Doce Realidade! escrita por Larix


Capítulo 1
Capítulo único.


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna!
Ufa! Achei que não conseguiria postar a tempo. Tive várias ideias, porém gostei mais desta. Espero que a Saah-chan, e qualquer outra pessoa que ler, goste. *u*
Tsurugi começa narrando e depois entra a narração por parte de Tenma. Peço desculpas por qualquer erro desde já.
Boa leitura!



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“O amor é a única flor que desabrocha sem a ajuda das estações.” Khalil Gibran

Tenma... Tenma... Tenma... Tenma mais uma vez. Como ele conseguiu dominar minha mente assim, tão de repente? Como um devaneio, tudo que penso, ele tem de estar no tal pensamento. Imagino nós dois, conversando sobre vários assuntos, rindo histericamente de suas piadas, todas sem um pingo de graça, ele me convencendo a jogar futebol em plena luz do luar. Enfim, situações em que não consigo passar com ele pessoalmente. Porém, me divirto muito em meus pensamentos. Como nunca pensei que poderia.

Este seria apenas outro dia normal. Provavelmente ele virá até minha casa para irmos juntos a escola. Lá conversaremos um pouco durante os intervalos entre as aulas, discutiremos seriamente por um assunto qualquer. Levaremos sermões do professor que estiver na sala. No fim da tarde, iremos para o treino diário. E, quando estiver beirando a noite estaremos refazendo o trajeto de volta as nossas casas. Neste momento não pronunciaremos uma palavra se quer, estarei me deliciando enquanto lembrarei-me de tudo que ocorrerá hoje e ele estará observando o estrelado céu de Novembro.

Algo me diz que hoje será diferente. Tenho que fazer ser diferente. Não aguento mais negar a mim mesmo e a todos que não sinto nada por ele. Minhas mãos trêmulas, minha voz alterada e as batidas de meu coração completamente descontroladas quando estou ao seu lado não me deixam mentir. Ah! Sinto-me como um garoto iludido quando estou junto a ele. Sempre tão gentil sonhador e ao mesmo tempo tão maduro, realista. Enquanto eu simplesmente fico ali, imóvel, admirando-o. Suas palavras perfeitamente ditas, seu perfume inebriante e sua voz tão calma e doce, me tiram deste mundo.

Estou apaixonado por Matsukaze. Completamente.

Algumas vezes me peguei imaginando como seria o momento em que me declararia a ele. Pensei em dizer isto em algum dia qualquer, em um lugar desconhecido da cidade, quando finalmente tiver coragem. Então, ele me cobriria com seus braços, quentes e carinhosos. Depositaria um beijo estalado em minha cabeça e diria com um tom sereno e quase mágico, tanto quanto o momento: “Estou surpreso. Não esperaria isto vindo de você, ainda mais tão tímido quanto é...” e por um momento as lágrimas tomariam conta dos meus olhos, enquanto pensaria sem parar “É isto! Ele não me ama!” até que por fim, ele diria baixinho: “Pensei que teria que falar por nós dois. Porém vejo que não. Estou realmente surpreso e apaixonado.”. Seria lindo. Perfeito. E esta cena não para de repassar em minha cabeça, todas as vezes que ele diria que estava apaixonado por mim, e minha reação de surpresa. E mais uma vez, esta cena novamente. Oh, Deus!

Preciso de um psicólogo. Urgentemente. Mas, um copo com água ajudará no momento. Desci as escadas levemente, não deve ser mais do que quatro da manhã. Mais tarde estas horas de sono com certeza me farão falta, porém estou muito ocupado com meus pensamentos para dormir. Mais alguns passos e cheguei a cozinha, respirei fundo. Fitei a imensa escuridão pela janela. Apenas alguns pontos eram iluminados pela Lua, em sua maioria árvores, que tinham suas folhas sendo sacudidas por um rápido vento. Peguei minha água e tornei a subir os torturantes degraus da escada. A última coisa que me lembro desta madrugada é de ter sentido um sono repentino por volta das cinco.

