Os 10 Mandamentos Da Máfia escrita por Danixml


Capítulo 2
1º Mandamento


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem do capítulo. Qualquer dúvida, reclamação ou sugestão, fiquem a vontade.



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1º Mandamento: Amar os Volturi sobre todas as coisas

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Estava perturbado com aquela situação. Era incomodo sentir algo tão estranhamente familiar. Procurava em si alguma explicação. Mas nada parecia fazer sentido.

Antes que pudesse decidir-se em sair daquele lugar, ouviu seu nome quase cantado de tamanha alegria a que era pronunciado.

-Edward!

Olhou na direção da voz e viu um homem alto, que parecia flutuar até ele. Com longos cabelos pretos e olhos vermelhos leitosos.

Limpou suas feições e procurou concentrar sua mente na sua última missão. Virou-se com uma expressão neutra.

- Aro. – reverenciou-o levemente.

Antes que pudesse ajeitar a postura sentiu uma mão gelada em sua pele igualmente fria.

- Houve problemas com os carregamentos? – sabia que Aro, neste momento vasculhava seus pensamentos.

- Nada com o que eu não pudesse lidar. Um pequeno contratempo que não comprometeu a encomenda.

- Não há motivos para preocupações quando você esta no porto.

Mesmo que não houvesse Aro nunca deixaria de conferir, Edward sorriu e agradeceu por este não estar mais com as mãos em seu rosto tornando seus pensamentos livres.

- Fico lisonjeado com seu elogio.

- Não o foi – Aro comentou olhando ao redor, fazendo com que rapidamente um garçom aparecesse perto de si com duas taças.

- Ainda sim, fico grato.

Aro sorriu para Edward e lhe entregou uma taça, os dois brindaram e deram um gole em suas bebidas.

- Gosto de você garoto! Não me arrependo em ter salvado sua vida.

- Sou-lhe eternamente grato e dedico minha vida a você – ainda que Edward acrescentasse mentalmente que aquilo que partilhavam poderia ser qualquer coisa menos vida.

- E tem de ser. Sabes que para estar comigo tem que me amar acima de tudo. É um de meus mandamentos.

Edward sorriu. De algum modo a soberba de Aro o cativava. Só ele mesmo tomaria dos mandamentos da Santa Igreja, a ordem maior de Deus para si.

Os dez mandamentos da máfia Volturi. Era como todos chamavam. E era exatamente o que precisava ter em mente para fazer parte. Aro Volturi, principal chefe, os criara e fora adotado por seus irmãos, Caius e Marcus.

"Amar a Deus sobre todas as coisas."

Juntos, Aro, Caius e Marcus colocavam-se como Deus. A lógica criada por Aro era simples, ele dava a seus seguidores tudo o que precisassem dinheiro, poder, proteção...

Em troca eles lhe confiavam devoção. Parecia obsoleto, quase insano, mas fora desta forma que Volturi tornou-se a maior máfia da Europa.

Claro que o fato de algum de seus membros serem vampiros contribuiu consideravelmente.

- No que esta pensando Edward? – ouviu a voz profunda de Aro.

Piscou brevemente até assimilar o olhar do mais velho sobre si.

- Como o amo sobre todas as coisas, apesar de sua insanidade.

Aro riu com gosto, ato que lhe conferia ainda mais poder. Tornava-o ainda mais presente.

- É assim que deve ser. Não preciso que concorde comigo, só que me ame.

Aro bebeu mais um pouco de sua taça.

Revirou os dedos pela taça. Aquele assunto sempre lhe trazia aquele incomodo, ele não sabia se deveria sentir-se grato por Aro ter salvado sua vida ou revoltava por este implicar em transformá-lo em um vampiro.

- Sei que discorda com o que fiz por você – encarou Aro e os olhos do mais velho o esquadrinhava, por um momento ele perguntou se, de fato ele não lia mentes sem precisar tocar na pessoa – mas sei que é grato mesmo assim.

- Você teve mais compaixão por mim do que Deus. – ele estava ligeiramente incomodado com aquele assunto, mas não poderia deixar de comentar.

Seus olhos estavam baixo, mas quando o silêncio começou a incomodar olhou para Aro, o mesmo parecia em transe. Quase que automaticamente adentrou nos pensamentos de Aro.

Viu um vestido vermelho, lábios vermelhos, pele alva... Viu desejo, cobiça... E sentiu em si um ódio profundo, do qual não saberia explicar.

- Ela é incrível, de uma forma perturbadora – Aro comentou sem olhar o mais novo, percebendo que ele lia seus pensamentos.

Procurou controlar sua ira, para que o outro não percebesse, sobre tudo por que ela não tinha razão de ser.

