Past Vs Future escrita por letycia


Capítulo 29
Capítulo 29 - Hierarquia




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Capitulo 29

Hierarquia

A fotografia de Edward a sorrir apareceu de imediato no ecrã do meu telemóvel ao mesmo tempo que por baixo dizia as palavras “a chamar”. Ainda o primeiro bip não tinha acabado de tocar já ouvia a voz dele.

- Olá Caroline. – Pela sua voz pareceu-me estar a sorrir.

- Olá Edward. Daqui a pouco vou embarcar para ir ter convosco.

- Sim, eu sei. A Alice já me disse. Vou buscar-te ao aeroporto.

Não era uma pergunta e eu não tinha como dizer «não» a uma proposta daquelas. Só o facto de pensar que iria estar sozinha, no carro, com Edward durante pelo menos uma hora, dava-me a volta à barriga, como se tivesse sido atingida por centenas de borboletas. Ainda rodava o anel de noivado nos meus dedos.

Depois de desligar a chamada deixei-me cair de frente na cama do meu quarto do castelo, com um sorriso nos lábios que nunca mais acabava. Como era possível que ao fim de centenas de anos o meu corpo ainda reagisse daquela maneira a Edward? Sentia-me como uma adolescente a viver o seu primeiro amor. Bem, o meu corpo era o de uma adolescente, mas já não tinha apenas 17 anos. Lembrei-me que ainda me faltava meter alguns produtos na mala e por isso virei-me na cama para me levantar. Assim que me sentei na cama um vulto, junto à porta chamou a minha atenção.

Jayden estava perto da porta do meu quarto, pelo lado de dentro, com uma mão na maçaneta como se tivesse acabado de a fechar. Fitei-o demoradamente à espera que dissesse alguma coisa, ele limitava-se a encarar-me de volta.

- Precisas de alguma coisa Jayden? – Acabei por perguntar.

- Vejo que recuperaste o teu anel. – Disse fitando o dedo anelar da minha mão esquerda onde o objecto repousava.

Não me tinha apercebido de o ter colocado no dedo. Apressei-me a tirá-lo e a rodá-lo, novamente. Não respondi ao que ele tinha dito.

- Precisas de alguma coisa? – Voltei a perguntar, agora com um ar não tão descontraído, enquanto me levantava da cama.

- Vais voltar para el…para Forks? – Jayden entalou-se com as palavras. «Para ele», era o que queria dizer.

- Sim. Neste momento não consigo estar no Castelo. – Recomecei a arrumar a minha mala.

Jayden largou a maçaneta e dobrou os braços à volta do peito. Estava tão imóvel que parecia a estátua de um Deus grego. Conseguia ver os seus músculos tensos, debaixo da sua camisola preta fina. Cerrava com força o maxilar. Imagino que estaria a reprimir muitas das palavras que me queria dizer. Tive uma certa curiosidade em saber o que pensava mas não podia fazer isso com Jayden. Os seus pensamentos e debates mentais pertenciam-lhe e eu não iria invadir a sua privacidade daquela maneira.

Peguei na mala e coloquei-a em cima da cama para a fechar. Jayden aproximou-me rapidamente de mim, colocando-se ao meu lado, com os punhos cerrados apoiou o peso do seu corpo na beira da cama. Virei a cara para descobrir que ele me fitava com intensidade. Senti o formigueiro já meu conhecido começar a percorrer o meu corpo todo. Queria desviar o olhar mas já não era capaz.

- Não vás, Caroline. Fica no Castelo comigo. Continua a ser a minha mentora. Não me deixes. – Senti um soluço vindo do seu peito. – Não voltes para ele.

Endireitei o corpo e Jayden imitou o meu movimento. O meu olhar ainda continuava pregado no seu. Abri a boca para falar. As palavras «Não vou. Vou ficar contigo, não quero voltar para ele» pairavam na minha mente, prontas a sair de forma audível pela minha boca, mas Jayden tinha cometido um erro. Demasiadas ordens, demasiado tempo que fez incidir o seu poder em mim, o que provocou o efeito contrário.

- Não voltes a utilizar o teu poder em mim, Jayden, e muito menos me voltes a dar ordens. – Falava por entre dentes cerrados, com o poder de uma capa negra para uma capa cinza claro.

Jayden ficou boquiaberto. Os seus olhos muito arregalados mostravam um certo medo, os meus pelo contrário inflamavam de fúria.

- Já não és a Caroline de 17 anos que ele conheceu, com quem ele queria casar. Agora és uma Volturi. Todo o teu lado delicado foi esquecido para dar lugar a uma das mais temíveis vampiras da guarda, desde sempre. O que esperas? Que ele largue a sua família já formada, mulher e filha, e vá a correr para os teus braços? A Caroline que ele queria morreu.

Sem pensar duas vezes atirei-me a Jayden, empurrando-o com força contra a parede. Tinha uma mão no seu pescoço e apertava-o cada vez com mais força. Todo o meu corpo espremia-se contra o dele limitando ao máximo a sua capacidade de se mover e de fugir ao meu ataque. Um século de experiência a ser utilizado contra um membro do meu próprio clã.

- Caroline, larga-o! – A voz de Angel fez com que acordasse do meu transe de raiva desmedida.

Lentamente larguei Jayden, sendo a mão no seu pescoço a última parte de mim a separar-se dele, como em tom de aviso. Ele não retaliou. Não sei se se terá apercebido erro que cometeu ao enervar um superior dele, ou se não se importava que eu o matasse. Continuava encostado à parede, a marca das costas estava cravada no betão como um pequeno buraco.

- Novato, sai. – As palavras de Angel eram ríspidas e sem qualquer emoção. No entanto ele não precisava de levantar a sua voz para se fazer ouvir. Seria uma coisa de Anjo?

Jayden fez uma pequena vénia a Angel e depois uma outra a mim antes de sair do quarto fechando a porta atrás de si.

- Como foste capaz de permitir que as coisas chegassem a este ponto, Caroline? – Mais uma vez, a sua voz estava num tom normal, mas ainda assim conseguia sentir a sua tensão no meu corpo como se estivesse aos berros.

- Não sei como as coisas tomaram esta proporção. Mas não volta a acontecer. – Disse, segura das minhas palavras e da minha promessa subjectiva.

O aeroporto estava invulgarmente vazio à aquela hora da noite. O mesmo acontecia com o meu voo. Em primeira classe iam cerca de 30 pessoas apenas. Óptimo, assim não teria que fingir tanto o meu lado humano. Coloquei os phones nos ouvidos e Caro Emeralde começou a cantar aos meus ouvidos. Permiti-me relaxar um pouco com o som de jazz, alegre mas suave da música “A Night Like This”.

Dali a poucas horas estaria em Washington, com Edward à minha espera. Fechei os olhos e relembrei o seu sorriso quente e acolhedor. Olhei de imediato para o meu dedo anelar e lá estava ele, o anel, de novo. «Como é que foste aí parar?» falei baixinho para ele enquanto o voltava a retirar e o colocava no meu bolso das calças.

Como contaria a Edward que tinha o anel de noivado que ele me tinha dado há um século atrás? Deveria mostrar-lhe o anel ou deixar que ele mostrasse interesse em saber do seu paradeiro?


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