Claro que não gostei de ter sido acordado brutamente pelo irritante sino despertador. Se tiver dormido duas horas durante toda a noite, foi muito. Mais tarde me arrependerei de não ter dormido o suficiente quando pude. Mas, de que me adianta reclamar agora? Levantei vagarosamente e me dirigi ao banheiro, ao final do corredor. Mal conseguia abrir os olhos, considerei uma sorte não ter caído e me machucado. Não enxergava praticamente nada. Lavei o rosto e me fitei diante do espelho, minha aparência certamente não era das melhores. Espero que um banho ajude. Retirei minhas vestimentas com certo desânimo, minhas forças ainda não voltaram completamente. Abri o chuveiro e me deliciei com a água na temperatura perfeita, senti-me uma nova pessoa! Terminado o meu rápido, porém prazeroso banho, vesti o uniforme da Raimon, que considerava muito colorido para a minha palheta de cores preferidas. Ultimamente, venho tentando me acostumar com ele. Não é tão feio assim, no fim das contas.

Caminhei calmamente de volta ao meu quarto, tinha ainda uma toalha em volta de meus cabelos. Passei alguns minutos terminando de me arrumar, peguei alguns livros qualquer e os coloquei em minha mochila. Estava pronto para hoje, bem... Para quase tudo que queria para hoje. Ainda me falta coragem e um pouco de ousadia. Mas, ah! A parte considerada mais difícil, eu já consegui. Decidi que farei hoje ser diferente, e será! 

Tornei a descer as escadas. Este pequeno trajeto me irrita profundamente às, porém é necessário, então tento não me estressar o quanto a isto. Como de costume, minha mãe me aguardava a mesa. Com suas torradas e sua pequena xícara de chá, ela é uma mulher de costumes, sem dúvida. Sentei-me ao seu lado. Levantou-se e beijou-me na testa. Sorri levemente com seu ato, não era de fazer isto sempre. Ela sorriu também, trocamos algumas palavras e logo saiu apressada. Sorri um pouco mais. A vida e suas rotinas, quem entende?

Por um segundo, retornei ao mesmo assunto que me tirou o sono por completo nesta madrugada. Tantas situações passando pela minha mente e elas tiram-me o fôlego, sendo bobas ou não. Quem diria que eu me apaixonaria por ele. Tão repentinamente e seriamente. Tudo em que consigo pensar são seus olhos, azuis como o céu radiante de uma primavera. Seu toque, tão quente e agradável. E seu sorriso... Ah! Eu amo quando ele o faz. Parece iluminar o mundo à minha volta, deixa meu dia agradável. E principalmente, faz meu coração, completamente apaixonado, feliz. Feliz como nunca antes!

Como eu o amo. Sem dúvidas, eu o amo. A cada segundo mais e mais...

Respirei fundo. Ainda tentando desfazer o enorme sorriso que toma conta de minha face todas as vezes que penso nele. E se não me controlar, irei voltar aos mesmos pensamentos de minutos atrás. Não quero parecer um tímido ao seu lado, pelo menos, não por hoje. De resto, quero apenas poder amá-lo e estar ao seu lado, sempre. Mesmo tendo que esconder meus sentimentos, não me importo. Continuarei amando-o, por mais que tudo dê errado e ele me odeie.

Tsurugi! – uma voz extremamente calma e em um tom que eu reconhecia perfeitamente bem me chamou. Era ele!

Minhas pernas tremeram. Coloquei-me em frente a porta, e, através dos vidros, um pouco embaciados pela geada, observei a rua. Vendo-o então. Parado ali, sob as cercas. Brilhava mais do que o ainda tímido sol desta manhã. Era como uma dose instantânea de felicidade em minha vida. Abri a porta. Caminhei vagarosamente rumo á ele. Minhas pernas ainda tremiam, bastante. Mal conseguia me mover. Era como se o tal momento de felicidade houvesse passado, e tudo que sobrou foi o nervosismo. O maldito nervosismo!

Finalmente consegui dar fim a tortuosa caminhada. Foi um custo! Porém, não foi a metade do que ainda tenho que conseguir fazer hoje. Senti que minha voz falharia, antes mesmo de pronunciar algo. É desolador. Fiquei parado, sem ter ideia do que fazer. Fiquei irritado comigo, não é possível que não tenha coragem para ao menos dá-lo meus comprimentos. Francamente...

Ah! Finalmente está aqui! Digo bom dia! –sorriu, passando uma das mãos pelos cabelos de lindo tom castanho.

