Os 10 Mandamentos Da Máfia escrita por Danixml


Capítulo 4
3º Mandamento


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tá bem grandão! Eu particularmente, gostei muito dele.



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3º Mandamento: Não pronunciará o nome dos Volturi em vão.

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Fazia quase um mês desde que Edward havia encontrado, ou reencontrado Bella. Mas fazia quase um mês também que ele não a via.

Caius sugerira a Aro que mandasse Edward negociar a venda de algumas mercadorias diretamente com os clientes.

Era uma honra para qualquer integrante, já que demonstrava confiança, não só nas habilidades de negociação, como a fidelidade a máfia. O que certamente não fora a pretensão de Caius quando sugeriu Edward como imediato nessa nova negociação.

Era bem verdade que esta era também uma das etapas mais arriscadas já que, alguns clientes poderiam perder o brio por uma mínima palavra que não gostassem, eram homens poderosos e pouco tolerantes. Sem contar que no mercado negro era prudente que não confiasse em ninguém, sempre haveria alguém a lhe passar a perna.

De certo modo é por isso que as máfias existiam pra dar o mínimo de ordem e sentido a tudo aquilo. E não deixar que tudo virasse uma guerra sem precedentes.

Mas Edward não se preocupava com a morte, Caius bem sabia. E sabia também que como vampiro o risco de morte era bem menor. Possivelmente Caius só queria chateá-lo e ainda mantê-lo longe por um tempo.

Caius jamais poderia ter sido tão assertivo se, de fato, tentasse de forma consciente. Afinal aquela tarefa estava se tornando a cada dia mais torturante a Edward.

Na noite em que conheceu Bella prometera a si mesmo que só pensaria nela naquele dia. Aro a tomou para si e, ao julgar por seu entusiasmo, Bella iria tornar-se uma das ninfas de suas posses.

Ninfas, era a forma criativa com que todos chamavam as concubinas de Aro, por dois motivos, assim como sugere o significado da palavra, eram suas “noivas”, de casamentos que nunca seriam celebrados de fato, ainda mais que ninfas geralmente eram descritas só em histórias fictícias.

Por vezes ele até as tratava como noivas, presentes, jantares e  até anéis. Apesar da fidelidade nunca ter sido um ponto consensual desta relação, já que advinha apenas das “ninfas”.

O que tornava Bella totalmente inacessível a Edward. Mas certamente não a seus desejos. Bella não lhe saia do pensamento, e ele tentava relacionar isso apenas ao fato de saber que houve um relacionamento entre eles. Era inquietante descobrir algo de sua “outra vida”. Estranhamente ele havia perdido toda a sua memória humana, o que não era comum aos vampiros.

Ao longo dos anos eles acabavam por “esquecer” todas essas lembranças, mas para Edward soava como se ele tivesse nascido vampiro e já o adulto que era de aproximadamente 22 anos.

Saber que havia pessoas ligadas a sua vida mortal a tornava real. Ele sabia que não havia nascido vampiro, mas era mais fácil ater-se a este conceito quando não havia provas contrárias.

Mas agora havia Bella, e ela não poderia ser uma ligação mais perturbadora com o seu passado. Ele amou Bella enquanto humano, mesmo como vampiro sentia isso claramente. E mesmo que não se recordasse ela deixou bem claro que haviam tido um relacionamento.

Algumas lembranças difusas bruxulearam em sua mente no dia em que a “conheceu”, mas elas não lhe formavam nenhuma memória concreta.

Ele sempre evitara pensar o que havia sido, possivelmente tentava bloquear tudo para não se sentir ainda mais infeliz com a sua atual situação. Mas a presença de Bella tornava essa tarefa impossível.

E como se não bastasse essa ligação misteriosa com ela, Edward percebeu que ainda que ela não existisse, ele se sentiria atraído por ela de qualquer forma.

Seus olhos castanhos expressivos davam a ela uma autenticidade que cortesãs não costumavam ter. Elas normalmente eram submissas e devassas, e passavam isso pelo olhar. Duas qualidades que agradavam a maioria dos homens, portanto tornava-as essências naquela profissão. Mas Bella não queria agradar e era justamente isso que agradava.

Ela era quente, seu temperamento dizia isso. Voluntariosa demais. Parecia indomável e mesmo que se movesse com leveza, tinha os trejeitos muito marcados, que lhe conferiam uma conotação selvagem.

Seu corpo era quente, de curvas esguias, mas bem delineadas. Seus lábios eram tentadores, e a forma como eles mexiam quando ela falava certamente colocava os homens a imaginá-lo em outras funções.

