POV Sam

Acordei na manhã seguinte com a cabeça doendo. Dormir com a cabeça encostada em uma arvore e amarrado não era nada confortável. Pelo menos o sangue que escorria na minha testa havia secado. Notei que como sempre os sequestradores haviam sumido. Dois dias se passaram desde que fomos surpreendidos por esses seres estranhos e até hoje eu nunca vi os rostos deles. E durante esse tempo percebi que todas as manhãs e tardes eles simplesmente sumiam e quando começava a anoitecer apareciam de novo, e com a lua desaparecendo novamente tornavam suas faces e corpos mais difíceis de ver. Então pensei que aquela manhã era a nossa deixa.

— Meninas, precisamos sair daqui...

— E você acha que não sabemos disso? – respondeu Hanna secamente.

— Você não me entendeu. Precisamos sair daqui agora.

— E como pretende fazer isso?

— Bem eu reparei que no período do dia os sequestradores desaparecem e não deixam nenhum vigia, isso mostra que estão muito confiantes, e isso me irrita um pouco.

— E porque isso te irritaria? – falou Hanna.

— Porque eles acham que não temos capacidades de fugir.

— E temos? – falou Meth.

— Bem se vocês me deixarem terminar de falar, talvez sim... – não queria ser ríspido, mas já estava ficando irritado – bem, como eu disse, no período do dia eles somem e só lá pras sete horas que voltam, ou seja, temos um período muito longo para tentar escapar.

Olhei para ver se ia haver mais alguma interrupção. Fiquei aliviado que não teve. Mas na verdade eu esperava que uma delas tomasse dianteira, pois não tinha a mínima ideia do que fazer.
— Entendo o que você quer fazer. – Meth começou a falar. – mas teríamos que dar uma olhada no local antes de fugir, porque se não soubermos podemos ficar perdidos e isso nos tornaria vulneráveis.

Eu concordava completamente com ela, mas não tinha ideia de como fazer isso. Pensei bastante sobre isso, até que uma ideia ocorreu em minha cabeça. Passei o plano para as duas e elas pareceram entender bem, e pela primeira vez na vida nenhuma das duas discordou de mim. A noite havia chegado e como esperado os sequestradores apareceram, e como sempre não consegui ver o rosto deles.

— Ei, você ai. – falou Hanna – você poderia vir aqui, por favor?

—O que você que garota? – respondeu um dos sequestradores

— Bem eu estou com vontade de ir ao banheiro, será que você poderia...

O homem estranho olhou para seu chefe como se perguntasse se podia ou não, até que para meu alivio ele concordou.

— Levante-se, rápido garota, antes que eu me arrependa.

— Como vou me levantar se estou presa nessas cordas?

O homem emburrado com a pergunta cortou as cordas das mãos e pés de Hanna e saiu andando com ela. Não sei bem como tudo terminou, mas parecia que o plano ia bem, dois minutos depois Hanna apareceu do meio da floresta com o sequestrador e percebi que havia um novo filete de sangue escorrendo em seu nariz, quando ela se sentou disse baixinho.

— Amanhã eu conto tudo, é muito arriscado agora, eles podem ouvir.

Quase discordei da ideia, pois queria muito saber como sairíamos dali, mas ela estava certa, era melhor esperar que amanhecesse para passar as informações já que os caras não estariam presentes.

Encostei minha cabeça no tronco da arvore em que estava amarrado, fiquei observando Hanna e Meth na penumbra da noite, acho que elas não repararam, mas se bem que cada um tinha com o que se preocupar, eu principalmente, por que nada estava ocorrendo como eu planejei.