Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 7
Capítulo 7 - Criança Imortal




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Capitulo 7

Criança Imortal

– O Aro está demasiado ocupado para se preocupar agora com estes dois. – Eu e Angel tínhamo-nos afastado um pouco dos dois vampiros que tinham causado alguns problemas em Washington.

Eles aguardavam, nervosos e silenciosos, pela nossa decisão. Angel mostrava-se bastante reticente em deixarmo-los escapar vivos.

– Eu acho que ele iria ficar agradado se aparecêssemos à sua beira com mais duas testemunhas. Sabes o quanto ele adora que espalhem a palavra sobre a bondade e justiça dos Volturi. – Olhei de relance por cima do ombro para Johnny e Chester.

– Acho que nesse aspecto tens razão. – Acabou por concordar Angel. – Está bem, trá-los. Mas ficas responsável por eles até à chegada da guarda.

Sorri vitoriosamente e acenei em concordância. Pelo espalhafato que tinham feito naquela cidade tinha a certeza que estavam bem alimentados. Dirigi-me até eles para lhes explicar as regras.

– Muito bem. Desta vez sobrevivem. – Disse num tom sério e autoritário. – Mas têm que fazer o que nós dissermos. Os Volturi devem estar a chegar a qualquer momento e vamos esperá-los a um sítio marcado. Vocês não podem caçar até lá nem atrair qualquer tipo de atenção para nós. Devemos ser os mais discretos possível entre os humanos. Façam isso e talvez vejam o sol nascer. – Os dois recém-nascidos entre olharam-se durante uns segundos e depois acenaram.

A noite já ia longa, o relógio da igreja marcava 5:40 da manhã, e os humanos na rua eram escassos, o que nos permitiu passar pela cidade sem quaisquer problemas. Tinha estado a nevar toda a noite o que fazia com que houvesse uma altura de neve que me chegava aos tornozelos. Estávamos bem equipados para o frio, ainda que não precisássemos era óptimo para manter as aparências. Angel envergava uma camisola de gola alta, azul bebe, de caxemira, um casaco preto forrado a pêlo, calças de ganga e botas pretas também forradas a pêlo. Eu tinha uma camisola de lã castanha, um casaco comprido bege com pêlo de ovelha, umas calças pretas de sarja e umas botas até ao joelho também pretas. Johnny e Chester envergavam calças de ganga coçadas, camisolões de lã e botas grossas. Pelo aspecto podia jurar que eram roupas roubadas às vítimas.

– Está ali uma placa a indicar a reserva. – A voz Angel interrompeu a minha avaliação. – Consegues ver onde é que eles se encontram?

Demetri estava constantemente a localizar-nos por isso podia sentir o cantinho do poder dele bem cheio.

– Estão quase a chegar. – Sorri.

Ali já não havia humanos pelo que podíamos correr à vontade. Era uma sensação óptima correr em cima de neve, imaginava que era quase como correr em cima das nuvens. Dez minutos depois começamos a avistar as capas negras da guarda dos Volturi e juntamo-nos a eles. Fazia-me sempre confusão olhar para a guarda e não ver Eleazar. Desde que se tinha apaixonado que abandonara a guarda para ficar com a sua mulher. Ninguém o censurava por isso, no fundo, todos desejavam um pouco que o mesmo lhes acontecesse.

– Então esponja, alguma coisa nova? – Félix arranjara-me a brilhante alcunha de «esponja», devido ao meu poder de absorver os poderes de outros vampiros, logo na primeira semana em que me juntara a eles. Era de prever que ao fim de mais de cem anos eu já me tivesse habituado, ou pelo menos que o ignorasse, mas a verdade é que ainda me irritava um pouco.

– Não, não achei ninguém interessante para absorver. – Disse sem olhar para ele. Estava de olho nos recém-nascidos que toda a gente parecia ignorar.

– É pena. – Despachou. – Preparada para a animação? – Sorriu.