- Viu o quanto ela foi impertinente quando nos conhecemos?

E ele viu. Aquele mesmo ambiente, vazio. Sua silhueta de costas. Seu sorriso provocante ao virar-se.

A forma despreocupada com que ela olhou para Aro, Caius e Marcus. A forma como estendeu o braço sem o menor pudor.

Exalava autoconfiança, mas viu no fundo de seus olhos castanhos, pelos olhos do outro. Perguntou-se se Aro percebeu a tristeza incrustada em sua alma, que rondava seus olhos e lhe impedia que brilhassem.

Era impressão de Edward, ou ela parecia tão morta quanto ele mesmo?

- Ela é fascinante.

- Me parece. Vou lhe deixar a vontade – fez menção de se retirar.

Aro segurou seu braço. Em choque ele bloqueou todos os pensamentos, se o outro percebeu seu desconcerto, desfaçou muito bem.

- Quero lhe apresentar.

- Não se faz necessário Aro...

- Faço questão Edward, você entenderá.

Aro não olhou para o vampiro mais novo, mas usou aquele tom. Aquele definitivo e soberano que dispensava qualquer argumento. Ele esperou apenas com um suspiro resignado, quando o outro apenas abanou as mãos.

Não olhou na direção da mão do outro, mas viu através de seus pensamentos ela se esgueirar entre duas pilastras, olhando-os como um felino prestes a dar o bote. Por um segundo ela pareceu contrariada, mas logo depois deu um sorriso malicioso e seguiu para os braços do vampiro que a chamara.

- Edward, esta é Bella.

Inspirou o ar de que não precisava respirar. Fez apenas para que, quem sabe, conseguisse inalar a coragem que não sentia.

- Prazer Bella, Edward. – ela lhe estendeu a mão e foi quase um choque Edward perceber que ela lhe sorria de maneira tão descarada.

Seus pensamentos deram um nó. Quem era aquela mulher que tanto mexia com sentimentos que ele julgava não poder sentir? Por que ela chorara e agora lhe sorria?

Esticou a mão, quando ele tocou uma corrente elétrica pareceu correr pelo seu braço. Fora impressão ou por breves milésimos de segundos ela supôs afastar a mão? Será que sentiu o mesmo? O contato durou o tempo necessário e ela colocou o braço junto ao vestido na altura da cintura.

- A principio poderia ser uma cortesã como tantas que existe em Roma, mas... – Bella não moveu-se um centímetro com o termo cortesã, mas seu coração deu uma batida mais rápida, ele pode ouvir, enquanto Aro parecia tão ansioso que não percebera, sua voz carregava uma expectativa quase juvenil – você não percebe Edward?

Este o encarou confuso. Aro quase gritava em expectativa.

- Venham os dois. – ele revirou os olhos.

Bella acompanhou em seguida, como se estivesse entendendo toda a situação. Será que só ele estava confuso ali? Acompanhou os dois e rumaram por um corredor levemente mais escuro, onde tinham diversas portas. Aro entrou na última porta do corredor. O que, na verdade, Edward constatou como uma saída para a parte anexa da casa.

Como ela ficava quase ao topo de uma pequena ladeira. Eles puderam ter a visão de diversos telhados de casas mais abaixo, a maioria escura devido ao horário e ao fundo o mar estendia-se a linha do horizonte.

Edward estava virado pra paisagem, mas viu na mente de Aro, Bella aninhar-se nos braços do outro. Inexplicavelmente aquilo lhe era indigesto.

- Sei que esta em meus pensamentos. Quase posso sentir a invasão – Aro comentou enquanto enterrava os lábios no pescoço dela fazendo-a arfar de leve – mas gostaria que lesse a mente de Bella.

- Você o pode fazer - Ele não entendeu a natureza do pedido – Digo, temos o mesmo dom. E você ainda pode ver além. Melhor do que eu ver e lhe contar. – tentou reiterar-se quando percebeu o quanto rude soou. – Você só precisa tocá-la, como faz agora. – sentiu que empregara uma leve entonação pejorativa naquele comentário que soou extremamente impertinente.

- Faça Edward – ele usou aquele mesmo tom de minutos atrás. Virou as costas de Bella para si e agarrava sua cintura com uma mão enquanto afastava seus cabelos da nuca com a outra – olhe-a nos olhos e leia seus pensamentos.

Se era alguma excentricidade de Aro, ele definitivamente não queria participar, mas sabia que o outro não o deixaria ir enquanto não estivesse satisfeitos.

A contragosto virou e a olhou.

O olhar dela estava duro sobre o seu. Apesar das caricias de Aro e seu corpo responder aos estímulos, estes não alcançavam seus olhos.

