Coisas De Garotos E Garotas escrita por Nina0207


Capítulo 8
Capítulo 7 - Briguinhas Desnecessárias


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. E desculpem a demora para postar os capitulos



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Do lado de fora do salão de festas, Bernardo se encontrava sentado num dos bancos com a cabeça entre as mãos. Sentei-me ao seu lado e encostei o ombro no dele. Ele levantou a cabeça e me olhou, ainda abaixado.

- Você está bem? – perguntei.

- O que ele queria com você? – ele levanta e me olha, cruzando os braços.

- Apenas pedir desculpas.

- Pelo o que? – ele franze a testa. Eu estou tonta e acho que vou vomitar.

- Por ter me beijado. – respondo e sinto que vou vomitar. – Bê... – me levanto. – banheiro – e saio à procura de algo em que eu posso vomitar. Encontro um lixo e vou ali mesmo. Bernardo segura meu cabelo enquanto eu vomito na sua frente pela segunda vez.

- Por que só consigo ficar contigo a sós quando você passa mal? – pergunta ele e eu vomito mais uma vez. Levanto a cabeça e inspiro fundo. Estou bem. Já vomitei tudo. Estou bem.

- Já volto. – e dando-lhe as costas vou direto para o banheiro. A porta esta fechada então bato freneticamente, até que a luz se acende e Sophia abre uma frestinha da porta.

- Agora não Mari. – reclama ela.

- Eu preciso usar o banheiro! É urgente! Não importa com quem você tá aí dentro; só preciso lavar meu rosto. – peço, empurrando a porta. Vejo então, um Matheus arrumando a blusa. – Oi.

- Oi. – diz ele naquela voz grave. Abro a torneira quase enfiando minha cabeça debaixo d’água.

- Você tá bem? – ouço Sophia preguntar. Lavo o rosto e olho para ela.

- Melhorando. – resmungo e lavo meu rosto de novo. Me seco com o papel que tinha ali e me olho no espelho. Tudo bem, não estava muito apresentável, mas, ao menos, estava conseguindo me orientar. Não estava tão ruim assim! – Obrigada. Podem voltar a fazer o que estavam fazendo. – passo pela porta e a fecho. Sei bem o que estavam fazendo.

Voltei para fora do salão e Bernardo ainda estava lá. Ele se levanta e coloca as mãos em meus ombros me olhando, verificando se eu estava bem.

- Estou bem – murmuro.

- Quer ir pra casa? – pergunta. Sentamo-nos no banquinho. Encostei minha cabeça na parede inspirando fundo.

- Não acho que consigo andar mais de alguns quilômetros no momento. – resmungo, ainda de olhos fechados. Que enjoo chato!

- Acho que você precisa dormir. – ouço-o falar. – Ainda está enjoada? – balanço a cabeça para confirmar. Péssima ideia! Enjoo!

- Preciso ir pra casa. – minha voz sai falhada.

- Acha que vai vomitar de novo? – pergunta ele. Abro os olhos e o fito. – Você está pálida. Venha, vou te levar para casa. – ele se levanta e passa o braço em volta da minha cintura, me dando apoio.

- Preciso avisar as meninas. – falei, olhando para o salão.

- É sério? Já passamos por isso uma vez. – disse ele, me fitando. – Elas devem estar se atracando com alguém lá dentro.

- Só um aviso. – pedi de novo. Bernardo bufou e me sentou novamente no banco. – Eu vou dormir na casa da Maíra.

- Está bem, então você fica aqui. – ele foi até a lixeira, pegou-a e a depositou no meio das minhas pernas. – Se sentir vontade de vomitar de novo, vomite aqui. – instruiu ele. – Eu vou falar com as meninas. – assenti, o olhando entrar no salão. Inspirando fundo, eu soltava o ar pela boca, a fim de fazer com que o enjoo fosse embora. Minha cabeça rodou, mas, eu conseguia me manter acordada. Eu estava melhorando, conseguia pensar.

Precisava pegar minha bolsa. Levantei-me e entrei no salão. Meu deus, quanta gente! Estava assim tão cheio? Abrindo caminho, cheguei até onde tínhamos deixado as bolsas; procurei pela minha. Encontrei-a debaixo da de Sophia; peguei-a e esbarrei em alguém quando me levantei.

- Desculpe.

- Sem problemas. – disse Ian, me segurando pela cintura, me equilibrando. – Você tá bem?

- Estou sim.

- Vai embora? – ele olha para minha bolsa em minha mão e depois me fita.

- Vou. – disse. Passei minha bolsa pela cabeça e olhei em volta, procurando Bernardo.

- Coé, Marina, fica mais. – pediu Ian, me puxando para perto dele. O olhei e deu um pequeno sorriso. Ele se aproximou mais de mim, tocando meu rosto.

