Mansio Infernalis escrita por Victoria Perfetto


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aqui está o primeiro capítulo. Já vou avisando que o início é ruim, mas depois vai ficando bom. Bjos e deixem os seu comentarios, ok?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/264370/chapter/2


Como qualquer outra mortal, eu tenho uma família, uma bem problemática para dizer a verdade. Quando nasci neste mundo conturbado dos seres humanos, eu fui colocada em um orfanato já que minha mãe era uma prostituta e não queria que eu crescesse nos meios em que ela vivia. Quando tinha quatro anos foi adotada por uma família que a primeira vista parecia ser bem endireitada. Parecia.

Minha mais nova mãe Helena me adotara pois, queria ter mais um filho após ter de retirar o útero por causa de um câncer; Maurício, pai supostamente dedicado a família já que achava que apenas colocar comida na mesa era um sinal de amor aos filhos; e Diego o meu irmão mais velho que era sempre elogiado na escola pelo seu bom rendimento.

Não seria uma família ruim para uma pessoa adotada até as brigas começarem. Meu “pai” não me aceitava como sua filha, dizia que filho era de sangue. Minha “mãe” sempre me protegia dizendo que filho independentemente de ser de sangue, era de coração. Na maioria das vezes após dizer isso  papai a espancava.

Meu irmão me culpava pelas brigas de seus pais, me dizia que ela não ocorriam antes de eu ingressar na família. Depois disso ele começou a demonstrar muita raiva por qualquer coisa que acontecia. O único conforto que achou foi entrar nas drogas; e logo começou a roubar objetos em casa para poder pagar os traficantes. Maurício e Helena ficaram desesperados com a situação e o internaram em uma reabilitação, mas nada adiantou.

Depois de um tempo ainda se drogando, Diego foi encontrado morto em seu quarto, a causa da morte segundo os legistas fora overdose.

A vida de meus pais após este fato era como se tivesse acabado. Pensavam em como seu filho legítimo poderia ter morrido desta forma. E diziam para os outros “Normalmente não são os filhos adotados que tem esse fim?”. Começaram a me tratar de uma forma mais superficial do que antes, era como se me culpassem por Diego ter começado a se drogar. Eu mal esperava a hora de acabar a escola e ir para a faculdade, cuidar da minha vida.

Mas quanto eu tinha dezesseis anos começou uma onda de sequestros na cidade. Garotas da mesma idade que eu eram levadas para lugares afastados da cidade onde eram estupradas e depois assassinadas.

A cidade inteira ficara chocada com os ocorridos. Os pais não deixavam mais suas filhas saírem sozinhas nas ruas. Meus pais não tinham esta preocupação, na verdade eles não tinham mais preocupação nenhuma desde que meu irmão havia morrido. Então um dia quando eu estava voltando a pé da casa de uma amiga durante a noite, eles me pegaram. Me jogaram dentro de um carro. Eu tentei dizer alguma coisa, mas logo mandaram eu ficar quieta.

O lugar para onde me levaram era frio, escuro e perturbador. Meus pulsos, tornozelos e pescoço eram presos por correntes de ferro no chão; me espancavam até eu cuspir sangue e não aguentar mais, era isso o que os satisfazia. A única coisa que pensava era por que não haviam me matado ainda. Estava demorando muito para acabarem comigo. As outras garotas duraram apenas algumas horas, e eu estava aqui já faziam dois dias. Por que sou diferente? Por que ninguém veio atrás de mim?

- Olha se não é a Alethia. – disse uma voz com um tom de deboche. – É realmente deprimente te ver nesta situação.

Meu corpo doía tanto que mal consegui abrir os olhos para ver quem era. Mas a pessoa que vi me assustou muito.

- K...e...s...a...b...e...l...? – falei com dificuldade.

- Nossa você se lembra de mim? Que honra um anjo celestial de três assas se lembrar de um relis anjo de luz.

- Até parece que você é um relis anjo de luz... - tentei sentar para conversar melhor, mas foi uma tentativa falida. – Droga... eu não aguento mais isso!

- Que hilário! Um anjo de três assas se arrastando pelo chão! – disse rindo.

- IDIOTA! Veio aqui só para ficar me ridicularizando, ou veio para me ajudar?

- Ajudar? Eu não ajudo ninguém, e você sabe muito bem disso Alethia, afinal fomos criados juntos.