Sentiu um frisson por todos aqueles pensamentos.

E penalizou-se por isso. A todo custo ele tentava não pensar, mas as horas que passava sozinho lhe deixavam ainda mais confortável a desenvolver tais pensamentos. Antes tentara se ocupar com bebidas e mulheres, mas aquilo certamente não funcionou, era vazio. E sem contar que ver Bella em outras mulheres e perceber logo após que era ilusão de sua mente insana, não era propriamente erógeno.

Logo descartou essa tática e passou a reflexão solitária. O que o levou a uma conclusão perturbadora:

Ele sabia que não devia pensar em Bella.

Mas sabia também que não conseguia evitar.

Mas o que ele preferia não saber e tentava ignorar a todo custo é que quando voltasse a Roma faria mais do que pensar nela. Iria procura-la e esclarecer todo o seu passado.

Era o que tentava a todo custo evitar fazer. Aquele pequeno exilio promovido por Caius era uma tortura, mas ao mesmo tempo lhe era apropriada. Precisava evitar cometer uma loucura.

Loucura ao qual já teria cometido se houvesse tido oportunidade.

- o –

Os dias passaram mesmo Edward ainda não tendo conseguido se convencer quanto a procurar Bella.

Para não acabar com sua sanidade, decidiu por procura-la apenas para esclarecer os aspectos de seu passado. E, quando possível, esclarecia tudo a Aro.

Fez um esforço além de si para bloquear todos esses pensamentos por hora. Veria Aro daqui algumas horas, com sorte ele não perceberia sua inquietude interior. Não queria que ele soubesse antes de conversar com Bella.

Era arriscado, mas precisava tentar de qualquer forma.

- o –

Era noite quando Edward desembarcara no porto, o horário fora escolhido propositalmente, era obvio.

- Demetri, avise a Mestre Aro e os outros que retornei.

Chamou o homem de cabelo preto parado a alguns passos, distante da multidão. Ainda que não estivesse destacado, sua pele azeitonada misturada a palidez seria reconhecível em qualquer multidão.

- Avisarei – ele fez um pequeno meneio de cabeça – você aguarda no galpão C.

Edward concordou e sem adicionar qualquer palavra seguiu em frente, para a direção aos galpões. Demitri ficou lá parado e Edward sabia o que ele estava fazendo. Era assim que funcionava, ninguém encontrava os Volturi a não ser que eles assim o quisessem era uma forma de proteção e sossego, exceto Demitri, já que sua capacidade especial tornava o ato de se esconder algo impossível.

Demetri podia encontrar quem quisesse, onde estivesse através da mente. Nem mesmo os Volturi poderiam se esconder dele. O que poderia ser um problema, Marcus transformou em solução. A fidelidade de Demetri era notória e isso fazia dele uma ponte mais do que conveniente.

Ninguém chegava aos Volturi se não por Demetri. Este era o caminho. A não ser é claro, que eles quisessem chegar a você, o que quase sempre não poderia ser bom sinal.

Abriu uma pequena porta de madeira na lateral do galpão que sabia que estaria destrancada. Entrou e observou o ambiente, havia alguns contêineres empilhados ao final, mas de modo geral o imenso barracão de madeira estava vazio. E silencioso.

O jovem vampiro olhou para o pequeno circulo iluminado que a lua fazia próximo a si. Deus dois passos, parando bem no meio da iluminação, seguiu o facho de luz e ficou a observar a lua por sobre uma pequena claraboia que havia na parte superior da parede.

Se ele acreditasse, poderia dizer que aqueles minutos de reflexão silenciosa era quase uma oração a lua. De algum modo nesta sua nova vida ele sempre se sentira ligado a ela.

O sol o baniu de sua luz. Apenas a lua não o deixava em plena escuridão. Na mitologia Celta era diretamente ligada a Ceridwen, a deusa da lua, a divina mãe. Sob muito de seus domínios estava o que Edward costumava nomear, de modo grotesco, como “o corredor” o caminho percorrido entre “vida e morte”, a vida provinha da morte afinal. Ele costumava dizer que vampiros eram crianças arteiras que abriram uma porta desse corredor sem autorização previa e por castigo foram trancados lá dentro. Afinal ele não estava vivo, tão pouco morto de fato. Vampiros eram o paradigma mais complexo da criação para Edward.

