Exceções escrita por Nyuu D


Capítulo 1
Único




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Mariko estava parada na frente da Shutoku, aguardando Midorima sair do treino. Os treinos deles sempre eram mais demorados, então dava tempo da loira sair do seu próprio treino e ir até a outra escola, e mesmo assim ainda tinha que esperar uns cinco minutos. Batia os pés no chão enquanto o aguardava. Vestia o uniforme de basquete da Hyotei. Era constituído por uma bermuda branca com listas verticais azuis, com o número respectivo da jogadora. A regata tinha os acabamentos da gola e dos braços em preto, com as riscas correspondentes à direita. O número 06 na frente e atrás e o nome da escola na altura dos seios.

Logo Midorima vinha caminhando pela frente do pátio do colégio, e quando viu a loira, despediu-se dos demais colegas e foi até ela.

Mariko riu dele. Vinha com uma bexiga laranja voando perto da cabeça, o item da sorte do dia. Ele ignorou porque sabia muito bem do que ela estava rindo, e ofereceu-lhe a mão. A loira aceitou e eles foram caminhando, a princípio para a estação.

Havia pouco que conseguira fazer Midorima ser menos arisco. Ele era um rapaz bastante difícil de lidar, sempre se esquivando e evitando qualquer tipo de investida – e Mariko investia pesado. Ele sempre ficava constrangido, sem saber como reagir, mas essa sempre foi a parte mais divertida para ela e não havia arrependimentos. Hoje podia caminhar de mãos dadas com ele, como sempre imaginava, apenas por ser tão abusada.

Andaram um pouco, rumando para a estação de metrô, mas Riiko avistou uma máquina de venda de refrigerantes e ficou com vontade de beber um, então pararam para fazer isso. Ela comprou um de laranja e esperou Midorima escolher o seu, observando-o. Ele digitou o número do produto que queria e Mariko notou as bandagens em torno dos dedos.

Não que nunca tivesse notado, mas agora sentia vontade de implicar.

– Shin-chan, você podia não usar essas bandagens enquanto está comigo.

– Por quê? Não posso estragar minhas unhas.

Mariko ergueu a sobrancelha. Não tinha saco para aquele papinho de unhas de Midorima. Ele cuidava melhor das dele do que ela mesma das dela. – Por favor, desse jeito eu seguro apenas metade da sua mão.

– Não, segura inteira. – Ele bebeu o refrigerante de melão. Mariko odiava. – Não entendo como isso também pode ser um problema. – Midorima se referia a todas as coisas que Riiko implicava nele, desde a obsessão por horóscopo e coisas relacionadas à exotérica até o refrigerante de melão. – Além do mais, tenho outra mão. Pode segurar a outra.

– Você nem sente minha mão desse jeito.

O garoto ergueu a sobrancelha. – Sinto sim, tenho tato na palma da mão. Já falei que podemos trocar de mão, se quiser.

– Uma das áreas mais sensíveis do corpo é a ponta dos dedos, Shin-chan. – Mariko se aproximou e bateu de levinho a ponta do dedo indicador no nariz dele. Midorima recuou a cabeça por instinto. – Pelo menos pra fazer outras coisas você usa seus preciosos dedinhos, mas sem bandagens.

Midorima corou, soltou um pigarro e ajeitou os óculos.

– Não posso estragar minhas unhas, meus lançamentos dependem delas. – Ele desistiu de tentar convencê-la a simplesmente pegar sua mão direita.

– Eu sei! Chato, segurar minha mão não vai estragar suas unhas. – Ela revirou os olhos.

– Não. – Ele encerrou o assunto.

Mariko grunhiu um palavrão e eles tomaram novamente o rumo da estação. A loira avistou um parque logo ali e sugeriu que eles sentassem um pouco para ficarem juntos antes de irem cada um para sua casa, já que Midorima se recusava a ir à casa da menina sem antes formalizar o relacionamento adequadamente.

Andaram um pouco até encontrarem um banco. Sentaram-se e Riiko atirou a latinha de refrigerante num lixo do outro lado da pista de caminhada, acertando-o em cheio. Midorima repetiu seu gesto, depois amarrou a bexiga no banco para que não escapasse. Eles entrelaçaram os dedos novamente. A loira sentou-se em lótus no banco, ficando de frente para o garoto.

Mariko ergueu a mão dele na altura do rosto e analisou as bandagens, tencionando tirá-las, mas o garoto rapidamente recolheu a mão. – Para, Mariko.

– Só um pouco! Depois eu te ajudo a colocar de volta.

– Mariko, eu tenho outra mão.

Mas ela não ia dar o braço a torcer. Queria a mão esquerda porque era a mão mágica de Midorima no basquete. Era a mão dos lançamentos e era a mão que ela tanto adorava.

O rapaz suspirou, derrotado, e estendeu a mão para que ela retirasse as bandagens. A loira pôs-se a, ansiosa, retirar as faixas. Primeiro o polegar, depois indicador... As unhas dele eram perfeitas, poxa! Mariko gostaria de manter as unhas compridas, mas com o basquete elas apenas quebravam o tempo todo; portanto deixava-as curtinhas, mas sempre pintadas com alguma cor diferente. Dessa vez estavam verdes, ela gostava de ter algo verde por perto no caso de Midorima não estar presente.

Terminou de tirar as bandagens e entrelaçou os dedos nos dele, depois fez o mesmo com a mão direita. Eles olharam para as mãos juntas e depois se olharam por através dos óculos. Mariko sorriu, feliz com o toque. Ele tinha uma atitude gelada na maior parte do tempo, porém, tinha mãos quentes.

Ergueu os olhos novamente para o rapaz e projetou a cabeça para frente, aproximando o rosto do dele na expectativa que Midorima a beijasse. Mas o rapaz era um pouco ingênuo com essas coisas, por isso ficou apenas olhando. – Melhor assim? – Ele disse, analítico.

Mariko fez um bico. – Sim, bem melhor. Só falta uma coisinha.

– O quê? – Ele falou, na defensiva, esperando que ela pedisse algo absurdo, mas a loira apenas se esticou e roubou um beijinho dele.

Midorima tombou a cabeça para o lado, dando um princípio de sorriso que fez o rosto de Mariko iluminar-se por completo.

Ele era tão lindo que a loira poderia olhá-lo o dia inteiro.

– Pronto, agora que já provei que assim é bem melhor, podemos colocar as bandagens de volta. – Mariko afastou as mãos das dele e foi pegar as bandagens que ficaram amontoadas em seu colo, mas Midorima capturou sua mão esquerda novamente, ainda no ar.

– Não... Assim está mesmo melhor.

A garota abriu um enorme sorriso e pegou nas mãos de Midorima, entrelaçando os dedos e juntando-os em seu colo, acarinhando-o ternamente com o polegar.

– Vai andar sempre sem bandagens comigo?

– Ora, Mariko. – Ele meneou a cabeça. – Estava no meu horóscopo que hoje poderia ser um dia de situações inusitadas, mas não significa que isso acontecerá sempre.

Mariko suspirou. Era tão difícil amar Midorima, mas simultaneamente, era o sentimento mais gostoso que já conhecera.


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