Better In Time escrita por Juliana Natelli


Capítulo 1
O Início


Notas iniciais do capítulo

Nesta fic os personagens já estão mais velhos. Eles estão no 10th year que é equivalente ao 2º ano do Ensino Médio, com uns 16 anos. Lembrando que lá as aulas começam mais o menos em agosto ou setembro, não tenho certeza.



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Capítulo 1 – O Início

Hey, Arnold! Hey, Arnold!Hey, Arnold! Hey, Arnold!

O velho despertador do loiro começou a tocar, provocando tal barulho que o garoto caiu da cama de susto. Aquilo fez um estrondo terrível.

Atordoado e confuso, olhou em volta, massageando a cabeça no lugar da batida.

"Não acredito que já são sete da manhã." Pensou, sentindo mal ter pregado os olhos durante a noite.

De repente, a porta se abre e por ela passa um velho senhor magricela, que não possuía mais que meia dúzia de fios de cabelo em toda a cabeça.

- O que houve? Eu ouvi um som terrível vindo daqui, por acaso caiu algum helicóptero?

- Não, vovô. Foi só o barulho da minha cabeça batendo no chão. – Arnold respondeu, um tanto de mal humor. Acordar caindo da cama não era melhor forma de começar o dia.

- Ah, é uma pena. Achei que finalmente algo de interessante estivesse acontecendo nessa pensão... Então, se apronte, baixinho. Não vai querer se atrasar no primeiro dia de aula! – e dizendo isso, Phil saiu do quarto.

O garoto deu um sorriso de lado. Era engraçado como o avô ainda o chamava por aquele apelido, "baixinho". Arnold já havia passado o avô em altura há pelo menos seis meses. E aquela não era a única mudança de uns tempos para cá...

Além de mais alto, seus traços e corpo de garoto começavam a desaparecer, dando lugar a feições e físico de um homem maduro. Ele continuava magro, sem tanta massa muscular, porém numa boa dose. Ah, e claro, ainda possuía a cabeça em forma de bola de futebol, como sua colega Helga Pataki adorava lhe lembrar, porém de forma tão mais amena que quase não tinha mais tal formato. Quanto a outras mudanças inevitáveis, a verdade é que no dia em que notou seus primeiros fios de bigode, que na realidade eram uma mera penugem, correu para ligar para Gerald contando a novidade. Era algo tão trivial e sem importância, mas todas aquelas transformações pelas quais estava passando pareciam tão novas e incríveis que realmente não importava. De fato, nem todas eram incríveis ou agradáveis. Após passar uma tarde jogando bola com os amigos no parque, andando de bicicleta ou fazendo qualquer outra atividade, ele apenas voltava para casa, jantava, tomava um banho e ia dormir. Porém, a partir de um determinado momento a ordem das coisas teve que mudar.

- Minha nossa! É minha impressão ou alguém aqui precisa de um desodorante? – o Sr. Kokoshka disse durante um jantar e Arnold, sentiu-se extremamente constrangido quando percebeu que ele era o alvo do comentário.

Desde aquele dia, o banho veio antes do jantar. Sem contar a sua voz que teimava em alternar de tom quando ele menos queria. Seria tão difícil que ela ficasse mais... Estável?

Fora isso, outra coisa que começou a ter ocupado consideravelmente a mente do garoto eram... Garotas. Droga! Por que ele andava pensando tanto nelas nesses últimos tempos? Não que ele não pensasse antigamente, óbvio que pensava, mas não da mesma forma. Agora estavam diferentes... Cresceram. E Arnold não conseguiu deixar de notar isso. Certa vez, pegou-se observando as pernas de Rhonda Wellington Lloyd durante a aula e não conseguia entender que graça via naquilo. Não especificamente nas pernas de Rhonda, mas no corpo das garotas em geral. Por que diabos ele pararia para olhar? E por que não conseguia evitar? Era quase como um instinto! Uma menina bonita falava simplesmente um 'oi' e ele já se punha a analisá-la, e sem que tivesse dado tal ordem aos seus olhos. E se fosse uma menina realmente atraente... Oh, não. Malditos hormônios, maldita puberdade! Arnold pensava coisas sobre as garotas que às vezes até se envergonhava de si. Ele não era o único, sabia disso, mas o sentimento de culpa era inevitável uma vez que ele apreciava os pensamentos.