Ele não era dado a misticismo de qualquer que fosse a origem. Mas se houvesse uma força superior, que Ceridwen, considerada a deusa a ser reverenciada em momentos de dificuldades, pudesse iluminar a paz e a harmonia em sua mente e encobrisse o caos e desarmonia que o preenchia tão plenamente.

- Vocês tem um lindo relacionamento. – uma voz falou alguns passos atrás de Edward o sobressaltando – Todos nós temos afinal. – o homem encarou a lua também, pareceu vagamente nostálgico.

Edward observou-o. Era alto e esguio, de longos cabelos pretos, sua pele era quase translucida, mesmo na escuridão. Seus olhos eram vermelhos leitosos e pareciam tremeluzir ligeiramente.

- Boa noite Marcus. – Edward fez uma ligeira reverência.

Marcus era o terceiro chefe da máfia Volturi. Ele pouco aparecia e ainda menos se pronunciava. Normalmente observava a todos com uma expressão que beirava o tédio. Sua voz era calma e plácida, mas nem de longe era menos efetiva que a de Aro ou Caius. Aos primeiros contatos sua presença apática poderia ser confundida com falta de poder, mas quando se pronunciava era de uma sabedoria austera que ninguém se quer titubeava, nem mesmo Aro ou Caius deixavam de acatar a determinação de Marcus. Aos olhos de todos, ele representava a sobriedade frente a insanidade de Aro ou a soberba de Caius.

- Boa. - Marcus encarou e fez um meneio de cabeça. – Aro e Caius estão em viagem.

Já fora surpreendente ver Marcus ali, ainda mais só. E agora Aro e Caius não estavam em Roma? Talvez existisse um poder divino acima da compreensão do plano carnal afinal.

- Incomum – o mais jovem sabia que não devia perguntar ou se quer deveria ter feito qualquer comentário, mas fora inevitável.

- Desapontado? – o tom de voz de Marcus era quase jocoso, o que surpreendeu Edward ainda mais.

- De maneira nenhuma – temeu ter ofendido Marcus, tinha um respeito velado por ele – só surpreso. Me desculpe.

- Certo.

O silêncio durou alguns segundos. Então Edward começou a narrar sua viagem e os resultados nela obtido. Marcus ouviu tudo, poucas perguntas fizera diante a descrição detalhada do outro.

- o –

Um dia se passará desde sua volta a Roma. Um dia que uma dúvida excruciante o atormentava de forma devastadora. Saber que não devia fazer aquilo não o impedia de querer. Querer não lhe dava coragem de fazer. Estava onde mais odiava estar, mas que por ironia sempre estava.

No entre. O quase era um conceito tão arraigado em si que ele não podia expurgar sem deixar de existir. Era quase vivo, estava entre a vida e a morte. Era quase imortal, estava entre a resistência e vulnerabilidade sempre.

Agora, era quase decidido, estava entre o pensar e o agir. Se existia algum momento que ele deveria escolher uma direção e seguir, certamente era aquele. E céus, ele sabia que não poderia conviver com isso. Tomado por uma súbita determinação entrou na viela que encarava fazia alguns minutos e viu uma porta conhecida, iluminada por uma luz vermelha. Adentrou ao recinto.

Assim que entrou fez uma panorâmica do salão de paredes de veludo vermelha e grandes espelhos. O ambiente estava limpo e o ar leve. Não havia ninguém.

- Edward? – uma voz o chamou da ponta da escada e ele olhou rapidamente.

Não era ela.

- Sophie. – a jovem sorriu e desceu as escadas.

- Quanta honra lembrar-se do meu nome. – ela descia as escadas enquanto falava - Faz mais de um mês que não aparece por aqui. – parou a ponta da escada e se inclinou sedutoramente para ele – Saudades? – piscou.

- Trabalho – ele respondeu ameno, não querendo parecer grosseiro.

Sophie pareceu não se importar, ou pelo menos fingiu muito bem.

- Certo. Algo em que eu possa ajudar?

- Isabella Swan, preciso vê-la.

Ela arqueou a sobrancelha bem delineada levemente para ele. Sinal claro de desconfiança. Ele via em sua mente a tentativa de correlacionar tudo.

- O trabalho de Bella é conceder prazer – ela aproximou-se dele – pra isso não precisa dela.

- Sophie – Edward retirou as mãos dela que vagueavam por seu peito – Aro mandou-me buscar Isabella.

Ela estancou. Ainda havia dúvida em sua mente. Edward manteve-se impassível.

