Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 50
Capítulo 50 - Petiscar




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Capítulo 50

Petiscar

Aquele sorriso que Edward me dirigia era o meu ponto fraco, e ele sabia-o. Conseguia ver nas entrelinhas do brilho dos seus olhos.

Eu não conseguia dizer não a Edward. Não assim, não ali, não agora!

-Preciso de caçar. Conheces algum sítio? – Perguntei subitamente mudando o tom de voz e o tema de conversa.

O sorriso de Edward aumentou, era o que ele queria, um motivo para ficar.

-Sim, temos a serra da Arrábida. – Edward estava agora entusiasmado. –Também vens? – perguntou a Angel.

-Eu acho que vou dar uma voltinha aqui pelo Porto. – Angel olhou em redor, provavelmente a traçar um caminho mentalmente para a sua noite na cidade. - Talvez comer umas tripas à moda do porto. Dizem que é a especialidade da zona. – Justificou-se perante a cara de nojo que eu e Edward fazíamos.

Só o nome do jantar do Angel fez o meu estômago dar voltas, e isso num vampiro é praticamente impossível. Tudo bem que eu bebia sangue, mas fazia parte da minha natureza. Agora, comer as tripas de um animal qualquer como humana, mas nem que me pagassem. Isso seria como mandar um vampiro se alimentar de peixe.

-Vemo-nos de manhã então. – despedi-me eu, agarrando o braço de Edward e puxando-o. – Bom apetite! – gritei por cima do ombro a Angel.

Edward indicou o caminho, o qual eu apenas segui.

A fome agora começava a apertar, sentia a minha garganta arder, tinha os sentidos apurados. Apesar de difícil, consegui acompanhar o ritmo de Edward.

Chegamos à tal serra, ou devo dizer, mini-serra. Olhei em volta, apurei o meu olfacto, e nada. Apenas sentia alguns coelhos, gatos selvagens, ou seja, nada digno de um banquete.

-Edward, pensei que vínhamos jantar, não petiscar! – falei eu num tom irónico e irritado.

A minha garganta estava a arder, a corrida e a imaginação de um bom jantar fez com que o apetite abrisse, e como tal, o meu corpo ansiava por sangue.

-Deve ser da crise! – disse um Edward cheio de humor. O meu olhar furioso, e provavelmente negro, fitou-o. – Ok, desculpa! Talvez devesse ter feito melhor as minhas pesquisas. Na net parecia maior.

-A primeira raposa é minha! – adverti eu quando senti o odor de uma.

Ao fim de algumas raposas e lebres, entre outros pequenos animais, a dor na garganta tinha finalmente acalmado.

Edward juntou-se a mim no topo de uma árvore.

-Bem, não foi mau de todo. Apenas tivemos que caçar mais vezes do que o costume… - Edward falava, mas apenas uma pequena percentagem do meu consciente estava a prestar atenção ao que ele dizia. O resto variava nas coisas que tinha que fazer para descobrir o meu passado, de como estaria neste momento o William e nas saudades que tinha de me sentir tão humana com ele. E por fim, de como iria convencer Edward a voltar para Bella, porque era o mais correcto, e principalmente porque eu precisava esquece-lo. No entanto, para isso acontecer, nós necessitávamos de estar longe um do outro. Eu precisava disso.

-Edward! – interrompi-o. Senti-a o olhar dele, mas não conseguia encara-lo. Tinha medo de fracassar caso o nosso olhar se cruzasse. – Tu não podes vir comigo.

Senti-o remexer-se ao meu lado. Preparava-se para argumentar comigo.

-A minha vida está uma confusão nos últimos tempos. Encontrei-te e fiquei feliz por isso. – disse encarando-o pela primeira vez desde que nos encontrava-mos naquela árvore. – Em contrapartida, eu perdi uma casa, perdi amigos, perdi a família que conhecia e pior que isso, magoei algumas pessoas.

O semblante de Edward carregou-se, a alegria que outrora vivia ali, deu lugar à mágoa.

-Não, – precipitei-me em segurar na sua mão – a culpa não foi tua. Estava destinado, o stress disto tudo, é que aconteceu tudo ao mesmo tempo.

