Arqueira perdida escrita por Clara Vorin


Capítulo 23
Tudo desanda!


Notas iniciais do capítulo

sim galera mais um cap, sinto muito viu Driada pela demora, mas em fim está pronto... Esse é pra você e para meu novo leitor Rodrigo espero que gostem *--*



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Ela respirou fundo, contou até dez, fez de tudo para poder deixar a voz calma, mas não conseguia, o que mais queria naquele momento era que alguém a interrompesse e começasse a falar, mas esse momento nunca chegava, então decidindo que o melhor não era adiar aquele momento mais do que já fizera respirou fundo mais uma vez e decidiu começar do começo, sim do começo, onde tudo começou a desandar, quando fugiu do castelo, quando conheceu Will, quando foram sequestrados, quando Lucy apareceu e os resgatou e vendo que naquele momento não poderia mais parar de falar, pois se não ficaria esquisito, chegou na parte que mais lhe doía o coração, quando a mesma Lucy que os salvara dos sequestradores assassinara seus amigos a sangue frio. E ressaltou o tanto que ficou com medo que isso acontecesse a eles quando estavam no lago.

Enfim chegou a parte em que Will lhe contara que era uma Deusa, que tinha o poder de destruir o mundo ou salva-lo e contou também do presente de seu pai e seu tio, quando acabou a história respirou fundo e sentiu um alivio, foi como se o grande peso que carregava nas costas desaparecesse igual fumaça ao vendo. Então só ai percebeu a cara que Fred, Jorge e Emma faziam para ela, era uma cara bastante cômica, estavam entre intrigados e nervosos. Emma estava com a sobrancelha esquerda levantada e comprimia a boca, os olhos de Fred pareciam que ia sair das orbitas, Jorge estava com a cabeça meio inclinada e um olho estava meio fechado. Se controlando pra não rir e controlando a voz ao maximo perguntou.

– Então?

– Você está brincando não é mesmo? – Perguntou Fred

Ela respondeu negativamente com a cabeça ainda se controlando para não rir das caras que faziam.

– Então quer dizer que você...

– Isso sou uma Deusa, não sei exatamente do que, e nem quero saber, só quero ser uma garota normal, não tão normal quanto às outras, mas sem poderes e imortalidade. E espero que quando chegarmos ao submundo meu pai possa desfazer isso.

– Você enlouqueceu? Tem noção do tanto de poder que você teria? Poderíamos dominar o mundo – Perguntou Jorge, vendo a careta de Hanna parou de falar.

– Porque não nos contou antes? – Censurou Emma

– Porque tive medo que me usassem e depois me abandonassem, sei é egoísta da minha parte, mas é porque sinto muita falta de amigos verdadeiros e...

– Perai um minuto, você pensou que fossemos interesseiros?

– Não, não é isso, é porque quando cheguei ao acampamento não tive uma boa recepção. – Deu um olhar disfarçado para Emma. – E pensei que se contasse nunca acharia amigos de verdade como vocês.

– Olha não somos iguais Sam e Meth e... – Fred viu o erro que cometera ao falar aquilo.

– Como você ousa falar deles? Eles também não sabiam e morreram da forma mais covarde que alguém poderia imaginar, e você está julgando eles sem ao menos conhecê-los.

– Bem, mas pelo que você falou a Meth não estava com você porque gostava e sim por causa do Sam. – Rebateu Emma.

– Pelo menos não iriam me atacar com paus e pedras igual vocês estão fazendo. – E naquele momento lágrimas caíram de seus olhos e molharam sua pele clara, mas não iria parar de falar. – Contei a você por que não queria que soubessem por outra pessoa, e porque achei que entenderiam, agora me digam, vocês contariam um segredo desses pra qualquer um?

Sua voz naquele momento falhou, não conseguia acreditar naquilo, pensou que quando contasse eles entenderiam, mas viu a partir daquele momento que não poderia contar com mais ninguém, Will estava certo não deveria ter contado tão depressa. Virou as costas e foi em direção a sua barraca, mas antes de entrar falou mais uma coisa.

– Tenho certeza que você também tem segredos, pode ser pequeno ou o que for, mas quero que saibam que se me contassem nunca os julgaria por terem demorado a me contar, cada um tem o seu tempo e acho que o meu foi precipitado de mais.

Então finalmente entrou em sua barraca, se jogou no saco de dormir, escutava vozes do lado de fora da barraca, talvez fosse Emma, Fred e Jorge decidindo se iriam deixá-la sozinha naquela missão ou não “Melhor que deixem”, pensou, “estou melhor sozinha do que com eles” se virou para o lado e adormeceu, seus sonhos foram perturbadores, viu mais uma vez a morte de Sam e Meth, só que dessa vez quem os matava era ela, não Lucy. Reviu Will e pensou que esse sonho poderia ser bom, mas não era, ele estava brigando com Alyss por alguma coisa, Hanna desejava do fundo do coração que não estivesse acontecendo aquilo de verdade.