Ele estava mentindo, usando o nome de Aro a mentira tornava-se ainda pior. Será que isso era tão evidente? Não poderia. Deveria soar convincente, até por ter grades chances de ter sido real.

Ela não demorou a chegar a mesma conclusão, ele viu a desconfiança se dissiparem de sua mente e uma lógica concordância preencher lhe os pensamentos.

- Mestre Aro quer ter com Bella?

Ele assentiu. Sophie virou-se para retornar de onde viera.

- Sophie, espere – ela virou para ele de novo – Diga a Isabella que uma carruagem de corcéis negros a esperam na alameda transversal.

Ela assentiu e Edward saiu do ambiente enquanto ela subiu as escadas. Ele já tinha planejado aquilo, não poderia arriscar ser visto por algum de seus companheiros, tão pouco poderia conversar com ela ali.

Saiu e ao invés de ir em direção a ladeira rumou para a alameda na outra saída da viela. Saudou o cocheiro de pose aristocrática que o aguardava frente a carruagem azul royal. Com um comprimento polido ele abriu a porta da cabine para Edward.

- Aguarde que a Srta. Swan virá ao nosso encontro.

- Sim mestre.

Ele entrou e esperou no interior da cabine. Sabia que a noção de tempo era medida pelas emoções. Para os vampiros a noção de tempo era tão meramente obsoleta que nem se quer era uma grandeza crível. Era relevante apenas quando relacionado a seres humanos, mercadorias e prazos.

Mas desde que Edward encontrara Bella seu conceito de tempo mudou, assim como um ser humano, ele sentia o peso dos ponteiros sobre si. Cada minuto desde então não passava despercebido, e esses últimos de espera certamente foram os mais agonizantes.

- Você – ele ouviu a voz sem emoção de Bella enquanto ela entrava na cabine.

Ela trajava um vestido de cetim verde oliva, um chapéu do mesmo tom que fazia conjunto e luvas negras.

Conteve o ímpeto de questioná-la. Ainda não era o momento.

- Me leve a Aro. – ela realmente o desprezava?

- Sim madame. – ele concordou solicito evitando acrescer qualquer entonação a sua voz. – nos leve ao local combinado. – falou para o cocheiro que após verificar que Bella estava acomodada fechou a porta e foi para frente do coche.

- Aro é sempre tão extravagante, não havia necessidade de lhe enviar, poderia ser apenas o cocheiro.

- Ele zela por sua proteção. – ele respondeu incapaz de encará-la, tinha medo que ela visse a mentira em seus olhos e não cooperasse.

- Certamente ele ficaria desapontado se soubesse o quão pouco protetor você pode ser. – Sua voz continha amargura, era quase palpável e ela parecia querer usar isso para atingi-lo.

E havia conseguido. Mas ele preferiu não comentar o fato, decidiu-se por não comentar mais nada também. E ela, para a felicidade dele, pareceu acatar o silêncio.

O resto da viagem fora feito com ambos ouvindo os cascos dos cavalos no chão e eventuais relinchadas e bufadas.

A carruagem parou e os dois se encararam mudos. A porta se abriu e o cocheiro estendeu as mãos para Bella.

- Mademoiselle Swan...

Ela aceitou o braço dele estendido de bom grado e desceu da carruagem.

Edward desembarcou logo depois.

- Não havia modo de sermos mais discretos?

Ele não respondeu, sabia que era uma pergunta retórica. Nunca havia modo de Aro ser mais discreto. Na era em que carruagens eram substituídas por automóveis, Aro orgulhava-se por manter belas peças como aquelas. Segundo ele o requinte e o poder de uma carruagem jamais seriam substituídos por uma lata cromada. E naquela noite, a privacidade concedida por uma carruagem era mais que conveniente para Edward.

- Daqui é comigo Beni.

O cocheiro assentiu. Despediu-se dos dois e aprumou-se no coche e com uma mexida nas rédeas os cavalos arrastaram a carruagem pela rua de cascalho.

- Senhorita – Edward lhe estendeu a mão e ela hesitou.

- Posso lhe acompanhar pelo olhar.

- Faço questão. – ele estendeu a mão e ela o encarou irrequieta – Aro jamais me perdoaria se eu não o fizer.

Um brilho de lucidez passou pelos olhos castanhos.

- Ah sim.

Ela estendeu a mão a Edward e ele procurou ignorar qualquer sensação que aquilo pôde causar nele. Caminhou e Bella seguiu seus passos, estavam em uma casa, próximo a uma praia há poucos quilometro do porto. A casa era de pedra e havia um pequeno lance de escadas ladeado de balaústre de granito, que sustentavam um corrimão do mesmo material. A porta era em madeira maciça, as janelas de vitrais coloridos eram adornados com esculturas em pedra sabão.