- Ian. Preciso ir. – o empurrei, livrando-me de seus braços. Achando Maíra, Juliana, Bento e Caio, deixei Ian e fui até eles.

- Onde você tava garota? – perguntou Caio, passando o braço em volta do meu pescoço. – Essa social tá sendo fantástica. – ele sorriu, passando o outro braço em volta do pescoço de Juliana.

- Ele tá muito doido. – disse a Ju, começando a gargalhar. Caio não é o único muito doido. Todos ali estavam doidos. Puxei Maíra para longe deles.

- Eu vou pra casa. – falei.

- Você não ia dormir lá em casa? – pergunta ela.

- Ia, mas, não tô me sentindo bem, prefiro ir embora. Fica tranquila, tá? Depois me conta o que aconteceu. – me despedi dela e mandei um beijo para os meninos. Não encontrei Sophia, deve estar com Matheus ainda.

Pedindo licença, fui passando pelas pessoas até a saída do salão. Bernardo deve estar me procurando como um desesperado. Estava quase saindo, quando sinto uma mão me puxando. Olho para trás e vejo que é Marcelo. Ele segura minha mão e me puxa para junto dele.

- Você já tá indo? – pergunta.

- Já. – ele abaixa para poder me ouvir. – Já vou.

- Por quê?

- Não tô me sentindo bem. – respondo. Olho ao redor, procurando Bernardo. Marcelo ainda segurava minha mão e se aproximou de mim. Sua mão estava em minha cintura e a outra apertava firme minha mão. Eu o olhei confusa. O que ele queria com aquilo? Algo na minha cabeça gritava para beijá-lo; por outro lado, não podia. Mas, por que não? Ele me lançou um sorriso e eu acabo sorrindo também. Não consigo ficar seria perto dele. Que se foda! Agarro seu cabelo o puxando para mim e o beijo.  É o beijo mais rápido e entusiasmado que eu poderia lhe dar e ele retribui com prazer. Suas mãos apertaram minha cintura e eu puxava seu cabelo, envolvida com o beijo. Afastamo-nos e o fitei. Ele sorriu e do nada, é empurrado por alguém. Bernardo.

- Você tá maluco, rapá? – fala Marcelo, apontando o dedo para Bernardo.

- Já não falei pra ficar longe dela, velho? – Bernardo me lançou um olhar que me senti gelar por dentro. Voltando sua atenção para Marcelo, que também me olhava, baixou a guarda, quando notou que eu respirava fundo, olhando para os lados a procura da saída. – Marina? – chama. Sem olhar para nenhum dos dois, sai empurrando as pessoas que pararam para olhar a possível briga que ia acontecer, e sai do salão. Respirei fundo, passei a mão pelo cabelo, ajeitei minha bolsa no ombro e me pus a caminhar para fora dali. Só queria ir pra casa.

Eu descia as escadas do salão para a portaria, quando ouço meu nome. Sem virar para ver quem me chamava, continuei descendo.

- Marina! – era Bernardo. – Espera! Por favor! Marina! – engoli meu enjoo. Não, eu não conseguia. Parei, virando-me para o canteirinho e vomitei. – Que merda! – ouço Bernardo. Sentindo que não sairia mais nada, me sentei no degrau da escada. Bernardo sentou-se ao meu lado, colocando a mão em minha perna. – Melhor?

- Só quero ir pra casa. - falei, sem me atrever a olhar para ele.

- Você não vai sozinha pra casa Marina. – disse ele. O olhei, ele me fitava sem passar nada do que estava pensando. – Venha, levante-se. – ele me ajudou a me levantar e continuamos descendo as escadas. Chegando na portaria, ele foi falar com o porteiro. Fiquei quieta, de braços cruzados, olhando para a rua. Eu não falaria nada sobre o que aconteceu, não mesmo. Afinal, por que estou me preocupando? Eu não tenho nada com Bernardo! Fiquei com o Marcelo e ponto! Fim! Mas então por que essa sensação ruim martela meu peito? Será que é por saber que ele gosta de mim? Eu feri seus sentimentos, não foi? Mas, ele não sabe que eu sei que ele gosta de mim! Ai, que merda!

Enquanto eu lutava com meu inconsciente, Bernardo estava na calçada. Estendeu a mão e segundos depois um taxi parou. Ele veio até mim, me abraçou e me puxou para o taxi. Entrei no carro e ele se sentou ao meu lado. Alheia para onde eu ia, nem ouvi Bernardo falar ao motorista o endereço. Fitei a janela a viagem inteira. Fomos em silencio; apenas o radio emitia uma musica do Thiaguinho. Conheço essa musica: Ainda Bem. Fui cantando mentalmente, até que o taxi parou. Abri a bolsa para pegar meu dinheiro, mas, Bernardo já estendia a mão e pagava a corrida. Abriu a porta e saiu, deixando-a aberta para que eu saísse. Sai, fechando-a. Olhei em volta e finalmente reparei que não estávamos em Laranjeiras. Eu devia ter percebido que o tempo dentro do carro não foi grande o suficiente para ir da Tijuca até Laranjeiras, mesmo que sejam 3 horas da manhã.

