Back To Baker escrita por Mel Devas


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Aqui o novo capítulo!!! >-< Espero que gostem. Boa leitura!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/264416/chapter/7

- AAAAAAAAAAAAI!!!! - Reclamei.

- Só mais um pouquinho. - Tranquilizou Sra. Hudson, puxando forte mais uma vez. Gemi.

- Por que eu tenho que usar essa porcaria de espartilho?

- Porque as coisas nessa época são assim.

- Quero voltar pra minha época!!!!

- Todos aqui querem, Holy, todos! - Sra. Hudson perdeu a paciência. - Pronto, só falta se vestir.

Simplificando, eu estava com uma calça (que aparentemente era sinônimo de calcinha naquela época) rosa com rendinhas e uma  blusa da mesma cor. A governanta se aproximou com um grande aparato de metal e me mandou levantar os braços. Obedeci e ela passou-o pela minha cabeça e o encaixou na minha cintura. Ele se abriu como uma saia de arame. Me lembrei de ter visto algo parecido em filmes, devia ser uma bosta andar com aquilo.

Ignorando meu aparente desconforto, a Sra. Hudson pegou um grande vestido creme e escorregou-o pelo meu corpo. Ele, de fato, era bonito, as mangas bufantes continham uns pedaços de seda branca bordados, a frente era trabalhada com pequenas pérolas e fios de diferentes cores, do branco ao dourado. A saia se abria em camadas harmoniosas e parecia flutuar, contendo uma abertura no meio que dava para outra saia, cheia de rendas. Sim, era lindo. Lindamente pesado. Bem que disseram que o pessoal antigamente tinha dificuldade para andar. Tinha certeza que aquilo pesava pelo menos 5 quilos. Quero ver como eu conseguiria me sentar e andar. Eu faria o maldito do Sherlock me pagar por aquilo.

Sra. Hudson me fez sentar de frente para uma daquelas penteadeiras antigas, com um espelho grande ornamentado e várias gavetinhas, com dificuldade, consegui encaixar meu traseiro na cadeira (com a porcaria do arame espetando minha bunda, mas esse é outro caso) e, com o não-sei-o-que, a governanta cacheou parte do meu cabelo e o resto prendeu em coque. (Ficou bem exótico, considerando que meu cabelo é castanho com mechas azuis). Pegou uma almofada felpuda grande, do tamanho do meu punho fechado, coberto por um pó branco e deu palmadinhas na minha face. Passou uma sombra marrom e um batom combinando.

Sra. Hudson se afastou e me olhou parecendo satisfeita com seu trabalho. Eu achava que na verdade ela estava feliz por ter me usado como uma Boneca Barbie Para Torturar Época Vitoriana.

Ao sair do quarto me deparei com Watson, Will e Sherlock (que estava lendo um jornal enquanto fumava o seu cachimbo) vestidos somente com fraques e sapatos pretos lustrosos, sortudos. Wll estava até engraçado. A fraque era pequeno demais pra ele (ou melhor, ele era "maior demais" pra qualquer fraque) e tentaram abaixar seu cabelo curto e arrepiado sem sucesso, resultando num boi-lambeu em apenas pequenas áreas e o resto uma massaroca. Ele puxava a gravata borboleta de tempos em tempos.

Os três me encararam.

- Ora, ora... Como está bonita, Senhorita Holly. - Sherlock falou. Os outros dois assentiram com a cabeça, um pouco espantados.

- Bem, se você acha bolos de casamento bonitos, estou maravilhosa. - Falei, sem paciência.

Will e Watson reprimiram um risinho e Sherlock levantou uma sombrancelha.

- Bem, vamos?

--x--

1- Imagine estar vestido num treco muuuuuuuuuuuuuuuuuito desconfortável. É. Que merda. 2- Imagine-se entrando na estreita porta de uma carruagem com esse treco desconfortável. É. Que merda. 3- Tente imaginar um treco apertado chacoalhando com sua bunda sendo espetada por um arame. É. Que merda. Junte isso tudo e você verá o quanto foi agradável minha viagem.

Para sair foi outro sufoco, mas não vou me ater a isso. Só vou anotar aqui que Sherlock me deu um chute no final pra eu passar pela porta e que ainda vou me vingar. 

