Tomando Chá Com Os Mortos escrita por IFToldoTASilva


Capítulo 12
O que aconteceu?- Parte 1


Notas iniciais do capítulo

EEEEEEEII! Gente o capitulo ficou enorme então estou dividindo ele em duas ou mais partes, ainda não decidi...
Mas enfim esse capitulo é narrado pelo Nick fofo, ou não tão fofo... Espero que gostem!



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Nicolas-


Meu sono se cessou quando uma dor intensa em meu peito começou a se formar, aos poucos se tornando insuportável, a ponto de me fazer levantar e procurar algo que possa dete lá, quando abro meus olhos percebo que estou em uma maca na sala de enfermaria, estou totalmente confuso e não sei direito o que está acontecendo quando ouso um doce voz...


–Oi!


–Oi...


Respondo tentando focalizar minha visão para vê-la.


–Você está bem?


É claro que não estou, mas não ia falar isso pra ela, afinal quem era ela?


–Estou, o que estou fazendo aqui?O que aconteceu? Quem é você?


Queria me levantar mais não conseguia.


–Era isso que eu ia ti perguntar.


Ela diz dando um leve riso, minha visão já melhorava então pude vê-la, sorri também pelo visto Hannah a meteu nessa de cuidar de mim e nem se quer sabe quem eu sou.


–Eu sou o Nicolas, e você?


Pergunto já sabendo que como não a conheço ela só pode ser a novata que eu ouvi falar pelos corredores.


–Samantha. Vou chamar a Hannah, ela vai ficar feliz em saber que você está bem.


Não queria ficar sozinho, por algum motivo que não lembro ainda estou assustado.


–Não me deixe, por favor, eu estou um pouco confuso.


Não ia dizer para uma garota que acabara de conhecer que estava assustado.


– Tudo bem, ficarei aqui com você, Vou me deitar um pouco, se precisar de alguma coisa não se incomode em me acordar.


Ela realmente estava com uma aparência de muito cansada.


Minha cabeça doía muito então fechei meus olhos com força e me permiti esquecer todos os pensamentos que zonzavam pela minha mente.


A garota de longos cabelos negros dormia profundamente em uma posição não muito confortável, em uma cadeira ao lado da minha maca.




Sem forças para acorda-la me levanto tocando meus pés no chão frio, suado e fraco me dirijo quase rastejando para meu dormitório que se encontrava a alguns corredores dali, mas pareciam estar a quilômetros de distância por causa do estado em que eu me encontrava.


Ao chegar praticamente desmaio na cama, mas ainda não adormeço, fico alguns segundos pensando em o que aconteceu tentando me lembrar.


Deitado na cama, com o cansaço e fraqueza alojados em todo o meu corpo, me permito dormir algumas vezes, porém sou vencido, e um longo sono me atinge.


Ao dormir tenho um sonho, na qual estou na floresta, sendo perseguido por uma espécie de abelhas com medo corro e avisto uma casa que parecia uma velha igreja abandonada no meio da floresta entro nela e me pego caindo de uma altura razoavelmente pequena, porém altamente medonha.


Ao cair, estou em um chão de uma longa e velha sala, me forço a levantar, analisando e estudando cada centímetro daquele lugar. Avisto uma estante enorme com vários objetos, a maioria não conheço, porém, de alguma forma, sei que são instrumentos de tortura.


Ao percorrer meus olhos por tudo aquilo, sinto vários dedos frios passarem por minha espinha, este pesadelo só estava no começo.


Andando pela sala vejo em um canto meu nome, e embaixo uma cadeira toda revestida de pontas de ferro. Fico paralisado e sinto uma mão me levar até a cadeira, ao virar para trás percebo que é Margarett, que solta uma longa risada.


Ela me "ajeita" na cadeira amarrando meus pés e mãos, a dor era terrível. Vejo em suas mãos, um objeto que me lembrava uma pera, ela leva o tal objeto até a minha boca repetindo as seguintes palavras.


– Mentiroso deve ser penalizado, mentiroso deve ser penalizado. Fugitivo deve ser penalizado, fugitivo deve ser penalizado.


Ao tocar o instrumento em minha boca, apavorado e totalmente encharcado pelo suor acordo instantaneamente. Um grito agudo sai da minha boca. Me toco para certificar-me de que estou inteiro e fico aliviado, percebo que estou molhado, e por impulso levo minha mão a boca e sinto algo frio, sinto um gosto conhecido de ferro, olho, então, para minha mão que está encharcada de sangue porém era apenas aquilo.