Sorri totalmente ruborizado. Engraçado como uma simples frase dele me remete aos mais longos pensamentos. Nada o disse, apenas seguimos caminhando pela estreita rua. Diferentemente dos outros dias, em que sempre estava lendo pelo caminho ou brincando com as crianças pela rua, hoje me fitou. Com olhos de quem com certeza queria saber algo. Por um longo e, a meu ver, interminável tempo, o silêncio prevaleceu entre nós. Ainda me fitava com seus profundos olhos azuis. Não quero que me veja assim, com essa expressão confusa e totalmente envergonhado. Realmente, sou um tímido ao extremo!

Bem, Matsukaze. Posso saber o motivo de seu olhar, tão fixo em mim?

Ele nada disse. Desviou o olhar rapidamente e falou algo imperceptível. Um momento constrangedor, que parecia nunca ter fim. Parecia assustado, como se minha pergunta o tivesse tirado de seu estado de conforto. Teria eu finalmente o surpreendido?

~~

Surpresa. Este sentimento novo dentro de mim era surpresa. Senti meu coração pulsar fortemente e sentia-me quente. A pergunta de Tsurugi ecoava dentro de minha cabeça. Como uma melodia confusa e sem fim. Foram minutos incômodos. Eu, que sempre o deixava sem reação, provei um pouco desta irritante sensação. Seus olhos dourados, olhavam-me em busca de alguma resposta, de qualquer falha em meus pensamentos. De qualquer sinal de fraqueza de minha parte. Por alguns instantes, poderia jurar que não é o Tsurugi totalmente tímido e quieto, que conheço tão bem, ao meu lado.

Simplesmente não sabia respondê-lo. É isto! Respirei fundo, em busca de acordar destes pensamentos que não me levariam a conclusão alguma. Irei contá-lo a real razão, finalmente surgiu em minha mente.

Odeio mentiras, então digo que te fitei tão fixamente porque sei que por detrás de seus orbes douradas há outro Tsurugi. Lutando intensamente para demonstrar seus sentimentos e ideias. E que, mesmo sem conhecê-lo, já tenho um imenso carinho por ele.

Seus olhos brilharam em felicidade. É como se ele estivesse sendo envolvido em uma onda de novos sentimentos. Suas contínuas mudanças de humor intrigam-me, deixando-me querendo mais e mais. Gosto de observá-lo. Aparenta impecavelmente bem. Seus cabelos azuis e aparentemente longos combinavam perfeitamente bem com seu tom de pele. Dono de olhos enigmáticos e de uma personalidade completamente adorável chamou minha atenção desde a primeira vez que o vi. E exala um perfume exótico, convidativo. Tsurugi realmente é um homem perfeito. Não julgo seus admiradores, porém sinto certo ciúme.

Ciúme... É isto mesmo?

~~

Já tenho um imenso carinho por ele... Imenso carinho por ele... Carinho... Imenso... Ele... Eu!

Não consigo acreditar nas últimas palavras que ouvi. Estaria dentro de um sonho? Um lindo e perfeito sonho? Ainda posso ouvir suas considerações, mas não consigo decifrá-las. Teria ele se cansada desta minha personalidade tímida e pouco animada? Ou ele gosta de mim assim, porém quer ver-me sempre melhor e sorrindo? Sinto outra maré de confusão se formando em minha mente. Porém, acima de todas estas dúvidas posso ainda ouvir sua doce voz ecoar vagarosamente, repetindo as frases de poucos segundos atrás.

Você é realmente o único que me compreende. E tudo isto com apenas um olhar. – senti minha voz falhar, porém obriguei-me a terminar a frase. – Admiro-o tanto, Tenma.

Fiz com que minha voz soasse da forma menos nervosa possível. Ainda sim, senti que iria falhar, tive que me conter. Quando terminei, virou sua face para a rua e sorriu. Aparentava vergonha, isto me deixou um pouco calmo. Posso deixá-lo assim, caso queira. Senti-me um pouco vitorioso também, afinal ele não é de deixar seus sentimentos transparecem. O momento seguinte foi completamente estranho. Nenhuma palavra. Nenhuma troca de olhares. Nem ao menos parecia que estávamos respirando.

Agradeci aos céus quando finalmente chegamos ao colégio. Espero que nossas atitudes mudem agora. Parte de mim queria continuar a tão tímida conversa ao longo do caminho, porém a outra dizia que não. Resolvi ouvir a parte negativa. Tenho a impressão de que se for para acontecer algo entre nós, acontecerá. Queria cessar esta vontade de adiantar as situações, esta louca vontade. Logo passará, e poderei voltar com meu plano original: fazer este dia ser diferente. Aliás, está sendo muito diferente e eu nem precisei fazer algo.