-Então deixa-me ajudar a resolver algumas situações. Por favor Caroline. – Por mais que eu tentasse desviar o meu olhar do dele, Edward encontrava-me sempre. – Não me afastes outra vez.

-Eu preciso de estar sozinha, eu preciso de um momento só para mim.

Edward desviou o olhar dele, mas eu necessitava que ele me compreendesse, por isso segurei-lhe no queixo obrigando-o a olhar-me nos olhos.

-Eu não quero estar dependente de um grupo. Eu preciso, para o bem da minha saúde mental, de estar sozinha. De não ter que explicar nada a ninguém e mudar de rumo a qualquer momento. Eu preciso de me sentir eu. De me encontrar novamente. De descobrir quem eu realmente sou.

-Eu consigo ajudar-te Caroline. Eu conheço-te melhor do que ninguém.

-Tu conheces a Caroline humana. A rapariga inocente que ia casar contigo à um século atrás. Eu já não sou assim.

Uma tristeza abateu-se sobre mim, como eu desejava poder recuar no tempo, como desejava mais do que tudo voltar a ser humana. Poder entrar na igreja e ter Edward com os seus olhos verdes à minha espera. Como eu desejava ter tido filhos, envelhecer ao lado do meu marido.

Mas isso era eu, como humana. Como vampira, tudo era diferente. Edward era casado e tinha uma filha, mas não comigo. E pelo que eu sabia, ele e Bella tiveram que lutar muito para ficarem juntos. Não era justo, eu retirar aquilo a Bella, mesmo ele ter sido meu antes de nos terem separado, roubado um do outro.

-E tu também não és mais o Edward Masson. Agora és um Cullen, casado e com uma filha. – continuei eu. – E, o pouco que resta da minha humanidade, a que conheces, sabes que eu tenho princípios, como não despedaçar uma família.

-Tu não vais despedaçar uma coisa que já está despedaçada. Eu e a Bella estamos separados, e ela deixou bem claro que não me quer de volta.

-Claro que ela quer! Ela disse aquilo de cabeça quente. Ela ama-te Edward. Isso é óbvio para qualquer um. E tu também a amas, e estás a sofrer com isto tudo. Eu também já te conheço um pouco Edward.

-Eu não sei o que sinto, ou o que quero. Eu também estou muito confuso, não te vou mentir. Mas eu quero estar contigo, eu preciso estar contigo.

-Tu precisas de deixar de estar confuso. E não é a estar comigo que o vais fazer. Tu tens que ir para perto da Bella, tentar salvar o teu casamento. Por ti, por ela e principalmente pela Renesmee.

-Eu não te posso deixar sozinha. – Edward retirou uma madeixa do meu cabelo da frente do meu rosto. – Não outra vez.

-Eu vou estar com o Angel, eu fico bem. E tu nunca me deixas-te sozinha por escolha tua. Foi sempre força do destino. – A minha mão tocou ao de leve na bochecha de Edward.

-Mesmo que eu diga que vou contigo, tu vais fugir, não é? – o olhar de Edward traduzia tristeza, e isso magoava-me mais do que tudo.

-Edward, eu adoro-te mais do que qualquer coisa e tu sabes disso. Eu iria adorar que viesses comigo, que ficasses comigo. Mas nós já não temos 17 anos, embora aparente. – ambos sorrimos, um sorriso sem qualquer emoção – O que eu quero dizer, é que agora somos adultos e maduros. Tu és casado e tens uma filha. Eu não me ia sentir bem se acontecesse alguma coisa entre nós assim. Não foi assim que os meus pais me ensinaram, e tenho a certeza que os teus também não.

-Então isto é o adeus? – perguntou Edward cabisbaixo.

-Não. De todo. Eu pretendo visitar-te, aliás prometi à Renesmee que a visitava em breve – o sorriso de Edward era maior um pouco agora que se falava da filha. – E também só vou poder sair do país amanhã à noite.

Ambos olhamos para o céu, a lua ainda estava alta, mas daqui a cerca de duas horas iria amanhecer.

Estava na hora de voltar ao hotel.

-Sabes ainda estou com fome. – resmunguei eu antes de voltara  pisar o chão. – Raio de local para caçar que foste arranjar.

