O Demônio E O Soldado escrita por Luke Rodrigues


Capítulo 14
Capítulo 14 - Consentimentos




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Senti o calor de um abraço forte. Um abraço do qual sentir falta a muito tempo. Enquanto abraçava Sam, me senti seguro de novo. Minha família estava ali, estávamos juntos novamente.

Demi se levantou e foi ao nosso encontro. Abraçamos-nos.

– Eu amo vocês. – Disse Demi.

– Agente também Demi, agente também. – Disse eu.

Soltamos-nos, mas eu ainda não conseguia acreditar.

– Vocês me devem muita explicação. Eu fiquei quanto tempo no inferno?

– Três meses. – Disse.

– Nossa.

– Mano, esquece isso. Vamos te falar tudo quando estivermos indo pra casa.

– Casa? – Perguntou ele com a sobrancelha arqueada.

– Ah, você sabe. Qualquer hotelzinho barato. – Eu gargalhei.

Dei outro abraço no Sam.

Cas se aproximou da gente.

– Obrigado Cas. Acho que eu deveria te dar um abraço agora, mas um aperto de mãos já basta. – Sam estendeu a mão. Cas ignorou a mão de Sam e deu um abraço nele, não que fosse importante para Castiel, mas ele sabia que era muito importante para Sam.

– Mano. Dessa vez vamos deixar o céu pra lá?

Eu ri. – Vamos deixar tudo pra lá Sam.

– To muito a fim de uma torta de morango. – Disse Sam passando a língua nos lábios.

– Seria ótimo. – Disse Demi.

– Ah, Cas, o que aconteceu aqui? – Você disse que esta isento de alguns poderes.

– Na verdade eu tenho todos agora. O que é incrível. – Disse ele sorrindo.

– Mas como? – Perguntou Demi.

– Acho que foi um presente. Do meu pai.

– Deus? – Disse Sam de boca aberta.

– Sim. – Disse Cas. – Ah, e tem outra coisa. Não foi eu quem chamei Miguel. Não consegui. Mas mesmo assim ele apareceu.

– Como? – Perguntei.

– Alguém retirou os selos doas costelas de vocês. Não fui eu e garanto que não foi Lúcifer.

– Se você podia nos rastrear, por que esperou a minha ligação?

– Eu já estava a caminho, o problema é que fui parar num lugar muito longe. E tem mais... o carro. Também não fui, e nem um dos anjos.

– Deus... Sério? Deus? – Sam parecia surpreso.

– Por que não? – Eu perguntei fazendo uma careta.

– O que você vai fazer agora Cas? – Perguntou Sam.

– Vou continuar a procurar meu pai.

– Se precisar de ajuda... Estaremos aqui. – Ofereci.

– E o Miguel? – Perguntou Demi.

– Miguel? O arcanjo? Sério? – Perguntou Sam.

– É, mas ele é um cretino Sam. – Disse Demi.

– Ele vai deixar você em paz Mike. Sem Lúcifer, sem profecia.

– E se tirarem Lúcifer do inferno de novo?

– Não tirarão. Não há nenhuma profecia que eu conheça que pode tirar ele de lá.

– Menos mal. – Disse Demi.

– Mas os demônios estão furiosos, tomem cuidado.

– Ah, pode deixar, eles que não se metam com agente, ou vão morrer. – Disse rindo.

– Não Mike, é sério.

– Ok Cas, se precisar de ajuda é só nos chamar. – Ofertei nossa ajuda.

– Pode deixar, talvez eu precise.

Castiel desapareceu.

– E agora o que vamos fazer? – Perguntou Sam.

– Talvez agente vá pra Disney, nó merecemos. – Eu ri.

– Seria ótimo.

Estávamos indo para o carro. Ele estava um caos.

– Que diabos aconteceu aqui?

– Alguém tem dinheiro pro taxi?

Ainda chovia fraco, e ventava um pouco. Entrei no carro que ainda estava de pé, tentei ligar e ele pegou. Era o que podíamos chamar de milagre. Entramos todos no carro e eu comecei a dirigir, estava dirigindo com calma, queria uma viagem mais longa, se preocupar mais tarde em achar um lugar pra ficar. Queria curtir meus irmãos nesse momento.

– O que eu preciso saber? – Perguntou Sam.

