A Viagem Dos Novos Argonautas escrita por O Coração Negro


Capítulo 23
Capítulo 23 Meio - irmão – POV Percy


Notas iniciais do capítulo

Para quem estava curioso com os sete



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Capítulo 23 Meio - irmão – POV Percy

– Quantos meio-sangue já devem ter analisado as coisas dessa maneira? Duvido que tenha alguém nos nossos acampamentos que poderia ter chego a mesma conclusão que ele chegou tão rápido. – disse Hazel esperando que Percy entendesse.

– A Hazel quer dizer que talvez o Eric saiba como lutar com semideuses – disse Frank sombriamente.

– Sim, como se tivesse sido treinado para isso – complementou Hazel.


Para Percy isso fazia total sentido, afinal Eric possuía algum tipo de ligação com Gaia, parecia plausível que a deusa da terra tivesse treinado semideuses para lutar por ela, porém ele não conseguia imaginar filhos de deuses que lutariam para destruir os próprios pais, tudo se voltava para o parente divino de Eric que ninguém fazia idéia.

Ele olhou para seus amigos Frank e Hazel, antes que pudessem trocar palavras o chão pareceu sumir sob seus pés, o navio havia dado um mergulho quase vertical rumo ao mar, Percy instintivamente se concentrou em fazer o navio cair de leve, era impossível ele não tinha tal domínio sobre o ar, porém achou que quando se aproximassem da água o mar obedeceria.

O navio colidiu com a água fazendo um grande splash, e eles colidiram forte contra o chão do navio, se levantaram atordoados sem duvida a queda deixaria marcas, foram para o convéns, Jason, Eric e Piper já estavam lá.

– O que aconteceu? – perguntou Frank, dentre todos ele era o mais abalado, o navio parecia balançar mais do que deveria na água, o rosto de Hazel atingiu um tom verde, ele sabia que a garota não gostava de navios.

– A sala de maquinas está com problemas, devido a uma grande batalha – fungou Leo, o filho de Hefesto estava coberto de óleo de maquina e parecia incomodado – uma bala de canhão danificou o motor, vou levar um tempo para reparar.

Qualquer chance de conversa foi interrompida, não havia tempestade, o mar estava calmo, porém a água se elevou em uma coluna de água que derramou na proa do navio, e lá havia a figura de um homem, um sereiano, com duas caldas ao invés de uma. Sua pele era verde e sua armadura possuía botões de pérola. Seu cabelo preto estava amarrado em um rabo de cavalo e ele parecia ser jovem – apesar de ser difícil dizer com não-humanos – era Tritão seu meio irmão.

– Irmão – disse Tritão a contra gosto – foi difícil de te encontrar, como você está fazendo isso?

– Isso? – perguntou ele confuso, todos se aproximaram, Tritão não era exatamente um cara carismático, não se davam bem e seu meio irmão não fazia o menor esforço para esconder.

– Sim isso – disse seu irmão se movendo pelo navio avaliado tudo com cara de nojo – se tornar indetectável.

– Como assim indetectável? – perguntou ele confuso, era assustador a presença que o deus dos abismos submarinos causava.

– Nós deuses podemos localizar os mortais, não é muito preciso, nunca achou esquisito os deuses te encontrem no meio de suas aventurazinhas bobas? – perguntou seu meio irmão como se ele estivesse brincando com os amiguinhos – existimos em vários lugares e não podemos interferir diretamente, mas não entrarei em detalhes técnicos, então papai me mandou procurar seu filhinho bastardo e você simplesmente não estava em lugar nenhum! Terra, céu e mar eu vasculhei tudo! Claro tinha breves momentos que você aparecia, mas ai você sumia de novo, era como tentar ver uma televisão com estática! Então seu pequeno navio de brinquedo atingiu a água com um meteoro, então como EU sou inteligente achei suspeito e decidi verificar, foi ai que eu encontrei você.

Percy achou que seu irmão estava profundamente chateado com a idéia de ter que procurar por ele, porém não se preocuparia com isso, Tritão era ciumento e isso não importava, agora Poseidon, seu pai mandar procurar por ele já era algo em que pensar.

– Por que papai te mandou me procurar? – perguntou ele, achou que se não fosse direto ao assunto seu irmão iria ficar dando voltar e criticando o dia todo, não tinham tempo a perder.

