Esperando O Fim escrita por Chiisana Hana


Capítulo 13
Capítulo XIII




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

ESPERANDO O FIM

Chiisana Hana

Capítulo XIII

Atenas, Grécia.

Uma enorme tenda tinha sido montada no centro do gramado do Condomínio Olympus para o casamento de Shaka e Seika. Ali, o juiz já esperava os noivos, enquanto os convidados acomodavam-se nas cadeiras para o inesperado enlace. Seika voltara à Grécia havia pouco mais de um mês, ocasião em que ela e Shaka retomaram o relacionamento e logo surpreenderam a todos com a notícia de que iriam se casar.

Seiya também foi pego de surpresa, mas acabou aceitando o casamento. Além do mais, não havia mesmo o que ele pudesse fazer. Seika estava determinada e, nesse pouco tempo de convivência com ela, Seiya sabia que teimosia também era uma das características da irmã. Não tinha jeito, estava no sangue.

Minutos antes de levá-la ao local da cerimônia, ele foi ao quarto onde a noiva terminava de se arrumar.

– Tem certeza de que vai se casar com o ser meditador? – perguntou, coçando a cabeça e desarrumando o cabelo. – Certeza mesmo?

– Tenho – Seika respondeu resoluta.

Ela usava um sári vermelho ricamente bordado em dourado, uma homenagem à nacionalidade do marido. Apesar de ser apenas um casamento civil, ela e Shaka decidiram vestir-se como se fosse um casamento indiano tradicional.

–E se você se arrepender? – Seiya insistiu.

– Se eu me arrepender, me arrependi, né? Não foi você mesmo quem disse que é preciso ter atitude e ouvir o coração?

– É, eu disse... – Seiya admitiu a contragosto. – Tomara que vocês sejam muito felizes. Senão eu vou ter que arrebentar a cara daquele branquelo.

–Seremos, Seiya. Agora vamos? Meu futuro marido já deve estar esperando.

De fato, sob a tenda, Shaka aguardava sua futura esposa. Usava uma túnica dourada, com bordados abundantes nos ombros, na gola e nas mangas, e uma calça da mesma cor.

Saori sentou-se perto de Shunrei, que estava com Keiko no colo. Shiryu estava ao lado dela.

–Se fosse outra pessoa, eu diria que estaria agindo por impulso – Saori disse rindo. – Mas sendo o Shaka, sei que ele pensou muito até tomar essa decisão.

–Acho que ele percebeu que só seria feliz com ela – opinou Shunrei.

– Eles são muito diferentes, por isso se completam... – Saori disse.

– Como você e o Seiya? – Shiryu perguntou.

–É, por aí. Como eu e ele.

Curiosa, Keiko inspecionava Saori, interessando-se especialmente pelo colar de turquesas que a deusa usava.

–Você quer, princesinha? – Saori perguntou. – Ela está tão esperta, né?

–Graças a Deus – Shunrei respondeu. – Depois de tudo que aconteceu conosco, é um milagre ela ter um desenvolvimento normal.

– Ficamos um pouco apreensivos – Shiryu disse –, porque o médico nos advertiu das sequelas que poderiam resultar desse tempo de gestação que faltou. Nós a amaríamos de qualquer jeito, mas eu sei o que é não enxergar e não desejava isso para minha filha. Felizmente, ela tem a saúde perfeita.

–E é bem sabidinha, papai – completou Shunrei.

–Agradeço a Deus todos os dias por isso.

Shun e June também se acomodaram perto da deusa, porém deixando o lugar ao lado dela reservado para Seiya.

Eiri e Mu vieram com Natássia e Kiki, e acomodaram-se na parte reservada aos cavaleiros de ouro, onde os demais companheiros de Shaka já estavam esperando. Hyoga cumprimentou o casal, depois foi sentar-se perto dos amigos de bronze.

Não demorou muito para Seiya chegar de braços dados com Seika. Os dois caminharam tranquilamente até a mesa cerimonial onde o noivo já a esperava.