Os machucados de ontem e as minhas costelas que já estavam aparecendo de tanta fome que eu estava, permaneciam ali nada mais. Me levanto e tomo banho para retirar todo o suor liberado por aquele pesadelo que parecia não ter fim, e pelo estranho sangue que encontrei em minha boca, não sei de onde saiu mas me dou o direito de apenas esquecer e não me preocupar.


Me dirijo até o refeitório, e ao ver que não estou sozinho, me sinto confortável e seguro. Pego a minha comida, e sigo para a mesa que sempre sento com o pessoal de Hannah, mas possuía uma garota nova lá. Não me lembro muito bem dela, mais sinto que já a conheço, provavelmente é a novata de quem todos estão falando.


Sento na mesa, comprimento todos que estão presentes, fico localizado ao lado de Hannah, e tenho a necessidade de falar com ela urgentemente.


– Hannah, preciso falar com você.


– Tudo bem, depois do almoço. A gente se fala, alias você não fez os seus afazeres hoje cedo, Margarett vai achar isso um pouco ruim.


– Ela me deu uma folga hoje, porque durante esses dias fiz muitas coisas para ela.


O almoço se encerra, e Hannah me acompanha até a beira da floresta, o local que nós nos sentíamos seguros sempre que precisávamos contar algo importante e secreto. Aquele lugar era conhecido por nós há vários anos, então o silêncio e a paz são interrompidos, pelos terríveis fatos que acontecerão a alguns dias.


– Nick, o que aconteceu? O que você fez? E o que ela fez?


Hannah me pergunta sentada no banco improvisado de madeira e parecendo muito assustada.


– Eu e Pucco estávamos em uma conversa, na verdade eu estava fazendo certas perguntas para Pucco. Pois ele sabe de tudo daqui, e eu sou o único, além de você que ele confia. Ele começou a chorar no momento em que ia me contar o que estava lhe perturbando, parecia que ele estava com vergonha e se sentindo culpado. Mas quando ele abriu a boca para contar sua mãe chegou, e perguntou o que estava acontecendo. Ele começou a tremer, percebi que ele ia me contar algo sobre Margarett algum terrível segredo. Porém, não queria que ele sofresse por minha causa, então menti para ela dizendo que eu estava planejando fugir e que estava pedindo para Pucco distraí-la enquanto eu fugia.


Hannah, após uma exclamação, me interrompe.


– E o que ela fez? Como ela agiu?


– Ela pediu gentilmente para que Pucco fosse pedir uma panela cheia de chá para ela. E me levou para a casinha da educação.


A casinha da educação era uma espécie de porão dentro do quarto de Margarett, onde ela aplicava suas técnicas de "educar" as crianças.


– Mas Nick, o que ela fez com você? Quando eu e Sam cuidamos de você, suas costelas estavam se mostrando e seus machucados em carne viva. Você nunca apareceu assim.


– Eu não lembro como adquire os machucados, só sei que durante esses quatro dias ela me alimentou apenas com chá, no período da manhã e da tarde. E eu tinha que dormir encharcado de sangue que se encontrava no chão, alguns não pertencia a mim, me lembro de que às vezes ela usava uma espécie de corda para bater em minhas costas. E gritava "é assim que se penaliza, somente assim".


Lagrimas percorreram o meu rosto, que se encontrava sujo pelo vento empoeirado da floresta, abrindo caminhos. Não me sinto envergonhado de chorar na frente de Hannah, ela já me viu em situação pior, na verdade ela é mais que uma irmã pra mim, sempre cuidando de mim, então nela eu sei que posso e devo confiar.


– Temos que ir agora, tome limpe seu rosto. Logo teremos que limpar a cozinha, não podemos atrasar.


– Antes de irmos, quem é Sam?


– Você não se lembra, ela que te ajudou a sobreviver, ficou a noite toda acordada tratando de seus machucados e lhe dando comida. Ficou apavorada quando te encontrou naquele estado.


Me levanto, e começo a andar em direção a cozinha. Não gosto de ficar devendo alguma coisa para alguém, e eu estava devendo para aquela novata, agora não sei como retribuir, droga.


Na porta da cozinha se encontrava Laisa e Pietro.


– Olá Nick, por onde andou? Senti sua falta.


– Oi Laisa, você não sabia, tirei ferias e fui a um resort.


– Por que não me levou querido? Tenho certeza que nós iríamos nos divertir juntos.


– Claro que iríamos.


É muito estranho como Laisa me trata, apesar de seu tom irônico e sarcástico ela parece que gosta de mim, que sente atração por mim ou algo do tipo.


