À Francesa escrita por Nana San


Capítulo 8
Capítulo 4.1


Notas iniciais do capítulo

Para Ana Paula ;D



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"E quando um certo alguém cruzou o teu caminho e te mudou a direção" Cantou o Lulu Santos na caixa de som ao lado da janela do banheiro. Senti vontade de esganá-lo por dizer uma coisa dessas.

Eu sabia a letra inteira da música e não estava nem um pouco no espírito de MPB. Muito menos mensagem subliminares. Lívia poderia ter escolhido cantar, recitar, ler e até gritar, mas ela tinha que ter proferido aquelas malditas palavras.

Aquela meia dúzia de palavras que ficaram ecoando em minha mente perturbando meu descanso "Hoje vou descobrir umas coisas sobre uma certa pessoa... Tem algum chute?" Claro que era sobre mim, e ela havia sido esperta, foi conversar logo com Matias.

– Ele não se atreveria a contar alguma coisa...

O telefone da mesa de cabeceira me parecia agora, depois de tanto tempo, uma tentação. Não havia como mentir para a recepcionista e me fingir de outra pessoa para reclamar do barulho, agora eu teria que me identificar e ordenar que Matias fosse ao meu quarto.

Segurei o fone e esperei que atendessem. Tocou uma, duas, cinco vezes e depois de muito tentar alguém atendeu.

– Sim? - Perguntou uma voz alegre.

Espera. Alegre? Poderia ser qualquer pessoa, até Calvin, mas de uma coisa eu tenho certeza, não é Marta.

– Pode pedir para Matias vir ao meu quarto com urgência? - Falei sem paciência.

– O seu quarto é? - Perguntou a garota, com a voz parecendo-me familiar.

– Quarto 09. - E desliguei em seguida.

As vozes são um pouco modificadas no telefone, rádios, comunicadores... Mas de quem era aquela voz, e por que eu tinha a impressão de conhecê-la?

Ah, que seja. Troquei de roupa para receber Matias, não estava em condições de receber ninguém com as roupas que trajava. Arrumei a estante e observei minhas coisas.

Como estavam empoeiradas. Essas faxineiras são péssimas. Quando limpam bem, quebram algo para compensar, e quando não quebram deixam tudo sujo.

Demorou mais que dez minutos para alguém bater a minha porta. Fui até o olho mágico certificar-me de que era Matias e não outro inconveniente.

– Entre.

– Qual é o problema? - Perguntou Matias adentrando o quarto - Eu já estava indo embora, é dia escondidinho de carne seca! Preciso correr, senão acaba!

– Pouco me importa a comida. E você deveria fazer o mesmo, está ficando gordo. Para infartar é um pulo. - Disse ignorando sua gula. - Não precisa se sentar, serei breve.

Matias permaneceu de pé, admirando minhas peças na estante.

– Você tem se aprimorado, Edu.

– É o tempo livre...

– Mas não deveria ter. Sabe que uma mocinha vem lhe visitar toda semana?

– Sei. E como sei. Ela não cala a boca. Pode me fazer o favor de mandá-la ir embora? Falando nela... O que Lívia foi conversar com você hoje?

– Está com ciúmes, velho amigo?

Soltei uma gargalhada estridente. Eu? Com ciúmes de uma pirralha? Só o Matias para fazer piada numa hora dessas.

– Não quero ninguém fuçando meu passado, Matias. Ouviu bem? Você contou algo à ela? - Dei dois passos a frente para encará-lo mais de perto.

– Nada que vá te comprometer.

– Ah, bem. - Recuei. - Mas mande-a embora. Preciso de silêncio e essa é a única coisa que ela não faz. Acredita que ela já cantou para mim?

Matias deixou um sorriso escapar. Aquilo não me parecia nada bom.

– Lívia é uma doce criatura. Ela não está disposta a desistir de conversar com você.

– E eu não estou disposto a conversar com ela. - Respondi prontamente.

– Se estivesse tão incomodado com a presença da menina não ficava brincando de pique-esconde com ela. Não tente me convencer do contrário, Eduardo. Eu lhe conheço bem. Só não demore muito, o estágio só tem seis meses. E você já perdeu três.

Antes que saísse, virou-se para dizer uma últimas palavras. Essas que me deixariam de vez no poço da dúvida.

– A menina ficou tão emocionada em ouvir sua voz que até chorou. Pense sobre o que te disse.

Matias saiu do quarto deixando-me atônito. Então foi com ela que falei por telefone? Só me faltava essa. Nem poderia usar a desculpa de que fui enganado porque ninguém sabia que eu ia telefonar.

Tranquei a porta novamente e peguei uma de minhas peças, analisei-a. Talvez... Talvez seja interessante... Não. Não vou conversar com uma adolescente por pedido de Matias.


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