A Viagem Dos Novos Argonautas escrita por O Coração Negro


Capítulo 20
Capítulo 20 A Cilada – POV Annabeth




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Capítulo 20 A Cilada – POV Annabeth

Ela olhou para Reina, que assim como ela estava escondida, o contingente de Gaia agora era de dezenove pessoas mais a líder, totalizando vinte, eles atacaram passando pelo portão e foram emboscados como planejado.

Os lares como de costume nos ataques se afastaram fugiram da estranha líder, mas agora os invasores enfrentariam as forças do acampamento Júpiter e do acampamento meio sangue, a legião atacou os inimigos de surpresa, ela já colocou o boné dos Yankies e sumiu.

A líder fez a terra tremer desequilibrando os adversários, as sombras foram atacadas de ambos os lados, a líder do exercito de Gaia saiu cortando campistas com sua espada negra que parecia terrivelmente como aço do estinge.

Annabeth saia espetando os inimigos com sua adaga, escondida pela invisibilidade, queria abrir caminho até seu alvo, mas ela não conseguia se aproximar, o exercito de semideuses caídos era, apesar da emboscada, difícil de vencer, sorte que eles não eram invencíveis, apesar de serem apenas almas aprisionadas de heróis caídos as sombras eram sólidas.

Annabeth pouco a pouco ganhou terreno, então viu a líder puxar um arco em forma de lua, armar uma flecha e mirar em Reina que lutava lado a lado com seus cachorros de ouro e prata, ela viu a líder esticar a corda do arco, era um tiro impossível no meio de tamanha baderna, a líder pulou para traz com uma agilidade comparável apenas aos filhos de Dionísio no acampamento e disparou, a flecha voou em linha reta e atingiria o coração de Reina se a garota não tivesse percebido a flecha e se movido no ultimo segundo, então em lugar do coração atingiu o ombro, mas a garota nem mesmo gritou, apenas continuou lutando ignorando a dor.

A filha de Atena finalmente conseguiu chegar a seu alvo, chocou o corpo contra o da inimiga fazendo com que a espada saísse da mão da garota, arremessou a rede que se abriu no ar caindo sobre a líder, a garota tinha bons reflexos, mas não pode fazer nada frente ao ataque surpresa vindo de seu ponto cego.

A rede embaraçou na garota e prendeu firme, a líder fez a terra mover, tentou arrebentar a rede com as mãos, mas nenhum meio sangue era capaz de arrebentar uma rede de cabelo de esfinge com bronze celestial, e então por incrível que pareça ela parou de lutar, apenas sorriu por baixo do elmo.

– Ouvi dizer que os filhos de Atena sempre tem um plano, – disse a líder maliciosamente em meio a batalha que terminava – mas os seus em particular não são bons... quero dizer não é que não sejam bons os nossos são melhores, enquanto suas forças estão aqui quem protege as outras fronteiras?

Annabeth vacilou, esta era a grande falha, a brecha que ela não conseguiu ver todo esse tempo, os relatórios de Saphira, seu cérebro trabalhou em alta velocidade ligando todos os pontos de tudo que havia acontecido até agora de uma forma e velocidade que apenas uma filha de Atena era capaz de fazer.

Os ataques não eram apenas guerrilha para chamar a atenção para o fato de que eles conheciam as táticas, eles tinham com isso uma dupla vitoria, difundiam em ambos os acampamentos a idéia de que o outro estava vazando informações, que não eram confiáveis, então sua mente se focou em Saphira, e se o fato de eles enviarem alguém para seguir seus passos estivessem em seus planos desde o inicio? Eles sabiam que eventualmente tentariam conseguir informações sobre eles, então a ultima carta de Saphira, e se propositalmente tivessem espalhado as informações sobre o ataque? Induzindo a focar as defesas na fronteira leste.

Então o resto do plano foi fácil de deduzir, o que eles ganhavam fazendo a principal força de combate ficar protegendo apenas um portão estava em outro lado do acampamento, então tudo fez sentido “nova Roma” e o senado que era protegido pela fronteira mágica de Terminus o deus do terminal.

Enquanto eles lutavam aqui os comparsas da garota estavam invadindo a cidade protegida da legião, cheia de semideuses adultos, crianças e velhos e indefesos, o senado, os senadores, lideres de Roma, tudo isso havia ficado ao alcance deles com esse plano ardiloso.

