O canto dos passáros na varanda do meu quarto fizeram-se ouvir.

Virei-me para um lado.

E depois para o outro.

Os raios de sol entravam pelas janelas, obrigando-me a acordar.

Sentei-me na cama ao ouvir a porta do meu quarto a abrir.

O meu pai entrou.

- Como te sentes princesa? - Ele beijou-me a testa e abriu as cortinas, abrindo um pouco as janelas.

Uma aragem fresca bagunçou os meus cabelos.

Sabem aquele cheiro que sentimos, quando saímos á rua de manhã, depois de uma noite de chuva?

Era um cheiro puro, um dos meus cheiros favoritos.

- Vou trabalhar, mas venho almoçar contigo.

- Está bem, estarei aqui á tua espera. - Disse em baixo, por não me conseguir mover.

- Logo, logo estás boa. - Beijou-me novamente a testa e saiu.

Suspirei ao olhar pela janela, estiquei a mão para agarrar o telemóvel.

Mandei mensagem ao Chris, ao meu melhor amigo, irmão da Caitlin.

1, 2 horas depois, voltaram a bater á porta.

Era hora de almoço.

- Pai? - Perguntei, enquanto a porta se abria revelando...

Não podia acreditar.

Não conseguia.

Esfreguei os olhos, pensado que podia estar a alúcinar. 

Não conseguia crer.

Ele estava ali.

De jeans pretas, blusa cinzenta com decote em V, umas supras pretas.

Atrás dele aquela actriz/cantora, Selena Gomez.

Eu estava chocada.

Justin Bieber meu amor de infância, estava diante de mim, três anos mais tarde.

A minha pessoa estava estupefacta.

Não tinha palavras.

- Katherina... - Ele murmurou, vindo na minha direção, abraçando-me com imensa força.

Ele largou-me algum tempo depois, e ficou pasmado a olhar para mim.

- Selena é a Katherina, Katherina é a Selena.

- Olá , ouvi falar muito de ti. - Sorriu.

- Espero que bem. - Disse num sussurro e depois sorri.

- Bem, espero-vos fora do quarto, devem de ter muito para falar. - Disse, saindo do quarto.

- Como é que te sentes? - Ele perguntou aproximando-se de mim.

- Em relação ao acidente, ou á pessoa que me abandonou e trocou quando estava em coma? - Perguntei arrogante, determinda e porém, desiludida e magoada.

- Tens que compreender Kath... Passaram-se 3 anos.

- E pensas-te que eu ia morrer não é? Então seguiste em frente sem pensares que podia vir a acordar. Vai-te embora e não voltes.

- Não é assim que vamos resolver as coisas, deixa-me explicar.

- Estou a ouvir.

- Tu sabias que mais cedo ou mais tarde, eu ia viajar para Atlanta, ia deixar-te... A minha vida ganhou rumo, ganhou um objectivo, eu tornei-me num dos melhores cantores, tenho 71 prémios ganhos em três anos. Conheci a Selena, ela apoiou-me, ela sabia que eu namorava contigo, mas ao fim de dois anos, eu pensei que te tinha perdido... Admito que perdi a esperança que não ias acordar, estiveste muito tempo em coma, foram 3 anos... Perdoa-me, se eu soubesse que ias acordar, jamais me teria envolvido com a Selena. - Os meus olhos estavam cheios de lágrimas, tal como os dele.

- Exacto, eu podia ter morrido, mas acordei e pensei logo em ti sabes? E depois dizem-me que estás longe de mim, que és conhecido pelo mundo. Acordei e sentia o mesmo por ti, continuava a amar-te e só queria receber um abraço naquele momento, mas tu estavas nos braços de alguém. - Ele ia a interromper-me. - Não digas nada. Vai-te embora, permite-me que te esqueça com a distância, tal como fizeste comigo.

- Kath, não me faças isto. Eu vou estar no canadá uns meses, permite-me tu que te ajude a superar o trauma, permite-me que fique ao teu lado, a apoiar-te como sempre fiz.

- Não, assim irei sofrer ainda mais. Vai-te embora Justin.

- Não quero cometer o mesmo erro.

- Não a ouviste? - O meu pai gritou, entrando pelo quarto a dentro.

- Tem calma pai, credo. 

- Eu disse-te para não voltares á minha casa! Vai-te embora, já a magoaste o suficiente, sai daqui Bieber.

- Katherina... - Ela ia a falar, mas foi interrompido.

- Sai daqui Justin, tu e a tua família não se aproximem da minha filha. - O meu pai falou, olhando-o serio. 

- Justin, é melhor irmos. - Agora falou Selena, puxando Justin até á porta.

Eles saíram.

O meu pai também.

Eu continuava ali sentada, a tentar perceber o que tinha acontecido.

O porquê da reação do meu pai.

Entretanto Mia, a empregada, entrou no quarto.

Deixou um tabuleiro com comida ao meu lado.

E retirou-se.

Comi pouco ao nada.

Mais tarde, o pessoal veio visitar-me.

Falamos sempre animados uns com os outros, fizemos jogos e acabámos por nos divertir imenso.

Eu estava feliz, apesar do que tinha acontecido de manhã.

Eles foram para o treino de basket e a Caitlin ficou comigo.

Contei-lhe o que tinha acontecido esta manhã. 

- Souberam quem guiava o carro?

A pergunta mexeu com a Caitlin.

Mas ela não disse nada.

Voltei a insistir e ai ela respondeu:

- Sim ou não?

- Não...

- Caitlin?

- Não, não se soube.

Fiquei um pouco insegura com a resposta dela.

- E a minha mãe, porque não me ligou ainda?

O meu pai interrompeu a conversa.

- Vocês estão a esconder-me algo, algo que eu vou descobrir. 

- Não há nada para descobrir filha, o condutor não foi encontrado e a tua mãe está no Alasca, não consegue fazer chamadas para cá.

- Sim, claro. Deixem-se sozinha.

Horas se passaram. 

Depois do jantar, o meu pai veio despedir-se de mim.

Quando ele saiu, eu deitei-me a olhar para o tecto.

Tentei dobrar as pernas, mas foi em vão.

Mantive-as estendidas e suspirei.

Lembrei-me do que havia acontecido esta manhã.

Não me conseguia conformar com o facto de ele não ter esperado por mim.

Com o facto de ter perdido a esperança.

Eu amo-o.

Sinto a falta dele.

Eu quero-o.