Queen Of Spades escrita por Shaky Phantomhive


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Apesar de ter o péssimo hábito de não terminar minhas histórias, tentarei terminar essa, mesmo que leve anos.
Então, espero que gostem e deixem uma review. :D



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POV Lydia

Acordei com celular tocando. Esperei alguns segundos antes de atender, amaldiçoando a pessoa que me ligava tão cedo de manhã de sábado, desejando que o aparelho parasse de tocar para que eu pudesse voltar a dormir. Mas infelizmente, isso não aconteceu.

Ainda meio grogue de sono e com muita raiva, peguei o celular e atendi a contra gosto.

“Alô?”

“Lydia! Isso é hora de estar dormindo? São quase dez da manhã!” Ralhou a voz conhecida.

“Claro que é, Sheila, hoje é sábado. Só por que você acorda sete horas da manhã todo dia não significa que os outros tenham que acordar nesse horário também.”

Ela suspirou. “Não sei por que ainda tento fazer você acordar mais cedo.”

“Gostaria que você descobrisse, ai poderia me contar.”

“Enfim. Você vem para o almoço, não vem? Você prometeu, não pode recusar agora.” Perguntou ela, mal escondendo o nervosismo e a ansiedade.

Sorri. “É óbvio que sim, boba. Você é minha melhor amiga, não tem como eu não ir para seu aniversário.”

“Que ótimo! Meus pais vão convidar muita gente que não conheço, e também grande parte dos nossos colegas da escola e os pais destes.” Deu para perceber que ela estava sorrindo.

“Meu deus, eu não acredito que terei que passar a tarde toda e parte da noite com esse bando de idiotas.”

Ela riu. “Eu também não. Mas não posso fazer nada. Papai e mamãe são influentes demais nessa cidade e conhecem bastante gente. E sempre podemos fugir de fininho e irmos para outra parte da casa. Vai ser difícil no começo, mas assim que os adultos se retirarem para conversar, ninguém vai notar nosso sumiço.”

“De fato. O resto prefere ficar se agarrando ou ficar falando sobre coisas fúteis.”

“Exatamente. Venha com algo formal e traga uma troca de roupas para quando eles saírem. Como sei que você não vai chegar perto da piscina, nem falarei para você trazer um biquíni.”

“Certo. Te vejo mais tarde.”

“Até.” E com isso, ela desligou.

Continuei deitada na cama por mais uns 10 minutos. Só levantei quando minha mãe bateu na porta, avisando que iria a uma exposição no outro lado da cidade.

Entrei no banheiro, escovei os dentes e tomei um banho. Desci as escadas, vestindo apenas um short jeans que ia até metade das coxas, uma blusa de ombro caído vermelha e uma rasteira marrom.

Andei um pouco pela casa e logo percebi que o papai tinha saído cedo. Fui para a cozinha, peguei torradas, uma maçã, um pouco de suco e sentei na cadeira.

Gostava desses momentos de silêncio, quando eu ficava sozinha em casa. Eu tinha o costume de sentar no jardim e ficar pensando sobre tudo e mais um pouco.

Uma questão que sempre esteve em minha mente é, “De onde eu vim?”

Pareço uma adolescente normal. Ajo como uma. Mas não consigo deixar de sentir que aqui não é meu lugar. Que eu não sou normal. Que eu vim de um lugar bem distante, e ao mesmo tempo, bem perto.

É estranho, me deixa inquieta.

E não me lembrar de nada é o pior.

Três anos atrás, meus pais me encontraram na floresta, inconsciente e sem memórias. Carregaram-me para a casa deles e cuidaram de mim. No começo, eu passava o dia no quarto, tentando saber quem eu era e de onde eu tinha vindo.

Mas depois de uma consulta médica, eu aceitei que talvez nunca descobrisse minhas origens. Tudo o que eu lembrava era meu nome.

Millena e Elliot, meus ‘pais’, me ajudaram desde o momento que me acharam. Com o passar do tempo, comecei a gostar deles. Gentis, pacientes e amáveis, eles sempre veem pelo lado positivo. São casados há cinco anos, e só decidiram ter filhos agora. Millena está no primeiro trimestre da gravidez, com o crescimento da barriga quase imperceptível, e passa quase uma hora em frente ao espelho, alisando o lugar e sorrindo.

O pequenino já tem até um quarto reservado na casa, limpo e arejado, apesar de não ter quase nada dentro, já que ainda não sabem o sexo do bebê.