Não demorou muito, até sermos rodeados pelos outros do time. Suspirei em alívio. Enfim parecera que o momento de tanta tensão entre nós há poucos minutos havera passado e Tenma voltou a rir e conversar normalmente comigo. Senti-me melhor, como se um enorme peso houvesse saído de minhas costas.

Fomos rumo à sala cercados por Kariya e Hikaru. Eles nada diziam apenas se entreolhavam com expressões realmente tímidas, como se algo entre eles houvesse acontecido e simplesmente os deixavam assim, vergonhosos. Sempre acreditei que os dois formariam um belo casal, se Kariya não fosse um completo idiota. Porém, vejo que as coisas estão se acertando para eles. Fico feliz. Mas, isto não vem ao momento.

Tenma e eu estávamos próximos, porém estávamos ao mesmo tempo distantes. Queria jogar-me aos seus ombros e chorar, queria poder dizer a ele tudo que passava em meus pensamentos. Meus confusos e doloridos pensamentos, porém não é hora para ao menos pensar nesta possibilidade. Terei paciência, e quando o momento oportuno chegar. Farei jus a ele. É isso!

~~

Caminhávamos lentamente até a sala. Cada passo tem o tamanho de um quilômetro, extremamente cansativo e frustrante. Tsurugi ainda mantém a mesma expressão desde que falei para que revelasse o outro que há dentro dele. Tenho total certeza de que está ali, lutando para sair, porém sua timidez o cega. Completamente. Simplesmente odeio esta tal timidez, tem sempre o poder de estragar o poderia vir a ser um dos melhores momentos da vida de uma pessoa. Nunca gostei de me sentir assim, dominado por tal sentimento tão fútil.

Isto o ofusca. Acaba com a sua personalidade adorável e reduz o brilho em seus olhos. Preciso fazê-lo perder o medo de mim. Sim, venho reparando o fato de que só fica neste estado quando está comigo. Com outras pessoas, muda completamente. Como se eu tivesse certo poder sobre ele e que esteja submisso a mim. Em um loop eterno. Fico completamente nervoso quando penso sobre este assunto, afinal porque ele fica assim quando está ao meu lado? Esta situação toda é realmente complicada.

Finalmente chegamos à sala. Creio que esta deve ter sido a mais tortuosa caminhada de minha vida. Parecia nunca ter fim. Porém o teve e sinto-me aliviado. Sentamo-nos em nossos respectivos lugares. A luz do sol adentrava as janelas, fortemente e minhas vistas doeram um pouco. Respirei fundo. Este lugar nunca me fez bem algum. É abafado, quieto, sem cor qualquer e tão organizado. Tira-me do sério!

Teríamos uma aula de Filosofia, com duração de uma hora. É reconfortante poder debater sobre os interessantes temas desta matéria por tanto tempo, sem nenhum interrompimento. Mas hoje, excepcionalmente, tenho um grande motivo para não prestar atenção na aula. Tsurugi Kyouske... Percebi que ele não havia tocado em sua mochila, estava apenas desenhando em seu caderno de bolso. Algo lindíssimo, aparentemente. Apoiei os cotovelos sob a mesa e fiquei ali, admirando-o. Parecia até outra pessoa desenhando, fazia caras e bocas e falava consigo mesmo, repetidas vezes. Daqui parecia estar se xingando, por fazer alguma bobagem no tal desenho. Sentava-se na fileira ao lado, porém creio que ao menos percebeu que o fitei o tempo todo. Sem receio algum.

E o tempo correu. Não sei quanto foi, porém foram minutos extraordinários. Pude observá-lo como nunca antes. Já considerei sobre sua beleza pela manhã, mas não me canso de seus cabelos e olhos. Seus traços masculinos me atraíam como nunca tinham me atraído antes. E isto rebate seriamente contra sua personalidade, delicada. Era realmente impossível não se sentir atraído por Tsurugi.

Senti as batidas de meu coração falhar, repentinamente. Um nó em minha garganta e minha boca seca. E quando tornava a virar meu rosto em direção ao dele, a situação apenas agravava-se mais. O que é isto? Será...

