Minha vida era perfeita, eu tinha tudo o que eu queria ou precisava. Eu morava com meus pais Peter e Amylee, tinha meu namorado simplesmente perfeito Vitor e melhores amigas que eu sei que nunca me deixariam na mão e que são meu porto seguro Ana, Laura e Sofia. Eu não era popular na escola, mas sinceramente não me importava com isso, eu acho que popularidade não diz quem alguem realmente é, muito menos seu caráter. 

Mas será que eu estaria disposta a largar tudo isso, para ir atrás do meu sonho: cursar faculdade de moda em Londres?!

(...)

– Filha, o Vitor ta aqui em baixo!! – gritou meu pai do início da escada.

– To indo – eu disse saindo conrrendo do meu quarto, meio apreensiva – Oi meu amor!! – fui em direção ao Vitor e lhe dei um selinho, tentando parecer o mais natural possível

– Vamos la pra cima – eu disse o puxando pela mão, naquele instante meu pai me fitou como quem dissesse "Depois que ele for embora teremos uma conversa dona Julia"

– Relaxa Sr. Peter, não faremos nada – ele disse, pois provavelmente percebeu o olhar do meu pai.

Saimos da sala e fomos para o meu quarto, quando chegamos lá eu disse:

– Relaxa amor, você sabe como meu pai é – eu disse sentando na cama e tentando adiar o máximo possível que fosse o motivo de eu ter chamado ele aqui.

– Sei mesmo! – disse enquanto se sentava ao meu lado.

– Eu te chamei aqui porque a gente precisa conversar sobre um assunto muito sério!

– Ok, vamos la então... – ele disse se virando pra mim.

Eu fiquei em silêncio, parece que tudo aquilo que eu tinha que falar com ele não queria sair da minha boca. Continuei em silêncio, e ele me olhava com um olhar de preocupado.

– Julia, fala alguma coisa, eu to ficando preocupado!! – ele disse segurando meu rosto para me ver melhor, ja que eu insistia em olhar para o chão.

– Vitor, você sabe que o meu sonho é ir para Londres e fazer faculdade la não é? – eu finalmente falei alguma coisa e ele concordou com a cabeça

– Pois então, eu falei com meu pai e com a minha mãe e...

– E...? – ele falou fazendo com que eu continuasse a falar

– E... eles disseram que eu vou daqui a duas semanas pra lá, ou seja, eu vou me mudar para Londres – eu disse encarando ele, que estava sem expressão alguma

– As nossas aulas acabam semana que vem, e você vai esperar só mais uma semana e vai embora? Mas e a nossa formatura, e nós, e suas amigas, e todos aqueles que te amam Julia?! – ele disse com a voz ja meio afetada

– Eu não vou na formatura, como ja deve saber. Nós... – meus olhos ja estavam ficando marejados, só de pensar em ficar longe dele – Nós... – eu repeti, e assim que pisquei algumas lágrimas rolaram pelos meu olhos. Tratei de enxugar para continuar falando – Nós só temos um jeito Vitor, terminarmos! – eu disse finalmente –  Eu talvez vou ficar por muito tempo em Londres, e eu não sei se aguentaria manter um namoro a distância... – comecei a choramingar novamente e fitei o chão. Com o canto dos olhos o vi, me encarando encrédulo, como se não acreditasse no que eu havia acabado de falar.

– Julia... eu entendo que você quer seguir seus sonhos, eu te apoio nisso, mas a gente não precisa acabar assim – ele disse aflito segurando uma de minhas mãos

– Vitor, eu também não queria mas... e se eu encontrar alguém, e se eu quiser terminar mas não puder... e se... – não consegui terminar de falar e me desabei a chorar

– Viu Ju, você também não quer isso, eu posso ir pra Londres junto com você e...

– Não, eu não vou atrapalhar sua vida com essa minha mudança Vitor, você também tem o direito de lutar pelos seus sonhos – o interrompi decidia e com os olhos já vermelhos – A gente tem que terminar, essa é nossa única saida – eu disse tentando permanecer firme na minha decisão e me levantando da cama

– Julia, eu ainda não posso acreditar...!

– Então trate de acreditar – eu disse alterando um pouco a voz, e ele me olhou espantado – Adeus Vitor, vai viver sua vida, correr atrás dos seus sonhos, um dia você ainda vai encontrar alguém que te ama o tanto quanto, ou até mais do que eu te amei!

Ele ficou um pouco em silêncio e depois finalmente disse:

– É isso mesmo que você quer Julia? Tem mesmo certeza? Por que depois disso tudo, se você se arrepender eu não vou voltar atrás!

– Sim, essa é minha decisão final Vitor, adeus!

Ele fez sinal negativo com a cabeça e saiu do meu quarto. Quando ele fechou a porta eu me joguei na minha cama e me desabei a chorar. Fiquei naquele estado por uns 15 minutos, até que peguei meu celular e mandei uma mensagem para as minhas amigas: "Meninas, preciso de vocês, venham na minha casa agora, por favor". Minhas amigas eram meu porto seguro basicamente, então antes mesmo de explicar tudo para os meus pais, queria falar com elas, para saber se eu tinha tomado a decisão certa.

(...)

Escutei a campainha tocando, provavelmente eram elas, meu pai tinha saido assim que eu e o Vitor tinhamos subido e minha mãe também, então eu desci correndo e abri a porta para elas. Assim que as vi, as abracei com toda força que ainda tinha e voltei a chorar. Quando eu parei o abraço elas entraram e perguntaram preocupadas:

– Ju, o que foi que aconteceu – perguntou Laura

– Eu terminei com ele – eu disse entre soluços

– Por que amiga? – Sofia

– Porque eu vou me mudar para Londres daqui a duas semanas!

– O que?!! – elas pergutaram sem sintonia

– E você só conta isso pra gente agora? – Ana

– Me desculpem meninas, mas eu tive que resolver esse assunto com o Vitor primeiro...

Elas se olharam e a Laura disse: –

Amiga, nós estamos muito felizes por você, porque a gente sabe que seu sonho era fazer faculdade em Londres, mas estamos triste porque vamos te perder e nunca mais vamos te ver! – as outras duas simplesmente concordaram com a cabeça

– Gente, obrigada, mas vocês nunca vão me perder! E só porque eu vou estar  em Londres não significa que não vamos nos falar, existe tecnologia hoje em dia esqueceram? – disse meio que "rindo"

– Não tem graça dona Julia – disse a Sofia tentando ficar com cara e voz de brava – Já que você vai nos abandonar, e que hoje é sexta-feira vamos fazer uma festa do pijama? – Boa ideia, vamos.

Cada uma foi pra sua casa para avisar seus pais – sim, mesmo tendo 18 anos a gente ainda avisava os pais, até porque nós morávamos com eles né... – e arrumar as coisas para voltar para a minha home. Nos divertimos muito naquela noite, comemos brigadeiro e pipoca (doce e salgada), assistimos filmes: a mulher de preto, se beber não case e o gatos, fio dental e amassos, fizemos uma guerra de travesseiro e fomos dormir as 5:30/6:00 da manha.