Após mais alguns minutos, subi e tirei as roupas que usaria e levaria para a festa. Eram quase 11h30, então comecei a me preparar. Penteei o cabelo, escolhi alguns acessórios e um sapato com salto baixo branco. Peguei o vestido, de um azul bem claro, e o vesti. Dobrei cuidadosamente minha calça jeans favorita e uma blusa cinza e botei ambos na bolsa com meu celular, cantando uma música qualquer.

Sentei novamente na penteadeira. Apliquei um pouco de maquiagem, apenas o básico – sombra e gloss. Andei até o quarto de meus pais e olhei-me no espelho de corpo inteiro de Millena. Satisfeita, eu sai de casa.

A casa de Sheila não ficava muito longe, no máximo dez minutos de caminhada.

Fui recebida prontamente pela aniversariante, que me abraçou sem cerimônia, recebendo vários olhares reprovadores de outros adultos. Os pais da morena apenas sorriram já acostumados. O que ela não tinha em autocontrole, ela tinha em inteligência e carisma.

Eu a afastei para ver o que ela vestia – Um vestido verde-água até os joelhos de alça fina, sapato de salto médio da mesma cor e o cabelo castanho solto com cachos. Ela sorriu para mim antes de me levar até minha cadeira, ao lado da dela. A mãe de Sheila, Eliana, sentava em frente à filha, e o pai da morena, James, estava ao lado da esposa.

Eliana tinha a pele clara, olhos lilases e cabelos num louro bem claro. Usava um vestido longo rosa bebê, brincos de pérola, um colar dourado com pingente de rosa e uma pulseira delicada de laços.

James tinha cabelos negros, olhos castanhos e a pele da cor do cobre. Usava uma calça social preta e uma blusa de botões branca, com as mangas dobradas até o cotovelo e os dois primeiros botões abertos. O sorriso dele era contagiante. Ele conversava com todos os ali presentes, assim como a filha.

Sheila tinha a pele e o cabelo do pai e os olhos da mãe. Carismática, leal, brincalhona e às vezes um pouco impulsiva, ela tinha o sorriso de James e a inteligência de Eliana.

Assim que os dois me viram, levantaram-se e vieram ao meu encontro.

“Lydia.” Cumprimentou Eliana, abraçando a amiga da filha. “Está bonita hoje.” Disse com um sorriso gentil.

“Baixinha!” Chamou James, me levantando do chão com um abraço e rodopiando duas vezes. Devolveu-me ao solo então, sem nunca deixar de sorrir.

Levantei a cabeça, como sempre tinha que fazer quando ficava perto deles. Sheila e James eram muito altos, e eu, muito baixa. Eliana ficava no meio termo.

“Precisa me chamar de baixinha na frente de toda essa gente?” Perguntei ao moreno.

“Por que não? Todos vêem que você é uma.”

“E só por isso, precisa gritar para todos ouvirem?”

“O que, não tem orgulho de ser baixinha?” Perguntou ele, olhando para mim com falsa surpresa. “Pensei que tivesse.”

“Claro que tenho! Ser baixo também tem suas vantagens.” Respondi, cruzando os braços enquanto andava em direção a mesa. Os últimos convidados tinham acabado de chegar e já sentavam a mesa, faltando agora apenas nós quatro para dar inicio a comemoração.

“Então não reclame, oras.” Encerrou ele, com um sorriso vitorioso por ter a última palavra.

Brincadeiras como essas eram comuns entre eu, James e Sheila, momentos especiais que eu guardava em meu coração. Também adorava as longas conversas que tinha com Eliana, quando falávamos sobre tudo e nada.

Quando eu, Sheila e Eliana sentamos, James pediu a atenção de todos.

“Primeiramente, bem-vindos.” Disse ele, com uma voz grave, olhando para todos. “Como todos sabem, estamos aqui para comemorar o aniversário de dezesseis anos de minha filha, Sheila.” Ele estendeu a mão para a morena, que aceitou e levantou-se, ficando ao lado dele. “A festa começará agora e se estenderá até a noite. Ou até a manhã seguinte, se depender dos adolescentes aqui presentes.” Ele sorriu, olhando para aqueles que ele sabia que gostavam de uma festa, vendo neles o seu eu do passado. “Enfim, sem mais demora, que a festa comece!”

Pai e filha sentaram e mordomos e ajudantes da cozinha trouxeram pratos do farto cardápio, deixando-os em diferentes pontos da mesa. Todos então começaram a escolher o que comeriam e o barulho de várias conversas paralelas encheu o quintal da mansão.


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