– Ainda ninguém me disse o que viemos aqui fazer. – Angel juntou-se a mim para ouvir a explicação.

– Ao que parece a Irina… - Apontou para uma vampira de cabelos loiros que se encontrava junto de Aro e Caius. - …viu que os Cullen têm uma criança imortal.

– O quê? Eles não sabem que transformar uma criança é assinar a sentença de morte? – Cuspiu Angel.

– Eles já se esqueceram do que aconteceu antigamente com as crianças da lua? – Perguntei irritada.

– Por isso é que estamos cá todos. O Aro não lhes vai perdoar este terrível crime. Os Cullen têm que morrer. – Explicou Félix.

– Eles têm que morrer. – Acentuei bem a palavra «têm» e esperava que toda a guarda me tivesse ouvido. Senti alguma tensão no ar e alguns acenaram ligeiramente com a cabeça concordando comigo.

As testemunhas, vampiros que vinham apenas assistir à sentença e talvez ajudar a despedaçar e a queimar os corpos, começaram a chegar gradualmente. Aro agradecia pessoalmente a cada uma delas o facto de terem aceitado o convite. São vampiros sensatos que respeitam as nossas regras de sobrevivência e depois espalham os feitos dos Volturi por todo o Mundo. Eram uma mais-valia para todos nós.

Perto das 8:30 da manhã já todo o grupo estava reunido. Éramos, ao todo, perto de 80 vampiros. Uma vastidão de capas que se traduziam por cores, as vermelhas pertenciam às testemunhas e depois uma mescla de cinzentos, cada vez mais escuros dependendo do grau de importância que tinham dentro da guarda, até chegar ao preto puro de Aro, Caius e Marcus e das respectivas mulheres. Eu e Angel envergávamos a capa com um grau de tom antes do preto puro, juntamente com Jane, Alec, Demetri e Félix.

Começamos a caminhar, floresta dentro, todos nas suas respectivas posições. Tinha a capa apertada até acima e o capuz na cabeça. Sentia-me sempre imponente com a capa da guarda, como se nada nem ninguém me pudesse tocar. Eu fazia parte da família mais importante dos vampiros, a primeira, a que ditava as regras, e fazia com que fossem cumpridas, que nos manteve a salvo de sermos descobertos até ao dia de hoje. Eu fazia parte dos Volturi e tinha orgulho nisso.

Subimos um monte em direcção a uma clareira a Sul, e quando chegamos ao cimo, os Cullen, já nos esperavam. Com um ligeiro sinal de Aro a nossa formação começou a desdobrar-se a toda a volta. Os mantos cinzentos espalharam-se pelos flancos enquanto que nós, os mantos mais negros, convergíamos para o centro. No meio daquele pequeno clã, pequeno comparado connosco, porque nunca tinha visto um conjunto de vampiros tão grandes em todos estes anos, encontrava-se um lobo gigante. «Ora ali está uma coisa que não se vê todos os dias. É pena ter que morrer também.» pensei com desdém e senti o veneno abundar-se na minha boca.

Comecei a contar os vampiros que tínhamos à nossa frente, vinte e seis ao todo. Não tinham qualquer hipótese contra os trinta e dois vampiros da nossa guarda. Uns segundos depois as testemunhas juntaram-se a nós. Caminhavam lentamente, seguindo o nosso ritmo, atrás da nossa barreira de capas negras. Quando estes apareceram notei que alguns membros da nossa resistência trocavam algumas expressões entre si. Estavam a ficar tensos e assustados sob o grande número que representávamos e com razão, tínhamos ordem para destruir e conquistar. Ao percorrer com o olhar todos os membros do clã adversário reparei na criança imortal, nas costas de uma vampira, provavelmente a ex-humana a quem o vampiro tinha contado a nossa existência, era pequena, cerca de dois ou três anos, de cabelo castanho encaracolado com umas nuances ruivas e pele clara. Encontrava-se encolhida e espreitava pelo cabelo da vampira que a segurava. Os meus pés pareceram ganhar vida própria e queriam andar mais rápido em direcção à criança, queria matá-la, se tivesse oportunidade era eu quem acabaria com ela. Contar a nossa existência a uma humana tinha sido errado mas criar uma criança imortal estava fora de todos os limites de bom senso. Mereciam cada golpe que levassem.