Desativou então o alarme de seu relógio e começou a se arrumar. Seria um longo ano aquele...

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Uma manhã típica de qualquer garota antes do primeiro dia de aula seria se produzir completamente para fazer uma entrada triunfal na sala de aula. Mas não para Helga Geraldine Pataki.

- Para que uma droga de delineador? – ela resmungava quando alguém lhe sugeria ser um pouco mais feminina.

Não que ela fosse completamente 'masculinizada'.

"Eu sempre usei um vestido rosa, não é? Isso não é nem um pouco coisa de garoto." Tentava se convencer.

Ela não admitiria de forma alguma, mas até que se cuidava. Por algum motivo, certas críticas começaram a afetá-la como, por exemplo, que suas sobrancelhas eram terríveis ou então que aquelas suas duas marias-chiquinhas já começavam a ficar ridículas, tendo ela já passado dos doze anos. Discretamente, ela foi cuidando para que essas suas falhas se resolvessem aos poucos, de forma que agora aos dezesseis anos ela pudesse se orgulhar de não ter mais uma 'monocelha'. Quanto ao penteado antiquado, ela agora variava um pouco, mas na maior parte do tempo seus longos cabelos loiros estavam soltos.

O vestido rosa abandonou, agora preferia camisetas com calça jeans. Podiam ser estampadas ou lisas, mas dificilmente se via Helga usando qualquer outro tipo de roupa, a não ser em alguma ocasião específica.

Em geral, Helga melhorou bastante na aparência levando em conta que agora seu rosto estava mais delicado e tinha traços mais leves. Seu corpo nunca foi um problema, sempre esteve em forma e não era agora que isso começaria a mudar. Agora que adquirira curvas, começava a achar que estava ficando levemente parecida com sua mãe nesse aspecto.

"Ao menos isso de bom você pôde me dar, Miriam..." tal pensamento passou por sua cabeça enquanto se analisava em frente ao espelho.

A relação de Helga com a família não teve grandes avanços. Agora que Big Bob havia expandido a rede de lojas de bips, mal parava em casa sempre tendo negócios a tratar. E no tempo que ficava em casa com a família só sabia elogiar a Olga por esta ter escolhido um bem-sucedido médico como marido e por estarem prestes a dar seu primeiro neto. As visitas de Olga à casa diminuíram para a satisfação de Helga, mas ela não se livrou de ter de ouvir o nome da irmã todo santo dia. Miriam, sua mãe, continuava a beber e aquilo irritava muito a sua filha mais nova. Ela poderia sugerir milhares de vezes que a mãe fosse procurar algum tipo de ajuda, mas ninguém a escutava, nem mesmo seu pai que estava bastante ciente da situação da esposa. Assim, ignorada e subestimada pela família, Helga crescia.

Preparou sua mochila, colocando alguns cadernos dentro dela e pegou um medalhão em forma de coração de cima da cômoda. Bufou ao olhar a foto que nele estava.

- Aquele cabeça de bigorna... Com toda certeza chegará todo feliz e idiota dando bom-dia pra todo mundo que vir pela frente, perguntando como fomos de férias e dizendo o quanto aquele ano será emocionante e blá, blá, blá... Patético, ridículo e intrometido! – revirou os olhos. – E ainda assim... – olhou em volta, constatando estar sozinha no quarto. – Como é atencioso! Oh, Arnold, sempre gentil com todos até mesmo comigo, que o trato tão cruelmente, não merecendo tal atenção... Vivo repelindo-o e mal sabe ele que a verdadeira razão disso é porque eu o a...

TRIM. O telefone tocou. De muita má vontade ela o atendeu.