– O próximo será você – brincou Shiryu, quando o amigo sentou-se ao lado de Saori.

– Pois é – Seiya respondeu. – Depois de mim, quem vai casar é o Shun.

– Ano que vem, se tudo der certo – Shun respondeu, sorrindo serenamente. O assunto não o amedrontava como Seiya esperava. Pelo contrário, estava tranquilo quanto a sua decisão de casar-se com June.

– Dou o maior apoio – Shiryu disse. – A verdade é que depois de tudo que vivemos, é como se já tivéssemos trinta anos e estivéssemos cansados demais, querendo sossegar.

– De fato, me sinto um pouco assim – Shun disse. – Mas nada de filhos agora! Isso é com vocês.

– Pode ficar babando minha filha – Shiryu disse. – Eu deixo.

– Aí só vai ficar faltando o Ikki e o Hyoga para o time de casados ficar completo – Seiya disse.

– Ih, esses dois não sei, não... – Shun respondeu. – Acho meio difícil se casarem. O Ikki porque vocês sabem como ele é, e o Hyoga nem tem uma pretendente. Pelo menos não que a gente saiba.

– Eu também acho – Shiryu disse, e completou: – Mas nunca se sabe, né? Ninguém imaginaria que o Shaka se casaria agora.

– Isso é verdade – concordou Shun.

Os rapazes calaram-se quando o juiz deu início à cerimônia: poucas palavras, a assinatura dos papeis e um beijo discreto. Logo em seguida, começou a festa. Os noivos optaram por comidas gregas frescas e leves, muito apropriadas para aquele dia de verão. Alguns músicos tocavam para animar os convidados e vários casais arriscaram-se a dançar.

A certa altura um carro parou bem em frente à tenda onde acontecia a festa, assustando os convidados. Quando a porta se abriu, um velho conhecido de todos desceu do carro.

– Mas vocês nem nos convidaram para a festa? – Ikki indagou sorrindo, enquanto ajudava uma moça loura a sair do carro. Ele voltou-se para ela e falou:

– Tá vendo, Esmeralda? Olha quanta consideração esse pessoal tem!

Esmeralda deu um risinho envergonhado, enquanto todos os olhares fixaram-se nos dois.

Shun correu até eles.

– Esmeralda? – ele perguntou incrédulo. – Aquela Esmeralda?

– E qual seria? – Ikki retrucou, deixando todos ainda mais boquiabertos. Todo o Santuário conhecia pelo menos por alto a história da namoradinha de Ikki que tinha morrido na Ilha da Rainha da Morte e a chegada dele com ela deixou todo mundo perplexo. Alguns pensaram que o cavaleiro de Fênix encontrou uma sósia e resolveu viver uma fantasia louca e outros acreditaram em milagre.

– Meu Deus, ela está viva! – Shun exclamou. – Inacreditável!

– Estou muito chocada – June disse, também se aproximando.

– Esmeralda, esse é o Shun – Ikki disse. – E a namorada dele, June.

Esmeralda cumprimentou os dois num grego tímido, com sotaque forte, porém correto.

– Ah, meu Deus! Estou tão feliz por vocês! – Shun disse emocionado, abraçando o irmão. Sabia o quanto aquilo significava para Ikki e entendeu porque sentiu que o irmão havia mudado quando falou com ele por telefone. Queria saber todos os detalhes desse reencontro absolutamente incrível, mas teria tempo para isso mais tarde. Não queria encher os dois de perguntas ali, no meio da festa, e ainda se sentia um pouco atordoado.

– Eu sei, meu irmão – Ikki disse, incapaz de esconder que também estava emocionado. – Bom, esses são meus outros irmãos – ele disse a Esmeralda, apontando para os que se aproximavam. – Este é o Seiya. Ele é meio tonto, mas tem bom coração.

– Como é? Tonto? – protestou Seiya.

– Um pouquinho – Ikki riu.

– Depois conversamos – Seiya retrucou, e voltou-se para Esmeralda. – Seja bem-vinda!