Nesse momento dezasseis lobos gigantes, tal como o que se encontrava no meio do clã, começaram a sair da orla da floresta e toda a guarda parou, a cerca de noventa metros de distância. Aro e Caius avaliavam a situação enquanto todos nós esperávamos a ordem para matar. Senti algumas das testemunhas rosnar baixinho para a criança imortal, eles não tinham a nossa disciplina o que lhes dificultava ocultar as suas emoções, mas no entanto não se mexeram, continuavam atrás de nós, com uma ampla faixa do terreno a separar-nos. Somente Irina pairava na linha da frente, separada por alguns passos das mulheres ancestrais e dos guarda-costas. Renata ocupava-se de proteger Aro e tinha uma mão encostada nas suas costas. O seu escudo pessoal.

Jane e Alec encontravam-se ao lado de Marcus, com Demetri a flanqueá-los do lado oposto. Angel encontrava-se próximo de Jane e eu ocupava-me de proteger Caius. Voltei a passar o olhar pelo clã à nossa frente e encontrei Eleazar que me fixou nesse preciso momento. Vi o seu corpo ficar tenso à medida que sustinha a respiração, inclinou-se para um membro de cabelos loiros e olhos cor de mel e sussurrou-lhe alguma coisa ao ouvido, este olhou fixo e intensamente para mim. O patriarca da família, assumi. Não estava errada porque segundos depois esse vampiro endireitou os ombros e deu alguns passos em frente, destacando-se da sua linha defensiva, esticou os braços e virou as palmas das mãos para cima como uma saudação.

– Aro, meu velho amigo. Há quantos séculos!...

Tudo ficou em silêncio durante largos momentos. Foi então que Aro começou a avançar, deixando o centro da formação da nossa guarda. Renata movia-se atrás dele como se estivessem ligados por um fio invisível. Alguns membros da guarda ficaram tensos e ouviu-se um rugido surdo que percorreu o alinhamento, outros agacharam-se, preparados para saltar. Aro ergueu uma mão na sua direcção.

– Paz. – Disse.

Deu mais uns passos em frente e depois inclinou a cabeça para o lado.

– Belas palavras, Carlisle – Proferiu calmamente. – Parecem deslocadas, tendo em conta as forças que aqui juntaste para me assassinar: a mim e aos meus entes queridos.

O vampiro loiro abanou a cabeça e estendeu a mão direita, como se não houvesse noventa metros de distância entre os dois.

– Terás apenas de tocar na minha mão, para verificares que não é essa a minha intenção.

– Mas pode a tua intenção ter algum valor, caro Carlisle, face ao que fizeste? – Um tom de tristeza tingiu-lhe a voz.

– Não cometi o crime pelo qual vieste punir-me.

– Então afasta-te e deixa-nos castigar os responsáveis. Em boa verdade, Carlisle, hoje nada me agradava mais que preservar a tua vida.

– Ninguém infringiu a lei, Aro. Deixa-me explicar. – Carlisle voltou a estender a mão.

«Não acredito que o Aro caia nesta armadilha. Como é que querem outra oportunidade?» pensei. Mas antes que ele lhe respondesse, Caius avançou rapidamente, colocando-se ao lado do irmão. Avancei atrás dele mas não parei tão próxima como Renata tinha feito com Aro. Estava mais próxima da criança imortal, tudo o que queria para poder atacar.

– Tantas regras sem sentido, tantas leis desnecessárias que criaste para ti, Carlisle. – Afirmou Caius com uma voz sibilante. – Como é possível que defendas a transgressão da lei que realmente importa?