– Direto ao assunto, eu prefiro assim – disse Tritão entregando uma caixinha de presente com desenhos de pequenos peixes e bolhas - feliz aniversario atrasado irmãozinho, presente do papai. Agora sou um garoto de entregas, Hermes fica proibido de sair do olimpo e eu tenho que levar presentes de aniversario.

Ele pegou a caixa e a abriu, dentro havia um pequeno colar azul com um pingente em forma de tridente azul perolado.

– Uma replica do tridente de Poseidon – disse Percy colocando o colar e apertando, o tridente apareceu em tamanho normal em sua mão.

– Sim – disse Tritão concordando e mostrando seu próprio tridente, ambas as a mas refletiram a luz emitindo um brilho azul – símbolo do domínio de meu pai sobre o mar, ele mesmo fez, mas ainda não deu um nome, tente criar um bom nome;é uma grande responsabilidade, vai te ajudar com o poder sobre o mar e tudo. Agora o meu pai me disse para te avisar que o tridente não é para lutar, te ajuda a controlar a água e aumenta seus poderes, para praticar antes, então agora já cumpri meu dever – disse seu irmão dando um sorriso maligno – experimente.

Normalmente ele teria tentado usar seus poderes imediatamente, porém segurar o tridente era como segurar um pequeno pedaço do mar, assim como com contracorrente a arma era parte de seu corpo, porém a espada era para lutar, tinha seus poderes, mas era diferente do tridente; segurar o tridente dava a ele uma energia, sentia um poder que não lembrava ter sentido, pensou no sorriso maldoso que seu irmão havia dado e decidiu não usar o tridente até ter certeza de que poderia controlar seus poderes ampliados.

– Acho que vou deixar para a próxima – disse ele, seu irmão não pareceu feliz, porém não disse nada, então uma segunda coluna de água se ergueu; inicialmente achou que eram deuses, ou alguma coisa feita por Tritão, porém da água saíram tentáculos e uma grande lula gigante maior que o Argo, com seus tentáculos porosos e fedidos se prendendo no Argo e puxando para o fundo.

– Se divirta brincando com o Kraken maninho! – disse Tritão feliz pela primeira vez.

Os tentáculos do monstro marinho se prenderam no mastro do navio, era como se quisesse subir a bordo, então sua boca gigantesca saiu do mar, era como um grande funil cheio de dentes se mexendo, rugindo com hálito de podridão e seu irmão simplesmente gargalhava, todos avançaram para o monstro, mas Percy se virou para seu irmão.

– Você fez isso! – acusou ele.

– Eu? O deus dos abismos e filho de Poseidon tem o dever de manter esses monstros presos! – disse tritão fingindo estar ofendido –como ousa me acusar de me aproveitar da oportunidade de ter sido mandado te procurar para deixar escapar perto dos monstros como o Kraken, o monstro marinho de Ceto e a Piton que quem devorar o filho mortal de meu pai vai ganhar seus poderes sobre o mar? Acha realmente que eu mentiria para monstros e acidentalmente deixaria a porta das celas abertas? Acha realmente que eu faria isso com meu irmãozinho depois de ele ganhar um tridente igual ao meu? – disse seu sínico irmão parecendo furioso, Percy achou absurdo ele fazer isso simplesmente por causa de um presente, porém sabia que os deuses tendiam a ser rancorosos por causas banais.

Ele olhou para o monstro que batia seus tentáculos contra o navio e contra seus amigos; a pele da criatura era dura a lamina de nenhum dos amigos parecia conseguir penetrar com sucesso sua pele, então Percy entendeu porque aquele monstro ficava trancado, ele simplesmente era poderoso demais para semideuses enfrentarem.

Frank se transformou em um elefante quando os tentáculos do monstro tentaram prende-lo, Jason sobrevoava o monstro e tentava ficar nele sua lança dourada, Eric parecia ter desistido de tentar ferir o monstro apenas ficava desviando de seus tentáculos com um rosto inexpressivo, Leo havia literalmente pegado fogo (cabelo vermelho e chamas saído do corpo) tentava atacar o monstro com seu poder, porém era inútil contra a pele resistente e úmida do monstro, Hazel e Piper simplesmente tentava chamar a atenção do monstro como se tentassem fazer ele esquecer que queria subir no navio.

