Como manda velha tradição da festa anual de celebração aos filhos da natureza era organizada pelos ativistas da ONG “Lună” aos pés da imensa montanha Gerlachovsky, ao som de violão e comidas naturais.

Cassandra sentia seus músculos doerem de exaustão e suas pálpebras pareciam cheias de areia.

Já mal conseguia manter os olhos abertos, havia se empenhado na divulgação da festa por dias e noites, fazendo os panfletos e cartazes.

Alder Levenach trazia consigo dois copos de bebida, a jovem permaneceu observando as pessoas conversarem a respeito de projetos e divulgações de proteção a natureza local.

–Beba ou acabará desmaiando. – anunciou a ruiva estendendo o copo na direção da Cass.

A floresta Leamhan, em volta do local da festa andava em paz e silenciosa desde o ataque dos empreiteiros imobiliários, Cass tinha que concordar que aquele local continha uma vista panorâmica de toda a cidade de Cárpatos, a jovem sorriu antes de solver um gole de sua cerveja.

–As festas antigamente costumavam serem bem mais agitadas agora com essa maldita proibição da erva. – resmungou Gordon ao lado de Cass.

–A qual é Gordon eu sei que você tem aí. – disse a ruiva encarando-o.

Aquela atitude arrancou uma risada de Cassandra que observava a cena com cautela como se estivesse esperando algo acontecer, a noite estava agradável, ela conhecia alguns dos presentes mas seus olhos pousaram justamente em Laszlo como sempre magnífico e com aquele maldito sorriso abrasador de corações.

O rapaz saudou-a com um gesto de longe, rapidamente a jovem desviou seus olhos castanhos para um canto escuro, sentia algo surreal por ele, mas a jovem havia colocado um ponto final em seu relacionamento conturbado depois de noites de discussões a respeito do serviço que Cass tinha.

–Não acredito que o Nichol chamou aquele sujeitinho mau caráter. – vociferou a ruiva.

Gordon estreitou seus olhos para ver de quem Alder falara com tamanha raiva, por um momento o rapaz sentiu uma pontada ciúmes, mas a conteve e continuou a bebericar sua cerveja.

–Aposto que veio de penetra. – grunhiu novamente Alder com os olhos fixados no rapaz do outro lado da fogueira.

Cass respirou fundo, compreendendo, por fim, toda a extensão da presença de Laszlo Vendelstein para a ONG, a pedido de Nichol Gavril o presidente e fundador do grupo.

–Não Nichol o chamou essa tarde, me pediu que respeitasse sua vontade. – pausou solvendo um gole de cerveja, logo prosseguiu – Trata se das obras do lado sul da montanha, ambos estão discutindo como será prejudicial, essas coisas e todos sabem que Laszlo é o engenheiro responsável, não é? – anunciou com desdém.

Gordon caiu na risada ao ver a expressão fria de Cass.

–O palhaço qual é a graça? – questionou Alder encarando o.

Cass se divertia com a forma que ambos discutiam, conhecia Gordon Ellaway e Alder Levenach desde a época do colegial. O sangue começou a pulsar com violência nas têmporas de Cassandra ao perceber que Nichol se aproximava junto com Laszlo, rapidamente Gordon segurou na mão da ruiva e a puxou para um canto que relutava para ficarem junto de sua amiga que fora em vão, Cass permaneceu sozinha segurando o copo de cerveja, seus olhos castanhos se modificaram pareciam mais frios que o inverno e penetrantes.

–Como você já sabe, Cassandra é nossa vice-presidente. – anunciou Nichol formal e com um sorriso social.

Era notável o charme que exalava de Laszlo, até parecia um boneco perfeito recém tirado de sua caixa, ela desviou seus olhos na direção de Nichol tentando fugir das recaídas.

–É ele sabe muito bem, e aliás fiquei sabendo dos projetos de planejam para os terrenos, algo que será devastador para a flora local. – grunhiu.

O jovem engenheiro mostrou um sorriso sem graça com aquela acusação, era verdade que a empreiteira estava disposta a enfrentar as conseqüências para construir o hotel cinco estrelas do país.

–Estamos com os papeis de concordância da segurança da floresta em mãos, mas não esta nada decidido. – respondeu.

Cass mostrou um sorriso irônico na direção do rapaz, jogou o restante de sua cerveja na frente de Laszlo como sinal de incredulidade deixando Nichol boquiaberto com a atitude da moça, pensou em repreendê-la.

–Você destrói tudo que toca Laszlo. – acusou-o.

Nichol tomou a frente do rapaz e por fim repreendeu-a de forma severa, não poderia agir daquele modo na frente de um executivo importante que continha a faca e o queijo em mãos, a morena ficou perplexa com as duras palavras de seu colega.

–Você sabia muito bem o que esse aí me fez passar, enfim fique com sua festa e seus novos colegas, pra mim chega. – anunciou.

As pessoas que estavam na envolta de ambos continuavam paralisadas com a cena que presenciaram, Nichol sabia que era uma idéia um tanto tola concordar em levá-lo na festa sabendo que o engenheiro tivera um caso conturbado com Cass.

Laszlo sacudiu a cabeça, atordoado tinha que fazer algo ou acabaria perdendo a jovem para sempre, virou-se na direção de Nichol desculpou-se pela cena e com passos ágeis seguiu a jovem que havia desaparecido atrás das imensas árvores do bosque.

Alder ao vê-lo sumir no bosque escuro ameaçou segui-lo também, mas as mãos de Gordon a impediram, seria prudente deixar ambos conversarem a sós, Cassandra caminhava rápida por entre as árvores que eram iluminada pelo luar. Para o desgosto da jovem que alcançar a estrada de acesso a sua casa, sentiu a mão de Laszlo prender em seu fino braço.

– Espera, Cass, me desculpe, eu não quis... - Lazlo pretendia protestar, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa uma onda de vômito o fez soltar as mãos da jovem e virar o corpo para o lado como um sinal que já havia bebido demais naquela noite.

Cassandra não o ajudaria dessa vez, estava acostumada com o comportamento de seu ex-namorado, era bem típico dele. Balançou a cabeça e caminhou o mais rápido que pôde para longe dali.

Como pudera se envolver com alguém tão diferente dela? Andou por aquela região olhando para a floresta que tanto amava quando de repente um estranho som a colocou em alerta.

O barulho parecia-se com um gemido, certamente indicando que havia alguém ferido. A floresta que rodeava a montanha Gerlachovsky podia ser calma e tranqüila, mas já houveram casos de violência no local onde corpos haviam sido deixados daquela região. Claro que raríssimas vezes.

Seus instintos de colocaram em alerta e Cass caminhou vagarosamente na direção de onde havia escutado aquele barulho.

Talvez fosse apenas algum animal perdido, mas quando chegou mais perto levou as mãos aos lábios para reprimir um grito ao notar que se tratava de um homem delirando de febre deitado ali e ferido.

Chegou mais perto e a beleza do sujeito lhe chamou a atenção, era forte e estava sem a camisa usando apenas uma calça amarrotada, mas o que a chamou mais a atenção foi que ele não parecia ter sido machucado por alguma coisa humana e sim por algum tipo de animal.

A mordida tomava-lhe toda a cintura e parecia um ferimento sério prestes a infeccionar.