A leitura dos pergaminhos era diária, não interessava o que acontecesse. Mesmo se estivesse cansada, Xena lia um deles. Gabrielle achava engraçado o interesse repentino da Guerreira por literatura. Até mesmo se aproveitava da sua curiosidade para fazer pequenas chantagens, como decidir que iria lavar a frigideira ou preparar a comida.

Pensou até em esconder os pergaminhos, fingindo que os perdera, para ver a reação dela. E apesar do fator engraçado da situação, isso também tornou Xena ainda mais ardente com ela. Como se toda aquela paixão do passado tivesse sido resgatada, aquele receio diante de quem você gosta mas não sabe o que fazer.

A noite estava gostosa, com uma brisa leve roçando em seus rostos. A Princesa Guerreira estava em cima de sua Barda, deslizando a língua por seu pescoço, enchendo de beijos a sua boca macia e seu corpo quente. Cada vez que se amavam era única, cada toque era novo e cada gemido era inesperado. Sentiam seu amor transbordar de tal maneira que não sabia como demonstrá-lo e isso fazia com que suas noites parecessem uma batalha de prazer, um duelo de Deusas .

Gabby se aconchegou nos seios de Xena , que a envolveu com seus braços. A Barda pegou um pergaminho que estava ao seu lado e o colocou sobre o colo de Xena.

-“Seu presentinho” –Riu

-“Meu presente maior é você”

-“...Você é a única pessoa que consegue deixar uma poetisa sem palavras, Xena.”

-“Deixar VOCÊ sem palavras?! Impossível” –brincou

Riram e Xena começou a abrir o pergaminho, ansiosa pela leitura.

[Pergaminho V]

O dia hoje foi muito confuso. Bem, quase todos os meus dias são confusos desde que eu sai da minha cidade. Mas enfim, hoje foi ainda mais. Hoje conheci uma segunda Xena.

Tá...não é exatamente uma segunda Xena, e sim uma princesa igualzinha à ela. É idêntica, mas só na aparência. O nome dela é Diana, e como toda princesa é mais calma, e boazinha. Pra ser sincera, bem que a Xena podia aprender algumas coisas com ela. Como me ouvir, por exemplo.

De qualquer maneira, dá pra imaginar como eu fiquei né!? Se meu coração já acelerava com uma, imagina com duas. E a confusão que ficou na minha mente...Fiquei com medo de reclamar da Xena pra própria Xena pensando ser a Diana e vice-versa. Pra piorar, uma ficou no lugar da outra. Como se já não bastasse a aparência física, ainda trocaram as roupas.

Eu congelava cada hora que uma delas aparecia, mas depois de um tempo, consegui perceber uma certa diferença entre elas, além da voz e do temperamento. Os olhos da Princesa são de um azul igual ao da Xena, mas não possuem o mesmo brilho. Pelo menos não o mesmo brilho que possuem quando estamos juntas.

Acho que realmente encontrei a minha melhor amiga para sempre, estamos nos dando muito bem. Acho que não conseguiria mais deixá-la. Às vezes sinto alguns olhares diferentes dela para mim, não sei explicar como, mas são diferentes. Ela ainda é muito fechada, quando pergunto sobre seu passado, ela é monossilábica. Mas acredito que com o tempo ela vai confiar mais em mim.

Agora ela está dormindo. Eu disse a ela que eu seria capaz de vigiar o acampamento à noite, ela demorou a acreditar mas acho que confiou. Se bem que ainda estou na dúvida se ela está realmente dormindo ou se está me testando. Confesso que a cada barulho que eu escuto, fico com o coração querendo sair pela boca, mas não vou acordar ela por qualquer motivo, ou ela vai achar que eu não sou capaz.

Vou me enfiar debaixo das peles e esperar, logo logo amanhece. Estou só com um pouquinho de sono, mas não vou dormir. Vou ser forte como uma Guerreira.



Gabrielle.

-“Aham, forte como uma Guerreira. Aí você dormiu e nossa comida foi roubada por animais.”

-“Eu só dormi quando já estava amanhecendo. Imaginei que você ia acordar.”

-“Claro, claro. Nunca duvidei disso.” –Disse completamente irônica

-“Xena...deixa de ser boba.”

-“Eu também te amo”-riu.



[Continua]