– A lei não foi violada. Se me ouvirem…

– Nós estamos a ver a criança, Carlisle. – Volrei a lançar um olhar irado na direcção da rapariga. – Não queiras fazer de nós parvos.

– Ela não é uma imortal. Nem é uma vampira. Posso provar-vos isso facilmente, em escassos segundos…

– Se ela não é um dos seres proibidos, porque tens aqui um batalhão a protegê-la? – Interrompeu Caius.

– Testemunhas, Caius, tal como tu trouxeste as tuas. – Alguns elementos das capas vermelhas rosnaram em resposta. – Qualquer um destes amigos te pode dizer a verdade acerca da criança. Ou então, basta que olhes para ela, Caius. Vê o rubor do sangue humano nas suas faces. – Reparei no que Carlisle dizia. Realmente a criança estava corada.

– Isso é um disfarce! – Retorquiu Caius, bruscamente. – Onde está a informadora? Ela que venha até aqui! – Esticou o pescoço para trás de mim à procura de Irina. – Tu! Vem cá!

Ao ver que ela não se mexia estalou os dedos e um dos guarda-costas da corte empurrou-a rudemente pelas costas. Parou a alguns metros de distância, com um olhar fixo em duas das vampiras dos nossos adversários. Caius percorreu a distância que os separava e esbofeteou-a. Foi um gesto cheio de desprezo e raiva, um estado que nunca tinha visto em Caius. Ela focou o olhar nele e Caius espetou um dedo na direcção da criança.

– Foi aquela criança que tu viste? – Perguntou Caius, num tom imperioso. – Aquela que tudo indicava ser mais do que humana? Então? – Perguntou novamente quando ela não lhe respondeu.

– Eu…não tenho a certeza. – Afirmou num tom de perplexidade.

– O que é que queres dizer? – Rugiu.

– Ela parece-me diferente, mas penso que é a mesma criança. Aquilo que quero dizer é que ela mudou. Esta criança é maior do que aquela que eu vi, mas…

Quando Caius se preparava para atacar Irina de novo, Aro intrometeu-se acalmando o irmão. Tocando-a, viu em primeiro plano o que ela não conseguia exprimir por palavras, mas a visão de Irina não era suficiente para Aro e pediu a Carlisle para obter o depoimento do seu filho. Um dos vampiros voltou-se e deu um beijo na testa da criança e da vampira que a segurava, em seguida avançou sob o manto de neve na nossa direcção.

Fixei-o enquanto caminhava e tive uma sensação de déjà vu. Algo nos seus movimentos e na sua aparência calma fazia com que o meu peito se apertasse. Comecei a respirar mais pausadamente, tentando acalmar o turbilhão de sentimentos que não conhecia dentro de mim.

O queixo deste ergueu-se com arrogância, ao estender a mão a Aro como se lhe concedesse uma honra. Aquele gesto pareceu deixar Aro completamente encantado, mas Renata agitou-se nervosamente na sua sombra. Jane arreganhava os dentes e Alec semicerrava os olhos. Angel tocou ao de leve na mão de Jane tentando acalmá-la. Aro aproximou-se mais do vampiro de ar altivo, sem qualquer hesitação.

Não sabia o que fazer. Aro parecia bastante à vontade mas a reacção hostil de todos os outros da guarda deixaram-me apreensiva. Nunca tinha visto os Cullen, não sabia com o que contar. Devia avançar e impedir que Aro se expusesse mais ao inimigo ou devia ficar quieta, sem interferir, tal como me tinham ordenado?


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Notas finais do capítulo

Obrigado mais uma vez pelo apoio...
Se gostaram, não se esqueçam de deixar um review em baixo (é importante para os autores sentirem-se acarinhados) e não se esqueçam de favoritar a história...podem também recomendar (já agora, ahah)