Ao pousar na rua de paralelpípedos de pedras cinzas claras e rodeada por postes a óleo decorados, encarei o grande teatro à minha frente. As colunas grandes e cinzentas, a escadaria de mármore maravilhosa, as janelas grandes e altas brilhantes. Tudo, TUDO daquele teatro me fez derreter. Mal notei quando Watson pegou meu braço e me encaminhou pelos lindos corredores esculpidos e entrou no salão de espetáculos. Eu fiquei literalmente tonta ao ver aquilo.

No teto, pinturas realistas e minuciosas de anjinhos rodeando uma linda mulher de longos cabelos cacheados. Um lustre de cristal pendia imperiosamente do teto. Os camarotes eram folheados a ouro e TODOS os bancos feitos à mão. Praticamente um sonho.

Acordei do meu transe quando Holmes sussurrou em meu ouvido:

- Tente conversar com o filho da vítima. - Indicou Anthony com a cabeça. Ele e a mãe estavam sentados perto do palco, também arrumados. 

- Conversas sobre o q- Me interrompi quando vi que Sherlock já estava distante, começando a conversar com a Sra. Murray. Olhei atrás de mim e Will me encarou decidido. Nós dois nos sentamos, rodeando o garoto.

Anthony era aquele tipo de garoto esteriótipo de inglês, os cabelos eram loiros platinados e os olhos incrivelmente azuis. Os traços eram finos e harmoniosos e mesmo com as olheiras e o óbvio desgaste estampados em sua cara, era bonito. Vestia um sobretudo azul escuro aveludado por cima de uma blusa com uns poucos babados. Calçava uma luva branca grossa, com pequenas pregas e uma bota pesada lustrosa por cima da calça preta.

Fez uma pequena mesura quando nos sentamos ao seu lado e olhou para a mãe, que conversava tanto com Sherlock quanto com Watson.

- E aí? - Perguntou Will para Anthony. Este o encarou confuso. Tomei dianteira. Sem gírias, Will, sem gírias!!!

- Tudo bem com você? - Perguntei. - Sou Holly, qual o seu nome?

- Sou o Anthony, mas pode me chamar de Tony. Prazer. - Respondeu polidamente. - Estou indo... E você?

Ah, esse negócio de perguntar "Tudo bem?" é tão automático que esqueci de que o pai dele acabou de morrer.

- Indo também. Esse aqui é o Will. - Indiquei o colosso com a cabeça. - Mas pode chamar ele de William, porque é a única maneira dele chegar perto de ser fino.

Tony riu levemente. Deixando a mostra os dentes perfeitamente brancos.

- Ei!!! Eu sou muito fino!!! - Reclamou Will.

- Fino como um baleia. - Zombei. - Então, Tony, o que você gosta de fazer? - Comecei um assunto antes que Will reclamasse novamente.

- Gosto de jardinagem. Quero ser farmacêutico.

- Sério?? Que maneiro!! - Falei, genuinamente interessada. - Algum remédio específico?

- Não. - Ele sacudiu a cabeça. - Só de poder mexer com as plantas me deixa feliz.

- Você mora bem isolado do resto do mundo, né? - Will refletiu. - Como você tem amigos?

- Ah, isso não importa. - O loiro pareceu feliz. - Eu tenho o Vincent, ele é o suficiente.

- O empregado? - Perguntou Will. Tony pareceu meio ofendido, mas logo sua expressão amenizou.

- É. Somos amigos de infância. Ele é uma pessoa muito interessante. - Seus olhos brilharam.

Não demorou muito para ele se soltar e contou um monte de história dos dois, era uma pessoa divertida e boa companhia. Ninguém teria imaginado que ele era enclausurado em casa e que seu pai tivesse acabado de morrer. O espetáculo começou e foi até que divertido, Hamlet de (Milk)Shakespeare. Até invadi o camarim e tirei uma foto com o cara que interpretou Hamlet com o restinho de bateria do meu celular. A equipe toda estranhou, o que foi mais divertido ainda.

No fim nos despedimos e fizemos outra viagem tortuosa para casa. Na carruagem Sherlock deu os relatos gerais da Senhora Murray, nada de interessante e pediu um resumo dos nossos, nós demos, não que fosse importante. Eu acho.

Em casa, depois de esfregar toda a maquiagem e trocar aliviada de roupa fui deitar quando percebi minha bolsa em cima da cama. Me lembrei que não tinha lido o diário do Watson ainda.

Folheei as páginas aonde tinha parado. Era exatamente o que tinha acontecido hoje, sem eu e o Will, mas o relato de Sherlock fora igualzinho ao que estava escrito no diário. Não podia ser.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Não? Ok... T^T Sério, espero que tenham gostado