Logo depois que os meninos foram embora, fui procurar Bonie que desde que cheguei na casa e o tirei da gaiolinha não o vi mais. Revirei todo o canto e achei melhor ir dormir, é normal gatos sumir por um dia ou dois, eu odiava quando isso acontecia, mas confesso que acostumei. Amanha iria atrás dele.

Coloquei o pijama, fui pro meu quarto, deitei e fiquei horas na cama encarando o teto e pensando no Eduardo. Pensei em tudo que havíamos vividos juntos, e de repente senti uma raiva absurda de mim. Como ainda podia pensar nele? Depois que tudo ele me fez e eu ainda continuava com ele presente em minha mente. Meu fio de pensamento foi interrompido com o miado de Bonie do lado de fora. Levanto da cama, saio do quarto, quando já estava chegando à porta a campainha toca, e me pergunto quem é o mané que toca a campainha na casa dos outros em plena madrugada. Abro bem pouco a porta só pra espiar. Era uma garota que deveria ter minha idade, segurava Bonie no colo e parecia estar chateada. Abri toda a porta e perguntei:

–- Aaah, meu gato, o que faz com ele?

–- Ele apareceu no jardim de casa, ia fazer caca lá, eu moro no final da rua -- respondeu ela bem antipática -- ele me acordou, e na coleira dele ta seu endereço.

–- Desculpa, ele é meio folgado mesmo -- falei pegando meu gato do colo dela -- não vai incomodar mais.

–- Assim seja -- me deu as costas e foi embora.

Bati a porta com força. Que garota estúpida! Pensei. Coloquei Bonie no chão, que correu pro pratinho de ração e água. Voltei pro meu quarto e dormi quase imediatamente.

***

Acordei no dia seguinte com um mau humor que nem eu mesma me suportava. Me vesti basicamente, regata branca, short jeans , all star preto, correntinha do infinito, celular e headfone pra me distrair. Vou à cozinha pego uma lata de batata pingles e de lá vou pra fora sentar em minha calçada.

Coloco o headfone fico escutando musica e me desligo do mundo, comendo batatinhas. Uns 5 minutos depois já estava decidida a entrar pra dentro de casa, enraivada com o sol que batia em minha cara. Até que Harry sai de da casa dele, atravessa a rua e se senta ao meu lado puxando a lata da minha mão.

–- Eeeeeei, vai comprar a sua -- falei tomando a lata da mão dele, e tirando algumas batatas de lá dentro e enfiando na boca -- essas são minhas.

–- ...

–- EU não estou entendo nada -- falei apontando para o headfone

ele o abaixou na direção da nuca.

–- Então o tirasse -- disse rindo da minha cara -- e me da essas batatas.

Entreguei a lata pra ele vazia e baguncei o cabelo dele debochando.

–- Chata -- disse ele, sorrindo -- o que vai fazer mais tarde?

–- Acho que nada -- respondi -- por que? Vai me chamar pra sair?

Olhei pra ele com uma sombracelha levantada e um sorriso irônico no rosto.

–- Uau, como adivinhou? Vai mais tarde lá casa.

Na hora que eu ia responder uma menina se aproximou que reconheci logo como a garota que foi encher meu saco de madrugada. Ela chegou em minha escancarou um sorriso e falou:

–- Oi! Queria me desculpa pelo mal entendido de ontem. Me chamo Laís.

–- Aah ... Tudo bem, águas passadas, né? Sou Amy.

Ela foi, abriu um espaço entre mim e o Harry e se sentou.

–- Você é Harry, da banda, certo? -- disse ela -- Nunca falou comigo, apesar de morarmos mesma na rua faz tempo.

–- Pois é -- falou desajeitado -- Então . . . Amy, você vai?

–- Vai? Na onde? -- se intrometeu Laís – Tipo, to sem fazer nada...

Olhei pro Harry pedindo socorro, tava na cara que ele não gostava dela.

–- Na minha casa, mais tarde, mas os meninos vão ta por lá -- falou -- vai ser algo mais pessoal.

–- Ótimo, então eu passo lá, sempre quis conhecer os meninos da banda -- disse se levantando -- tenho que ir, tenho umas coisinhas pra fazer, mas não se preocupem, da tempo passa lá. Tchau, beijo pros dois.

Ela se foi e ficamos seguindo ela com o olhar até que ela sumiu de vista.

–- Não não não. Não queria que ela fosse!

–- Ok, eu não fui muito com a cara dela -- disse eu -- mas quais são seus motivos Hazza?

–- Aí sei lá às vezes tenho a impressão que ela me persegue, mas nunca fala nada. É a primeira vez que diz algo pra mim, e se mostrou uma intrometida.

–- Também achei, agora já era ela vai, mas então os meninos vão mesmo? -- perguntei

–- Na verdade inventei aquilo -- disse chateado -- pelo jeito não adiantou né? Vou ver se ligo pra eles irem.

–- Tudo bem, vai ser legal, vou entrar Hazza to querendo ir no banco sacar um dinheiro que meus pais depositaram, mas volto logo -- falei me levantando e estendendo a mão para Harry se levantar também -- a gente se vê.

–- Até mais tarde Amy.

Entrei pra dentro de casa, peguei minha bolsa e sai de novo.

Caminhei durante alguns minutos até chegar à avenida onde pegaria um táxi. Chamei e acenei para um que segundos depois estacionou frente a mim. Até que ouço alguém gritar meu nome.

–- Eii Amy, me espera! -- gritou Laís correndo até mim -- vou com você.

Assim entramos no carro.