O Demônio E O Soldado escrita por Luke Rodrigues
Senti o calor de um abraço forte. Um abraço do qual sentir falta a muito tempo. Enquanto abraçava Sam, me senti seguro de novo. Minha família estava ali, estávamos juntos novamente.
Demi se levantou e foi ao nosso encontro. Abraçamos-nos.
– Eu amo vocês. – Disse Demi.
– Agente também Demi, agente também. – Disse eu.
Soltamos-nos, mas eu ainda não conseguia acreditar.
– Vocês me devem muita explicação. Eu fiquei quanto tempo no inferno?
– Três meses. – Disse.
– Nossa.
– Mano, esquece isso. Vamos te falar tudo quando estivermos indo pra casa.
– Casa? – Perguntou ele com a sobrancelha arqueada.
– Ah, você sabe. Qualquer hotelzinho barato. – Eu gargalhei.
Dei outro abraço no Sam.
Cas se aproximou da gente.
– Obrigado Cas. Acho que eu deveria te dar um abraço agora, mas um aperto de mãos já basta. – Sam estendeu a mão. Cas ignorou a mão de Sam e deu um abraço nele, não que fosse importante para Castiel, mas ele sabia que era muito importante para Sam.
– Mano. Dessa vez vamos deixar o céu pra lá?
Eu ri. – Vamos deixar tudo pra lá Sam.
– To muito a fim de uma torta de morango. – Disse Sam passando a língua nos lábios.
– Seria ótimo. – Disse Demi.
– Ah, Cas, o que aconteceu aqui? – Você disse que esta isento de alguns poderes.
– Na verdade eu tenho todos agora. O que é incrível. – Disse ele sorrindo.
– Mas como? – Perguntou Demi.
– Acho que foi um presente. Do meu pai.
– Deus? – Disse Sam de boca aberta.
– Sim. – Disse Cas. – Ah, e tem outra coisa. Não foi eu quem chamei Miguel. Não consegui. Mas mesmo assim ele apareceu.
– Como? – Perguntei.
– Alguém retirou os selos doas costelas de vocês. Não fui eu e garanto que não foi Lúcifer.
– Se você podia nos rastrear, por que esperou a minha ligação?
– Eu já estava a caminho, o problema é que fui parar num lugar muito longe. E tem mais... o carro. Também não fui, e nem um dos anjos.
– Deus... Sério? Deus? – Sam parecia surpreso.
– Por que não? – Eu perguntei fazendo uma careta.
– O que você vai fazer agora Cas? – Perguntou Sam.
– Vou continuar a procurar meu pai.
– Se precisar de ajuda... Estaremos aqui. – Ofereci.
– E o Miguel? – Perguntou Demi.
– Miguel? O arcanjo? Sério? – Perguntou Sam.
– É, mas ele é um cretino Sam. – Disse Demi.
– Ele vai deixar você em paz Mike. Sem Lúcifer, sem profecia.
– E se tirarem Lúcifer do inferno de novo?
– Não tirarão. Não há nenhuma profecia que eu conheça que pode tirar ele de lá.
– Menos mal. – Disse Demi.
– Mas os demônios estão furiosos, tomem cuidado.
– Ah, pode deixar, eles que não se metam com agente, ou vão morrer. – Disse rindo.
– Não Mike, é sério.
– Ok Cas, se precisar de ajuda é só nos chamar. – Ofertei nossa ajuda.
– Pode deixar, talvez eu precise.
Castiel desapareceu.
– E agora o que vamos fazer? – Perguntou Sam.
– Talvez agente vá pra Disney, nó merecemos. – Eu ri.
– Seria ótimo.
Estávamos indo para o carro. Ele estava um caos.
– Que diabos aconteceu aqui?
– Alguém tem dinheiro pro taxi?
Ainda chovia fraco, e ventava um pouco. Entrei no carro que ainda estava de pé, tentei ligar e ele pegou. Era o que podíamos chamar de milagre. Entramos todos no carro e eu comecei a dirigir, estava dirigindo com calma, queria uma viagem mais longa, se preocupar mais tarde em achar um lugar pra ficar. Queria curtir meus irmãos nesse momento.
– O que eu preciso saber? – Perguntou Sam.