~~

Notei minuciosamente Tenma fitando-me por toda a aula. Não queria me descontrolar quando ele finalmente me encarava com expressão de ternura. Sim, ternura! Contive-me em mover apenas os olhos, rapidamente, porém consegui identificar seu olhar. Olhava-me com certa expressão de apaixonado. A-apaixonado? Tenma apai... Por mim? Devo estar imaginando demasiado, não faz seu tipo demonstrar sentimentos tanto assim. Intriga-me com suas ações, desde nosso encontro pela manhã, até isto. Aonde ele quer chegar? Procurei manter-me calmo e continuei focado em meu desenho. Um esboço de uma tarde de inverno. Totalmente brusco e sem vida. Verdadeira perda de tempo.

“De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos?”

Juro ter sido a única frase que ouvi durante toda a aula de Filosofia. Nunca gostei desta matéria, então não me importo muito. Queria que o tempo passasse logo, ficar trancado nesta sala, pequena e calma, me incomoda às vezes. Mas... Ah! Tanto faz, nesta altura, apenas estar perto de Matsukaze deixa-me feliz. Ainda mais tendo a completa atenção dele, sinto-me maravilhosamente bem. Uma brisa, totalmente imaginária, tomou conta de toda a sala, exalando as flores do verão. Perfeito!

A professora finalmente pronunciou que sua aula haveria chegado ao fim. Suspirei, olhando para o teto. Tinha de sair daqui, preciso de ar e calmaria, que agora havia se esgotado por aqui. Todos começaram a gritar e infernizar. O fiz, em passos lentos, caminhei rumo à saída. Vou até o jardim, com certeza encontrarei a calmaria lá. Sem sombra de erros. Queria chamar Tenma para me fazer companhia, porém sinto-me ruborizar por completo apenas por imaginar isto. Voltei à caminhada, sem nenhuma preocupação.

~~

Vi que ele deixou a sala. Tenho certeza de onde ele irá, mas não tenho coragem para segui-lo. Fitei a saída por alguns segundos e suspirei, reprovando a mim mesmo em meus pensamentos. Resta-me pouco tempo para tomar minha decisão, logo o próximo professor chegará e não o verei pelo resto do dia, como acontece às vezes. Minha cabeça rodou e minha visão falhou por um instante. Argh!

Então, você quer mesmo perdê-lo? – uma voz extremamente provocativa soou por trás de meus ouvidos, era só o que me faltava mesmo.

Por favor, Kariya. Você deveria mesmo é se importar com sua relação com Hikaru.

Sabia exatamente seu ponto fraco, para a infelicidade dele. Hikaru e ele sempre tiveram uma relação escondida, repleta de discussões. Ninguém além de mim sabe disto, daí o motivo de sempre poder contar com isto quando ele vem me incomodar. No fundo, sinto-me um pouco triste por Hikaru, sei que se amam, mas ah! Não é de minha importância, então não posso ajudá-los. Espero apenas que Kariya pare de ser tão infantil.

Porém, mesmo sem querer, Kariya abriu-me os olhos. Quero mesmo perdê-lo? Porque do modo em que tudo vem acontecendo, certamente será isto acontecerá. Não! Não! Não acontecerá! Farei tudo para impedir, começando agora.

Finalmente a tal coragem veio. Saí rapidamente para sala, fitei o de cabelos azuis antes de sair. Olhou-me com um sorriso de vitória nos lábios. Nada tive a falar, queria agradecê-lo, mas o tempo era escasso. Corri desesperadamente pelos corredores, sem ao menos importar com os que ficaram para trás, gritando meu nome. Não tenho tempo e, francamente, paciência. Meus olhos procuravam por Tsurugi, por todos os lados, sem cessar. Mas é claro! Deve estar no jardim.

O jardim é o lugar ideal para ele. Cercado por árvores e belas flores e com a luz do sol iluminando toda a beleza do local. Estava tão atordoado, nem havia conseguido pensar neste local. Vendo isto, troquei de rumo e só parei com a longa corrida no imenso jardim. Ficava entre o campo de futebol, o clube de artes e música. Agradável, totalmente. Como pensei, estava lá, sentado em um canto isolado, por baixo de uma enorme sombra de um pinheiro. Meus olhos não acreditaram em tanta beleza em uma imagem apenas, tratei de me aproximar. E ele finalmente percebeu minha presença. Não sorriu timidamente, como o faria antes. Senti ser chamado por seus olhos, para cada vez mais perto.