Me lembro do meu primeiro ano aqui éramos apenas crianças assustadas, já fazia um tempo que ela e o irmão moravam aqui, mas eu não, eu era apenas um novato. Ela sempre gostou de implicar com as outras crianças, porém comigo era diferente, ela era educada e generosa.


Um dia em que todos estavam brincando no pátio no horário de descanso, eu estava quieto conversando com Pucco, quando Margarett veio brigar comigo porque eu tinha deixado minha cama desarrumada. Laisa que já possuía uma certa moral com Margarett, a impediu de me machucar lhe disse que ela que tinha bagunçado a minha cama porque não ia com minha cara. Margarett apenas sorriu e lhe deu um beijo na testa lhe dizendo bom trabalho minha querida. Depois disso Laisa ficou muitos anos sem olhar para mim. Não sei o que aconteceu naquele dia, mas sei que ela me protegeu por algum motivo que eu não conhecia. Nunca toquei no assunto com ela, porque nunca tive a chance.


Pietro se retirou da porta, pois Margarett o chamará, Hannah estava indo ao encontro de Samantha. O que deixou eu e Laisa sozinhos era o momento perfeito para lhe perguntar por que ela tinha me protegido aquele dia, apesar de ter passado muito tempo eu não tinha me esquecido daquilo.


– Por que, aquele dia...?


– Não sei do que você está falando.


– É claro que sabe! Aquele dia em que eu ainda era novato e Margarett ia brigar comigo, você me protegeu. Por quê?


– Aquilo faz tempo, não vivo de passado. Pelo contrario eu tento me esquecer dele, porque ele não foi generoso comigo.


– O presente também não.


Margarett chega no momento em que nossa conversa estava em um rumo realmente bom, mas nós dois fingimos que nada se passará entre nós. Como sempre fazemos.


– Vamos entrem logo e comecem a limpar esse chiqueiro, porquinhos.


Começamos a preparar nossos equipamentos e a limpar o chão da cozinha, a novata estava do meu lado, mas não aguentava olhar para seu rosto e me lembrar de que tinha uma certa divida com ela.


Após a morte do meu pai, minha mãe se casou com um homem nojento, que abusava de mim, ela me abandonou e eu tenho uma certa divida com ela por ter me livrado daquilo, particularmente eu prefiro ter sido abandonado do que continuar com aquele homem, eu tenho nojo dele e de tudo que ele fez para mim, sinto ódio só por pensar nisso.


A divida sempre foi cruel comigo, por isso tenho tanto ódio de dever para alguém independente do que seja desde uma pétala de rosa a uma vida.


Ao acabar meus afazeres que serão poucos durante uma semana, para eu me recuperar. Vou para o fundo do orfanato um novo esconderijo que encontrei apenas eu conhecia e gostava de ficar lá, ficar só, pra mim, é a melhor maneira de se esquecer daquilo que fez, ou de pensar naquilo que vai fazer. Além disso, também lembrava dos momentos em que possuía uma verdadeira família, quando eu ainda possuía uma alma esperançosa, na época o meu que meu pai era vivo.


É bom pensar nele, quando você pensa ou fala em uma pessoa que já se foi ela continua aqui com você, ao seu lado nunca te abandona, pois sempre esta em seus pensamentos.


Ao chegar lá me sento em um canto reservado especialmente para mim, me sento e me aconchego mergulhando em meus pensamentos, quando a novata que vejo que estava me seguindo se senta ao meu lado.


– Oi, você está bem?


Com um tom de preocupada ela me pergunta, tento ser educado, porém não consigo.


– Oi, sim estou. Desculpe não quero ser grosso, mas o que você está fazendo aqui?


– Eu só queria saber se você está bem, prazer sou Samantha, eu te ajudei a...


Eu a interrompo.


– Eu já sei que você me ajudou agora o que você quer em troco. Como posso pagar a divida?


– Que divida? Do que você está falando?


– Você me salvou não foi? Por que não me deixou morrer, ou sofrer? Seria melhor.


– Porque eu não ia conseguir ver alguém machucado assim como você, sendo que eu podia fazer algo. Porém me arrependi de ter tocado em você, concerteza seria melhor se você ainda estivesse no castigo da Margarett, provavelmente você merece.


A garota saiu deixando um clima muito tenso no ar, em sua saída me arrependi do que eu falei e do modo como eu falei, mas ela também foi grossa. Não sabe ainda o que é passar pelas mãos da Margarett, tem muito que aprender. Pobre criança.



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Notas finais do capítulo

Eu sei que ficou tipo muito horrível mas é necessário para que vocês entendam o que vem a seguir... Prometo que os próximos vão ser melhores...
Deixem comentários pessoas lindas!
Beijos do Nick para vocês! e meus também é claro...



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