I’m sorry, but this is goodbye

Quando a campainha tocou, o moreno de olhos azuis encarava o celular há mais de 10 minutos. Como em uma mensagem de texto gigante, duas palavras conseguem mexer tanto com alguém. Um simples “precisamos conversar” acabou com todo o romantismo do resto da mensagem.

A campainha tocou pela segunda vez e ele se levantou para abrir a porta. O garoto de olhos verdes esperava do outro lado. Involuntariamente, ele sorriu. Fazia mais de um mês que eles não se viam.

- Senti sua falta – falou o mais velho.

Blaine abriu um pequeno sorriso e puxou o de olhos azuis pela gravata para um beijo. Um beijo carinhoso, cuidadoso, apaixonado.

- Acho que isso quer dizer que você sentiu minha falta também – falou ao se separarem.

O menino de olhos verdes sorriu e assentiu levemente. Aquilo seria mais difícil do que estava planejando. Pegou na mão do namorado e puxou-o para mais perto.

- Você não tem ideia de o quanto eu senti a sua falta, amor...

Essas palavras fizeram Kurt se acalmar. Daria tudo certo, eles continuariam juntos, ficariam felizes para sempre. Pelo menos era o que ele pensava.

x.x.x

Depois do jantar, foram caminhar num parque próximo ao apartamento que o mais velho dividia com Rachel no Brooklyn. Ameaçava chover.

- Como você conseguiu vir para cá? – perguntou Kurt inocentemente. – São horas de viagem de carro ou ônibus e a passagem de avião é cara demais. Eu duvido que seus pais te deram dinheiro para vir me visitar.

- Fiquei um tempo trabalhando na loja do seu pai. Como Finn saiu, ele comentou que precisava de alguém, mas tive que sair.

- Por que, amor?

- Tudo lá me lembrava de você. Eu não estava aguentando ter que ir lá todos os dias e não te ver.

Blaine mostrou um sorriso triste. Aquela distância estava matando-o de dentro para fora.

- Kurt, nós precisamos conversar.

O garoto congelou. Aquilo não poderia ser coisa boa. Ele deu um suspiro alto e apertou a mão do namorado.

Caminharam durante mais algum tempo, num silêncio em que constrangedor era pouco. Começou a chover. O primeiro instinto de Kurt foi abrir sua “bolsa” e pegar o guarda chuva.

- Eu vou ficar cheirando a cachorro molhado agora – resmungou.

- Você fica lindo de qualquer jeito – respondeu o mais baixo, fazendo o outro sorrir.

Chegaram até um gazebo e sentaram-se no chão. Blaine foi deitando-se aos poucos no colo do namorado e começou a sussurrar a letra da música Teenage Dream. Várias memórias passaram pela cabeça de ambos os garotos. Memórias dos dois juntos, memórias de tempos diferentes, memórias do passado...

- Você disse que nós precisávamos conversar – disse Kurt, após alguns momentos em silêncio.

Mais silêncio. Nenhum dos dois ousava dar a primeira palavra. Blaine havia ensaiado aquele discurso por horas, mas tudo havia saído de sua cabeça naquele momento. A chuva havia dado uma trégua, ele levantou-se e saiu do gazebo, caminhando por entre as árvores. Kurt o seguiu.

- Eu não estou te pressionando. É só que você disse na mensagem que queria conversar e também tocou nesse assunto quando chegamos aqui. Eu só quero saber o que está acontecendo, porque eu não quero ficar pensando no pior. Não fique fingindo que tudo está bem.

- Kurt, eu sinto muito. Você e eu... Nós costumávamos estar juntos o tempo todo. E eu realmente achei que isso iria durar para sempre, sabe? Mas... Eu sinto que eu estou te perdendo e acho que talvez esse seja o fim. Foi muito difícil tomar essa decisão, mas eu acho que essa é a verdade.

- Blaine, não, por favor. Não faça isso comigo. Eu sei que está sendo difícil, mas você não tem ideia de como eu estou sofrendo e...

- Kurt, só escuta, por favor.

Lágrimas escorriam pelo rosto do mais velho. Aquilo não poderia estar acontecendo, não daquele jeito.

- Desde a primeira vez que eu te vi, aquele dia na Dalton, eu soube que era você. Eu te disse isso naquele dia, naquele 15 de março. Já estamos juntos há mais de um ano e meio. Todos os momentos que passamos juntos, tudo... Foi tudo incrível, Kurt. Cantar com você, estar com você... Eu te amo, Kurt. Você não tem ideia de o quanto. Eu estou fazendo todas as eletivas. Entrei em todos os clubes possíveis. Sabe por que? – ele não esperou a resposta. – Para tirar você da cabeça. Só que eu não consigo. Eu te amo mais que tudo, mas eu não quero mais sofrer.

- Amor, por favor... Eu volto para Lima, mas eu não posso te perder.

- Kurt, não. Eu quero que você seja feliz, a cima de tudo. E você não vai conseguir isso em Lima.

- Você está fazendo exatamente o que o Finn fez com a Rachel alguns meses atrás. Eu vou ser feliz em qualquer lugar, desde que eu esteja com você.

Kurt ficou algum tempo em silêncio. Blaine virou-se de costas, mordendo o lábio inferior e passando a mão pelos cabelos.

- Kurt... – falou olhando para o menino. – Eu não queria te dizer isso, mas é o único jeito – ele respirou fundo. – Eu te traí.

Essas três palavras fizeram ele entrar em estado de choque. Mais lágrimas começaram a cair por seu rosto. Blaine prometera que eles ficariam juntos, que nada os abalaria.

- Eu não estava bem – falou o menino de olhos verdes, quase chorando. – Eu fui àquela boate e eu bebi um pouco demais.

- Por favor, só não me diga que foi com o Smythe.

Blaine olhou para o chão, praticamente assentindo em resposta. Kurt chorava quase que descontroladamente. Não era verdade, não poderia ser. Blaine aproximou-se e colocou as mãos em suas bochechas, puxando-o mais para perto num beijo apaixonado.

Kurt separou os lábios e colocou a mão em sua boca. Não estava acreditando. Ele saiu correndo, afastando-se do ex-namorado o mais rápido possível.

- Kurt, espera!

Mas o menino o ignorou. Continuou correndo até chegar no seu apartamento. Trancou-se no quarto e só saiu de lá após muita insistência de Rachel.