O Demônio E O Soldado escrita por Luke Rodrigues


Capítulo 8
Capítulo 8 - Alucinação




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Enquanto corria de volta para o acampamento. Ficou pensando em tudo que passou dentro do prédio cheio de zumbis. Ficou pensando se por acaso algum demônio soltasse um daqueles na terra, seria o fim da humanidade. Mas ela também sabia que aquilo era um plano do demônio e que era só pra testar ela. Mas o que ela sabia é que aqueles zumbis não eram de mentira. Eram militares, militares do exército. Ele estava usando pessoas como brinquedos. Então muitas pessoas já tinham morrido. Muitas mesmas. E essas últimas, morreram de forma horrível, os que não viraram zumbis, foram comidos até a morte. E parece que a matança iria continuar.

Ela olhou para a criança no colo, ela estava totalmente recuperada, e o sangue ainda circulava em seu sistema. Ela reparou que era uma menina, devia ter uns cinco anos e era muito sensível.

Quando Demi chegou ao acampamento, deixou a menina dentro da barraca, me rastreou que por sinal, eu estava muito longe dali. Então ela pegou peças de roupas e foi correndo para a cachoeira, livrou-se de todo aquele sangue e vestiu as roupas limpas. Voltou para o acampamento, pegou a menina e levou para um médico, longe do quartel. Fez as enfermeiras acreditarem que ela fora atacada por um animal. E fez isso tudo em incrivelmente 30 minutos.

Quando voltou para o acampamento, ficou sentada me esperando. Refletindo sobre o que mais teria que enfrentar. Se ela conseguisse desviar dos planos do demônio sem ele saber, poderia salvar mais vidas como a da menininha.

Não demorou muito para eu aparecer entre o mato. Eu estava um pouco sujo e Diego estava do meu lado, também sujo e cansado. Com uma madeira com uns três coelhos amarrados com cipó.

Olhei para Demi.

- Você viu o avião?

- Vi, mas não o encontrei. E você?

- É. Também não o achei. Isso é muito estranho, eu verifiquei a mata toda.

- É disso que eu to falando, o avião simplesmente sumiu do mapa. – Disse Demi disfarçadamente.

- Vamos fazer a comida logo? Tenho certeza que acharam esse avião. Agora vamos comer e dormir. Amanhã é o último dia do treinamento aqui na floresta. – Faliu Diego, finalmente.

- Tudo bem. – Eu disse colocando os coelhos do lado da cabana.

Demi se afastou de Diego e chegou perto de mim. Falou muito baixo.

- Mike, vamos embora amanhã ok?

- O que? Já? Não quer ficar até o final?

- Não, quero voltar a caçar Mike, somos mais úteis caçando. Você não acha?

Eu olhei para ela. E ela estava certa.

- Tudo bem. – Vamos embora amanhã.

Demi voltou para perto da fogueira e relembrou a fogueira do prédio.

- Eu faço a comida. - Ela disse.

Ela pegou os coelhos e os assou.  Depois dividiu entre nós três. Depois que nos serviu sentamos em volta da fogueira e pela primeira vez Demi parecia estar tranqüila desde que tinha encontrado do demônio. Começamos, então, uma conversa descontraída.

- Pois é, amanha é último dia. Foi legal trabalhar com vocês. – Disse Diego.

- Eu quem diga Diego. Você um ótimo caçador. – Eu disse.

- Valeu. Agente ainda vai ser ver no quartel não é? – Diego perguntou.

- Não. – Demi foi rápida em dar a resposta. – Vamos embora amanha.

- O que? Por quê? Como vão embora?

- Agente vai dar um jeito. Vamos amanha a meia noite. – Eu disse confiante.

- Espero ver vocês de novo.

- Você verá. – Disse Demi.

Depois de comermos, eu e Demi planejamos tudo para sair do quartel sem problemas, usaríamos hipnotismo para sair o mais rápido possível.

Depois de tudo planejado fomos todos dormir para acordar cedo e sobreviver o último dia. Menos para Demi. 

O sol berrava na minha cara, eu sentia meu rosto arder, mas não percebi que aquilo era o quente sol da manhã. Depois de algum tempo sem reação, resolvi abrir o olho para receber a luz ofuscante do sol. Fechei os olhos com força enquanto me sentava na barraca. Olhei para o lado e só vi o Diego dormindo, roncando com a boca aberta. Olhei para fora da barraca. Vi uma cesta com frutas e um pouco de água. Com certeza Demi tinha saído mais cedo para pegar. Mas ela não esta ali.

Eu me levantei. Deixei Diego dormir mais um pouco. Lavei o rosto e comi algumas frutas que Demi deixou para nós. Depois, fiquei pensando onde a Demi estaria. Me sentei no tronco caído e comecei a ligar alguns fatos. Claro que nada fazia sentido, e nem me passou pela cabeça do que realmente estava acontecendo. A única coisa que sabia com certeza, era que Demi estava estranha. Fechei os olhos e comecei a rastreá-la.

