O Demônio E O Soldado escrita por Luke Rodrigues
Nunca tinha visto Demi daquele jeito. Ela estava ofegante. E parecia que tinha brigado com um cavalo. Eu corri até ela e a abracei, ela me de um abraço tão forte que pude sentir meus ossos estralarem. Ela estava mais forte desde a ultima vez que a vi.
- O que houve aqui? – Perguntei novamente.
Pude sentir aquela presença horrível de algum ser sobrenatural, bem atrás de mim, era frio e minha boca começou a expelir fumaça como se eu estivesse mastigado gelo seco.
Eu olhei para os cantos, e não consegui ver nada.
- Espírito? – Perguntei quase cochichando.
Demi balançou a cabeça, ainda estava chorando. O demônio resolveu aparecer. Ficou visível novamente e circulou Demi. Eu o olhei com apreensão, esperando o que ele estava fazendo ali, e eu não estava entendendo nada.
- Ola Mike. – Ele carregava aquele sorriso nos lábios.
- Quem é você?
- Deixe-me perguntar uma coisa. Por que vocês sempre chegam com ‘’quem é você?’’ Isso ta ficando meio clichê. – Ele riu.
Eu estava desarmado, Demi estava com o Colt e Sam estava no Inferno, Ah como o Sam faz falta nessas horas.
- Bom, eu não tenho muito tempo, preparada Demi?
Eu olhei para ela que engoliu a seco e respirou fundo. Ela afirmou com a cabeça.
- Preparada para que? – Eu franzi o cenho.
- Desculpa Mike. – Demi estava implorando perdão, embora eu nem soubesse direito o que estava prestes a acontecer.
O demônio estava com um pacote de pipoca, parecia que estava assistindo um espetáculo.
- Dou lhe uma. – O demônio enfiou mais pipoca na boca.
- Para. – Gritou Demi ao demônio. Nesse mesmo momento as córneas dela já ficaram pretas e as presas apareceram.
Eu não tinha reação alguma. Estava no escuro, literalmente.
- Dou lhe duas.
Demi chegou perto de mim, com um tronco de árvore. Continuava chorando e soluçando.
- Desculpa Mike. Eu te amo irmão.
- Demi? – Agora eu estava assustado. Meu olhar apreensivo correu pela mata, eu estava implorando para que aparecesse alguém que pudesse ajudar.
- O que você fez com ela? – Gritei com o demônio.
Demi chegou perto de mim, olhou fixamente em meus olhos. Ainda era a Demi, tinha certeza disso. Mas o que ela tinha?
Ela me abraçou, chorando. Pude sentir suas lagrimas molharem minha camiseta. Eu a abracei com força na tentativa de acalmá-la. Senti uma dor horrível. Olhei para Demi sem falar uma única palavra. Ainda estávamos abraçados.
- Me desculpa. – Ela disse novamente.
Senti a madeira me corroer lentamente. Meus olhos começaram a perder o brilho, minha boca ficou seca e senti meu corpo estremecer. Minha pele foi ressecando e ficando velha. Estava respirando com muita força.
- Mana... – Tentei cuspir as palavras, mas a única coisa que saiu foi sangue. Senti meus músculos queimarem.
Finalmente fechei os olhos e cai no chão. Morto.
- Só isso? Que sem emoção. – Disse o demônio debochadamente. – Tivemos tanto trabalho... Mas pelo menos nos divertimos.
Demi pegou o colt e mirou no coração do demônio.
- Isso é pelo meu irmão, seu desgraçado. – Ela atirou com raiva.
A bala atravessou o peito do demônio, e o sangue começou a jorrar por uns dois segundos. Logo depois o ferimento estancou e se curou.
- Fez cócegas. – Disse o demônio ironicamente. Ele ainda estava comendo pipoca. – Se prepare para o show.
Demi sentou no chão inconformada. Ainda chorando. Sentou do meu lado e pedia perdão cochichadamente.
