Sombras No Espelho: Parte 1 - Terra escrita por Lucas Iraçabal


Capítulo 16
A Salvo


Notas iniciais do capítulo

Bem, como prometido, aqui está o outro capítulo. E aqui está a música que me fez escrever esse capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=jnCR-g9UAAE
Essa é muito mais "trilha sonora" do que a outra. Se não gosta de instrumentais, acho que não vai gostar dessa =S
Mas e então, vocês gostaram da outra? Vocês escutaram? Me contem nos reviews abaixo, quero saber da opinião de vocês.
Bom, é isso, espero que gostem ^^



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O bruxo arregalou os olhos, terrificado e ofegante, empurrando o pé de uma Vida possuída, sem sucesso algum. Como aquela garota conseguia ser tão pesada e forte?

— Surpreso, mestiço? — perguntou Destino sádico, se deliciando a cada sílaba. — Então não sabia que eu a coloquei na sua vida, não é? — E fez uma pausa para analisar o rosto, já arroxeado, do bruxo. — Pois é, fui eu... — E o sorriso se desfez de seu rosto. — Mas parece que não deu certo, já que você está vivo. — Fez uma pausa e o sorriso sádico voltou lentamente, enquanto Rodrigo se debatia sob seu pé. — Mas vamos resolver isso agora.

E então Destino tirou seu pé do pescoço do bruxo, que se sentou, vendo estrelas e respirando ofegante. Mas ele não ficou sentado por muito tempo, pois o Senhor Eterno lhe deu um segundo chute, ainda mais forte, no peito esquerdo de Rodrigo, o fazendo arfar. A visão do bruxo ficou turva e logo ele se viu mergulhado numa profunda escuridão. Havia desmaiado.

Destino sorriu novamente e estalou os dedos, desfazendo o dragão de metal que Rodrigo criara como se fosse feito de fumaça. Em seguida, sinalizou para que o Guerreiro das Sombras se aproximasse e foi o que ele fez.

— Eu desmaiei o mestiço, você o carrega — disse Destino secamente para o gigante.

O guerreiro bufou, mas se abaixou para pegar o pequeno corpo inerte do bruxo. Mas algo inesperado aconteceu. Uma explosão à entrada da sala lançara mil pedaços de mármore para todos os lados, além de uma densa nuvem de poeira, que cobriu quase a sala inteira. A simulação sumira totalmente, fazendo a sala voltar a ser aquele cubo completamente branco. Destino, ainda possuindo o corpo de Vida, virou o olhar para o local da explosão, com um meio-sorriso no rosto.

― Quem está aí? ― perguntou ele, usando a voz da Vida, num tom amedrontado.

Possuir aquela menina era tão fácil. Graças a algumas ajudas que conseguira no passado, podia fazer quase qualquer coisa. E adorava estar por cima da situação. Era extasiante.

― Vida, sua vadia, cadê você? ― perguntou uma voz feminina, por trás da nuvem de poeira.

Esta abaixou instantaneamente, revelando duas mulheres paradas à nova cratera na parede. Uma delas era Morte, ainda usando suas roupas de batalha. A outra era alta, robusta, de cabelo curto e castanho-claro, assim como os olhos. Usava uma couraça negro-metálica, com capuz de pele e ombreiras de dragão. Os braços estavam desnudos, mostrando uma pele bronzeada e tatuada. Usava braceletes, grevas e coturnos também negro-metálicos e uma túnica de pele de raposa vermelha.

— O que pensa que está fazendo, sua vadia? — perguntou novamente Júlia, adentrando a sala e indo em direção ao Destino, furiosa.

A essa altura, o sorriso do Senhor Eterno sumira completamente, e ele encarava as duas mulheres surpreso. Aquelas eram a Morte e a Guerra. E ele sabia que não era tão fácil persuadi-las e muito menos possuí-las. O que faria agora?

Júlia, por sua vez, ao se aproximar de Vida, notou o tom cinzento nos olhos da irmã, logo entendendo o que se passava ali.

— Destino — disse Júlia entre dentes, evidentemente furiosa. — Agora anda possuindo meninas também, é?

Destino fechou a cara e encarou o guerreiro, fazendo um sinal com a cabeça. Instantaneamente, o guerreiro encarou Guerra e balançou a cabeça negativamente, voltando a encarar o Senhor Eterno.

— Frouxo! — sua voz voltara a ser a sua própria, e ele estalou os dedos, fazendo o gigante sumir.

Guerra, por sua vez, se aproximou do Senhor Eterno com um tom sério no rosto. Odiava transgressores como aquele ali.

— Anda contratando Guerreiros das Sombras, Destino? — perguntou Guerra cruzando os braços. — Você sabe muito bem que são meus guerreiros, não seus.

Destino a encarou cético.

— E você, anda se bandeando para o lado do mestiço? — e voltou o olhar para o corpo jazido inerte no chão.

Júlia cerrou os punhos furiosamente, mas se controlou. Sabia que quem sofreria com um soco seria sua irmã, e não o Senhor Eterno que a possuía.

— Ela escolheu o lado certo, seu traidor assassino — respondeu Júlia entre dentes.

— Eu, traidor assassino? — perguntou Destino fingindo falsa ofensa, colocando a mão sobre o peito.

— Ah, não se faça de inocente, Destino — ameaçou Júlia. — Todos sabem que você matou o seu próprio pai!

Destino cerrou os dentes, furioso.

— E vocês duas estão quase fazendo o mesmo — respondeu ele. — Se voltando contra eles. Terror e Poder não merecem isso. Daria tudo para ter um pai como um dos dois.

— Eles querem iniciar uma guerra que acabaria com o nosso mundo, Destino — disse Guerra ainda de braços cruzados. — É completamente estúpido.

— E por que é tão estúpido, hein, Guerra? — perguntou ele. — Só porque a Sabedoria disse isso a vocês?

— Não tem nada ver com a Sabedoria, Destino — rebateu Guerra. — Tem a ver com os nossos antepassados, os elementais. Eles não queriam que nada disso acontecesse, lembra? — Destino somente encarava Guerra com os olhos semicerrados. — Seu pai apresentou a eles a idéia do mestiço e eles negaram o extermínio da raça humana. — E fez uma pausa. — Ele aceitou isso numa boa, mas você não. Você tinha que ter inventado aquela maldita adaga e ter matado seu próprio pai, tirando a Essência Eterna dele para si.

Destino engoliu em seco. Era bem verdade. Enquanto Destino queria o extermínio da raça humana, seu pai, o Tempo, aceitara facilmente a decisão dos elementais. E a idéia dos dois colidiu em certo momento. Foi quando Destino se sentiu impelido a inventar um instrumento capaz de matar um Senhor Eterno, até então imortal. Então, este fez a adaga. Com um punho de ouro e uma lâmina de um mineral não mais existente em Atlantis: diamante. Com esta combinação, Destino conseguia, além de matar um Senhor Eterno, pegar para si toda a Essência Eterna dele, que incluía seus poderes e a sua responsabilidade como Eterno.

— Você não sabe de nada, Guerra — disse Destino ressentido.

— Eu posso até não entender o porquê de você matar seu pai — concordou ela. — Mas eu sei que o que você está fazendo não é o certo. Apoiar a morte do mestiço é um erro, Destino. Você devia saber disso.

Destino lhe lançou um olhar sobrecarregado de maldade.

— É, eu sei — disse ele com um meio-sorriso.

Nesse exato instante, os olhos cinzentos deram lugar aos lindos olhos azuis de Vida, que despencou, desacordada. Júlia a segurou na metade do caminho, evitando que a irmã caísse. Em seguida encarou Guerra, sem palavras para expressar tamanho desgosto.

— Calma, vai dar tudo certo — disse Guerra descruzando os braços e indo na direção do bruxo, o levantando e o colocando por sobre os ombros como se ele fosse um saco de batatas. — Por ora, temos que cuidar deles e dos outros, que ainda estão nas salas de treinamento.

Júlia assentiu, erguendo a irmã nos braços. Agora teria que acompanhar a recuperação do namorado e da irmã. E ainda por cima, a preocupação da última frase de Destino ressoava em sua mente. “É, eu sei”. O que será que ele queria dizer com aquilo?


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram da história do Destino? E da Guerra? Mande reviews e eu vou tentar postar no máximo até sexta ^^