– Bom, depois que você... ér... Morreu. Tentamos fazer um pacto para te trazer de novo. – Disse.

– Vocês são loucos? Nunca mais façam isso. – Disse Sam.

– Não vamos precisar mais Sam. – Sorri.

– Depois fomos para o exército e um demônio me fez matar Mike dizendo que assim, uma profecia se cumpriria e libertaria Lúcifer. Ele me fez passar por alguns treinamentos, me fez lutar com zumbis, matar vampiros e beber sangue humano. – Disse Demi de uma só vez sem respirar.

– Zumbis? – Perguntou Sam gaguejando.

– É, zumbis. Daqueles de filmes, que devoram pessoas. – Demi sentiu um arrepio frio na espinha.

– Não pensei que eles existissem, nunca encontrei um assim.

– É coisa do demônio. Lúcifer concedeu a eles alguns privilégios antes de morrer...

– Um cretino. – Acrescentei.

–... Eu acabei matando Mike. –

– Eu me lembro disso. – Disse Sam forçando o cérebro ao relembrar de mim morto no chão.

– Lúcifer saiu do inferno, houve uma pequena batalha. E aí conhecemos Miguel. – Continuei dizendo. – Ele disse que eu era o verdadeiro receptáculo dele.

– Ual.

– Houve algum erro, e Lúcifer se mandou. Castiel teria que ficar de olho em mim e me preparar para o tão importante sim.

– Mas ele ajudou vocês. – Acrescentou Sam.

– Ajudou. – Eu sorri de orelha a orelha. – Ele se rebelou contra os anjos.

– Se rebelou?

– Aham. – Continuou Demi. – Aí Cas disse que acreditava que Deus estava vivo, e tinha um plano.

– Que plano?

– Espera... Eu to contando... Ele crê que Deus o deu os quatro anéis dos cavalheiros, infelizmente desativados, mas usaria Miguel para ativá-los. – Terminou Demi.

– Miguel? Mas ele não era...

– Era Sam, mas precisávamos do poder dele, infelizmente Cas perdeu alguns... Mas enfim. Ele apareceu, usamos o poder dele e reativamos os anéis. Depois Cas deu um jeito nele. O infernou se abriu e por alguma razão, muito obvia, você retomou o controle do seu corpo o suficiente para Castiel tirá-lo de você. – Conclui.

– O que é muito bom. – Disse Sam.

– Ótimo. – Eu ainda estava com um sorriso de orelha a orelha.

– Me parece que fiquei um dia no inferno. Não me lembro de nada.

– Agradeça por isso. É uma coisa que não vale a pena lembrar. Eu estive lá, e infelizmente lembro-me de muita coisa.

– Tudo bem Mike. – Disse Sam.

A viagem foi tranqüila. Depois de umas duas horas chegamos a Carolina do Sul e achamos um hotelzinho barato para nos instalar. Pegamos as malas e fomos nos registrar, depois subimos para o quarto e finalmente pudemos nos jogar nas camas, como eu sentia falta daquilo.

Pedimos uma pizza, comemos e contamos muitas histórias, contamos à Sam sobre Diego, e Sam nos contou como é ser Lúcifer por alguns dias. Éramos uma família normal, bom, parecíamos uma família normal.

Depois de algum tempo fazendo a digestão, sentamos no sofá e resolvemos ligar a TV.

– ... Anteriormente em The Vampire Diaries.

– AHHHHHHHHHHHHHH. – Demi ficou histeria. – Meu Ian, meu Ian.

– Hm, ok, vou la embaixo beber alguma coisa. Quem vai comigo?

Fiquei num vácuo absurdo. Mas tudo bem, eu gostava mesmo de beber sozinho. E o bom é que havia um barzinho velho lá em baixo. Eu saí e bebi um pouco. Sentia falta do álcool.

Sam e Demi ficaram assistindo TV paga. Parecia a primeira vez que estavam vendo aquilo.

Desci com calma, as escadas rangiam e os corrimãos eram velhos. Quando cheguei lá embaixo, havia apenas o barman e mais um cara bebendo uma garrafa de cerveja. Sentei-me do lado dele e pedi cerveja. Ele estava de smoking e estava com a gravata desfeita.

O cara estava com um olhar triste.