Percy sabia que o monstro queria devorá-lo, cogitou mergulhar no mar onde seus poderes eram mais fortes para tentar despistar o monstro, mas sentiu o tridente ainda em sua mão direita, quase como se pedisse para ser usado; era muito poder, mas sabia que aquela era hora de usar, chamou pelo mar e sentiu o tridente aumentar sua força.

A principio a maré ficou mais forte, revolta, então a água se ergueu como se fosse uma tempestade violenta, o Kraken começou a se desprender do navio, mas o poder era muito,a força das ondas além de afastar o monstro estavam virando o navio, Tritão apenas gargalhava.

Não teve duvidas de que estava erguendo a água embaixo do navio e monstro sem dificuldade, era muito poder, não conseguia controlar, então soltou o tridente que desapareceu instantaneamente e voltou para o colar, o mar se acalmou de imediato.

O navio fez um som de estrondo parecido com a primeira queda do céu, porém menor, ele percebeu que devia ter erguido parte do mar pelo menos 4 andares para fazer algo como aquele som, o Kraken havia se desprendido do navio, mas não tinham chances de escapar, os tentáculos do monstro já se aproximavam de novo do Argo.

Percy olhou para Jason que ainda sobrevoava o monstro, então ele viu as nuvens se partirem e soube o que aconteceria antes de acontecer, já havia visto Thalia fazer o mesmo dezenas de vezes, então se lembrou do caça a bandeira “água conduz eletricidade garoto”.

– JASON NÂO!! – ele gritou, mas já era tarde demais, o raio que o filho de júpiter conjurou rasgou o céu e caiu em direção ao monstro, então uma voz se sobrepôs a dele.

– PULEM!!! – gritou Eric, mas simplesmente já era tarde, a eletricidade atingiu o Kraken e foi conduzida pela água do mar até o navio, ele nunca havia sentido um choque como aquele, não teve duvidas de que se não fosse um semideuses teria morrido, ele não agüentou e caiu de joelhos.

A dor passou instantaneamente, olhou para os lados, todos possuíam cabelos que pareciam vassouras e as roupas pareciam chamuscadas, achou que sua aparecia não devia estar melhor.

O Kraken parecia desaparecer em poeira dourada que era levada pela maré, então ouviram varias explosões vindo da sala de maquinas, as gargalhadas de Tritão haviam parado, ele parecia furioso.

– Te vejo por ai irmão, cuidado com os monstros – e saiu com um sorriso ainda mais malicioso.

Todos correram até a sala de maquinas para verificar as explosões, Leo controlou o fogo e todos ajudaram a apagar o incêndio, porém o fogo parecia ter feito ainda mais danos.

– Bom trabalho – disse Eric para Jason, dentre todos era o único que não parecia abalado, seus cabelos não estavam para cima, o filho de Júpiter não conseguiu retrucar.

– Você precisa levar seu irmão para terapia – disse Frank para Percy que assim como ele tremia por causa do choque e também parecia querer evitar uma briga.

Percy usou a água para se recuperar dos danos da eletricidade, usou a mesma para aliviar os nervos dos companheiros, era uma espécie de cura, não conseguia curar um corte profundo, mas os efeitos da descarga elétrica ele conseguiu abrandar sem problemas.

Ele olhou para os estragos do navio, a vela estava cheia de buracos, o casco não estava melhor, havia amassados em varias partes do bronze celestial, aquela sem duvida era uma aventura que havia começado mal, se sentia culpado pela atitude do irmão e ficou imaginando quais outros monstros das profundezas Tritão colocaria atrás deles.

– Foi um bom presente – disse Frank próximo a ele apontando o medalhão, ele sabia que o amigo sabia que algo o perturbava e queria distrair seus pensamentos – mas acho que vai levar um tempo ate você aprender a usar.

– Sim – disse Percy passando a mão no colar em seu pescoço, fez um juramento de não usar a não ser em casos extremos, levaria meses talvez anos para ele aprender a controlar, usar o tridente era como ter dois dele fazendo o trabalho.

Eles não precisaram continuar a conversa, Leo saiu da sala de maquinas depois de ter avaliado os danos e não parecia feliz.

