian. - Gritou Amber. - Ela esta viva e eu trouxe uma arma para acabar com Croconal! -

Croconal rugiu tomando ciência de que havia uma quarta pessoa ali.

– Então... Panem, posso começar? - John berrou e um brilho azulado se fez na arena revelando o oculto crocodilo.


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