- Onde estamos? – preguntei.

- Minha casa. – disse ele, abrindo o portão para mim. Fiquei parada no meio da calçada, segurando minha bolsa com ambas as mãos, o fitando, estarrecida. Como ele me levou até sua casa, assim, sem eu nem perceber e muito menos falar nada? E tá achando isso super natural? – Você vai ficar aí a noite toda? Está frio e é perigoso. Vamos Marina, entre. - pediu. – Quero conversar com você. – sei, conversar. Ainda relutante, mas com medo de ser assaltada, entrei. Ele fechou o portão e entramos. Chamou o elevador e entramos. Subimos até o sétimo andar. Droga, se eu quisesse pular, não poderia. Seria uma morte muito trágica! Saímos do elevador; Bernardo pegou a chave e abrindo a porta de sua casa, deixou que eu passasse na frente; entrei em sua casa, ele fechou a porta, e ligou a luz da sala.

- Tem gente em casa? – perguntei. Bernardo tirou o tênis, me fitou e negou com a cabeça. Certo, estamos sozinhos. Deus! Entrei devagar e parei perto do sofá. – Por que me trouxe pra sua casa? – Bernardo estava sentado no sofá e me olhava. Deu de ombros.

- Senta. – pediu. Dei a volta no sofá e me sentei em um frente a ele. Tirei a bolsa do ombro e a coloquei ao meu lado. – Achei melhor te trazer pra um lugar mais perto, você não me parecia bem.

- Logo pra sua casa? Sem ninguém aqui?

- Marina, não precisa se preocupar. Se você quiser ir pra casa, tudo bem, eu te levo. Só achei que, como você não está bem, ir pra Laranjeiras não é uma boa ideia. Seus pais estão em casa?

- Provável que não. Falei que ia dormir fora, devem ter saído. – murmurei, olhando-o e desviando o olhar. Não conseguia encará-lo.

- Só queria ficar de olho em você. Pode passar mal e estando sozinha em casa... – deixou a voz morrer e me fitou, esperando alguma reação minha.

- Onde eu posso dormir? – perguntei. Ele sorriu e se levantou num pulo do sofá. Eu só não queria dormir sem conversar sobre o que aconteceu, mas, como abordar esse assunto assim, sem mais nem menos? – Bê? – chamei-o. Ele ia para o corredor.

- Que? – voltou, parando atrás do sofá.

- Sobre o que você viu... – comecei. Pisquei algumas vezes. Ele baixou os olhos e depois voltou a me olhar. – sinto muito. – foi só o que pensei em dizer.

- Esquece. – disse ele, indo para seu quarto. Levantei-me do sofá e fui até uma estante, onde tinha fotos de família. Vi uma de Bernardo quando pequeno. Cabelo preto jogado de lado, olhos brilhantes e um sorriso estonteante. Ver a foto me fez sorrir. – Quer comer alguma coisa? – levei um susto e olhei para Bernardo. Ele estava com um travesseiro e um edredom nos braços.

- Não, obrigada. Acho que se eu comer algo agora não vai ser muito agradável. – falei, indo até ele e estendo as mãos para o travesseiro.

- Que foi?

- O travesseiro, me dá. – falei, apontando para o travesseiro.

- Não é pra você. – disse ele, passando por mim e jogando o travesseiro e o edredom no sofá, voltou para mim, pegou minha mão e me levou pelo corredor, até um quarto. Abriu a porta e entrando, vi que estava em seu quarto. – Você pode dormir aqui. Vou ficar com o sofá.

- Não posso dormir aqui. – falei. – É seu quarto, você tem que ficar com ele. – ele riu de mim. – O que foi?  

- Você fica tão bonitinha quando fala enrolado. – e ele riu mais um pouco de mim. Acabei rindo com ele e o empurrei. – Bom, como não tem discussão, você fica aqui, vou pra sala. – olhei para a cama, era de casal.

- Você não quer dormir aqui? – perguntei.

- Você não vai dormir no sofá Marina.

- Não foi isso que eu disse. – o fitei e enfim, ele entendeu.

- Quer que eu durma com você? – assenti. Deixei minha bolsa na cadeira, tirei o tênis e o casaco, deitei na cama e me cobri, virando de lado. Senti-o deitar ao meu lado na cama. Virei-me para ele, o olhando.

- Obrigada. Por tudo. – falei, sorrindo. Ele acariciou meu rosto e eu fechei os olhos. Virei de costas para ele e dormi.


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