Esmeralda agradeceu timidamente. Ikki continuou as apresentações.

– Esse é o Hyoga, aquele que é meio russo, lembra?

Ela assentiu e também o cumprimentou.

– O Ikki disse que você é ator! – ela falou empolgada. Gostava de ver os artistas nos cartazes quando passava na frente do cinema em Lima, mas só foi realizar o sonho de assistir um filme semanas atrás, com Ikki. Desde então, viam vários filmes por semana.

– É, estou começando – ele respondeu.

– Boa sorte! Tomara que consiga bons papeis.

– Obrigado, Esmeralda.

– E a sua filha? – Ikki perguntou.

– Ah, está lá com a Eiri. Eu vou buscá-la para vocês conhecerem a minha loirinha.

Em seguida, Ikki a apresentou a Shiryu e Shunrei.

– Sejam bem-vindos – Shiryu disse aos dois, cumprimentando-os. Shunrei fez o mesmo.

– E essa é a Keiko, nossa filha – ela disse.

Ikki ainda não conhecia a pequena e acabou emocionando-se ao vê-la. Shun tinha contado como Shunrei e Keiko “morreram” e voltaram. Quase como Esmeralda. Quase como a Fênix. Não era muito de gostar de bebês e até então não pensava em filhos, mas sabia que no futuro ia acabar querendo ter umas crianças barulhentas para correr atrás.

– Que linda! – Esmeralda disse. – Parece uma bonequinha.

– Obrigada! – Shunrei disse.

– E essa é a senhorita Saori – Ikki apresentou-a, num tom respeitoso e, ao mesmo tempo, afetuoso.

– A deusa... – murmurou Esmeralda, intrigada. Ikki falou de Athena, mas a imagem que fizera dela em sua mente era bem diferente da adolescente grávida que acabara de conhecer. – Muito prazer em conhecê-la, senhora.

– Igualmente. Mas não me chame de senhora, por favor. E seja bem-vinda ao condomínio Olympus.

– Muito obrigada.

– E chega de apresentações! – encerrou Ikki. – Depois você conhece os outros! Agora expliquem que festa é essa.

– É o casamento de Shaka e Seika – explicou Shun.

Ikki não acreditou.

– O quê? Tá brincando, né?

– Não, não tô.

– O mundo está acabando mesmo! – exclamou Ikki. – Isso sim é surpresa! O santinho casou? Com quem? Com a irmã do Seiya?

– É, com a minha irmã – Seiya disse. – Mas surpresa mesmo é você chegar com a Esmeralda, né?

– Bom, é – admitiu. – Por falar nisso, Shun, a gente queria ir descansar.

– Ah, vamos lá para a minha casa – Shun disse, e June completou:

– Arrumo o quarto de hóspedes rapidinho.

Ikki e Esmeralda despediram-se dos outros e acompanharam Shun e June até a casa.

– A sua casa é a que fica vizinha da minha – Shun explicou. – Mas você não me disse que viria agora, então não tem nada lá.

– O quarto de hóspedes de vocês está ótimo por hoje. Basta um lugar para a Esmeralda descansar. A viagem foi longa.

Depois que Esmeralda foi acomodada no quarto de hóspedes, os irmãos sentaram-se na frente da casa. Dali, podiam ouvir um pouco da música que ainda rolava na festa.

– Vai me contar como foi que esse milagre aconteceu? – Shun perguntou.

– Foi tudo uma armação para despertar meu ódio – explicou Ikki. – Deram a ela uma porcaria que a fez parecer morta.

– Sério?

– Eu fui lá para tirar os ossos dela da ilha e sepultá-los perto de mim. Mas quando eu abri o caixão, só tinha pedras lá dentro. Eles fizeram isso e depois a venderam como escrava outra vez. E isso foi só uma das humilhações que ela sofreu depois da venda. Com a ajuda de um detetive, encontrei-a quase morrendo de fome, vivendo como prisioneira de um velho safado, sofrendo todo tipo de abuso. Quando a vi, foi como se tudo que aconteceu antes não existisse mais.