– Bom, depois que você... ér... Morreu. Tentamos fazer um pacto para te trazer de novo. – Disse.
– Vocês são loucos? Nunca mais façam isso. – Disse Sam.
– Não vamos precisar mais Sam. – Sorri.
– Depois fomos para o exército e um demônio me fez matar Mike dizendo que assim, uma profecia se cumpriria e libertaria Lúcifer. Ele me fez passar por alguns treinamentos, me fez lutar com zumbis, matar vampiros e beber sangue humano. – Disse Demi de uma só vez sem respirar.
– Zumbis? – Perguntou Sam gaguejando.
– É, zumbis. Daqueles de filmes, que devoram pessoas. – Demi sentiu um arrepio frio na espinha.
– Não pensei que eles existissem, nunca encontrei um assim.
– É coisa do demônio. Lúcifer concedeu a eles alguns privilégios antes de morrer...
– Um cretino. – Acrescentei.
–... Eu acabei matando Mike. –
– Eu me lembro disso. – Disse Sam forçando o cérebro ao relembrar de mim morto no chão.
– Lúcifer saiu do inferno, houve uma pequena batalha. E aí conhecemos Miguel. – Continuei dizendo. – Ele disse que eu era o verdadeiro receptáculo dele.
– Ual.
– Houve algum erro, e Lúcifer se mandou. Castiel teria que ficar de olho em mim e me preparar para o tão importante sim.
– Mas ele ajudou vocês. – Acrescentou Sam.
– Ajudou. – Eu sorri de orelha a orelha. – Ele se rebelou contra os anjos.
– Se rebelou?
– Aham. – Continuou Demi. – Aí Cas disse que acreditava que Deus estava vivo, e tinha um plano.
– Que plano?
– Espera... Eu to contando... Ele crê que Deus o deu os quatro anéis dos cavalheiros, infelizmente desativados, mas usaria Miguel para ativá-los. – Terminou Demi.
– Miguel? Mas ele não era...
– Era Sam, mas precisávamos do poder dele, infelizmente Cas perdeu alguns... Mas enfim. Ele apareceu, usamos o poder dele e reativamos os anéis. Depois Cas deu um jeito nele. O infernou se abriu e por alguma razão, muito obvia, você retomou o controle do seu corpo o suficiente para Castiel tirá-lo de você. – Conclui.
– O que é muito bom. – Disse Sam.
– Ótimo. – Eu ainda estava com um sorriso de orelha a orelha.
– Me parece que fiquei um dia no inferno. Não me lembro de nada.
– Agradeça por isso. É uma coisa que não vale a pena lembrar. Eu estive lá, e infelizmente lembro-me de muita coisa.
– Tudo bem Mike. – Disse Sam.
A viagem foi tranqüila. Depois de umas duas horas chegamos a Carolina do Sul e achamos um hotelzinho barato para nos instalar. Pegamos as malas e fomos nos registrar, depois subimos para o quarto e finalmente pudemos nos jogar nas camas, como eu sentia falta daquilo.
Pedimos uma pizza, comemos e contamos muitas histórias, contamos à Sam sobre Diego, e Sam nos contou como é ser Lúcifer por alguns dias. Éramos uma família normal, bom, parecíamos uma família normal.
Depois de algum tempo fazendo a digestão, sentamos no sofá e resolvemos ligar a TV.
– ... Anteriormente em The Vampire Diaries.
– AHHHHHHHHHHHHHH. – Demi ficou histeria. – Meu Ian, meu Ian.
– Hm, ok, vou la embaixo beber alguma coisa. Quem vai comigo?
Fiquei num vácuo absurdo. Mas tudo bem, eu gostava mesmo de beber sozinho. E o bom é que havia um barzinho velho lá em baixo. Eu saí e bebi um pouco. Sentia falta do álcool.
Sam e Demi ficaram assistindo TV paga. Parecia a primeira vez que estavam vendo aquilo.
Desci com calma, as escadas rangiam e os corrimãos eram velhos. Quando cheguei lá embaixo, havia apenas o barman e mais um cara bebendo uma garrafa de cerveja. Sentei-me do lado dele e pedi cerveja. Ele estava de smoking e estava com a gravata desfeita.
O cara estava com um olhar triste.
– Mau dia? – Perguntei assim que recebi minha cerveja. Abri e dei uns goles no gargalo.