- O que é? – berrou, irritada por ser interrompida.

E-er, Helga? – uma voz um tanto trêmula e assustada falava no outro lado da linha.

- Ah, foi mal, Phoebe... – desculpou-se Helga, que agora estava um pouco mais gentil. – Mas por que você está ligando? Já estou saindo e logo vou passar aí, caramba! – só um pouco, claro.

Hã... Ok, era só pra confirmar isso mesmo que eu liguei.

- Ótimo. Até daqui dez minutos, então. – e a loira desligou. – Meu Deus, que gente mais apressada...

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Arnold saiu de casa e foi encontrar Gerald na porta da casa do amigo. Este também estava mudado.

Gerald ficou bastante alto e esguio, passando de um metro e oitenta, e agora tinha deixado o cabelo um pouco mais curto com um pequeno topete, parecendo seu irmão mais velho, Jamie O. Mas o que Arnold estranhou ao encontrá-lo desta vez foi ver que o amigo estava usando uma barbicha.

- E aí, cara? – Gerald cumprimentou o loiro, fazendo o aperto de mão deles.

- Qual é a da barbicha? – Arnold perguntou, gesticulando com uma mão.

- Sei lá, acho que dá um ar mais intelectual...

Arnold não conseguiu reprimir um sorriso.

- E por acaso isso não teria nada a ver com uma certa garota que usa óculos, tem cabelo curto preto e vive atrás dos livros, certo?

- Ah, não enche, Arnold! – empurrou levemente o amigo, ficando emburrado.

Chegando no colégio, foram até a secretaria para pegar seus horários de aula. Lá, encontraram Stinky, Harold e Sid. Stinky continuava o mais alto da turma, mas seu sotaque diminuiu. Harold ainda era um tanto mais corpulento, porém, sua gordura foi substituída por músculos por ter entrado no time de futebol americano da escola. Já Sid continuava magro e de estatura média, porém não usava mais suas botas brancas e sim um par de tênis da Nike.

- Qual é a primeira aula de vocês? – Arnold perguntou a todos.

- História na sala E14. – Sid disse.

- A minha também. – Stinky disse, fazendo um 'toca aqui' com o moreno.

- Biologia na A6. – Gerald falou.

- A minha é de Literatura na D4... E a sua, Harold?

- Hã... Acho que é Física.

- Física? Mas você é péssimo em física! – Stinky estranhou. – Por que se inscreveu nessa aula?

- Ah, droga, eu achei que fosse Educação Física...

- Com licença, Rhonda Wellington Lloyd passando.

Todos imediatamente se viraram para olhá-la. Rhonda tornara-se uma das garotas mais bonitas do ano, com certeza, porém uma das mais antipáticas também. Não demorou a se tornar popular quando entrou no colegial, mas a rapidez com que se distanciou dos velhos amigos foi ainda maior. Ela, com Nadine logo atrás, adentrou no lugar com seu típico sorriso triunfante, como se ninguém pudesse mais que ela.

- Eu disse licença! – repetiu Rhonda irritada para os garotos. Eles abriram caminho.

A morena e a loira pegaram seus horários, e a primeira resmungou.

- Mas que droga, eu achei que tivesse cancelado a inscrição em Geografia Política! Será que não tem como trocar?

Gerald revirou os olhos.

- Essa daí se tornou um pesadelo...

- E que belo pesadelo... – Sid comentou. Todos o olharam, estranhando. – Tô mentindo? Fala sério, gata ela ficou.

- Isso é, – Gerald teve que concordar. – mas pelo menos ela não era tão mesquinha, egocêntrica e...

- Chata. – Harold disse simplesmente.

- É.

- As pessoas mudam no colegial... – Arnold deu os ombros.

- Ah, nem vem, Arnold! Não venha me dizer que a escola muda as pessoas... Nós continuamos quase os mesmos, só um pouco melhorados.

- Ou não. – Stinky completou, olhando com desaprovação o Garoto-Chocolate socar uma máquina de doces automática que havia pifado.

