O vento frio soprava, ele olhava agachado fixamente o túmulo. Parecia ter a necessidade de chorar, porém as lágrimas não lhe viam, o choque e a dor eram enormes. Tocou de leve contornando o nome que ali estava, como se contornasse o corpo de sua amada, que agora ali jazia. Nem o frio que fazia em pleno o inverno conseguia afasta-lo, nem se quer ele o sentia. Como se visse a face da mulher a qual tanto amara, lembrou-se do ultimo dia que ele foi capaz de ver o sorriso dela.

A porta de um quarto de hospital se abriu e um enorme urso de pelúcia entrou sendo segurado por um rapaz com um grande sorriso no rosto e um presente além daquele urso na mão. A expressão da garota, que deitada ergueu-se mais para sentar, era de surpresa.

“Sei que logo sairás do hospital e como hoje é o seu aniversário trouxe esse urso e um livro, sei o quão gostas de ler e estando aqui não dá para comprar”

Ele colocou ao lado da cama o urso que rapidamente ela puxou para abraçar e o pôs no lugar pegou o livro e leu o nome sorrindo. Ergueu a mão um pouco até alcançar a dele.

“Você sabe que não precisava não é?”, ela disse com um sorriso terno, “Muito obrigada”

“O mínimo que posso fazer por você, não precisa agradecer”

Ele acariciou o rosto dela e beijou-lhe suavemente como se estivesse com medo de quebra-la. Desceu os dedos pelos cabelos grandes e castanhos da moça, após o ato tomou-lhe na mão em um gesto delicado levando-os até poder cheira-los. Estava guardando o cheiro de sua amada, qual estivera tanto em seus braços antes da doença expandir.

“Mal vejo a hora de ver você livre lá fora”, os olhos dele brilhavam de esperança os dela parecia ter ficado triste

“Sabe que irei morrer... Não tenho como fugir”

“Não é verdade”

“Bem sabes que minha doença não há cura”

“Mas não morrerás”

“Um dia todos morrem”

“Mas seu dia não é agora, não antes de mim”, tomou-lhe as mãos, a qual uma havia um anel aparentemente de noivado, beijando-as desesperadamente e a olha, “E ao menos se morreres que seja na mesma hora que eu”, ele a abraçou fortemente com os olhos marejando

“Bobo”, ela o abraçou sorrindo

“Ainda faremos uma família feliz”

Tal inocência pioraria as coisas no futuro. Agora se encontrava em frente ao lugar em que sua noiva jamais sairá, dormindo um sono eterno. Finalmente as lágrimas brotavam e não tardou a rolarem rapidamente uma após outra. Nesse momento não se sabia o que era lágrimas e o que era chuva, já que chovia muito. O silêncio quebrado pela chuva, porém na mente dele não havia mais nada além da voz dela. Criou coragem e depositou no túmulo lírios brancos, era a flor preferida dela.

“Eu te amo mais que tudo, meu amor”, sussurrou ao vento esperando que ela pudesse ouvi-lo.

Recebendo a notícia de que deveria sair dali de alguém que trabalhava no cemitério, seguiu para fora de lá deixando os lírios representando a pureza do amor mesmo após a morte.

FIM