E com isso eles poderiam minar a força reserva da legião, causar danos incomensuráveis na moral, pois aquela cidade não era apenas um lar para os semideuses aposentados, mas também um símbolo da paz pela qual muitos ansiavam, não era nem mesmo necessário causar dano, tudo que eles precisavam fazer era invadir o local e causar caos o bastante para que a desordem se espalhasse.

Como eles tinham um espião também tinham as informações dos senadores, claro muitos eram membros ativos da legião, mas outros eram semideuses que viviam suas vidas em paz longe de monstros na pequena cidade, onde era proibido armas, havia apenas pessoas indefesas, certo que tinham os poderes herdados de seus parentes divinos, porém o que poderiam fazer frente a um ataque surpresa? Se os seguidores de Gaia denominados Arautos conseguissem além de invadir capturar os senadores, seria um desastre sem precedentes.

Então ela olhou para a líder, presa na rede sorrindo maliciosamente.

– Você entendeu? O esperado de uma filha de Atena – disse a voz da líder.

– Porque você não foi com eles? – perguntou Annabeth, esta era a única ponta solta que ela não conseguiu encaixar.

– Por isso – disse a líder e a escuridão engolfou a garota e sua espada caída no chão, mesmo coberta pela rede Annabeth viu ela desaparecer, indo de encontro a seus parceiros.

– REINA!!! O alvo deles é Nova Roma! Fomos enganadas! – gritou Annabeth, ainda ferida Reina quebrou o cabo da flecha e junto com Annabeth se dirigiram a Nova Roma liderando a força unida da legião romana e exercito grego.

A linha pomeriana protegida por términos não havia sido violada, porém o caos havia se instaurado na cidade, de frente a cidade havia armas largadas pertencentes aos Arautos, havia também uma rede cortada, e Annabeth soube que a líder havia vindo para a cidade, e estava livre difundindo o caos.

– Devemos confiscar essas armas? – perguntou alguém amadurado perto dela, ela negou com a cabeça e atirou também suas armas aos pés da estatua, doía se separar de sua adaga, ultimo presente de seu amigo Luke, mas era mais rápido do que ter que lidar com Terminus o deus dos terminais.

– Larguem suas armas! – gritou Annabeth, não foi uma surpresa ninguém obedecer de cara – precisamos por ordem nessa baderna! Nossos inimigos estão desarmados também, contaremos apenas com nossas habilidades!

– Façam o que ela diz – gritou Reina, os campistas obedeceram e avançaram, a estatua do deus dos terminais apenas sorriu e gritou para eles limparem logo essa bagunça, afinal sua única e principal função era impedir a entrar de armas na cidade.

A legião avançou ignorando o caos e o pedido de socorro, haviam casas incendiadas, crianças correndo, mas agora a legião tinha que fazer apenas uma coisa, encontrar os cinco Arautos, elas sabiam onde ir, para o Senado, e não deu outra, ela viu rochas serem arremessadas de lá nas casas por alguém que ria e usava armadura.

– Reina lidere nossas forças eu irei sorrateira – disse Annabeth ficando novamente invisível com seu boné, eles avançaram, sabiam onde os Arautos estavam, isso era fora de escala, estava além de fazer a terra tremer, eles moviam a terra como Percy movia a água, arremessavam pedras terra e rocha como se fosse papel causando destruição na cidade.

Apesar de tudo a legião avançou, mas os Arautos não eram tolos, por mais poderosos que fossem era impossível resistir a um ataque contra um exercito, então quando se aproximaram o guarda que protegia o senado fugiu para dentro.

A legião cercou o lugar, e Reina liderou 30 campistas para dentro e Annabeth a seguiu ainda invisível, dentro do senado ela viu os cinco Arautos amarrando senadores e aquele que havia ficado de guarda arremessando pedras em tudo que se movia, gritando.

– Eles estão vindo! Eles estão vindo! – disse aquela voz masculina.

– Um pouco tarde para isso Watson – disse a voz da líder que cuidava de amarrar alguém que parecia ser um senador, todos os cinco arautos estavam ali, desarmados, porém poderosos e perigosos – eles já estão aqui! Pena eu queria levar todos, mas calculo que metade do senado é um bom troféu.

– Eles não tem para onde fugir! – gritou Reina, mas não era verdade e não ouve tempo para dizer, a líder junto com os outros arautos e todos os senadores capturados foram engolidos pela escuridão.

– Para onde eles foram? – Annabeth ouviu alguém gritar, ela tirou o boné e apareceu ao lado de Reina que tinha o ombro ferido e ensangüentado.