– Boas noticias, é tudo fácil de concertar, posso fazer tudo em menos de duas horas – disse ele ainda serio – más noticias, não temos peças o bastante para trocar e não temos como navegar nem na água nem no céu.





A viajem no Argo se tornou mais difícil, agora dependia unicamente de seus poderes, Jason usava o vendo para dar impulso, Percy controlava as mares e o navio, o timão estava danificado, então sem eles trabalharem juntos o navio não navegava.

Percy sabia exatamente que rota tomar, porém tinha a impressão que estava remando todo o caminho em busca das portas da morte, faziam apenas algumas horas e dentre todos ele era o mais cansado, as águas eram mais difíceis de controlar que o ar e ele tinha que controlar o navio, passou a mão pelo amuleto em forma de tridente pensando em se devia ampliar seu poder.

Então do nada sentiu uma mão agarrar as suas, institivamente se desvencilhou, por incrível que pareça era Eric, dentre todos ele parecia o mais tranqüilo, os danos da luta que havia levado não eram muitos, mas misteriosamente já haviam sumido, dentre todos ele foi o único que não havia recebido o seu tratamento de cura com água para tirar os efeitos da eletricidade.

– Eu não ia usar o tridente – garantiu Percy, ele havia decidido chamar o tridente de Okeanos, que era como o mar era chamado na época de Alexandre o Grande.

– Não é isso, me empresta sua mão – disse Eric pegando sua mão e apertando, ele se sentiu incomodando, imaginando o que alguém diria ao ver dois garotos segurando suas mãos daquele jeito, para completar, Eric não estava examinando a mão, ele simplesmente estava segurando forte.

Percy se sentia esgotado de todo o esforço e sentia sua força voltar, ficou mais fácil controlar a maré, era semelhante ao poder do tridente, porém mais controlável, era como se ligasse seu celular diretamente na tomada, ou tivesse três Percys fazendo o trabalho, porém ele achou que Eric iria se cansar, então não perdeu tempo e acelerou o navio (n/a: esse poder foi baseado em um efeito multiplicador que aprendi na administração, é baseado no estudo de tempos e movimentos, simplificando, o cara provou que duas pessoas trabalhando juntas fazem mais do que separadas, tipo separadas produzem 10 cada uma e juntas produzem 30).

Enquanto controlava o mar, se perguntou no que os outros argonautas estavam pensando de ver os dois de mãos dadas, teria que explicar depois, mas sabia que sem duvidas haveria inúmeras piadinhas, então ele viu terra no horizonte, puxou toda a energia que sobrava em ambos e sentiu a mão de Eric afrouxar e suas mãos se soltaram.

Era uma ilha conhecida, o navio ancorou na praia, e parada nas areias brancas havia uma jovem de cabelos castanhos caramelo que iam ate os ombros, roupas brancas, pele morena, a garota tinha as mãos na boca como se não acreditasse no que estava vendo, era Calypso e aquela ilha era Ogigia.

Percy sabia o que ela tinha na cabeça, Calypso era amaldiçoada a ser rainha daquela ilha e também sua prisioneira, uma vez a cada mil anos um herói era enviado a ilha, alguém que a deusa não podia evitar ajudar e também alguém que ela não poderia evitar amar, esse alguém sempre seria um herói que não poderia aceitar sua oferta de imortalidade e viver com ela para sempre. Ele sabia como era difícil resistir a sua beleza pura e simples, Calypso seria para sempre seu grande e si, agora que a maldição dela havia se quebrado eles puderam se reencontrar; Percy tinha namorada, mas não podia deixar de pensar no que faria se não tivesse, teria forças para recusar a oferta da garota uma segunda vez?


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Notas finais do capítulo

Vou ressaltar algo aqui nas notas finais para quem estiver lendo a fic agora, o eric não tem poder sobre o mar, muitos acharam que tinha, mas não tem, o que ele fez foi passar as proprias forças para o percy, mais explicações no decorrer da história.
Spoyler
Bem galera, em uma entrevista mês passado o tio Rick disse que no decorrer dessa nova saga ele mostraria o que aconteceu com Calypso, porém quando eu escrevi esse cap em março eu nem imaginava, foi apenas uma feliz coincidência, nem sei se o reencontro será feito da mesma forma.
Agradeço a todos os reviews e espero que gostem, até amanhã que é quando pretendo postar o próximo, mereço reviews?