O chão estava muito sujo. Era outono e as folhas estavam começando a cair. As árvores estavam mortas e o ar era gelado e sombrio. As folhas secas carpetavam o chão terroso e Demi caminhava por ele, bem de vagar. O sol deixou o céu de um segundo para o outro e as nuvens fecharam todo o céu azul. Enquanto caminhava, relembrava do demônio e quando ele iria aparecer de novo. Ela não estava totalmente recuperada do ataque dos zumbis. Pela primeira vez ela teve medo de verdade de alguma coisa. Mas ela tinha muito medo de existir mais demônios daquele jeito. Obsessivos por alguma coisa, a ponto de colocar o planeta num circo de horror. Ela continuava caminhando, precisava relaxar, e a única coisa que podia fazer naquele momento era caminhar. Demi não tinha a quem decorrer, ela queria ajuda, na verdade ela precisava de ajuda, e o mais rápido possível. Ela sabia que sozinha não ia conseguir nada, e por mais que ela não quisesse fazer o que o demônio dizia, ela estava fazendo direitinho. Mas o que fazer? Não tinha nada que ela pudesse fazer. Ela não podia deixar o demônio matar mais alguém, eram pessoas inocentes, e ele já havia matado umas cem, no mínimo. Mas ela ainda precisava de ajuda.

Um vento começou a soprar os cabelos de Demi. Ela nem pensou duas vezes e deu a volta para o acampamento. Estava correndo. Conseguiu alcançar uma velocidade de 400km/h e a tendência era somente aumentar. Ela estava assustada, e a última coisa que queria naquele momento era topar com o demônio. Sentiu alguma coisa passar por cima de sua cabeça, olhou para cima e viu uma sombra, não conseguia distinguir o que era. Mas mesmo assim continuava correndo. Enquanto corria, tentava olhar para cima para ver o que a estava perseguindo.

Demi enroscou o pé em uma raiz de árvore e caiu com força no chão. Derrapou uns cinqüenta centímetros do chão e finalmente parou. Olhou para trás e não viu nada, porém o vento continuava a soprar. Levantou-se rapidamente, se ajeitou e começou a olhar para os lados. O vulto tinha desaparecido, mas isso não impediu Demi de continuar com medo. Ela fechou os olhos por alguns segundos e abriu de novo. – Ok! – Pensou ela. – Fica calma. – Ela continuou andando, agora devagar. Estava atenta para qualquer movimento que houvesse na floresta.

Ela não devia ter se afastado do acampamento.

Decidiu então voltar. Estava mais calma por que o vulto tinha sumido. Mas viu uma coisa ainda mais perturbadora. Uma menina estava sentada, com a cabeça entre as pernas, estava chorando. Demi se aproximou da garota, assustada. Demi olhou fixamente para a menina, ainda chorando e perguntou.

- Hey, você esta bem?

Mais algumas crianças começam aparecer ao redor de Demi, e a menina no centro se levantou e olhou fixamente para ela.

- Você é mau Demi. Um monstro.  Você nos matou. – A menina soluçava enquanto chorava.

- Eu não te matei. Eu salvei você. E não sei quem são essas crianças... Elas não estavam lá. – Demi não estava entendendo. Deu alguns passos para trás.

- Mas você me mordeu.

- Eu não queria. Juro. – Demi estava tranqüila, porém, continuava sem entender nada. Enquanto andava para trás tropeçou e caiu. Cortou o antebraço em um galho.

As crianças desapareceram todas de uma vez. Demi esfregou os olhos se levantou e ficou olhando a paisagem. 

O demônio apareceu atrás de Demi.

- Nada disso é real.

Demi não se assustou e se virou com bastante calma.

- Por que isso não me surpreende mais? – Perguntou Demi com sarcasmo.

- Não importa. Não me importo com o que você pensa. Só vim lhe avisar que essas alucinações são devidas ao sangue humano. Mas vai passar.

Demi virou os olhos. – Mais alguma coisa?

- Bom, na verdade não. Mas como você sabe, hoje é seu último dia aqui no exército...

- Como sabe? – Perguntou Demi.

- ... Eu sei das coisas. Como eu dizia, hoje é seu último dia aqui. Então vou trazer meu senhor hoje a noite.

Demi estremeceu.

- Mas para isso você precisa passar pelo meu último treinamento.

- Último? – Perguntou Demi.

- Eu gaguejei? Vamos logo. Não temos muito tempo.

- E se eu não for?

O demônio olhou para Demi.

- Mas você não tem escolha.

Demi serrou os dentes e o demônio começou a andar. Não podia fazer nada mesmo então seguiu o demônio.

- Eu prometo que esse será o último.

O demônio sorriu.

Eu estava correndo a toda velocidade. Tinha rastreado Demi e sentia sua presença, não tão perto de mim, mas estava prestes a encontrá-la. Enquanto corria, prestava atenção em tudo a minha volta.  Parei no meio do caminho e olhei para o chão, vi umas gotas de sangue, respirei com força e senti o cheiro do sangue. Era de Demi. Estava no caminho certo. 


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