Estava muito escuro. A lua berrava no alto de nossas cabeças e o vácuo era surpreendente. Era um silencio mortal.
Um ventou começou a soprar somente na área onde estávamos. O barulho de folhas voando tomou conta do lugar. A terra começou a tremer e um buraco abriu no chão, as árvores começaram a cair para dentro dele. Uma luz muito branca saiu de dentro dele e o vácuo permaneceu novamente.
Demi lembrou-se da noite em que Sam foi para o inferno.
O demônio estava admirando tudo com um imenso sorriso na boca.
A luz abandonou o lugar, e o que restou foi apenas um buraco no chão. A luz da lua clareava tudo como se houvesse uma lâmpada florescente na mata.
Todos estavam atentos ao buraco. Uma mão apareceu segurando a margem. E finalmente saiu por completo. Era o Sam, era ele. Estava mais bonito do que nunca. Parecia que tinha hibernando durante esses últimos três meses.
- Meu senhor. – Disse o demônio com adoração.
Sam se dirigiu ao demônio muito rápido.
- Seu senhor se foi há muito tempo. – Sam ergueu a mão direita e a apertou com força.
- Não pode ser. É impossível. – Pela primeira vez Demi pode notar medo no demônio.
Sam apertou a mão com mais força e o demônio cuspiu a fumaça preta de uma só vez. A fumaça preta circulou o homem que havia sido possuído e depois pegou fogo.
Finalmente o demônio estava morto.
Sam se virou e olhou para Demi. Correu e a abraçou com força. Demi retribuiu o abraço quase quebrando as costelas dele.
- O que houve aqui? – Perguntou Sam ao ver meu corpo ensangüentado no chão.
- Eu não queria. Eu juro que não queria.
- Tudo bem, tudo bem. – Disse Sam dando outro abraço apertado da Demi, um abraço que pudesse acalmá-la.
- Podemos trazê-lo de novo, não podemos? Sam eu farei um pacto.
- Nada de pacto. Ok? Prometa-me isso.
- Não Sam, eu o matei, eu devo minha vida a ele.
- Mike não ia gostar nem um pouco disso. Agora você precisa me contar o que aconteceu aqui.
- A profecia Sam, uma tal profecia de Caim e Abel, um irmão teria que matar o outro para libertar o chefão.
Sam olhou para os lados apreensivos. Olhou meu corpo novamente. Passou a mão nos cabelos. Estava tenso.
- Cadê Lúcifer? – Perguntou Demi.
Sam começou a ranger os dentes.
- Dentro de mim. – Disse Sam ainda fazendo pressão com os dentes.
- O que? – Demi perguntou assustada.
Sam começou a se contorcer.
- D-demi... Estou sentindo ele. – Disse Sam apreensivo.
- Ah não. Sam lute contra ele. Vamos. Não posso perder você também. Por favor.
Sam parou de agonizar. Fechou os olhos e abriu. Estava calmo agora. Olhou para Demi e abriu a boca.
- Demi. – Falou como uma saudação.
Demi conheceu aquela tranqulidade
- Lúcifer. – Disse ela.
- Touche.
Lúcifer começou a olhar para os lados, observando tudo atentamente.
- O que eu perdi? Nossa, nunca pensei que esse idiota iria mesmo conseguir. Foi bom ter dado alguns dos meus truques a ele. – Disse ele olhando para o receptáculo de demônio.
Lúcifer começou a andar de vagar.
- Onde pensa que vai?
Lúcifer olhou para Demi.
- Os anjos estão vindo aí. Sabia que um anjo não pode interferir em uma profecia até ela acabar?
Demi balançou a cabeça dizendo que não.
- Pois é. Agente se vê Demetria.
Vários riscos brilhosos começaram a descer pelo céu. Lúcifer sumiu no meio das árvores. Demi sabia que ele estava recrutando outros demônios. Uma luta entre anjos e demônios. Quer dizer... Mais uma luta entre anjos e demônios.
O inferno ia ser naquela floresta.
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