– Isso foi viajar pelas sombras, eles se foram, perdemos – disse Annabeth, o ar que se instaurou pela legião foi terrível, não havia nada pior que a derrota, ainda mais quando envolvia a vida de amigos.

Annabeth antes achava que as coisas não podiam piorar, mas essa derrota havia piorado tudo, havia muitas construções para reparar, lideres da legião, em sua maioria semideuses aposentados que viviam em paz no vale, haviam sido sequestrados, a moral da legião estava baixa e a desunião havia se instaurado.

Passaram às próximas duas horas apagando incêndios, cuidando dos feridos, preparando os mortos, dessa vez o ataque havia gerado poucas mortes e os cochichos haviam se tornado piores, os gregos foram deixados de lado cuidando dos feridos e ajudando nos reparos, mas onde eles trabalhavam os romanos pareciam evitar, embora houvessem agradecimentos por parte dos feridos que eles ajudavam.

Quando as coisas estavam fora de perigo ela se dirigiu a Principia, enquanto caminhava pelo acampamento Júpiter quase sentiu falta dos cochichos, agora o que havia era uma fria hostilidade, ela andava com a mão em sua recém recuperada adaga, sentia que podia ser agredida a qualquer momento, mas precisava falar com Reina sozinha, elas precisavam agir e rápido, as coisas simplesmente estavam fora de controle, e haveria uma reunião do senado, ou do que sobrou dele, elas seriam responsabilizadas.

Ela entrou na Principia e deparou com uma Reina ladeada pelos seus metálicos cachorros de guarda, sentada na cadeira de Pretora, ouvindo as queixas de Octavian.

– É tudo culpa sua e dos gregos, eles trabalham com Gaia! Cuidado com os presentes de gregos! Eu avisei, vocês ignoraram o protocolo, por culpa de vocês Nova Roma foi quase destruída! Você vai perder seu cargo por isso! – ele gritava, e Reina ouvia quieta, com o braço preso por uma tipóia.

Quando ela entrou Octavian se virou de súbito, seu rosto lívido de fúria, ela instintivamente apertou o cabo da adaga e começou a tirar a arma para fora, mas se conteve, ele poderia tomar como uma atitude hostil e ter uma desculpa para prende-la a ferros, então ele saiu batendo as portas.

– Ele parece furioso – disse Annabeth e ela achava que ele tinha razão afinal foram as suas ações que causaram tamanha tragédia.

– E com razão, a maioria dos senadores seqüestrados eram seus aliados no senado – disse Reina suspirando e fechando os olhos, como se aquele gesto pudesse fazer ela acordar do pesadelo, Annabeth ficou surpresa ao saber que os senadores seqüestrados eram aliados de Octavian, ela havia nutrido a idéia de que ele era o espião, mas isso conseguiu abafar a idéia.

– Reina o que fazemos agora? – elas se olharam perdidas, era difícil prever as conseqüências de suas ações por completo, obviamente a responsabilidade era toda delas, mas havia um grande vazio no poder, a desconfiança havia se tornado hostilidade.

– A única coisa que podemos fazer, rezar para que a língua de Octavian fique presa durante a reunião, que os deuses sejam clementes, que consigamos nos reerguer, que Gaia não volte a atacar – disse Reina parecendo cansada como nunca estivera, como se a flecha tivesse não apenas ferido seu ombro, mas sua alma – você acha que eles vão voltar?

– Não – disse ela calculista se sentando na cadeira referente a Percy que ela agora ocupava – agora eles já tem os senadores, já causaram caos, se eles quisessem o fim do acampamento teriam enviado um grande exercito como da ultima vez, isso foi diferente, lutaremos entre nos acusando uns aos outros de traição, nos destruiremos por dentro, além de tudo Gaia prometeu uma versão de Roma para o espião – lembrou ela de seu sonho.

Annabeth se sentia nua como nunca havia sentido, ela sempre tinha um plano, mas isso era diferente, não tinha onde se firmar, tentava antecipar o pior cenário que aconteceria.

Viu que eventualmente os gregos seriam caçados dentro do acampamento romano, a partir dali eles seriam culpados, os romanos estariam dispostos a agarrar qualquer desculpa pelo fracasso e era mais fácil culpar os gregos, afinal eles haviam resistido sozinhos a um ataque de maior magnitude, agora juntos estavam mais fracos e vulneráveis, mas as coisas parariam por ai?

