Arqueira perdida escrita por Clara Vorin


Capítulo 12
Tudo vem a tona




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 Hanna

Sonhei que estava caindo de um penhasco, tentava acordar, mas não conseguia, quando finalmente cai no chão estava coberta por lama. Olhei pra cima e vi um cara com rosto pálido e ranzinza, com cabelos negros cortados rente a orelha, ele usava uma toga preta estilo grega e se sentava em um trono cheio de crânios, por algum motivo desconfiei que eles não eram só enfeite.

­– Olá, Hanna.

— Quem é você?

Pela primeira vez ele falava diretamente comigo, sempre que sonhava com ele estava conversando com uma mulher muito bonita e outra que insistia que eles comessem cereais.

— Isso não vem ao caso agor...

— É claro quem vem, eu sonho com você todas as noites, mas nunca consigo falar com você, porque hoje eu estou falando?

— Isso é complicado minha querida, e é uma história muito cumprida...

— Não tem problema tenho tempo.

— Creio que não, você está quase acordando. E tenho uma coisa muito importante pra falar com você.

— Fale logo então.

— Você tem que sair daquele acampamento, não pode esperar mais um dia, quando anoitecer amanhã e todos já estiverem dormindo, quero que você peque suas coisas e vá aonde costuma treinar sempre.

— Mas e meus amigos?

— Acredite será melhor se você os deixar, muita desgraça espera por você minha querida e temo que se estiver acompanhada será ainda pior. Quando sair Will estará te esperando, ele vai te acompanhar até uma parte do caminho então dali em diante continuará sozinha.

Não estava entendendo absolutamente nada, quem era aquele cara? E quem ele pensava ser pra me dar ordens?

— Sei que você está em duvida, mas será melhor assim minha filha...

Antes de poder perguntar algo acordei com Sam me chamando, estava completamente atordoada, aquele homem falando daquele jeito, e dentro de mim as palavras dele ecoavam: “se estiver acompanhada será ainda pior” “muita desgraça espera por você minha querida” o que ele queria dizer com aquilo, e por incrível que pareça tinha uma imensa vontade de obedecê-lo.

—Hanna você está bem?

Voei tanto em meus pensamentos que esqueci que Sam estava la ao meu lado, então a fúria começou a crescer dentro de mim novamente.

— O que você faz aqui? Onde está Meth?

— Ela está lá fora ajudando Lucy, pedi que desse licença pra podermos conversar a sós

— O que você quer?

— Queria te pedir perdão pelo que disse antes, você está completamente certa, tenho me afastado de vocês duas ultimamente, mas isso é porque vocês se afastaram de mim, as duas vivem de segredinhos, isso me fez sentir que não era mais querido.

— Que bom que você reconheceu isso, mas em parte eu também estava errada, não devia ter agido daquela forma com você e Lucy.

Não sabia onde aquilo iria dar, mas não poderia me aproximar dele de novo, pois iria me machucar ainda mais e isso eu não iria aguentar, por isso a ideia de ir embora me passara pela cabeça novamente.

— Hanna, você está aqui nesse planeta?

— An? Ah sim tudo bem só estava pensando.

— Você anda muito pensativa ultimamente, posso saber do que se trata?

— Sim e não.

— Como assim?

— Primeiro porque você e Meth ainda não me contaram o que prometeram contar, e também porque tenho tido sonhos estranhos, mas isso não vem ao caso.

— Nossa tinha até esquecido disso, vamos lá fora quero que Meth me ajude nessa parte de te contar.

— Mas e Lucy? Ela pode ouvir?

— Se estiver tudo bem pra você...

— Ta sim, – Falei com certa amargura na voz, o que ele não percebeu. – só vou me arrumar.

Antes de sair ele me deu um beijo na testa, não foi um beijo de verdade, mas foi o suficiente pra saber que o que sentia por ele era somente amizade. Coloquei minha blusa larga e uma saia longa, era a única que gostava, pois não me incomodava. Quando cheguei lá fora Meth, Sam e Lucy se encontravam sentados a mesa, então me juntei a eles.

— Bem, podem começar.

— Isso pode parecer bem estranho. –começou Sam. –mas por favor, escute com bastante atenção e não me interrompa.

— Ok!

— Bem pra começar, seus pais não te abandonaram porque não te amavam, e sim porque seu pai fez um acordo com seus dois irmãos que nunca teriam filhos com uma mortal ou até mesmo com uma Deusa...

— Como assim mortal? E que papo é esse de Deusa?

— Você prometeu que não iria interromper.

— Desculpa.

— Seus pais não tinham permissão de ficar com você, e antes que os irmãos de seu pai descobrissem sua existência, ele te deixou em Araluen, pois era o único lugar onde não poderiam te encontrar. 

Depois de uma breve pausa Meth continuou.

— Pode parecer bastante estranho Hanna, mais é pura verdade, você sabe as histórias sobre os deuses gregos não sabe?

— Claro que sei.

Não era a crença do povo de Araluen, mas por algum motivo era a que eu mais me apegara.

— Então, um deles é seu pai, e pra piorar a situação seu pai é o Deus menos confiável de todos. Seu pai é o deus dos mortos, Hades.

Não sei exatamente qual foi minha ração naquele momento, animo por saber que meu pai não me abandonara porque não me queria, ou surpresa, pois descobrira que o homem dos meus sonhos era meu pai, e a mulher ao seu lado minha suposta mãe. Mas parecia que eu já sabia daquilo a algum tempo, por isso não fiquei tão atordoada quanto o esperado.

— Você está bem? –perguntou Sam

— Sim, não... Não sei bem, mas acho que não sei se aquento mais umas dessas histórias malucas.

Não sabia se acreditava, pois a história parecia extremamente ridícula, mas aquele homem sentado no trono parecia tanto comigo. Então mais uma vez me veio em mente o que dissera, ele tinha razão eu não poderia continuar ali e colocar meus amigos em perigo, mesmo não sabendo qual era ele. Estava decidida, hoje a noite iria embora daquele lugar.

— Acho que vou passear por ai, não sei bem se acredito nessa história, mas sei que vocês não mentiriam pra mim.

— Eu vou com você. –disse Meth.

— Não, pode deixar que vou sozinha.

Levantei-me da mesa e fui andando pra floresta, não sabia se corria ou se andava, só queria que Will estivesse ali, ele saberia o que fazer naquele momento. Encontrei um pedaço de madeira e me sentei, coloquei minhas mãos na cara e a cara nos joelhos e desabei a chorar, queria alguém ali comigo, alguém de verdade.


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Notas finais do capítulo

espero que gostem



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