- Tá, alguns de nós não melhoramos, mas continuamos basicamente iguais.

- Como quiser, Gerald. – deu os ombros, resolvido a não discutir.

O olhar do loiro percorreu os arredores e logo localizou Lila conversando com Sheena e Eugene. Deu uma desculpa qualquer para os garotos e foi em direção ao outro grupo.

- Oi, pessoal. – cumprimentou os três, sorrindo.

- Oi, Arnold! – Eugene, que estava da sua altura e usava um colete branco, e Sheena, que usava uma longa bata e uma saia ambas floridas, disseram.

- Bom dia, Arnold. – Lila sorriu de uma forma que Arnold ficou até um pouco atordoado. Aos olhos do loiro, ela só se tornou mais encantadora com os anos e a maior parte dos outros garotos da escola concordavam, apesar de que alguns se aproveitavam do jeito ingênuo e gentil demais da ruiva.

- Como foram de férias?

- Ah, foram boas. – Sheena iniciou. – Passei a maior parte do tempo fazendo serviços comunitários. Eugene tentou participar de uma passeata para tentar salvar leões-marinhos comigo semana passada, mas ele escorregou numa poça e... – ela pareceu constrangida.

- Quebrei o braço e torci o pulso. – só então Arnold notou que o ruivo estava com um gesso no braço esquerdo. – Mas eu tô legal! Eu sou canhoto e as aulas começam logo hoje, mas eu tô legal, é serio! – sorriu para eles.

- Hã, é uma pena mesmo. – falou sinceramente. – E você, Lila?

- Eu passei um tempo com o resto da minha família no interior. Foi muito divertido mesmo! Teria apreciado muito que vocês tivessem ido.

- Talvez em uma próxima vez...

- ME LARGA, CURLY! – a conversa foi momentaneamente interrompida com um berro de Rhonda, que estava tentando tirar Curly de perto de si, pois este estava tentando agarrá-la.

- Bom, er... – Arnold tentava retomar a conversa. – Algum de vocês tem aula de Literatura da D4 agora?

Os três balançaram a cabeça negativamente.

- Sinto muito, Arnold. Tenho aula de Cálculo Avançado. – disse Lila, pesarosa.

- Só pode estar brincando! – alguém os interrompeu pela segunda vez. Viraram-se para ver quem era.

- Oi, Helga. – todos cumprimentaram a loira.

- Ah, oi. – falou rapidamente. – Não acredito que o cabeça de bigorna também tem essa aula agora. Tudo pro meu dia começar bem...!

- Calma, Helga! – Phoebe que vinha ao seu encalço a repreendeu. – Bom dia, gente. – falou e todos disseram o mesmo.

- E qual o problema, Helga? É só uma aula, acho que você agüenta. – Arnold disse, com uma sobrancelha levantada.

- Bom, para o seu bem eu espero que sim, Arnoldo...

- Ok, Helga... – ele revirou os olhos. Era incrível como Helga continuava prepotente. Ele não entendia o que fazia de errado para receber tantos insultos e demonstrações de desafeto da loira. Mas em todo caso, preferia ignorar e não responder.

O sinal tocou.

- Mesmo que isso seja um sacrifício, você se importa de ir comigo pra aula?

Helga só pôde crer que o que tinha ouvido era para ela quando viu que o loiro estava olhando-a quando falou.

- Eu, hã... Tá, tá! Isso não é tanto sacrifício assim. É aturável... – deu os ombros.

E assim o primeiro dia de aula havia começado.


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Notas finais do capítulo

N/a: Bom, visto que as fics sobre esse desenho em português são bem poucas e levando em conta que era o meu programa favorito da Nickelodeon (na época em que ainda passava em um horário acessível e decente ¬¬) eu resolvi que iria postar uma fic! Bom, sendo uma longfic, não tenho certeza se alguém vai ler, mas não custa postar, certo? Vou me esforçar nessa. Comentários são mais que bem vindos, porque são o combustível de qualquer escritor...