Aquela era a única excentricidade que Edward permitia-se. Sua casa era uma obra de arte.

- Gosta?

Ela não respondeu, mas a expressão de fascínio em seu rosto já dizia por si.

Soltou Bella ao pé da escada e subiu colocando uma chave na fechadura e empurrou a maçaneta de bronzina e convidando-a a subir. Ambos entraram na casa. Edward já no recinto ascendeu uma lâmpada a óleo que iluminou o ambiente, fechou a porta e encarou Bella.

- Você não vai embora?

- Não – ele cruzou o braços e a encarou desafiando-a a descordar.

- O que quer de mim? – ela perguntou exasperada.

- Algumas respostas.

- Acho que eu deveria fazer as perguntas. – ela apoiou a bolsa em uma mesa, próximo a entrada e voltou a encará-lo.

- Bella – passou a mão direita pelo cabelo consternado – para que eu possa dar as respostas, eu preciso entender tudo, eu não me lembro de muita coisa.

- Memória seletiva? – o tom dela era irônico – Muito conveniente – retirou as luvas calmamente e as apoiou na mesa também – Pergunte Edward, ao que parece eu não tenho outra opção – olhou em volta – estamos aqui sozinhos e se essa é a forma de me livrar disso, eu acato.

- Você é inteligente e perceptiva.

- Poderia ter sido mais. – ela sorriu com deboche.

- Como nos conhecemos?

Seu queixo pendeu em incredulidade.

- Isso é sério?

- Bella – ele quase gritou em frustração. – eu não consigo me lembrar.

- É por ser um vampiro? – ela perguntou com certa magoa enquanto remexia no vestido.

- Talvez, Aro diz que não. Isso é incomum. Pensa que pode ter sido o trauma.

- Trauma? – ela deu um passo a frente.

- Você não sabe a história de minha criação. – riu sem humor enquanto caia pesadamente em uma poltrona de couro – Uma grande ironia... Mas você não respondeu a minha pergunta.

- Nós morávamos em uma vila pequena, ao sul de Toscana.  – ela respondeu a contragosto -Você era filho da influente família Cullen. Eu, apenas a filha de um policial.

- Nós... – ele não completou, mas ele entendeu e assentiu.

- Desde o início de nossa adolescência. Um lindo amor juvenil com muitas promessas de felizes para sempre – ela revirou os olhos – e isso não poderia ter sido mais contraditório.

- E como nos separamos?

- Edward, por favor – ela respondeu impaciente – faz muito tempo, eu não me lembro.

Ele se aproximou dela, e ela encurralada entre ele e a porta apenas o encarou assustada.

- Não minta Bella – ele colocou as mãos espalmadas na porta, uma de cada lado dela - esta nos seus olhos a mentira.

- O que você quer com isso agora? Faz diferença afinal? – ela quase cuspia as palavras, mas ele via que toda a agressividade era para disfarçar o incomodo que ela sentia.

- Faz, muita.

As palavras a surpreenderam por breves segundos. Logo ela empinou o nariz em desafio.

- Novidade saber que vampiros tem consciência.

- Certamente você não trata Aro assim – ele segurou os braços dela com uma fúria contida. – ou sua existência já seria uma remota lembrança.

- Ele nunca me enganou. – ela sorriu em malicia – Ele não precisou mentir que me ama pra me seduzir. Só pagou.

- O que é o amor perto de uma pequena fortuna? – ele a soltou e virou impaciente. Precisava se afastar antes que cometesse qualquer loucura. – Esqueci que estou falando com uma meretriz.

- Quem é você pra falar de moral Edward? – sua voz estava histérica, ela tinha perdido toda a pompa.

- Eu gostaria de entender do que me acusa.

- Entender? – ela agora veio em sua direção e parou frente a frente – Não há o que entender, eu era uma jovem idiota e deixei me levar por suas promessas. Evidentemente a família Cullen nunca aceitou que o seu primogênito abandonasse um casamento de conveniência poderoso, para ficar com a desinteressante Isabella Swan. – sua voz estava alterada, ela quase gritava e gesticulava intensamente – Aliás, você deveria mesmo ter aceitado, sempre quis apenas contrariá-los, rompeu os laços clamando independência em nome do amor. – a essa altura os olhos dela estava marejados – E eu cometi a burrice de acreditar em você. – ela o empurrou e ele deu um passo atrás, estava chocado. – Diga-me Edward, tornar-se um vampiro foi o máximo de contrariedade que conseguiu? Finalmente se sente liberto das tradições e moral dos Cullen?