Verdade. Eu, Kesabel e Amon fomos criados juntos no campo de treinamento para anjos. Aquela talvez não fosse uma das minhas melhores lembranças, só me lembro que na maioria das vezes eu estava triste já que as pessoas não aceitavam a mim nem a meu irmão pelo fato de termos três asas, mas Kesabel era o único que não tinha esta frescura, ele sempre aparecia para nos proteger. E assim foi até descobrirem que o fato de Amon e eu termos três asas nos tornava mais fortes. Foi ai que começou a hierarquia dos anjos, onde nela havia em primeiro lugar os chamados Superiores que era composta apenas de mim e meu irmão que tínhamos o dever de estabilizar as dimençoes e trazer paz a todos, e em casos de guerra seríamos os primeiros a serem chamados por conta de nossa força; em segundo lugar os anjos Celestiais que eram os auxiliares de Deus; em terceiro o Exército que só age em caso de guerra; em quarto existem aqueles que são chamados de Equilibrio, são eles que medem o grau de bondade de uma pessoa para ver se ela vai para a dimensão boa ou má do paraíso; e o quinto são os Anjos da Guarda que são aqueles trouxas sem habilidade alguma em lutas e por isso são colocados na Terra para fazer com que os humanos se sintam protegidos. Se sintam apenas, já que estes anjos são tão inúteis e fracos que nem uma mosca eles protegem.

Após eu e Amon sermos “promovidos” aconteceu algo que fez todo o paraíso ficar abalado. Kesabel que agora era um dos anjos Superiores foi expulso para inferno após ter engravidado humanas* em uma de suas missões a Terra. Desde aquele dia eu nunca mais o havia visto.

- Você me ajudava quando éramos pequenos.

- Ajudava sim, mas naquela época eu tinha pena de você, e hoje não há mais motivo para isso.

- Entendo... Então o que você quer? Engravidou outra mulher e quer que eu te console? Saiba que o máximo que eu vou fazer é rir de você.

- Claro que não! Eu já parei com este tipo de coisa, na verdade agora sou um rapaz bem comportado.

- Sei... Eu ainda acho que você engravidou alguém.

- Pense o que quiser, mas saiba que só vim aqui por que quero que se junte a mim e a todo o inferno em busca do controle do céu. Vamos juntos mostrar o quão injustas são as regras implantadas pelo velhote a toda a população! – disse Kesabel tão animado, que quase chegava a gritar.

- Chato.

- Chato? Eu achei genial! – disse inconformado.

- E eu achei chato. É muito clichê. E tenha mais respeito a Deus! Não o chame de velhote!

- Cala a boca Alethia! – disse mudando o tom de voz. – O cara estraga com a sua vida, e tira a sua opção de ter sentimentos, e você ainda o respeita? Aposto que ele fez o seu irmão te odiar dizendo o quão impura você é!

- Como você ousa dizer isso? – eu não podia acreditar no que estava ouvindo, era doloroso demais me lembrar de tudo o que passei.

- Como você ousa dizer isso! Quer dizer que devemos respeitar Deus, mas em troca não recebemos o respeito dele? Ve se acorda Alethia e sai desse corpo ridículo humano! Venha lutar ao meu lado!

- Eu não posso! Não posso... Não posso... – coloquei a mão na cabeça e comecei a balançá-la para frente e para trás. Meus olhos se arregalaram.

Kesabel pegou em meu pulso e me puxou para perto dele. Olhei em seus olhos e percebi que ele demonstrava estar realmente bravo naquele momento.

- Você pode e fará isso! Eu ainda consigo ver as suas asas, entendeu? Elas ainda estão ai, então use-as!

- Mas eu não as vejo nem sinto!

- Isso acontece por que você não quer vê-las nem senti-las.

- Então me mostre elas, me faça as sentir.

Ele me soltou e se distanciou de mim.

- Ok, mas para isso é necessário um sacrifício seu.

- Que sacrifício?

- O corpo em que você reside morrer. – disse com um tom dramático na voz

- Isso não vai ser tão difícil, pelos modos que sou tratada aqui desta prisão, morrerei em breve.

- Mas eu não tenho tempo para esperar o seu “breve” querida.

Em seu rosto se formou um sorriso malicioso que sempre estampava em sua face quando podia. Esticou os seus braços para o teto, e no mesmo momento instante uma grande ventania invadiu o local. Penas negras voavam para todos os lados. Elas se juntaram e formaram duas grandes espadas, uma em cada mão de Kesabel. Ele saiu correndo em minha direção. Tentei me mexer para que o pior não me acontecesse, mas meu corpo ainda doía demais para isso, então apenas fiquei parada o olhando fixamente. Não demorou muito para sentir as duas espadas entrando de uma vez só em meu peito.

- E aí Alethia? Como é morrer? – perguntou rindo. Mas eu não consegui responder. Minha visão estava embaçada, meu peito parecia que ia explodir de tanta falta de ar que sentia. – Não se preocupe linda pois o lugar onde você vai acordar é onde você deve estar.

Onde eu devo estar? Eu vou ver meu irmão de volta? Deus vai me perdoar? Voltarei para o céu? Estas e outras perguntas rodavam em minha cabeça. Fechei os olhos e deixei que o destino me carregasse para o meu lugar.



CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mansio Infernalis" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.