Quando voltei a ter meu controle. Estava tão próximo que podia até mesmo ouvir sua respiração, parecia em um ritmo nervoso. Novamente senti as batidas em meu peito falharem, desta vez, ainda pior. Precisava tê-lo mais perto, para sempre. Segui meus extintos e selei meus lábios aos dele, antes de qualquer reação de sua parte. Não senti movimento algum de sua parte, era como se ele estivesse imóvel. Sabia que resistiria, porém não contava que seria por tanto tempo. Sinto-me um total idiota. Como pude fazer algo tão embaraçoso? Estava a ponto de largá-lo, maldita hora! É somo se ele houvesse enfiado uma espada em meu peito.

Surpreendentemente, ele moveu-se. Correspondeu ao meu beijo. Sua língua, macia e quente passeou por todos os lados de minha boca, lentamente. Seu hálito de hortelã era simplesmente viciante. Queria mais e mais dele, sem fim. Minhas mãos percorreram seus braços, até o pescoço. E as dele, deslizavam em minhas costas, um tremor percorreu meu corpo. Realmente, ter perto quem você ama é algo incrível. O ar de meus pulmões chegou ao fim, tive que me separar, mesmo sem querer. Esperava uma expressão tímida em sua face, mas deparei com um sorriso natural em sua boca. Tocava-a, como se não acreditasse no que houvera feito. Nem eu acreditava, na verdade.

Nenhuma palavra precisou ser dita neste instante. Nossos olhares e sorrisos nos entregaram, sem qualquer chance de mentiras. Não consigo desfazer o enorme sorriso em meus lábios. Uma leve sensação relaxante tomou conta de mim. Nada mais importa, não agora. Quero apenas estar com ele, sempre.

~~

Não consigo acreditar no que fizemos. Uma melodia sem fim soava em minha mente, era perfeita. Tão quanto o momento há pouco. Ainda tenho as mãos em minha boca, tudo aconteceu rapidamente. Vi Tenma se aproximar, pensei que perguntaria o porquê de ter deixado a sala, mas fui beijado. Nunca havia beijado ninguém, então demorei a correspondê-lo, quando o fizemos, tudo em nossa volta ganhou cores novas, mesmo estando de olhos fechados. O aroma da natureza, a luz do sol e Tenma. Foram os melhores momentos de minha vida. Tentei fazer com que fosse os melhores para ele também, mas não tenho experiência alguma. Com o tempo, melhoraremos. Tenho certeza!

Aproximei-me, fui abraçado. Deliciei-me com seu perfume. Arrepiei com seus braços masculinos apertando-me na cintura e com sua respiração ofegante e quente sobre meu pescoço. Meu coração disparou, sem receio algum. E uma enorme onda de sentimentos indecifráveis nos cercou. Feliz... Sentia-me muito feliz.

Sentei entre suas pernas. Passava as mãos por entre meus cabelos. E eu terminava os contornos de um antigo desenho dele que tinha em uma das páginas de meu caderno. Fiz logo no dia em que o conheci. Embaixo, pequeninho, havia escrito: “Estonteado com tanta beleza”. Fiquei em dúvidas se deveria ou não me declarar a ele. Devo ter ficado tão vermelho quanto um tomate ao pensar nisto. Não foi preciso com que eu me pronunciasse, às vezes, acho que Tenma pode ler meus pensamentos.

Eu sei o que deve estar rondando seus pensamentos neste instante. Sei de sua timidez. Também me sinto assim. Apenas peço para aguardar o momento. Mas o sentimento vive intensamente dentro de meu coração, Tsurugi.

Beijou-me no pescoço e levantou-se, dando alguns passos sem olhar para trás. É impressionante como sempre sabe pronunciar-se bem. Fiquei sentado ali, fitando-o continuar sua caminhada. A respiração ofegante, com milhares de pensamentos em minha mente e impressionado. Neste momento percebi que fiz com que nosso dia fosse diferente. Aliás, nós o fizemos. E tudo isto é real, não creio. Doce realidade!

Não vem? – perguntou e sorriu, jovialmente.

Eu o amava, com todas as minhas forças.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? A história tinha ficado muito melhor em minha mente, mas enfim. Fiz o que deu, rs.
E ah! Não resistir em por uma pitadinha de Kariya.Hikaru, rs. *u*
Vão aos reviews e me deixem feliz! (: