Desejos. escrita por RafaFraga


Capítulo 2
Capítulo 2 - Pensando bem...


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo, postando de novo *-*



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Uma semana haviam passado desde o incêndio na escola, todos estavam de luto pelas perdas. A senhora Marta, a zeladora mais velha de toda a escola, havia sumido no meio do fogo, eu sinto falta dela reclamando comigo todas as manhãs por eu entrar de skate no corredor.

As aulas haviam voltado, a minha pequena cidade tentava superar o acontecido, mesmo sendo difícil, temos que seguir em frente.

Como sempre, eu tomava meu café e ajudava o Luke com o dele, ele ainda estava estranho, essa manhã não havia gritado uma unica vez, os médicos disseram a minha mãe que era uma boa noticia, mas eu sabia que não.

Minha mãe assistia ao jornal matinal e reclamava do preço da gasolina, que tinha subido mais uma vez.

– O governo quer nos deixar pobre! – Ela resmungava. – Vamos começar a andar de bicicleta!

– Eu já ando de skate, mãe. – Sorri olhando para ela.

O caminha para escola nunca mais havia sido o mesmo, a senhora Laura não regava mais as plantas, ela estava triste, perdeu a neta no incêndio. Pensei sobre o que estava ocorrendo e desejei que o incêndio não tivesse acontecido que as pessoas não tivessem morrido e tudo seria bom, outra vez.

O sol iluminava meu quarto, o Luke chorava desesperadamente e minha mãe me gritava.

– Jane, me ajude com o Luke! Hoje ele está impossível!

Levantei correndo em direção ao quarto onde eles estavam, Luke me olhava estranhamente, querendo me dizer algo, mas ele não sabia falar. Só mexia a boca e balançava a cabeça.

Em todos os seus cinco anos de vida, ele nunca havia falado, nem uma palavrinha se quer, mas, quando eu penteava seus cachos, ele sussurrou:

– Não.

Eu parei com a escova no meio do cabelo dele, isso era impossível, o Luke, ele não sabe falar, deve ter sido a minha imaginação e pra piorar tudo, estou atrasada, não posso perder a primeira aula.

Cacei a primeira calça jeans que achei, vesti pulando, acho que engordei da ultima semana pra cá, coloquei uma blusa branca, peguei o casaco e joguei a mochila nas costas.

– To indo mãe, to atrasada! Te amo!

O vento soprava no meu rosto de uma maneira agradável, o cheiro das flores era encantador, eu me senti bem como se tudo tivesse voltado ao normal. O gatinho que corre com o cachorro, voltou a correr hoje, ele passou ouvindo musica e sorriu pra mim, como sempre eu fico sem graça e olho pra baixo. A senhora Laura me desejou um bom dia educado e molhava as suas rosas, fico feliz que ela tenha voltado a regá-las, deixam o bairro mais bonito e cheiroso.

Ao virar na rua da escola, quase cai do skate, tudo estava limpo, organizado e as placas de saudades aos falecidos havia sumido. Porque eles fizeram isso?

Carlos gritava meu nome e tinha um sorriso enorme no rosto.

– Jane! O professor de historia faltou hoje e a dona Marta esta reclamando com os alunos da segunda série que trouxeram tinta e estão sujando a sala. – Ele riu e olhou para mim. – Jena, tá tudo bem?

Eu apenas olhava para ele, senti a minha mão começar a suar e meu coração acelerar.

– Carlos, não, não, ta tudo bem com você?

– Comigo, ta. Porque essa cara? – Ele me segurou pelo braço. – Vai desmaiar?

– Carlos, a senhora Marta está morta, ela faleceu no incêndio da escola, lembra-se?

Ele me olhava como se eu estivesse louca e arregalou os olhos ao falar comigo, de novo.

– Ta maluca, Jane? Que incêndio?

­– Como assim que incêndio? Da semana passada, dia quatro de setembro, você lembra!

– Jane, hoje é quatro de setembro, você ta bem?

Sentei-me no chão e tudo começou a girar. Como assim não teve incêndio? Como assim está tudo bem? O que está acontecendo?

Olhei para Carlos e disse que precisava ir para casa, ligarei para ele mais tarde.

Voltei andando lentamente, observando as coisas, tudo normal e calmo. Só eu que estava estranha. Será que eu tinha sonhado tudo... Era apenas coisa de minha cabeça, mas era tão real. Me lembro de tudo, eu até desejei que não tivesse acontecido. Uma luz surgiu em minha cabeça, eu desejei que a escola pegasse fogo e ontem que tudo voltasse a ser como era antes. Tudo bem, estou ficando maluca.

Entrei na lanchonete onde trabalho pela tarde, sentei-me e comecei a analisar as coisas com bastante calma e cheguei a conclusão de que tudo não passará de um sonho, ou melhor, pesadelo.

Como já estava no meu local de trabalho, resolvi ficar por lá mesmo. Era bom adiantar umas coisas e poder sair mais cedo. A tarde se aproximava e o calor tomava conta de tudo, parecia que o sol havia parado em cima da lanchonete e estava na sua potencia máxima. Desejei com todas as minhas forças que começasse a chover e do nada, começaram a cair gotas e mais gotas, e a chuva ficou forte.

Eu parei assustada na porta da lanchonete, como isso é possível? Ta chovendo! Ta chovendo e muito, eu desejei isso, ou foi mera coincidência. Pensando bem, acho que não foi. Desejei que a chuva parasse e em menos de um segundo a chuva parou.

– Que tempo maluco, é esse? – Resmungou um senhor que entrará na lanchonete para se proteger da chuva.

– Maluco mesmo! – Eu disse sorrindo e quase pulando por dentro.







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