– Mau dia? – Perguntei assim que recebi minha cerveja. Abri e dei uns goles no gargalo.

– Hoje eu me casei.

– Meus pêsames. – Disse num tom irônico quase rindo.

O cara começou a chorar. Eu realmente mudei de expressão.

– O que aconteceu? – Tossi umas duas vezes.

– Éramos um casal muito feliz. Estávamos planejando o casamento há muito tempo. Mas eu convidei um amigo para ser nosso padrinho... Na festa de casamento, ele foi ao carro dele, pegou uma arma, matou minha mulher e depois se matou.

Pude ver as lagrimas escorrendo pelo rosto do cara.

– Sinto muito. Desculpa a pergunta, mas não há possibilidade deles terem um caso? E ficou com ciúmes... Sei lá?

– Não, impossível, meu amigo morava no Brasil. Conhecíamos-nos desde pequenos, ele nunca faria isso comigo. Por isso não entendo. – O cara deu mais um gole de cerveja.

– Sinto muito. – Repeti.

– Aposto que sente. – O cara deixou uma nota no balcão, pegou o casaco que estava pendurado na cadeira, se levantou e saiu.

O Barman veio até mim. Era novo e atraente. Tinha cabelos pretos e estava com uma toalha pendurada no ombro

– Mais alguma coisa? – Perguntou ele.

– Por enquanto não.

– Uma perguntinha... Você não vai se casar vai? – O barman fitou meu olhar.

– N-não... Não. Por quê?

– Aquele homem... Que acabou de sair, não foi o único. Foi o terceiro casal em que um dos padrinhos matou a noiva.

– Nossa, sério? – Perguntei de boca aberta.

– Como um ataque cardíaco. – Respondeu o barman.

– Aonde? – Perguntei.

– Carolina do Norte.

– O que acha que esta havendo? – Perguntei para saber se ele sabia de alguma coisa.

– Realmente? Acho que o apocalipse.

Eu sorri. – Você nem imagina.

– Não tem outra explicação. O barman deu de braços. – Eu só sei que não vou me casar mais esse ano, não quero ser vitima dessa má sorte.

– É... Melhor não arriscar. – Eu sorri.

– É. – Concordou ele.

– Hm, ok, obrigado. – Fiquei sério e pensativo. Deixei uma nota no balcão e saí com metade da garrafa cheia. Subi a escada de dois em dois degraus. Peguei o celular e liguei para um velho amigo caçador chamado Bob. Subi as escadas conversando com ele. Assim que cheguei ao andar, abri a porta e me deparei com Sam.

– Uool, Calminha aí Mike. Por que a pressa?

– Eu preciso contar uma coisa. – Disse histérico.

– Agente também. – Disse Sam. – Acabou de dar na TV, dois casais, ambos estavam se casando e na festa, um dos padrinhos matou a noiva e depois se matou. – Disse Sam.

– E não sou os únicos. – Completei. – O barman acabou de contar. Eu liguei pro Bob e pedi que fizesse uma varredura em Carolina do Norte. Nada de demônio.

– Não pode ser! Um caso? Aqui? O que acha que é? – Disse Sam quase pulando de alegria.

– Não faço a mínima idéia. – Disse sorrindo. Todos estávamos loucos para caçar.

Entrei no apartamento e peguei o jornal e comecei a folhar.

– Ah não, é demais gente... Precisamos descansar um pouco. – Disse Demi se jogando no sofá velho e mofado.

– Olha... mais casais, realmente... Já são seis em Carolina do Norte.

Demi deu um pulo do sofá rapidamente.

– Ok, não da pra descansar o tempo todo não é? – Disse Demi rindo.

Demi fechou a porta do quarto do hotel, cada um pegou sua mala e começamos a andar em direção a escada. Estávamos os três, um do lado do outro andando pelo corredor.

– Então... Carolina do norte? – Demi sorriu.

– É... Carolina do norte. – Eu disse com um sorriso tímido de canto.

Não sei o que nos reserva, escolhemos um caminho que sempre foi traçado pelo destino. Esperamos o futuro que talvez nem exista. Estamos prontos. Um capítulo desconhecido esta por vir. O caos e confronto são inevitáveis, tudo que é certo, é que a escuridão está a nossa frente, mas agora, pela primeira vez eu olho pra luz com uma nova esperança


                                       




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