Novamente ele não entendeu aquela mulher, e ainda mais quando sua mente não foi preenchida pelos seus pensamentos.

Ele via sua alma triste, o ódio crepitar em seus olhos, mas nada mais que isso. O choque assolou.

Aquilo que via era algo que qualquer um que a olhasse de verdade por mais de cinco segundos perceberia. Algo que o outro definitivamente não fizera.

Como a minutos atrás ele não conseguiu ver nada. Julgou que fosse pela confusão que instalou em si quando a viu, mas agora, de fato, realmente não conseguia ler seus pensamentos.

Afinal, quem era aquela mulher?

Aro riu e Bella acompanhou. Eles estavam rindo dele?

- Não consegue Edward? – ele olhou-o com o queixo apoiado no ombro de Bella – não se sinta mal, eu também não. Só não consigo entender por que, imaginei que talvez conseguisse – ele continuava a encaixar sua silhueta a da jovem – Bella é uma simples humana, mas de alguma forma ela parece imune aos meus poderes.

- Aos meus também.

Como não percebera antes que não via os pensamentos dela?

- Quem é você Bella? – Edward perguntou intrigado tentando novamente entrar na mente da jovem sem sucesso.

Antes que pudesse obter resposta, ouviu uma voz mais a frente.

- Senhor Aro, Caius solicita vossa presença. Afirma que está na hora.

- Dante, diga que já irei ter com ele e Marcus. – sua voz estava quase entediada. – Mio Caro – falou ao ouvido de Bella sussurrando - tenho de encontrar meus irmãos, mas tenho certeza que Edward poderá cuidar de você.

- Deixe-me voltar ao salão – ela falou manhosa.

- Bella – Aro saiu de trás de si e segurou seu queixo com uma das mãos – Fique aqui, não quero ninguém lhe tocando e Edward lhe fara companhia, sí?

Estalou seus lábios ao dela e saiu. Não reparou o quanto ela parecia contrariada.

O silêncio instaurou depois da saída de Aro e Dante. Bella encarava detalhes de seu vestido e Edward observava-a como se já tivesse visto aquela cena antes.

- Uma cortesã – bufou – O que mais eu poderia ser?

Levou alguns segundos para que Edward entendesse que aquela era sua resposta a pergunta anterior. Era a primeira vez que ela dirigia a palavra a ele. E seu tom não tinha nem um pouco da voz confiante e sedutora que usava com Aro.

- E você um maldito vampiro – ela encarou-o com seus olhos marejados – sua noção de futuro próspero me soa tediosamente imortal. – cuspiu as palavras com grande desprezo.

Ele estava extremamente confuso, mas o que era tudo aquilo? Por que ela lhe falava aquilo? Quem era ela?

- Não lhe entendo... – ele passou as mãos pelos cabelo, sentindo sua mente arder.

- O que não entende Edward? Como a "pequena Bells" tornou-se uma prostituta? – as lágrimas rolavam por seu rosto e todo seu corpo tremia – suas mentiras me trouxeram aqui.

Ele a conhecia?

Conhecia aqueles olhos castanhos e seus trejeitos.

Sabia que ela remexia no vestido quando algo a incomodava.

Sabia que ela tremia e chorava quando estava nervosa.

Sabia que seu sorriso aquecia seu coração.

Mas... ele não a vira sorrir de fato, como sabia?

Mas ele sabia, de algum modo ele sentia isso.

Olhou a minuciosamente enquanto ela chorava copiosamente.

Conhecia aquelas feições, aquele corpo. Cada mínimo detalhe. Tudo não passava pelos seus olhos a primeira vez.

- Edward? – ela o encarou, com os olhos molhados e voz incerta. – Porque?

Edward... Por que...

Aquele tom... Um rápido flash de uma jovem de vestido amarelo florido e mangas de renda transpassou sua mente.

Os mesmos olhos chorosos, o mesmo tom de voz suplicante e manhoso.

Não vá...

Outro flash, a mesma jovem. Um abraço apertado. Beijos na sua face.

Promete?

Seus braços entorno dela. Confortando-a, protegendo.

Algo que ele não podia explicar, mas sabia. Seu corpo e seus sentimentos a reconhecia.

Era Bella, sua Bella.

Antes que percebesse, estava de fato com os braços em torno dela, tentando, novamente confortar seu choro.

A terrível sensação de dejà vù lhe aplacou. Seu corpo estava completo ao dela. Queria protege-la, fazer com que se sentisse feliz e plena.

Ela ficou tensa a principio, mas depois também o abraçou e ele se perguntou como um dia deixara aqueles braços.

Sentimentos com os quais não podia lutar.

Ele amava aquela mulher.

Amava-a sobre todas as coisas.


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