Então tentou se aproximar para ouvir a conversa e se surpreendeu quando descobriu que falavam dela.

– Alyss entenda, eu tenho que ir, ela precisa de mim.

– Não mais do que eu, eu vou ter um filho seu Will, não pode me deixar aqui sozinha. – Lágrimas escorriam de seu belo rosto.

– Eu sei... Eu sei, mas, por favor, são só alguns dias, eu prometo que voltarei antes do casamento e antes do bebê nascer, eu prometo, não fique chateada comigo.

– Você a prefere a mim não prefere?

– Não, nunca, ela é uma criança, e se fosse o caso nunca a teria pedido em casamento, Alyss, por favor, entenda, ela é como uma filha pra mim, não posso deixar que ela morra como está previsto.

Então naquele momento soube que o sonho estava acontecendo de verdade, Hanna estava novamente no castelo Redmont, e Will e Alyss brigavam por ela, Alyss iria ter um bebê, Will não poderia deixá-la sozinha, mas a ideia de ter seu mentor novamente perto de si a animava. Então mais palavras ecoaram sobre o cômodo.

– Tudo bem Will, você me convenceu, mas como você vai achá-la?

– Não faço a mínima ideia, só sei que ela está vindo ao castelo, mas tenho que a encontrar antes que chegue aqui, é preciso.

– Quando você parte?

– Hoje de manhã.

Hanna acordara de súbito, Will estava a caminho, não sabia há quanto tempo àquela conversa havia sido realizada, mas seus pensamentos foram interrompidos, um barulho do lado de fora da barraca a despertara, vestiu sua capa camuflada e pegou o velho arco que o barão havia feito para ela, saiu da barraca o mais silenciosamente possível, Emma, Fred e Jorge ainda estavam lá, um grande alivio invadiu seu peito, mas logo foi despertada por outro barulho, se agachou atrás de um arbusto era bastante baixo, mas a cobria bem por causa da capa.

Tentou se mexer o mínimo possível, para tentar mais uma vez escutar o barulho, sabia que não o ouviria mais, pois uma pessoa não era burra o suficiente para provocar mais de um barulho em um lugar quieto. Deixou seus olhos e ouvidos bastante atentos, mas não funcionara, sentia uma pequena faca em sua garganta e nesse momento Emma Fred e Jorge apareceram, mas antes que pudessem fazer alguma coisa, Hanna deu uma rasteira no captor pegara a sua faça de caça e pressionou o pescoço do viajante. Pegou sua mão e o levantou, em seguida deu um grande abraço nele, e deixou que lágrimas caíssem de seus olhos.

– Que saudade de você, há quanto tempo teve aquela conversa?

– Cinco dias.

– Fico feliz que esteja aqui.

Então o afastou e limpou os olhos, olhou para ele de cima a baixo, viu que estava diferente, sua barba estava cortada certamente, o que achou engraçado, pois sempre o achava bonito de barba torta, sua face escondida sobre a capa permitindo que não fosse visto, mas Hanna sabia no fundo que ele estava alegre tanto quanto ela.

– Só me explica uma coisa, por que fez tanto barulho?

– Distração.

– Esqueci que você gosta disso, deveria ter sacado, mas quem você trouxe pra fazer tanto barulho?

– Uns velhos amigos.

Deu um longo assovio, e dois cavalos surgiram no emaranhado da floresta, Hanna estava surpresa era Puxão e Segredo os dois cavalos de arqueiros, Puxão pertencia a Will e Segredo a ela, foi correndo em direção a Segredo e lhe deu um grande abraço, sentia falta dele, mais até do que do castelo, ele retribuiu com um baixo relincho que Hanna entendeu como um “Senti sua falta também, tem maçãs?”

– É claro que tenho maças, venha até aqui.

E veio puxando seu cavalo, até que percebeu que seus três “amigos” ainda observavam com certo espanto no rosto, decidida a falar o mais secamente com eles falou com uma voz fria e profunda que sabia causava bastante medo.

– Will esses são Emma, Fred e Jorge. Vocês três esse é Will, pronto apresentados, vamos entrar Will, não quero que certas pessoas escutem o que vamos conversar, pois podem interpretar de outra forma.

Deu uma maçã a Segredo e a Puxão e foi arrastando Will para dentro da barraca, os três ainda estavam atordoados com aquilo, mas decidiram que não era hora de falar, pelo que viram aquele cara era bastante perigoso.

– Uau, o que foi aquilo?

– Nada de mais, só que contei meu segredo e eles faltaram me matar, mas nada de mais.

– O.k, mas enfim, alguma novidade?

– Deixe-me ver, sei que Alyss está grávida e você foi um completo estúpido a largando lá sozinha, não deveria ter feito isso, e também descobri que vou morrer, mas e você alguma novidade?