Por alguns segundos ele ficou em silêncio, assimilando tudo que ela dizia. Como um clique, uma torrente de lembranças irrompeu em sua mente. Sua cabeça girou com as recentes memórias recuperadas.

Lembrou de sua família, seus país Carlisle e Esme, não eram pessoas ruins, pais amorosos e zelosos, mas em despeito a isso estavam atrelados a convenções sociais.

Uma delas o casamento arranjado entre poderosas famílias. Com ele não seria diferente, a filha do senador Hale, Rosalie Hale. Ela era belíssima, Edward lembrava-se, talvez tivesse casado com ela de bom grado se não fosse por Bella.

Agora lembrava de tudo que viveram junto, todo o prazer que desfrutaram, todos os beijos trocados... Começara como um romance de criança e juntos eles descobriram um amor intenso, arrebatador e definitivo.

Sua família não aceitou, ele passara semanas tentando convencê-los, em uma discussão definitiva ele saíra de casa. Com a ajuda de sua única irmã, Alice Cullen, ele traçou um plano de vir para a capital e viver com Bella longe de toda a imposição do nome Cullen.

Ele prometera buscar Bella, ela chorou e implorou pra ir com ele, mas ele disse que precisava estabelecer-se na capital. Sua mãe tentou dissuadi-lo do que chamou de “rebeldia adolescente”, ele se manteve firme e partiu.

E nunca mais voltou.

Agora ele se recordou de tudo, dos seus primeiros 19 anos de vida. Entendeu a magoa de Bella. Não era culpa dela, tão pouco dele, uma ironia do destino os separaram. Nunca fora sua intenção enganá-la.

- Você não sabe a história da minha criação Bella?

Ela pareceu surpresa com a pergunta e o tom de profunda tristeza empregado nele. Ela não respondeu e ele nem esperava que respondesse.

- A pouco mais de quatro anos Aro me achou em um beco, aqui de Roma. Eu não me lembro muito bem, estava bem machucado. – sua voz estava profunda e seus olhos injetados – A primeira memória que tinha até então...

- Flash Back –

A noite estava fria, mas o sangue que escorria de meus machucados estava fresco. O gosto de ferrugem em minha boca era enervante. Tossi e senti sangue e saliva se projetando alguns centímetros.

A dor era excruciante em todo o meu corpo. Sentia alguns ossos quebrados. Meu corpo era só uma massa desforme jogada em um beco úmido próximo as lixeiras.

Tossi mais uma vez.

- Alguém esta ai? – ouviu uma voz perguntar.

Não conseguiu falar, o máximo que fiz foi gemer de dor. Passos vieram em sua direção. Alguém agachou ao seu lado.

- Ele é tão jovem. – uma voz mais profunda falou e Edward conseguiu perceber que era outro homem.

- É sim Marcus. E ele esta morrendo. Devo deixa-lo morrer?

As vozes foram transformando-se em barulhos indistintos. Braços seguraram minha cabeça e fazendo perguntas que eu não conseguia processar, minha visão estava turva, eu via apenas dois vultos próximos ao meu corpo quase inerte, exceto por uma respiração pesada. Não sei se cheguei a falar algumas palavras ou apenas emiti lamúrias indistintas. Uma presença em meu pescoço, logo se tornou dor, minha carne parecia ser rasgada.

Certamente aquele era meu fim, uma onda quente passou pelo meu corpo, parecia navegar por minha corrente sanguínea acelerando meus batimentos cardíacos. Logo todo meu corpo se aqueceu. Antes de perder a consciência senti uma batida final de meu coração, que soou como um rompante.

- Esta feito. – incrivelmente ouviu com clareza aquela voz.

Tudo ficou escuro. Meu corpo esfriou. Era meu fim.

- Fim Flash Back –

Uma lágrima escapou pelos olhos de Bella. Ele viu em seus olhos a mesma compreensão que ele tivera segundos antes.

Ela o abraçou e ele retribuiu com a mesma intensidade.

Havia ainda o que dizer, mas naquele momento palavras não eram necessárias.

No silencio da noite os dois choraram toda a frustração dos últimos anos.


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Notas finais do capítulo

Finalmente foi esclarecido tudo! Mas será que foi mesmo? Não existe mais surpresas a acontecer? hahaha =X



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