– Hoje eu me casei.
– Meus pêsames. – Disse num tom irônico quase rindo.
O cara começou a chorar. Eu realmente mudei de expressão.
– O que aconteceu? – Tossi umas duas vezes.
– Éramos um casal muito feliz. Estávamos planejando o casamento há muito tempo. Mas eu convidei um amigo para ser nosso padrinho... Na festa de casamento, ele foi ao carro dele, pegou uma arma, matou minha mulher e depois se matou.
Pude ver as lagrimas escorrendo pelo rosto do cara.
– Sinto muito. Desculpa a pergunta, mas não há possibilidade deles terem um caso? E ficou com ciúmes... Sei lá?
– Não, impossível, meu amigo morava no Brasil. Conhecíamos-nos desde pequenos, ele nunca faria isso comigo. Por isso não entendo. – O cara deu mais um gole de cerveja.
– Sinto muito. – Repeti.
– Aposto que sente. – O cara deixou uma nota no balcão, pegou o casaco que estava pendurado na cadeira, se levantou e saiu.
O Barman veio até mim. Era novo e atraente. Tinha cabelos pretos e estava com uma toalha pendurada no ombro
– Mais alguma coisa? – Perguntou ele.
– Por enquanto não.
– Uma perguntinha... Você não vai se casar vai? – O barman fitou meu olhar.
– N-não... Não. Por quê?
– Aquele homem... Que acabou de sair, não foi o único. Foi o terceiro casal em que um dos padrinhos matou a noiva.
– Nossa, sério? – Perguntei de boca aberta.
– Como um ataque cardíaco. – Respondeu o barman.
– Aonde? – Perguntei.
– Carolina do Norte.
– O que acha que esta havendo? – Perguntei para saber se ele sabia de alguma coisa.
– Realmente? Acho que o apocalipse.
Eu sorri. – Você nem imagina.
– Não tem outra explicação. O barman deu de braços. – Eu só sei que não vou me casar mais esse ano, não quero ser vitima dessa má sorte.
– É... Melhor não arriscar. – Eu sorri.
– É. – Concordou ele.
– Hm, ok, obrigado. – Fiquei sério e pensativo. Deixei uma nota no balcão e saí com metade da garrafa cheia. Subi a escada de dois em dois degraus. Peguei o celular e liguei para um velho amigo caçador chamado Bob. Subi as escadas conversando com ele. Assim que cheguei ao andar, abri a porta e me deparei com Sam.
– Uool, Calminha aí Mike. Por que a pressa?
– Eu preciso contar uma coisa. – Disse histérico.
– Agente também. – Disse Sam. – Acabou de dar na TV, dois casais, ambos estavam se casando e na festa, um dos padrinhos matou a noiva e depois se matou. – Disse Sam.
– E não sou os únicos. – Completei. – O barman acabou de contar. Eu liguei pro Bob e pedi que fizesse uma varredura em Carolina do Norte. Nada de demônio.
– Não pode ser! Um caso? Aqui? O que acha que é? – Disse Sam quase pulando de alegria.
– Não faço a mínima idéia. – Disse sorrindo. Todos estávamos loucos para caçar.
Entrei no apartamento e peguei o jornal e comecei a folhar.
– Ah não, é demais gente... Precisamos descansar um pouco. – Disse Demi se jogando no sofá velho e mofado.
– Olha... mais casais, realmente... Já são seis em Carolina do Norte.
Demi deu um pulo do sofá rapidamente.
– Ok, não da pra descansar o tempo todo não é? – Disse Demi rindo.
Demi fechou a porta do quarto do hotel, cada um pegou sua mala e começamos a andar em direção a escada. Estávamos os três, um do lado do outro andando pelo corredor.
– Então... Carolina do norte? – Demi sorriu.
– É... Carolina do norte. – Eu disse com um sorriso tímido de canto.
Não sei o que nos reserva, escolhemos um caminho que sempre foi traçado pelo destino. Esperamos o futuro que talvez nem exista. Estamos prontos. Um capítulo desconhecido esta por vir. O caos e confronto são inevitáveis, tudo que é certo, é que a escuridão está a nossa frente, mas agora, pela primeira vez eu olho pra luz com uma nova esperança
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