– Tinha né, mas pelo visto você já sabe a melhor e a pior parte. Acho melhor vocês montarem acampamento e irem, já está aqui por muito tempo.

– Concordo, vamos me ajude a desarmar a barraca.

– E seus amigos?

– Não sei dizer se eles virão.

– O.k, só vou lá fora checar Puxão, com licença.

Hanna sabia que ele não iria fazer aquilo, na verdade já tinha uma ideia do que ele iria fazer, mas deixou mesmo assim, queria mais do que nunca que seus amigos a acompanhasse no resto da viajem, mesmo que estejam chateados, e pra ela ainda tinham muito que falar. Não devia ter confiado na Lucy, sabia que eles a rejeitariam por guardar aquele segredo, mas uma parte sua estava contente que contara tudo. Quando saiu da barraca ficou surpresa em ver que Jorge, Fred e Emma tinham arrumado a deles também, por um momento pensou que o fizeram para voltarem ao acampamento, mas seus temores foram esquecidos quando Jorge disse.

– Vamos então?

– É vamos. – Falou tentando conter a alegria.

Ela e Will foram à frente por conhecerem o caminho, ficaram jogando conversa fora, falando coisas bobas, até que Hanna percebeu um pequeno brilho em sua capa.

– Que broche é esse?

– O que? Isso? Foi presente de Horace e Cassandra, sabe, pro casamento, foi o único que gostei.

– Ai meus deuses, o casamento, havia me esquecido completamente, iria enviar o meu presente, mas acabei esquecendo, sinto muito Will. – Disse apalpando a capa. – Tem que está em algum lugar por aqui e... Achei.

De dentro da capa Hanna tira uma pequena caixa que dentro continha um anel, grosso e de prata com uma pedra verde e um W cravado sobre ela.

– Achei esse anel em algum lugar escondido do castelo, pensei em pega-lo para mim, mas não tenho nenhum W no me nome então achei melhor dar a você.

– Uau, é perfeito. – Disse colocando em seu dedo indicador. – Já o vi em algum lugar, não lembro onde... Mas deixa pra lá.

Com um grande sorriso no rosto os dois continuaram no mesmo ritmo montados em seus fieis cavalos e Emma, Fred e Jorge em outros que Will havia trazido para eles, o de Emma era bastante preto o nome dele era Trovão, a de Fred era branca com manchas marrons seu nome era Serena o de Jorge era o maior dos três, não mais do que um cavalo de arqueiro deve ser, seu pelo era cinza e tinha uma mancha preta no olho esquerdo ocultando levemente seus olhos castanhos dando a aparência de um tapa-olho por esse motivo o seu nome era Pirata.

Ficaram um bom tempo sem conversar e Will de minuto em minuto olhava para seu dedo como se o anel fosse criar pernas e sair correndo, os seus amigos em uma pausa de vinte minutos cochichavam alguma coisa, eles pensavam que Hanna não os ouvia, mas estavam enganados ela ouvia pequenas partes, pois as vezes se afastava de mais, mesmo assim conseguia ouvir parte importantes.

– O que acham que devemos fazer? – Perguntou Fred

– Se dependesse de mim voltaríamos para casa. – Retrucou Emma.

– Não fale assim dela, é sua amiga.

– Se realmente fosse ela não teria nos escondido aquilo.

– Olha quem fala, até parece que você não tem um também. – Interrompeu Jorge. – Pelo que sei e pelo que me mostrou você é bastante poderosa.

Nesse momento ela ficou sem palavras, mas não iria perder a chance de ganhar aquela conversa, nem que pra isso precisasse gritar.

– O meu não é tão grave assim, ela pode por a gente em perigo e...

– Vai então, volta, não vou sentir sua falta – Falou Hanna segurando para não chorar. – Vocês falaram que não eram iguais a Sam e Meth, não são mesmo não, são ainda piores.

Os três ficaram paralisados com aquelas palavras, mas antes que pudessem dizer alguma coisa Hanna já corria o mais rápido possível com seu cavalo, não queria ouvir, ver nem sentir nada, queria ser levada daquela realidade o mais rápido possível ouviu cascos batendo atrás dos seus, mas continuou correndo, até que percebeu que só estava penalizando Segredo e o fez diminuir a velocidade, quando olhou para trás viu Will, Hanna desceu do cavalo e ele fez o mesmo, ela foi correndo em direção aos seus braços e ele a envolveu em um grande abraço as lágrimas em seus olhos não paravam de cair.

– Por... Por quê? O... Que eu fiz de... De errado? – Perguntou em meio aos soluços.

– Nada, você não fez nada.


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Notas finais do capítulo

e ai o que acharam??? comentem pq o próximo vai demorar, postei esse na casa de uma colega.. bjs



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