-Para a próxima escolhes tu o restaurante. – brincou Edward.

Subitamente do nada, sentimos o aroma de um animal a cerca de 400 Km do local onde nos encontrávamos. Apuramos mais o faro, era macho, e um lobo.

Edward colocou-se em posição de caça, eu imitei-o, e lancei-lhe um olhar furioso, como que a avisar que a presa era minha.

O meu adversário lançou-me um sorriso e arrancou numa corrida que eu sabia que ele iria ganhar.

-O que irá a Renesmee pensar quando souber que atacas-te um lobo? Pensei que este fosse um dos animais riscados da vossa lista.

Edward abrandou um pouco, como que a discutir com o seu subconsciente se iria avançar com a sua caça, ou se desistia ali.

Esse foi o timing perfeito para me colocar à frente da corrida pelo lobo e, com isso, conseguir apanha-lo.

-Isso foi batota. – argumentava Edward quando chegamos ao hotel. – A Renesmee nunca referiu nada de não nos alimentarmos de lobos.

-Provavelmente porque nunca lhe passou pela cabeça alimentar-se do seu amigo Jacob e como tal de um animal semelhante a ele. – alegava eu com um sorriso. - Tens-te alimentado de algum lobo ultimamente?

-Não. – respondia Edward. – Mas porque nunca calhou.

-Ou porque não querias ferir os sentimentos da tua filha, ou do teu amigo mal cheiroso. – Edward continuava a negar – Se não é por isso, porque abrandas-te quando referi o assunto?

-Porque…- Sorri perante a não resposta dele. – Porque me fizeste pensar no assunto. Mas acho que ela, talvez, não ficasse chateada.

-Podes sempre perguntar quando chegares à Rússia. Por falar nisso, acho que já é seguro vocês regressarem todos a Forks.

-Sim, acho que sim. – ele tinha ficado subitamente sisudo – Eles podem regressar a Forks. Mas Caroline, - fitou-me nos olhos – eu não vou voltar. Podes não me querer contigo e obrigar-me a afastar de ti. Mas não me podes obrigar a voltar.

Fez uma pausa. Quando eu me preparava para argumentar com ele, o seu dedo elevou-se aos meus lábios, impedindo que estes se abrissem e um som saísse dentro deles.

-Tu tens razão. – continuava – Eu tenho que por ordem na minha cabeça, fazer o mais correcto e parar de agir como um miúdo de 17 anos. Agora tenho uma família, e tenho que pensar no melhor para ela. Neste momento, o melhor é eu decidir o que quero fazer, resolver os meus problemas.

O seu dedo voltou a pousar nos meus lábios, impedindo mais uma vez que estes se abrissem.

-Não vale a pena argumentar Caroline. Eu não vou voltar.

Acenei afirmativamente, concordando com a sua decisão. Então o seu dedo abandonou os meus lábios e circundou o meu queixo. O meu corpo reagiu aquele toque, e secretamente repreendi-o por tal.

Edward aproximou-se um pouco mais de mim. Ordenei às minhas pernas e restante corpo recuassem, no entanto, este não me obedeceu. Os lábios de Edward estavam cada vez mais próximos, e tive que fazer um esforço descomunal para controlar a tentação de o beijar.

Contra minha vontade, os meus olhos fecharam quando Edward estava agora demasiado perto. E senti os seus lábios tocarem ao de leve o meu nariz.

-Se necessitares de alguma coisa liga. – disse sorrindo, por me conhecer demasiado bem, e saber que neste momento tinha-me deixado tonta.

-Eu ligo, não te preocupes. – disse sorrindo e tentando recuperar o controlo novamente das minhas capacidades físicas e mentais. – Mas Edward, promete-me que voltas para a tua família caso aconteça alguma coisa e comeces a correr perigo. Ou então liga-me.

Edward anuiu, mas não fiquei muito convencida.

-Eu mato-te Edward! Com uma morte dolorosa. – ameacei eu sarcasticamente.

-Prometo Caroline Rayner. – gracejou Edward – E então, podes dizer-me o que tens de tão importante para fazer, que não possas voltar para os Volturi nem me ter por perto?


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