Shun chorava emocionado com o relato do irmão.

– Você choraria mesmo era se visse como ela estava quando a encontrei – Ikki disse. – Assustada, doente, passando fome. Parecia um bicho...

– Não posso sequer imaginar o que ela sofreu...

– Eu me casei com ela em Lima – Ikki disse, mostrando a aliança.

– Ah, meu Deus! Que maravilha!

– Pois é! Eu queria trazer ela para cá com tudo certinho, sabe?

– Você está falando como eu!

Ikki deu uma gargalhada, coisa que Shun não estava acostumado a ouvir.

– É, eu estou. Ela não é como as outras...

– È bom ver você rindo, feliz, leve. É bom que esteja casado com a mulher que você sempre amou.

– Agora eu sinto que posso ter tudo, Shun. Inclusive juízo.

Agora foi Shun quem riu.

– Isso vai ser interessante...

– É, eu acho que vai. Sabe, as casas ficaram legais. E acho que ela vai gostar de arrumar a nossa, comprar coisas... Ela ficou bem empolgada quando eu falei que podia escolher o que quisesse.

– É, são ótimas as casas. E esse é um bom lugar para viver.

– Vou mandar buscar a Pani, sabe? Não quero que a Esmeralda se mate de trabalhar em casa. Quero que ela seja madame. Posso alugar ou vender o apartamento de Tóquio. Não pretendo mesmo voltar pra lá. Aqui o choque cultural é bem menor para a Esmeralda.

– Eu acho uma boa ideia, Ikki. Além do mais, aqui ela vai ter a companhia da June, da Shunrei, da Saori. Acho que podem ser boas amigas.

– É... Olha as voltas que o mundo dá, né, meu irmão? No final das contas, acabamos todos aqui, em Atenas, na beirada do Santuário.

– Mas eu estou gostando, sabe?

– Eu vou gostar também. Qualquer lugar é bom com a minha Esmeralda.

Enquanto isso, na festa, alguns convidados já se retiravam, especialmente os casais com filhos pequenos. Seiya e Saori também deixaram a festa quando ela reclamou de cansaço e dores nas costas.

– Não faça escândalo – Saori disse assim que entraram em casa –, mas acho bom ligar para o meu médico...

Seiya arregalou os olhos.

– O que foi?

– Eu acho que o bebê vai nascer...

– VAI NASCER? – Seiya gritou. – Como assim “vai nascer”?

– Meu bem, qual parte de “não faça escândalo” você não entendeu?

Seiya continuou gritando.

– Vai nascer! Ai, meu Deus, vai nascer!

– Seiya, já pode parar de gritar e chamar o Tatsumi para me levar para o hospital? Ou vou ter que ir sozinha?

– Não, não, eu chamo!

Em poucos minutos o mordomo, que já estava dormindo, arrumou-se e levou os dois ao hospital. Por causa do incidente com Julian, não era recomendado que Saori tivesse um parto normal. Em razão disso, ela começou a ser preparada para a cesariana. Seiya permaneceu ao lado dela todo o tempo. Ela estava nervosa no começo dos procedimentos, depois foi se acalmando, principalmente por conta do carinho que ele lhe dava, apesar de também estar nervoso.

Seiya continuou acompanhando o procedimento cirúrgico e, quando ouviu o choro do bebê, sentiu uma felicidade inexplicável.

– É uma menina – o médico disse, enquanto o choro forte dela ecoava na sala. Seiya aproximou-se para vê-la. Ele não conseguiu dizer nada, apenas ficou olhando enternecido para ela. Ele acompanhou o médico que a levou para que Saori a visse.

– Ela é perfeita – ele finalmente falou.

– Sim – Saori concordou emocionada, olhando para a filha. Procurou nela traços orientais, mas ela tinha uma penugem bem clarinha na cabeça e quando abriu os olhos, Saori viu que eram grandes e azuis. Azuis como os de Julian Solo.

Continua...


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