Já haviam se passado duas semanas desde que saíra de Ohio, ainda tinha que chegar em Washington, mas soubera que o presidente, a família e alguns seguranças estava na cidade. 

Prendeu os cabelos ondulados e pretos em um rabo de cavalo apertado, colocou seu caso creme e saiu. Enquanto passava pela multidão de pessoas das ruas de New York, Jade pensava em um plano para sua missão. Mas é claro que se infiltrar no governo americano para impedir uma tragédia não seria tarefa fácil. Sua maneira fria de agir talvez não fosse capaz de conseguir fazê-la atingir seu objetivo. Enquanto pensava em tudo isso, parou em uma cafeteria e pediu um cappuccino. Enquanto aguardava o pedido chegar, se encostou no balcão e continuou a raciocinar. O sino da porta tocou e um garoto alto de cabelos relativamente compridos e negros entrou e se colocou ao lado da garota no balcão. Ela o olhou disfarçadamente, ele vestia uniforme da segurança nacional. Lutou contra um sorriso enquanto pegava o cappucino, sem tirar os olhos do agente de segurança. Ele percebeu o olhar da garota e virou os olhos para ela também, sem esconder um sorriso. Se sentindo um tanto vitoriosa, andou calmamente até uma mesa vaga e se sentou na cadeira próxima a parede. O garoto a seguiu e se sentou em frente a ela. A morena já estava se sentindo impacientemente irritada pelo garoto não dizer uma palavra sequer, mas tinha que controlar seu gênio forte. Talvez se se exaltasse, colocaria tudo a perder, e aquela chance era realmente única.

- Nossa, você é agente da segurança nacional. - Jade começou o papo com seu tom de surpresa muito realista, mas que não era real.

- Sim, eu sou. - O agente disse com um sorriso largo no rosto. A garota teve que encontrar forças interiores para não perder o foco no momento, mas admitia para si mesma que o garoto era lindo.

- Eu queria ser agente também, mas me faltam oportunidades. - Ela suspirou de forma triste e deu um gole em seu cappuccino.

- Posso dar um jeito nisso, se você quiser. O senhor presidente está mesmo precisando de agentes novos e talvez se interesse pela ideia de ter uma garota em sua equipe.

- Você acha mesmo? - Agora a surpresa da garota era real.

- Mas é claro que sim. - Ele se levantou e indicou para que os dois saíssem.

Jade se levantou também, pagou a conta e saiu com o agente.

- Nossa eu nem sei como te agradecer... Bem, eu nem sei o seu nome.

- Beckett Oliver, mas pode me chamar de Beck. - Ele disse com um meio sorriso.

Ela deu uma leve risada.

- Jadelyn West, mas pode me chamar de Jade.

Os dois permaneceram em silêncio por vários instantes. Jade  não conseguia acreditar na sorte que estava tendo aquele dia, mas aquela sensação passou rapidamente para desconfiança. Por que um agente do governo estaria naquela hora em uma cafeteria? Não era horário de almoço nem nada. Ela tinha a sensação de que algo estava errado. Beck Oliver parecia errado. Seu olhar calmo, sorriso tranquilo, por que estava daquele jeito? Será que não sabia que a filha do presidente estava para ser sequestrada? E se soubesse, por que tal calmaria? Talvez de fato não ligasse. Ou talvez estivesse envolvido no tal crime. Por isso a convidara para ir conversar com o presidente, sentia-se confiante e não achava que uma simples garota pudesse detê-lo. Ou talvez só a usasse para distrair verdadeiros inimigos. Era o que se passava na cabeça da jovem moça, pensamentos que a estavam deixando confusa.

Beck a fitou, havia preocupação em seu olhar.

- Está tudo bem?

Jade apenas fez que sim com a cabeça, talvez sua voz falhasse naquele momento de mentira e ela não queria correr riscos. Não com um possível inimigo bem ao seu lado.

Os dois caminharam em silêncio até o hotel onde o presidente e sua família estavam hospedados. Hotel cinco estrelas, ela pensou para si mesma enquanto observava o ambiente do local. Subiram até a suíte e entraram, seguindo para um pequeno escritório onde o importante homem lia o jornal diário. Beck deu um pigarro e o homem ergueu seu olhar.

- Ah. Beckett. O que te traz aqui tão cedo? Pensei que passaria o dia inteiro de folga.

Aquilo fez Jade sentir uma desconfiança maior. Folga, bem enquanto um plano como aquele estava para ser executado?

- É que eu encontrei essa moça na cafeteria aqui perto. Seu nome é Jadelyn West e ela gostaria de poder entrar para a segurança nacional. - Beck sorriu confiante e tentando passar certa confiança para a garota ao seu lado.

O presidente uniu as sobrancelhas e estudou a garota dos pés a cabeça, depois deu um largo sorriso e acentiu.

- Bem vinda a equipe, Jadelyn. - Ele disse por fim.

Um sorriso enorme se formou no rosto da garota, ela havia conseguido, finalmente. Agora poderia proteger a pequena Claire, o doce anjinho dos Estados Unidos.

- Obrigada, senhor. Não vai se arrepender.

Ela e Beck saíram da suíte e foram novamente para o lado de fora. Chegando lá, a garota se viu tomada nos braços do novo colega em um forte abraço.