Mochizuki observava Teshigawara de seu lugar, e ultimamente, ele era a única pessoa em que conseguia pensar. O que ele não esperava era que, justo enquanto ele olhava para Teshigawara, este se virou e o olhou também.

Mochizuki tentou disfarçar, mas a vermelhidão de seu rosto fez com que isso fosse impossível. Passaram se duas aulas e o intervalo chegou. O sinal tocou e Teshigawara foi logo falar com ele.

-Mochizuki-kun, você está bem?

-E-eu... érr... claro, estou ótimo.

-Sério mesmo? Porque não parece, quando você está perto de mim você fica estranho, diferente...

-É sério, eu estou bem.

Era verdade. Nos últimos dias, Mochizuki se sentia estranho perto de Teshigawara, com uma sensação que não conseguia explicar. Sempre que Teshigawara falava alguma relacionada à Izumi, a menina que gostava, ele achava ruim, parecia até que estava com...

Ciúmes?

“Não, não é possível...” pensou Mochizuki. Ele não teria ciúmes de seu melhor amigo e da menina que ele gostava, nunca. Ele não seria capaz de fazer isso com Teshigawara.

Será mesmo?

“Ah, Teshigawara-kun, porque eu estou assim?!”

No outro dia, Mochizuki tentou ao máximo evitar olhar para Teshigawara, durante as aulas, mas foi em vão. Não conseguia ficar dez minutos sem dar uma olhada nele. Mesmo ele olhando tantas vezes, Teshigawara não notou nada.

Quando a aula acabou, Teshigawara e Mochizuki foram embora juntos, e Teshigawara começou a falar de seu amor por Izumi.

-Ah, Mochizuki-kun, ela é tão linda, né? Os olhos dela, sempre que ela olha pra mim eu me sinto como se estivess-

-Ela nunca olha pra você, Teshigawara-kun. Ela nem sabe que você existe.

-O que? Mochizuki-kun, porque você está assim comigo? Eu fiz alguma coisa de errado para você estar me tratando assim?

-Não, mas você me irrita falando só dessa Izumi. É Izumi pra cá, Izumi pra lá, já chega de falar dela! Vai lá com ela logo e para de ficar falando só nela!

-Hummm, parece que alguém aqui está com ciúmes...

-Eu não estou com ciúmes de você, Teshigawara-kun! Eu só não suporto mais você falando nessa menina o tempo todo!

Então Mochizuki começou a andar mais rápido, já com lágrimas nos olhos, mas foi parado por Teshigawara, que o segurou pelo braço e o puxou para trás, fazendo o parar bem à sua frente.

Mochizuki ficou vermelho instantaneamente, e desviou o olhar para o chão. Se sentia envergonhado demais para olhar para Teshigawara.

-M-me solte, Teshigawara-kun, por favor!

-O que é isso, Mochizuki-kun? Você está chorando? Por quê?

-Não é nada, entrou um cisco no meu olho, só isso.

-Hum, sei.

Teshigawara puxou Mochizuki para mais perto e o abraçou forte, por bastante tempo, deixando-o sem reação, e depois, emocionado. Quando o soltou, ele parecia mais calmo, então Teshigawara o olhou por um instante e disse:

-Mochizuki-kun, fale a verdade para mim. Por favor, é horrível para eu saber que você está mal por minha culpa e não me dizer o porquê.

-Teshigawara-kun, me desculpe. É que... – as lágrimas começaram a rolar novamente – é que, eu tenho ciúmes de você, porque na verdade, eu amo você, Teshigawara-kun. Me desculpe.

Teshigawara chegou mais perto de Mochizuki, passou o braço por suas costas, levantou seu rosto, fazendo o olhar nos olhos dele e, repentinamente, o beijou. Fora só um beijo calmo, doce, nada muito forte para não assustar Mochizuki.

Quando o soltou, viu que ele estava completamente vermelho, mas as lágrimas já haviam parado, o que era um bom sinal. Teshigawara ficou mais tranquilo ao ver que Mochizuki não estava mais bravo, nem triste com ele.

-Teshigawara-kun, porque...

 -Mochizuki-kun, é desse jeito que você me ama?

-S-Sim, mas, e a Izumi, Teshigawara-kun?

-Sabe, Mochizuki-kun, Izumi-san nunca me amou, e talvez nunca vá me amar. Já você, eu sempre gostei de você, sempre fomos bons amigos, e agora descubro que você me ama. Acho que você é a pessoa certa para mim, e não Izumi. Estou começando a me apaixonar por você, Mochizuki-kun.

Ao dizer essas ultimas palavras, Teshigawara-kun corou levemente. Já não parecia mais aquele menino forte, que não era abalado por ninguém. Agora parecia fraco, parecia que alguém finalmente havia entendido seus sentimentos.

-Ah, Teshigawara-kun!

Dizendo isso, Mochizuki o abraçou fortemente, e foi retribuído por Teshigawara, que se sentia incrivelmente feliz por ter achado alguém que o amasse de um jeito tão intenso, tão verdadeiro.

Mochizuki o beijou, agora sim um beijo forte, mas ainda carinhoso. Teshigawara retribuiu, sentindo o beijo doce de Mochizuki, e ficando cada vez mais apaixonado por ele.

Continuaram a andar, agora de mãos dadas, em silêncio. Os olhares que trocavam já diziam tudo. Não eram necessárias declarações de amor, nada. Tudo era dito pelos olhos dos dois.

Quando chegaram ao portão da casa de Mochizuki, se despediram vagamente e, quando ele ia entrando em casa. Teshigawara gritou:

-Mochizuki, espere! Venha aqui um pouco!

Ele foi correndo para ver por que Teshigawara gritara daquele jeito, mas quando chegou, ele só se aproximou de Mochizuki e disse em seu ouvido:

-Não esqueça que eu te amo, tá?

Mochizuki riu e disse:

-Tudo bem, Teshigawara-kun. Não se esqueça que eu também te amo, tá?

Se despediram novamente com um abraço. Enquanto Teshigawara seguia o caminho para sua casa sozinho, andava com um sorriso bobo no rosto. Só pensava em Mochizuki, nas suas palavras e nos beijos. Sentia-se extremamente feliz.

Finalmente Teshigawara achou alguém que o amasse de verdade.