Quem assumiria o posto depois que Reina e ela fossem removidas? Octavian e algum outro, talvez o espião, era provável, afinal tudo o que o espião queria era Roma e talvez Reina, pelo sonho ele tinha algum sentimento doentio pela garota, mas o que eles fariam alem de caçar todos os campistas gregos que estavam no acampamento Júpiter? Talvez houvesse uma guerra entre os dois acampamentos, talvez Roma se dividisse em facções rivais lutando entre si, era tudo muito difícil, iria variar de que tipo de boatos circulassem e que pessoas se destacassem com discursos induzindo o caos e desconfiança.

Ambas pularam da cadeira, os cães de guarda metálicos de Reina ficaram a postos para atacar, tudo porque uma simples pomba entrou voando pela janela se chocando com uma parede, o animal possuía as penas manchadas de vermelho, um corte assustador e recente no olho dando a ela um aspecto arrepiante.

O primeiro pensamento de Annabeth era que era apenas uma pomba, depois de lembrou de Saphira, então achou que aquela era uma das pombas que a garota usava para passar as mensagens que havia ter sido quase interceptada, mas a pomba começou a se contorcer até virar uma jovem coberta de feridas.

Era uma garota de cabelos longos e negros, mas sujos de sangue, seu olho esquerdo estava fechado e cortado tão fundo que saia uma espécie de pus que causava arrepios, seu olho direito estava intacto e aberto era castanho claro, quase dourado, havia um grande corte profundo no peito da garota, seu corpo estava coberto de pequenas feridas que pareciam de batalha, era Saphira.

Reina e Annabeth correram para a garota, Annabeth já tinha um cantil com néctar em mãos, sempre precavida, mas Saphira parecia semiconsciente, parecia um milagre ela estar viva, Reina se sentou no chão e pôs gentilmente a cabeça de Saphira no colo enquanto Annabeth forçou-a beber um pouco de néctar, que a garota engoliu facilmente, embora tossisse e escorresse um pouco pelos cantos da boca.

A filha de Nêmeses parecia querer dizer algo, delirava – preciso falar com Reina... eles vão atacar... só o começo... mover o acampamento... precisamos lutar juntos.

Eles tentaram move-la, mas ela começava a se mexer tanto que se tornou impossível, ficaram daquele jeito por exatas duas horas que ficaram dando ambrosia e néctar para a garota, nesse tempo Annabeth analisou o que ela havia dito, não era difícil imaginar, ela falava do ataque que já havia passado, a parte de mover o acampamento também era simples, ouvira falar de como os romanos poderiam reconstruir todo o acampamento em uma semana, mas para isso era necessário trabalho em conjunto, o que ela duvidava ser possível.

Passadas as duas horas Saphira ainda estava ferida e suja, mas havia se recuperado o bastante para se levantar e se alimentar sozinha, era também arriscado alimentar ela com mais ambrosia e néctar ou ela poderia ser consumida, seu olho esquerdo havia se recuperado, porem a cicatriz permaneceria em seu rosto para sempre, ainda havia uma mancha branca no olho referente ao corte, mas isso iria desaparecer com o tempo e com sessões de ambrosia regulares e controladas.

Saphira e Reina se abraçaram como amigas, e ela percebeu que Reina já havia cogitado que sua amiga não voltaria, foi reconfortante, como uma pequena vela em meio à escuridão.

– Saphira, sei que você precisa de descanso e de se recuperar, mas precisamos saber tudo o que você descobriu, é importante – disse Annabeth conduzindo a garota para uma cadeira.

A filha de nêmeses deu um grande suspiro, as pequenas feridas haviam se fechados, mas a grande ferida em seu peito levaria mais tempo, mas não havia como negar que a garota possuía de certa forma sorte, afinal essa ferida poderia ter sido fatal.

– Eu pretendia contar tudo desde o começo, o ataque que vocês sofreram é apenas o inicio, eles atacarão de novo – disse ela –vou contar agora tudo que ouvi e vi depois que enviei a ultima mensagem, sinto muito parece que não fui tão imperceptível como achei que seria.

Saphira passou a mão pela cicatriz e tomou fôlego para começar seu grande relato.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo tudo sobre a forma como Saphira fugiu e adianto que foi difícil, agora a quantidade de reviews não melhorou muito então vou ficar hoje no mesmo esquema, se eu ficar satisfeito com os comentários postarei outro ainda hoje, se não ficar até amanhã.